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Este modo de se expressar de Parmênides mostra uma pessoa habituada não só ao
trabalho da inteligência em geral, mas àquilo a que já chamamos de contemplação
intelectual.
O que permite interpretar esta introdução deste modo é, dentre outras coisas, a alusão
das éguas que levam a carruagem
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"onde o coração pedisse".
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É uma experiência natural que quando ao trabalho intelectual se une um componente
afetivo, a atividade da inteligência pode passar natural e espontaneamente do
raciocínio para a contemplação. Este fato foi sempre bem familiar entre os filósofos
clássicos; ele é, entretanto, menos familiar nos tempos atuais porque hoje em dia a
educação da inteligência não é um empreendimento cuja última finalidade é ela mesma,
isto é, a própria inteligência. A educação da inteligência atualmente é, em geral,
apenas um instrumento utilizado pela sociedade para a produção de bens. Estes bens
podem ser bens de consumo, podem ser o próprio trabalho útil, podem ser também
livros ou mesmo apenas uma nova teoria ou uma nova idéia que será registrada em um
livro, em um arquivo ou na memória de um computador, mas será`` sempre alguma
outra coisa além do simples enobrecimento da inteligência. No sistema educacional
atualmente vigente o enobrecimento da inteligência, quando se dá, não se dá senão em
função do outro objetivo realmente pretendido. Como tais objetivos, porém, são
geralmente muito limitados, o resultado é que normalmente os educandos não terão
familiaridade senão com atividades da inteligência igualmente muito limitadas.
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