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Na época do Imperador Constantino, que no ano 313 concedeu a liberdade de culto aos
cristãos, o Império Romano dominava praticamente toda a Europa a oeste dos rios
Reno e Danúbio, todo o norte da África e o oriente Médio.
Durante o seu governo Constantino teve a idéia de fundar uma nova capital para o
Império Romano em uma cidade que ele próprio mandou construir na região oriental
do Império Romano, em um local estratégico que ele havia conhecido pessoalmente
alguns anos antes por ocasião de uma batalha. Esta cidade foi chamada com o nome de
Constantinopla.
Cerca de meio século após a fundação de Constantinopla, fundação que data do ano
329 DC, começaram a surgir sérios problemas na fronteira do Império ao longo dos
rios Reno e Danúbio.
O território a oeste destes rios pertencia ao Império Romano. O território situado do
lado da margem leste, isto é, o que hoje é conhecido como a Europa Oriental, era
povoado por tribos então conhecidas pelos romanos como bárbaros.
Havia muitas tribos entre os bárbaros, cada uma ocupando determinados territórios a
leste dos rios Reno e Danúbio, nas regiões onde atualmente ficam a Alemanha, a
Polônia, a Tchecoslováquia, a Hungria, a Romênia, a Ucrânia e o Oeste da Rússia.
Entre estas tribos havia, dentre outras, a tribo dos Anglos, a dos Saxões, a dos
Francos, a dos Lombardos, a dos Vândalos, a dos Godos. Os Godos que habitavam a
região da Romênia eram chamados de Visigodos, por estarem a oeste dos Godos que
habitavam a região da Rússia, os quais, por sua vez, por estarem a leste dos Visigodos,
foram chamados de Ostrogodos.
Todas estas tribos de bárbaros, por terem habitado durante séculos junto à fronteira
com o Império Romano, tinham adquirido muitos dos costumes mais civilizados dos
romanos, serviam freqüentemente como soldados nos exércitos romanos de fronteira e
atravessavam estas fronteiras do Império com uma certa regularidade e pacificamente.
Muitos tinham até estabelecido permanentemente residência em território romano.
Ora, aconteceu que, cerca de quarenta anos após a fundação e transferência da capital
do Império Romano para Constantinopla, surgiu, vinda das regiões centrais da Ásia,
uma outra tribo de bárbaros denominados Hunos, que nada tinham em comum com os
bárbaros semi civilizados da fronteira com o Império Romano.
Em sua marcha para o Oeste, entre eles e o Império Romano, os Hunos encontraram
estes bárbaros que habitavam as margens orientais dos rios Reno e Danúbio. O terror
que os Hunos espalharam entre os bárbaros foi tal que os Visigodos enviaram uma
mensagem ao Imperador em Constantinopla pedindo permissão para não um ou outro
visigodo, como até então se fazia, mas toda a nação dos visigodos atravessarem a
fronteira do Império Romano e se estabelecerem dentro dos seus limites.
O Imperador Valente concordou com o pedido, e uma nação inteira de bárbaros assim
atravessou a fronteira e se estabeleceu pela primeira vez no interior do Império.
Pouco tempo depois, entretanto, estes visigodos, descontentes com o modo como
haviam sido recebidos na região, começaram a saquear as províncias do Império
Romano vizinhas ao território em que haviam se estabelecido. Em resposta, o
Imperador Valente conduziu um exército contra os mesmos e, além de perder a guerra,
morreu em batalha.
A partir daí, pressionados pelos Hunos, as demais tropas bárbaras começaram a
invadir o Império Romano sem pedir permissão.
No século seguinte, não bastassem as invasões dos bárbaros, também os Hunos
acabaram invadindo e devastando o Império.
Com exceção dos Hunos, que depois de semearem o terror, acabaram voltando
espontaneamente para as regiões da Ásia de onde tinham vindo, o Imperador sediado
em Constantinopla não tinha mais poder militar suficiente para expulsar os bárbaros
para fora do Império. Em vez disso, aceitando a situação, nomeou-os seus "auxiliares
perpétuos". Desta maneira, embora oficialmente o Império Romano continuasse com a
mesma extensão que possuía na época do início do Cristianismo, de fato o Imperador
em Constantinopla reinava apenas sobre a região oriental do Império, que com o tempo
passou a ser conhecida como Império Bizantino, enquanto que no ocidente surgiram um
grande número de reinos bárbaros.
Os francos se instalaram na região da Gália, que com isso mais tarde passou a ser
conhecida como França. Os Anglos se instalaram na Britânia, que com isso mais tarde
passou a ser conhecida como Inglaterra. Os Lombardos ocuparam o norte da Itália, na
região atualmente conhecida como Lombardia. Os Vândalos ficaram com a Espanha.
A Itália foi primeiramente invadida pelos visigodos, que saquearam a cidade de Roma.
Este saque de Roma pelos visigodos foi o fato que deu a Santo Agostinho a ocasião de
escrever a obra "A Cidade de Deus". Nesta época Agostinho era bispo no norte da
África, e na "Cidade de Deus" ele procurou mostrar que toda a confusão que a Europa
estava vivendo não era fruto de uma vingança dos deuses pagãos da antiga Roma
irados pela difusão do Cristianismo.
Mas em seguida a isto os Visigodos abandonaram a Itália e invadiram a Espanha, onde
haviam se estabelecido os Vândalos. Estes Vândalos foram expulsos da Espanha pelos
Visigodos e passaram para o norte da África. Quando Santo Agostinho morreu, a
cidade em que ele era bispo estava sitiada por uma tribo de Vândalos, e foi tomada
logo após o seu falecimento.
Veio então a vez dos Hunos, que ainda não haviam voltado para a Ásia, invadirem a
Itália. Chegaram até as proximidades da cidade de Roma, que pretendiam destruir,
quando o Rei Átila se encontrou em um riacho nas proximidades de Roma com o Papa
São Leão Magno. Em uma conversa da qual nunca se soube o que foi tratado, Átila
desistiu de destruir a cidade, deu meia volta e retornou para o norte.
Poucos anos depois disso os Vândalos, que já dominavam a África do norte,
atravessaram o mar mediterrâneo e durante duas semanas saquearam Roma.
Logo em seguida a Itália foi novamente invadida pelos Ostrogodos, que desta vez
chegaram para ficar.
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