Segundo Critério: Viabilidade Política.

O quadro político não pode de forma alguma ser subestimado. Algumas políticas favoráveis não são suficientemente fortes para patrocinar um programa vigoroso até mesmo quando limitado ao planejamento familiar do ponto de vista da saúde. O estado atual da situação pode não ser surpreendente quando encarado historicamente e sendo considerados os problemas religiosos, políticos e militares envolvidos, mas o fato é que este não possibilita um máximo de apoio para medidas enérgicas voltadas para o grau `necessário' de controle populacional.

A questão da aceitabilidade política de tais propostas se reduz, de fato, a duas questões: O que é presumivelmente aceitável dentro da presente situação? O que pode ser feito para aumentar a esfera da aceitabilidade?

Qualquer política social adotada pelos governos repousa sobre um mínimo de consenso sobre finalidades e meios. Estes não necessitam ser os fins últimos ou os meios últimos. Conforme notado acima, os planos de desenvolvimento sócio econômicos dos países subdesenvolvidos são tipicamente planos qüinqüenais. Assim, um objetivo último de política populacional, isto é, o crescimento zero, não necessita da concordância ou mesmo da consideração da parte dos políticos que possam concordar sobre as finalidades imediatas de reduzir o crescimento pelo menos `tanto quanto possível' pelo período de alguns anos.

Desta maneira, os meios para tais finalidades não necessitam ser últimos. De fato, pelo menos no início de um programa algo controverso, os meios provavelmente deverão se ajustar dentro da estrutura dos valores existentes, da massa ou das elites, e preferivelmente de ambos. Por exemplo, um programa de planejamento familiar para prevenir nascimentos indesejados, mesmo não obstante que as taxas de crescimento resultantes possam ainda permanecer `demasiadamente altas' como padrão último.

Dado o clima político atual e provável, tanto dentro como entre os países, se os programas para a redução de crescimento populacional e das taxas de natalidade são ou não são praticamente aceitáveis depende em grande parte de se eles possam ser encarados como,positivos ou negativos, onde positivos significam que eles podem ser vistos como agentes de promoção de outros valores sociais como também da limitação populacional. Por exemplo, os programas de planejamento familiar, como notado acima, são freqüentemente racionalizados como contribuidores da saúde materna e infantil e da liberdade de cada família. Programas de contracepção na América Latina são promovidos pela comunidade médica como uma resposta médica e humanitária não apenas para o problema populacional mas para a extensa, ilegal e perigosa prática do aborto. Assim, seria necessária uma grande coragem política, unida a convicções demográficas muito firmes para que um líder nacional tomasse medidas relacionadas com prescrições severas e impopulares concebidas para curar as doenças populacionais de seu país. Uma proposta realista de uma política governamental de redução de taxas de natalidade soa como um catálogo de horrores. Nenhum governo institucionalizará tais dificuldades simplesmente pelo propósito de controlar o crescimento populacional. O problema político do controle populacional, assim como muitos assuntos políticos de conseqüências, é um problema de tempo; nos anos 50 quase nada podia ser feito, mas nos anos 6o um certo número de países e de agências internacionais foram tão longe quanto os programas de planejamento familiar.