3. Se é convenientemente colocado que a fé, a esperança
e a caridade sejam virtudes teologais.

Conforme dissemos, as virtudes teologias ordenam o homem à bem aventurança sobrenatural assim como pela inclinação natural o homem se ordena ao fim que lhe é conatural. Ora, isto se dá de duas maneiras. Primeiro, segundo a razão ou o intelecto, na medida em que este contém os primeiros princípios universais conhecidos para nós pela luz natural da inteligência, a partir dos quais procede a razão tanto na especulação quanto no agir. Em segundo, isto se dá pela retidão da vontade naturalmente tendente ao bem da razão.

Mas estas duas coisas falham na ordenação à felicidade sobrenatural, conforme diz o Apóstolo quando afirma que

"O olho não viu, nem o ouvido escutou, nem passou pelo coração do homem aquilo que Deus preparou para aqueles que o amam".

I Cor. 2, 9

De onde que torna-se necessário que, quanto a ambas estas coisas, algo seja sobrenaturalmente acrescentado ao homem para que este possa ser ordenado à felicidade sobrenatural.

Assim, em primeiro lugar, quanto à inteligência, são acrescentados ao homem certos princípios sobrenaturais que somente podem ser compreendidos pela luz divina. Estes são os mistérios da fé, para os quais é a virtude da fé.

A vontade se ordena, em segundo lugar, para este fim quanto ao movimento da intenção, pelo qual tende a esta felicidade como a algo que é possível de ser alcançada, o que pertence à esperança, e quanto a uma certa união espiritual, pela qual de certa forma nos transformamos naquele fim, o que se realiza pela caridade. De fato, em cada coisa o apetite naturalmente se move e tende ao fim que lhe é conatural, e este movimento provém de uma certa conformidade da coisa ao seu fim.