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De tudo quanto dissemos até o momento fica evidente a tão grande
importância da virtude da fé, que deve ser a primeira preocupação
de cada cristão. Sem esta virtude não é possível iniciar a vida
cristã; sem ela não nos é concedida a graça do Espírito Santo,
sem a qual o homem é impotente para cumprir os mandamentos,
compreender o seu alcance e freqüentemente até mesmo o seu sentido.
Tão grande é a importância da fé que Jesus mencionou esta como um
elemento decisivo em sua última recomendação dada aos homens:
disse então Jesus,
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"e anunciai o Evangelho
a toda a criatura.
Aquele que crer,
será salvo;
aquele, porém, que não crer,
será condenado".
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Aquele que não crer será condenado, não apenas porque não
acreditou, mas também porque, sem a graça do Espírito Santo que
lhe viria pela fé, privado inteiramente de qualquer senso espiritual,
sua vida terá consistido na busca egoísta dos bens materiais, dos
prazeres da carne e da satisfação do orgulho pessoal, num grau muito
mais elevado do que o homem mergulhado neste estado é capaz de
compreender. Este baixíssimo grau de consciência do próprio
estado, característico da morte espiritual, são aquelas trevas de
que fala o Evangelho de Mateus:
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"O povo que jazia nas trevas,
viu uma grande luz;
e uma luz levantou-se
para os que jaziam na região
e na sombra da morte".
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A luz de que fala Mateus nesta passagem é a graça do Espírito
Santo, que nos veio através de Cristo. Esta luz que o Cristo nos
trouxe, porém, não nos vem dEle de modo imediato, mas através da
fé. De fato, diz o Evangelho de João, Jesus
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"deu-lhes o poder
de se tornarem filhos de Deus".
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Não o deu, porém, a qualquer um, mas
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"àqueles que creem no seu nome,
àqueles que não nasceram do sangue,
nem da vontade do homem,
mas de Deus".
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Sem a virtude da fé, portanto, a luz de que fala Mateus pode
ter-se levantado no meio do povo, mas ela não se acende para nós, e
para quem nunca viu a luz, na maior parte dos casos as trevas não
parecem tão escuras.
Jesus resume claramente a triste condição de quem vive neste estado
em uma passagem do Evangelho de São João:
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"Deus amou de tal modo o mundo",
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diz Jesus,
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"que lhe deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê
não pereça,
mas tenha a vida eterna.
Deus não enviou o seu Filho ao mundo
para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por ele.
Quem nele crê, não é condenado,
mas quem não crê,
já está condenado,
porque não crê no nome
do Filho unigênito de Deus.
A condenação está nisto:
a luz veio ao mundo,
e os homens amaram
mais as trevas do que a luz".
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"Quão aplicados, pois, não nos convém ser à fé", diz Ricardo
de S. Vitor, "da qual procede o fundamento de todo o bem e através
da qual se alcança o firmamento?" Mas, para que pela fé se alcance
a graça do Espírito Santo, além das qualidades da firmeza, da
constância e da pureza, inerentes à verdadeira fé em qualquer grau
que se a tenha, a doutrina ensinada pelas Sagradas Escrituras nos
mostra ainda que ela deve ser acompanhada das virtudes da esperança e
da caridade.
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