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O personagem que deu o segundo grande impulso para o renascimento pelo interesse
pela literatura antiga nesta época foi um grande amigo de Petrarca. Giovanni Bocaccio
era o seu nome.
Seu pai havia sido mercador da cidade de Florença. De passagem por Paris, uma
aventura entre este mercador florentino e uma mulher francesa resultou no nascimento
de Bocaccio. Logo após o nascimento, o pai resolveu trazê-lo consigo para Florença.
Aos dez anos de idade Bocaccio foi mandado para Nápoles para ser encaminhado na
carreira comercial. Mas assim como Petrarca odiou o Direito, diz Will Durant,
Bocaccio odiou o comércio e optou pela poesia.
Já adulto, alguns anos antes da Peste Negra, Bocaccio mudou-se de volta para
Florença e foi ali que ele, depois da epidemia, começou a escrever contos eróticos que
mais tarde reuniu para formar um romance. Mais do que apenas contos eróticos, diz
Pastor, é
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"com evidente prazer
que Bocaccio nestas obras
passou a celebrar
o triunfo da sedução sobre a inocência
como um sinal de sabedoria de vida
diante de concepções
que ele considerava já antiquadas".
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Foi nesta época, em 1350, que Bocaccio conheceu e iniciou uma profunda amizade
com Petrarca o qual, de passagem por Florença, dirigia-se para Roma para a
celebração do ano santo.
Onze anos mais tarde, em 1361, Bocaccio recebeu inesperadamente uma carta que um
monge agonizante lhe havia endereçado. Nesta carta havia muitíssimas censuras
dirigidas a Bocaccio, tanto pela vida libertina que ele levava como pelo seu despudor
literário. A carta continha também uma profecia ameaçadora segundo a qual, caso
Bocaccio não se emendasse em um curto espaço de tempo, esperavam-no uma morte
fulminante e uma condenação eterna no inferno.
O monge veio a falecer, mas a sua carta veio a produzir o efeito que ele esperava.
Bocaccio arrependeu-se e pensou em vender seus livros e ingressar para a vida
monástica.
Escreveu, entrementes, para seu amigo Petrarca sobre o ocorrido e suas novas
intenções. Petrarca, porém, parece ter concordado apenas em parte com as idéias de
seu amigo. Ainda segundo Will Durant, Petrarca concordou com o monge e com
Bocaccio quanto a abandonar o tipo de literatura a que ele vinha se dedicando. Quanto,
porém, a tornar-se monge, aconselhou-o a tomar uma via intermediária e a preferir o
estudo dos clássicos gregos e latinos.
Assim aconselhado e orientado por Petrarca, Bocaccio passou a vasculhar várias
bibliotecas, dentre elas a do mosteiro de Monte Cassino, dos quais resgatou e trouxe à
luz várias obras antigas.
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