CAPÍTULO 23

As escolas pitagóricas começaram a se multiplicar no sul da Itália e com o correr do tempo alguns filósofos que tinham tido contato com os pitagóricos se dirigiram para a cidade de Atenas. Isto se deu entre os anos 500 e 400 AC.

Este foi um período de imensa riqueza e prosperidade para o povo de Atenas. Foi o século chamado de Época de Péricles, nome de seu mais famoso governante. A fama e a prosperidade de Atenas atraíram para lá alguns filósofos provenientes do sul da Itália, assim como outros provenientes da região de Mileto, onde a Filosofia ainda era transmitida como o tinha sido na época da juventude de Pitágoras, de mestre para discípulo sem a utilização de uma instituição.

Deste contato da cidade de Atenas com os filósofos do sul da Itália e da região de Mileto, ocorrido entre os anos 500 e 400 AC, resultaram várias conseqüências. A primeira foi a floração dos maiores filósofos da civilização ocidental, isto é, Sócrates, Platão, que foi discípulo de Sócrates, e Aristóteles, que foi discípulo de Platão, todos eles atenienses de nascença ou de fato.

Platão, profundamente estimulado pelo exemplo de Sócrates, a quem considerava como seu mestre, após a morte de Sócrates passou algum tempo entre as escolas pitagóricas e também entre os egípcios. Fundou depois em Atenas, em um campo comprado de um homem cujo nome era Academo, a primeira escola de filosofia independente das escolas pitagóricas, embora seja patente a profunda influência que as escolas de Pitágoras tiveram na concepção da escola de Platão. A escola de Platão ficou posteriormente conhecida como a Academia, por causa do nome do antigo dono do terreno. Embora independentes e conhecidas por nomes diversos, as concepções fundamentais sobre Educação nas escolas de Pitágoras e na Academia de Platão são, no entanto, essencialmente as mesmas.

O programa ideal de Educação, segundo Platão, está esboçado em um livro escrito por ele intitulado "A República". É um programa intenso de formação e estudo que se inicia aos sete anos de idade e prossegue até os cinqüenta e cinco anos.

Segundo `A República', durante a infância e a adolescência deveriam ser cultivadas as virtudes, entre as quais tinham grande relevância o amor à verdade, o não temer a morte e a justiça nas relações com os demais seres humanos.

Quando o jovem tivesse dado provas suficientes de ter desenvolvido uma vida de virtude, segundo diz Platão na República,

"à medida em que a vida for avançando e o intelecto começar a amadurecer, intensificar-se-á pouco a pouco a ginástica da alma".

Isto era feito colocando o aluno em contato com as ciências matemáticas, para desenvolver progressivamente o raciocínio abstrato,

"mas sem impor pela força este sistema de educação".

Aqueles que, depois de aproximadamente uma década de estudo intenso e espontâneo dos vários ramos da matemática conseguissem

"contemplar a natureza dos números com a ajuda exclusiva da inteligência, sem introduzir objetos visíveis ou palpáveis na discussão",

estariam prontos, por volta dos trinta anos de idade, para se dedicarem ao estudo da Filosofia até os cinqüenta e cinco anos.

Platão adverte para que não se faça os jovens se dedicarem à Filosofia antes dos trinta anos porque, se o fizerem despreparados e antes desta idade,

"tomarão a Filosofia como um jogo e, em vez de se prepararem para investigar a verdade, a transformarão em um jogo de contradições a fim de se divertirem".

Foi neste sistema de ensino que se formou Aristóteles e os que conhecem de perto a genialidade deste homem reconhecem como ela é fruto da educação ministrada na escola de Platão.

Este foi, portanto, o primeiro tipo de escola da história de nossa civilização, uma escola voltada puramente para a sabedoria.