4. Ricardo de São Vítor.

Ricardo de São Vítor nasceu na Escócia e, atraído pela fama do Mosteiro de São Vitor, em que na época ensinava Hugo, ainda jovem mudou-se para Paris onde foi admitido entre os vitorinos. Foi, assim, aluno de Hugo de S. Vitor, a quem admirava profundamente. Anos mais tarde, quando Hugo faleceu, Ricardo continuou sua obra com tanta fidelidade que o conjunto de ambas, a de Hugo e a de Ricardo, constituem na verdade como que uma só obra. Na Divina Comédia, quando descreve o Céu, Dante Alighieri cita Ricardo de S. Vitor e diz que, quando falou sobre a contemplação, Ricardo de S. Vitor foi "mais do que humano, verdadeiramente sobre humano".

A obra de Ricardo de São Vítor é, em extensão, aproximadamente um terço da de Hugo, mas é tão notável em perfeição quanto a do mestre. Entre seus livros cita-se um tratado de uma beleza indescritível Sobre a Santíssima Trindade, que é, de certa forma, um aprofundamento do Tratado dos Três Dias de Hugo. Ricardo escreveu também um livro, conhecido como Benjamim Menor, em que faz um comentário alegórico à vida dos filhos de Jacó tal como é narrada pelas Sagradas Escrituras no livro de Gênesis, no qual descreve o crescimento das virtudes como preparação à vida contemplativa, e sua continuação, o Benjamim Maior, outro comentário alegórico à descrição contida no livro de Êxodo sobre o modo como deveria ser construída a Arca da Aliança, em que nos mostra seis estágios no desenvolvimento da vida contemplativa. Ricardo de S. Vitor deixou também aquele que talvez seja o mais belo comentário ao Apocalipse escrito pela tradição cristã.