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Para presidir a Conferência de Genebra Margareth
Sanger convidou inicialmente o famoso demógrafo inglês A. M.
Carr Saunders, o qual, porém, recusou. Para substituí-lo,
Sanger convidou Sir Bernard Mallet, cuja esposa havia sido
dama de companhia da rainha Vitória. Para conseguir a
participação dos demais convidados, entretanto, já de início
os organizadores da conferência tiveram que se comprometer
com uma proibição ao uso de qualquer referência a
malthusianismo ou controle de natalidade durante o evento. De
acordo com o prospecto do convite, "propaganda de qualquer
gênero, por qualquer objetivo ou qualquer doutrina que
seja não terá lugar na Conferência".
Aceita esta concessão, Sir Bernard transmitiu a
Margareth Sanger que o Secretário Geral da Liga das Nações,
Sir Eric Drummond, havia considerado que os eminentes
cientistas que estavam sendo convidados ficariam ressentidos
pelo fato de ser uma mulher a organizadora da Conferência.
Não sem relutância, Margareth Sanger concordou em retirar o
seu nome e o de suas colaboradoras do programa oficial.
Removido este obstáculo, ainda assim o Secretário
Geral recusou o convite, afirmando que as datas escolhidas
para a Conferência eram inconvenientes por precederem de
perto as sessões do Conselho da Liga das Nações e de sua
Assembléia Geral. Sir Mallet tentou um acordo e mostrou
disposição no sentido de alterar as datas; seus esforços,
porém, foram vãos, o Secretário geral afirmando que a
Conferência iria tratar de questões "que levantariam
sentimentos nacionais dos mais fortes e de caráter muito
delicado", e portanto "a Liga das Nações não poderia
estar oficialmente representada". Entretanto, concordou
que ele não poderia proibir que os membros do secretariado
fossem à Conferência em caráter particular.
Uma porta parecia ter-se aberto. Altos
funcionários da Liga das Nações passaram a ser convidados a
participarem da Conferência em caráter particular, tendo
aceito o convite o diretor da Divisão Econômica e Financeira
e diversos funcionários da Divisão de Saúde. Logo em seguida,
em uma das reuniões entre o Secretário Geral da Liga com os
diretores das diversas divisões levantou-se a perspectiva de
se proibir a presença dos membros da Liga na Conferência. A
proibição somente não foi efetivada devido à oposição da
Divisão de Saúde, cujo diretor afirmou estar "convicto de
que a Liga terá que levar em conta diversos destes
problemas, quer ela queira ou não". Mais tarde,
entretanto, a Divisão de Saúde explicou aos organizadores da
conferência que seria impossível qualquer forma de
participação oficial.
Dentro da Liga das Nações a recepção mais calorosa
foi a de Albert Thomas, diretor da Organização Internacional
do Trabalho. Em uma carta dirigida a Sir Bernard Mallet,
Thomas expressou a esperança de que a Conferência seria um
grande sucesso e "o início de um movimento internacional
que muito contribuirá para a solução dos problemas
mundiais que são em grande parte o resultado de uma má
distribuição da população do globo".
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