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Do que foi dito pode-se deduzir que não é qualquer regra ou modo de
vida que pode legitimamente denominar-se de espiritualidade, ainda que
aparentemente verse sobre assuntos relacionados com a vida do
espírito. Uma espiritualidade somente pode ser julgada como
autêntica se, de fato, ela conduz à contemplação. Todas elas
surgiram da experiência de pessoas que haviam alcançado esta realidade
e sabiam como ensinar aos outros o modo ou um modo de alcançá-la.
Como todas, se legítimas, efetivamente conduzem a este mesmo fim,
não se pode também dizer que uma seja melhor do que a outra. Ao
contrário, dada a extrema dificuldade do comum dos homens em discernir
corretamente sobre estes assuntos, deve-se considerar feliz aquele
que, de alguma forma, tiver encontrado verdadeiramente qualquer uma
delas. A grande dificuldade no discernimento sobre estes assuntos
reside no próprio homem, imerso como está no pecado e encantado pelos
baixos objetivos que lhe são apresentados pela vida material, em
entender com clareza o que seja o próprio objetivo a que se propõe uma
autêntica vida espiritual. A maioria dos homens sequer faz idéia do
que se trata e inclusive não quer mesmo saber de nada a este respeito;
da minoria restante, a maior parte tem uma idéia inteiramente
fantasiosa e irreal do que seja aquilo a que se chama de
contemplação.
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