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Para quem possuía semelhantes dons transcendentais, físicos, morais
e intelectuais, não existia na Igreja ou no Estado posição que
não estivesse ao seu alcance. Aguardavam-no brilhantes êxitos nos
diversos campos da Teologia, Filosofia, Direito ou Letras, ou
poderia ainda ter-se enfileirado na famosa galeria de clérigos
políticos. Em qualquer profissão que escolhesse conseguiria
certamente a imortalidade concedida pelo mundo. Afirmar que tais
empreendimentos terrenos não lhe despertavam atrativos equivaleria
negar que fosse humano. Constituiria uma depreciação do valor de seu
sacrifício. Na realidade, sabemos que sentia forte inclinação por
uma carreira literária. A ambição,
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"a última enfermidade
dos espíritos nobres",
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parece ter sido o inimigo mais forte que encontrou; ambição, não de
poder, mas de celebridade literária.
exclama ele em uma carta ao Papa Eugênio,
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"tormento dos teus devotos!
Como dilaceras todos os que te amam
e apesar disso continuam a amar-te!"
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E no seu quarto Sermão relativo à ascensão, referindo-se em
especial à ambição do saber, diz:
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"Outro homem se sente ambicioso
do saber que ensoberbece.
Que trabalhos não terá que suportar!
Que angústia e amargura de espírito!
E, no entanto, pode-se dizer-lhe:
`Por mais que te esforces,
nunca alcançarás o teu objetivo'.
Mas, ainda que consiga
adquirir grande sabedoria,
qual será o seu proveito?
O Senhor disse:
`Destruirei a sabedoria dos sábios
e reprovarei a prudência dos prudentes'".
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