Capítulo 12

A coragem de Parmênides em afirmar isto e aceitar todas as conseqüências que daí advieram e que nós veremos daqui a pouco é também o testemunho de uma outra posição implícita de Parmênides.

Quando ele se defrontou com a possibilidade de ver-se diante de objetos do mundo real mas não inteligíveis e, mesmo assim, continuar mantendo o seu princípio e afirmar que estes objetos teriam que ser ilusórios, ele com isto estava sustentando que a necessidade de um objeto real ser concebível é uma necessidade anterior à própria existência deste objeto real. Quando ele diz que para algo entrar na existência tem que satisfazer primeiro certos requisitos que são próprios do mundo da razão, isto é, a inteligibilidade ou a concebibilidade, ele diz que a estrutura do mundo real é obrigada a seguir uma característica que é uma característica que pertence de modo próprio ao mundo da inteligência.

Portanto, parece que o mundo da inteligência deve ser de alguma maneira anterior, não no tempo, mas em natureza, ao mundo real. Podemos dizer a mesma coisa dizendo que o mundo da inteligência é um mundo mais elementar do que o mundo real, ou mais fundamental do que o mundo real.

Mas, se é assim, cabe fazermos agora uma outra importante pergunta. Como pode isto ter acontecido?