QUESTÃO QUINQUAGÉSIMA SEXTA.

Como pode o Apóstolo dizer que

"Deus há de dar a cada um segundo as suas obras",

Rom. 2, 6

se as obras de um homem são boas enquanto sua intenção é má, e as obras de outro são más enquanto sua intenção é boa, e é pelo afeto que se impõe o nome à obra? Não é condenado pelas boas obras aquele cuja intenção é má, enquanto que se salva pelas más obras aquele cuja intenção é boa?

SOLUÇÃO.

Não é suficiente a intenção para que as obras sejam ditas boas, mas sempre é exigida que sejam boas para aquele que as faz. Se, de fato, as obras são boas em si, mas a intenção é má, o homem é punido pela má intenção, não pelas boas obras, nem será remunerado por elas, porque se lhe tornaram inúteis pela má intenção. Para que, porém, as obras lhe sejam más, não se exige a má intenção. A intenção pode ser boa ou má e existir em obras más; qualquer que for a intenção de uma obra má, causará esta dano ao que a fizer. O julgamento deve referir-se à intenção nas coisas que são indiferentes, isto é, nem boas nem más em si mesmas.