CAPÍTULO 5

Eis que ensinamos sobre a pluralidade das pessoas divinas por razões tão manifestas que se alguém quiser contradizer afirmações tão evidentes parecerá padecer da doença de insanidade. Quem senão quem sofre de insanidade dirá que à suma bondade falte aquilo pelo qual nada é mais perfeito, pelo qual nada é melhor? Quem, pergunto, senão uma mente pobre contradirá dizendo faltar à suma bem-aventurança aquilo pelo qual nada é mais feliz, nada é mais doce? Quem, digo, senão o carente de razão, pode admitir faltar na plenitude da glória aquilo pelo qual nada é mais glorioso, nada é mais magnificiente? Nada certamente é melhor, nada certamente é mais feliz, nada mais magnificiente do que a verdadeira, sincera e suma caridade, da qual sabe-se que de nenhum modo pode existir sem a pluralidade de pessoas. Esta afirmação da pluralidade é confirmada por um tríplice testemunho, pois aquilo que a suma bondade e a suma bem-aventurança clamam concordemente sobre este assunto, a plenitude da glória aclama confirmando, e aclamando confirma. Eis que temos assim, sobre este artigo de nossa fé, um tríplice testemunho, sumo entre os sumos, divino entre os divinos, altíssimo entre os profundos, manifestíssimo entre os ocultos, e sabemos que na boca de dois ou três está toda a palavra. Eis o tríplice cordel que dificilmente se rompe, pelo qual, concedendo-nos Deus sabedoria, qualquer impugnador de nossa fé é fortemente atado.