8. O testemunho do primeiro capítulo do Gênesis.

"No princípio criou Deus
o céu e a terra".

Assim se iniciam as Sagradas Escrituras. O verbo que elas aqui utilizam é o hebraico BARÁH (criou), que é empregado de modo próprio para designar a criação dos entes a partir do nada por parte de Deus. Mas a própria Sagrada Escritura volta a utilizar este termo no Salmo 50 quando Davi, após ter cometido adultério e homicídio, pede perdão a Deus dizendo:

"Cria em mim, ó Deus,
um coração puro,
e renova em mim
um espírito reto".

Salmo 50, 12

A criação dos entes a partir do nada e a regeneração do homem pela graça são designadas pelo mesmo verbo como duas realidades análogas e que pertencem exclusivamente a Deus, sugerindo a existência de um paralelo entre a criação e a santificação.

A narrativa de Genesis 1 sobre a criação do mundo revela, deste modo, o desenrolar do processo de santificação do homem. Ambas estas realidades se iniciam quando, no primeiro dia, em meio ao caos, Deus diz:

"Faça-se a luz,
e a luz se fêz".

Este é, de fato, o primeiro efeito do Espírito Santo sobre a alma humana quando Deus pretende regenerá-la pela graça. A luz do primeiro dia de que fala Gênesis 1 não é a luz do Sol, da Lua ou das estrelas, os luminares que só são ditos terem sido criados no quarto dia. O processo de criação, ademais, só termina no sexto dia, quando o homem é criado à imagem e semelhança de Deus. Assim também, na restauração do homem pela graça, só quando os homens se tornam santos como São Francisco de Assis, Santo Tomás de Aquino, São João Bosco e outros exemplos conhecidos, é que podem ser ditos em seu sentido mais perfeito imagem e semelhança de Deus.