CAPÍTULO 14

Quanto ao irmão Gerardo, durante este período esteve quase cinco meses recluso em sua prisão. Certa manhã, no começo da Quaresma, ouviu distintamente uma voz que lhe dizia:

"Hoje recuperarás a liberdade".

O dia decorreu até ao anoitecer sem que surgisse a prometida libertação. Porém, a esta hora, ao sacudir as cadeias que lhe sujeitavam os pés, verificou assombrado que cediam ao seu impulso. O ferrolho da porta deslizou facilmente à sua pressão. No exterior encontrava-se uma enorme multidão a qual, em vez de impedir-lhe a fuga, dispersou-se aterrorizada. Nas ruas alguns dos carcereiros dirigiram-se-lhe e falaram com ele, aparentemente esquecidos que tratava-se de um prisioneiro, sem demonstrarem a menor surpresa em verem um inimigo transitar livremente pelas ruas da cidade. Por fim, após atravessar os portões da cidade sem encontrar obstáculo algum, dirigiu-se para Chatillon.