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Nossa intenção nesta introdução é uma compreensão das motivações que concorreram
para a convocação do Concílio Vaticano II. Estas se referem à problemática particular
do homem do século XX dentro da obra de Cristo. Esta problemática remonta, por sua
vez, a um prolongamento do movimento que passou a ser conhecido como
Renascimento, movimento que surgiu precisamente nesta época que veio logo em
seguida à Peste Negra, ao Cisma, às vidas de Santa Rita de Cássia e de Santo
Antonino.
Se considerarmos que o Renascimento nesta época só pôde surgir devido aos
problemas particulares que a civilização ocidental e, dentro dela, a Igreja já
enfrentavam há séculos, causados pela convulsão feudal, pode-se dizer, em um sentido
muito lato, que os problemas que causaram a convocação do Concílio Vaticano II
remontam, por uma sucessão de causalidades históricas, ao feudalismo. Mas em um
sentido mais próprio remontam ao Renascimento, no sentido em que o Renascimento é
o berço do modo moderno de pensar, de uma cosmovisão em que o mundo, o homem,
sua formação e seus objetivos são considerados de um modo que, quando examinados
em seus pressupostos que raramente são explicitados aos homens que deles vivem,
verifica-se que tais pressupostos são radicalmente opostos aos que conduziriam a um
entendimento da boa nova trazida por Cristo, e que tais pressupostos são tacitamente
aceitos inclusive por aqueles que se afirmam, e com sinceridade, serem cristãos. Neste
sentido, os problemas do homem de hoje remontam ao Renascimento não apenas por
uma sucessão causal, mas também porque ali já estava em embrião algo que
posteriormente foi cultivado e que veio a desenvolver-se extraordinariamente.
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