4. A unidade das Pessoas na Santíssima Trindade.

Em algumas passagens, Orígenes realmente representa a unidade das Pessoas como uma união moral. Ele afirma que elas são

"um só em unanimidade, harmonia e identidade de vontade",

suas vontades sendo virtualmente idênticas. Mas, consideradas isoladamente, tais passagens não fazem justiça ao pensamento integral de Orígenes a este respeito.

O ponto básico é que o Filho foi gerado, não criado, pelo Pai. Como gerado do Pai, Ele é eternamente emanado do ser do Pai e assim participa em sua Divindade. O Filho procede do Pai como a vontade da mente, a qual não sofre divisão neste processo. De acordo com o Livro da Sabedoria, Ele é um

"sopro do poder de Deus, uma pura efluência da glória do Todo Poderoso".

Sab. 7, 25

Orígenes utiliza esta passagem para mostrar que

"ambas estas ilustrações sugerem uma comunidade de substância entre o Pai e o Filho, porque uma influência parece ser `homoousios', isto é, de uma só substância, com aquele corpo do qual esta é uma efluência ou vapor".

Assim segundo Orígenes, a unidade entre o Pai e o Filho corresponde àquela unidade que existe entre a luz e o seu brilho, ou entre a água e o vapor que dela emana.

Se, no sentido mais estrito, somente o Pai é Deus, não é porque o Filho não é também Deus ou não possui a Divindade, mas porque, como Filho, Ele a possui por participação ou de maneira derivada.

Referências:

Orígenes : In Johan. 13,36,228; 2,2,16;
Idem : De Principiis 1,2,6; 4,4,1;
Idem : Frag. in Hebr. PG 14,1308.