CAPÍTULO 6

Dissemos então que a raiz dos problemas de doutrina que houve durante os oito primeiros Concílios remontava a Alexandre o Grande. Foi a conquista do Oriente pelos gregos, com a sua conseqüente helenização, que acabou gerando uma cultura que no momento em que o Evangelho lhe foi anunciado suscitou uma ebulição doutrinária tão violenta que, embora fossem questões em princípio puramente teológicas, chegaram a se transformar no Oriente em um barril de pólvora inclusive para os próprio Imperadores Romanos.

Já a raiz dos problemas dos onze Concílios seguintes estava no advento do sistema feudal na Europa, com a quase destruição da estrutura da Igreja e o conseqüente surgimento de vários abusos. É desta situação que surgiu a necessidade da reforma da Igreja que só se conseguiu realizar de uma forma definitiva com o Concílio de Trento. Ao dizermos definitiva, não queremos dizer com isto que a organização da Igreja não mais poderia sofrer alterações, ficando intacto o que pertence à sua essência. De fato, posteriormente ao Concílio de Trento houve muitas destas alterações, como ocorreu com a entrada em vigor do Novo Código de Direito Canônico promulgado em 1983 pelo Papa João Paulo II, elaborado como resultado dos trabalhos do Concílio Vaticano II. O termo definitivo para o Concílio de Trento significa que foi então que os padres conciliares conseguiram finalmente fazer o que desde a época do feudalismo a Igreja estava tentando fazer e não o conseguia senão em parte.