Capítulo 16

Um dos argumentos de Zenão de Eléia contra a multiplicidade dos seres é o seguinte.

Se existem muitos seres, o seu número terá que ser finito ou infinito, porque nada pode ser ao mesmo tempo finito e infinito.

Ora, a quantidade de seres existentes terá que ser finita em seu número, porque os seres que existem não podem ser nem mais nem menos do que o número que são.

Porém, ao mesmo tempo, o número de coisas existentes tem que ser infinito, porque a existência de cada coisa a que denominamos uma unidade e que contamos como sendo um ser individual é, na realidade, não um, mas um número infinito de seres, porque cada uma das coisas existentes pode ser dividida em duas, e cada uma destas duas em outras duas e assim por diante, até o infinito.

Daqui se conclui que, se não admitimos que existe um único ser indivisível, mas admitimos a existência de uma pluralidade de seres como nossa vista quer que seja, seremos obrigados a afirmar que o número de entes que existem no universo é ao mesmo tempo finito e infinito. O que é impossível. Portanto, a multiplicidade dos seres não existe.