Capítulo 11

Foi assim que, quando Sócrates foi condenado e executado, Platão abandonou definitivamente a política ateniense e pôs-se a viajar em busca de mais conhecimento.

Viajou durante doze anos, desde os 28 anos de idade até aos 40 anos.

Inicialmente, juntamente com outros discípulos de Sócrates, foi estudar com o filósofo Euclides na cidade de Megara. Não se tratava do famoso Euclides de Alexandria, o maior dos geômetras da antigüidade. Este último ainda não havia nascido, mas viria a ser em Atenas aluno dos primeiros discípulos de Platão, antes de mudar-se para Alexandria no Egito e ali fundar uma escola.

Depois de estudar com Euclides de Megara, Platão foi para o norte da África, na região de Cirene, onde atualmente fica a fronteira do Egito com a Líbia, estudar com o matemático Teodoro.

Passou então para a Itália, onde ficou por um bom tempo nas escolas dos Pitagóricos.

Dali foi estudar com os sábios do Egito.

Quis passar depois para a Pérsia, tal como cerca de um século antes tinha feito Pitágoras, mas diz Diógenes Laércio que a situação política e as guerras que havia então na Ásia o impediram de prosseguir viagem.

Voltou então para Atenas com 40 anos de idade, passando, porém, primeiro por Siracusa na Sicília onde foi preso e posto à venda como escravo; seus amigos, sabendo disso, se cotizaram e pagaram o preço, mas o vendedor, ao saber quem era aquele que ele estava vendendo como escravo, não quis aceitar o dinheiro que acabou ficando para o próprio Platão. Com este dinheiro Platão comprou um campo fora dos muros de Atenas de um homem chamado Academo onde fundou uma escola de filosofia que funcionava com semelhanças notáveis com as escolas fundadas por Pitágoras. Como veremos posteriormente, tais semelhanças não foram um simples coincidências. Como o local onde a escola funcionava tinha pertencido a Academo, a escola passou a denominar-se simplesmente a Academia.

Platão ensinou na Academia até a sua morte, ocorrida aos seus oitenta e um anos de idade. Foram, pois, quarenta e um anos de magistério. A Academia sobreviveu à sua morte e continuou funcionando no mesmo local durante alguns séculos até depois do início da era cristã.