CAPÍTULO 124

Com a eleição do Cardeal Tomás para o trono pontifício a Igreja pressentiu que estava para se abrir uma nova época em sua história.

E, de fato, não se enganou.

Nicolau V resolveu empreender uma reforma completa na arquitetura da cidade de Roma pois, do modo ao que a cidade estava reduzida, as pessoas dos Papas continuariam a ser um joguete perpétuo nas mãos de reis, famílias influentes e mesmo do povo.

Ele mesmo explicou claramente várias vezes os motivos que o levaram a empreender este trabalho, que iria se estender durante vários pontificados além do seu.

"A autoridade da Igreja de Roma",

disse Nicolau V,

"somente pode ser plenamente reconhecida por aqueles que se dedicam a estudos profundos sobre a sua origem e o seu incremento".

O povo humilde porém, tende a compreender apenas aquilo que vê, e era-lhe muito difícil entender esta autoridade em uma cidade em sua época reduzida a escombros.

Com base nestas premissas, Nicolau V chamou os melhores artistas e arquitetos de sua época e projetou uma reconstrução completa da cidade de Roma e a construção de uma nova Basílica sobre o túmulo de São Pedro que, no estilo grandioso do Renascimento, viesse a se tornar a maior igreja do mundo.

"Não foi por ambição, nem por desejo de glória ou de afirmar nosso nome que iniciamos todas estas construções",

disse Nicolau V aos cardeais em seu leito de morte, exortando-os a seguirem pelo caminho já iniciado,

"mas para incremento da autoridade da Sé Apostólica, e para que no futuro os Papas não fossem mais caçados, aprisionados, cercados ou oprimidos de muitas outras maneiras".

A estas palavras de Nicolau V o historiador Pastor acrescentou a seguinte observação:

"Um homem que por testemunhos unânimes era um inimigo declarado de toda hipocrisia e fingimento não poderia ter dito uma falsidade justamente no seu leito de morte".