|
Qual a relação entre estas considerações e o que dizíamos anteriormente de Platão?
Acabamos de afirmar que a Educação é uma instituição da natureza. Ora, se isto é
assim, isto é, se a Educação é uma das instituições da natureza, conclui-se que ela só
poderá ser filosóficamente considerada dentro do contexto geral da contemplação da
natureza. E foi exatamente isto que, conforme veremos, Platão fêz.
Porém, o que já vimos é que Platão deseja que os governantes sejam homens de
virtude, ou que os homens de virtude sejam aqueles que assumam o poder público.
Cabe então agora a pergunta: Insere-se isto dentro da idéia que parece existir por trás
da natureza? Teria previsto a natureza uma instituição não inventada pelo homem que o
conduzisse naturalmente a uma vida de virtude?
Mas acontece que Platão não se limitou a exigir dos governantes uma vida de virtude.
Ele exigiu também a Filosofia, como se não fosse possível ser virtuoso sem ser
filósofo. Cabe então novamente outra pergunta: Se isto é verdade, será então a
Filosofia uma outra instituição da natureza? E se for, qual é a relação exata que a
natureza estabeleceu entre a virtude e a Filosofia? E, mais ainda, como construir um
sistema educacional baseado nisto?
Conforme veremos nas notas seguintes, Platão foi mais longe que todos os seus
predecessores na resposta a estas perguntas e, inteiramente fundamentado nelas,
levantou as bases de um modo se entender a Educação que, desenvolvendo-se ou
simplesmente reaparecendo em seus princípios ao longo da história, produziu muito
mais fruto do que hoje em dia geralmente supomos ter acontecido.
São Paulo, 28 de novembro de 1989.
|
|