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A meditação dos costumes deve julgar também a forma de viver,
provando não ser bom apetecer impacientemente as coisas que não se
fazem, nem aborrecer-se tolamente com as que se fazem.
Quem sempre apetece o que não faz e aborrece o que faz, nem frui o
que lhe é presente, nem se sacia do que lhe é futuro. Abandona o
iniciado antes da consumação, e toma antes do tempo o que deve ser
iniciado.
Portanto, é bom contentar-se com o seu bem e aumentar os bens
presentes com os bens supervenientes, sem desprezá-los pelos
futuros.
A troca dos bens pertence à leviandade; o exercício, porém, à
virtude: aqueles que desprezam os velhos pelos novos e aqueles que
sobem dos inferiores aos superiores correm por caminhos muito diversos.
Aquele que busca a mudança é tão fastidioso como é aplicado aquele
que apetece o aperfeiçoamento.
Caminha, portanto, retissimamente aquele que é de tal maneira
fervoroso para o melhor que não se aborrece no bem, mas sustenta o
anterior até que no devido tempo alcance o posterior.
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