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Diz o Apóstolo:
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"Em verdade, eu mesmo desejava ser
separado de Cristo,
por amor de meus irmãos,
que são do mesmo sangue que eu
segundo a carne,
que são israelitas,
dos quais é a adoção de filhos,
a glória, a aliança, a lei, o culto,
as promessas, os patriarcas
e dos quais é descendente Cristo
segundo a carne".
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Pergunta-se como o Apóstolo desejava ser separado de Cristo, se
segundo a glória ou segundo a justiça. Pois, se segundo a glória,
parece então mais ter amado os irmãos do que a Deus, o que de nenhum
modo deve-se fazer. Se segundo a justiça, isto não pode ser feito
sem pecado e sem ofensa a Deus, o que não pode ser desejado
racionalmente por ninguém.
SOLUÇÃO.
Não desejou ser separado de Cristo nem de um nem de outro modo, mas
mostrou, com estas palavras o admirável afeto que tinha para com os
judeus, pelo mesmo gênero de linguagem que usou Moisés quando
disse:
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"Risque-me do livro da vida,
ou perdoa-lhes esta culpa".
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Pode-se também dizer que ambos, tanto Moisés como o Apóstolo,
antepuseram em seu desejo e em sua escolha a salvação de tão grande
multidão à sua própria salvação, mas não por isto pospuseram o
amor de Deus. Ao contrário, preferiram a glória e a honra de Deus
à própria salvação, querendo antes que a glória de Deus fosse
engrandecida por tantos que se salvariam do que fosse diminuída por um
só que se salvasse, e esta perfeição excede toda perfeição,
porque não é possível cogitar em outra maior.
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