75. Quais são os impedimentos do falar e quais são os julgamentos do coração e da boca. As quatro coisas pelas quais se dão os julgamentos.

"Nos meus lábios pronunciei todos os julgamentos de tua boca".

Salmo 118, 13

Boa é a ordem: primeiro a humildade do silêncio, depois o estudo da boa obra, finalmente a confiança de pronunciar a palavra.

No meu coração, o silêncio:

"Ensina-me tuas justificações";

a obra:

"nos meus lábios pronunciei";

e a palavra:

"todos os julgamentos de tua boca".

Duas são as coisas que impedem o lábio do homem de falar: a ignorância, quando não sabe; e a consciência má, quando se envergonha. Por este motivo, contra a ignorância,

"no meu coração escondi tuas palavras";

contra a má consciência,

"ensina-me tuas justificações".

"Pronunciei" significa a confiança no falar. "Todas as palavras de tua boca" significa nada ter escondido, isto é, tudo ter dito. O que me disseste eu pronunciei, nada do que é teu eu escondi, nada do que é meu eu acrescentei, para que não pregasse a falsidade ou negasse a verdade.

Os julgamentos do coração são os que são escondidos; os julgamentos da boca são os que são manifestos. Os julgamentos da boca são os que propuseste; os julgamentos do coração, os que escondeste. Os julgamentos do coração são aqueles onde a sentença é ditada; os julgamentos da boca, aqueles onde a sentença é estendida.

As coisas, portanto, que são manifestas, são pronunciadas; as coisas que são escondidas, não podem ser conhecidas. Silenciar aquelas seria torpor, presumir nestas seria orgulho.

Quatro são as coisas pelas quais se fazem os julgamentos.

Algumas vezes Deus dá, para o bem, o mal pelo mal. Foi este o caso de Saulo em que, para sua correção, foi-lhe imposta uma pena pela culpa.

Outras vezes Deus dá, para o mal, o bem pelo bem. Foi este o caso do rico que recebeu, em retribuição, abundância de bens pela justiça.

Outras vezes Deus dá, para o mal, o mal pelo mal. Foi o caso de Herodes, de Antíoco e de Judas, que receberam, para sua condenação, a pena pela culpa.

Outras vezes, finalmente, Deus dá, para o bem, o bem pelo bem. Foi este o caso de Abraão e de Jó, que receberam, para a salvação, a abundância pela justiça.