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Conforme dissemos, as virtudes teologias ordenam o homem à bem
aventurança sobrenatural assim como pela inclinação natural o homem
se ordena ao fim que lhe é conatural. Ora, isto se dá de duas
maneiras. Primeiro, segundo a razão ou o intelecto, na medida em
que este contém os primeiros princípios universais conhecidos para
nós pela luz natural da inteligência, a partir dos quais procede a
razão tanto na especulação quanto no agir. Em segundo, isto se dá
pela retidão da vontade naturalmente tendente ao bem da razão.
Mas estas duas coisas falham na ordenação à felicidade
sobrenatural, conforme diz o Apóstolo quando afirma que
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"O olho não viu,
nem o ouvido escutou,
nem passou pelo coração do homem
aquilo que Deus preparou
para aqueles que o amam".
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De onde que torna-se necessário que, quanto a ambas estas coisas,
algo seja sobrenaturalmente acrescentado ao homem para que este possa
ser ordenado à felicidade sobrenatural.
Assim, em primeiro lugar, quanto à inteligência, são
acrescentados ao homem certos princípios sobrenaturais que somente
podem ser compreendidos pela luz divina. Estes são os mistérios da
fé, para os quais é a virtude da fé.
A vontade se ordena, em segundo lugar, para este fim quanto ao
movimento da intenção, pelo qual tende a esta felicidade como a algo
que é possível de ser alcançada, o que pertence à esperança, e
quanto a uma certa união espiritual, pela qual de certa forma nos
transformamos naquele fim, o que se realiza pela caridade. De fato,
em cada coisa o apetite naturalmente se move e tende ao fim que lhe é
conatural, e este movimento provém de uma certa conformidade da coisa
ao seu fim.
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