CAPÍTULO 25

As linhas fundamentais deste quadro da educação antiga tem sua origem, portanto, antes de Cristo, na antiga Grécia.

Durante a época antiga as escolas não eram financiadas pelo governo, nem pelo governo democrático de Atenas, nem pelo governo imperial dos romanos, nem por qualquer outro governo que tivesse havido. Não havia ministério da educação para controlar o que fosse ensinado. Não havia uma opinião generalizada segundo a qual disponibilizar o ensino para todos seria uma obrigação dos governos, nem sequer que fosse uma obrigação das pessoas terem que se instruir. Poderia ensinar quem quer que quisesse ensinar e julgasse que tivesse o que ensinar, e poderia aprender quem estivesse disposto a aprender com quem quisesse ensinar e, fora do ensino elementar de escrita e leitura, o que havia na prática para ser ensinado era um ensino extremamente rígido ministrado pelos filósofos nas escolas pitagóricas e nas escolas que floresceram depois das de Platão e Aristóteles quase que exclusivamente na cidade de Atenas e o ensino de oratória que, a partir da Grécia, proliferou copiosamente e era ministrado em quase todas as cidades importantes.

Na verdade, a primeira vez em toda a história da humanidade em que surgiu alguém com a idéia de que havia alguma coisa que devesse ser ensinada a todos os homens sem exceção e que, ademais, havia alguém que tinha a obrigação de fazer com que todos tivessem acesso a este ensino foi quando, pouco antes de ascender ao Céu, Cristo Jesus dirigiu suas últimas palavras aos apóstolos e lhes ordenou que fossem ensinar a todos os povos da terra tudo quanto Ele próprio lhes havia ensinado.

Na antigüidade, ademais, não havia escolas para quem quisesse ser médico, não havia escolas para quem quisesse ser arquiteto ou aprender alguma profissão. Havia, certamente, o modo de aprendê-las, mas este modo não era através de uma escola no sentido que damos hoje a este termo. A medicina, a arquitetura e as profissões em geral não se ensinavam nas escolas. Quem quisesse ser médico deveria pedir a quem já o fosse que lhe permitisse ser seu ajudante; quando este médico falecia, aposentava- se ou julgasse que poderia testemunhar que seu discípulo havia aprendido a arte que ele próprio exercia, o antigo ajudante passava a exercer a medicina por si próprio.

A mesma coisa acontecia com a arquitetura e com todas as demais profissões. Era inconcebível na antigüidade que estas coisas fossem objeto de educação. Tais coisas não poderiam ser objetos de educação propriamente dita porque tratavam-se de simples técnicas, que cada um deveria-se esforçar-se como pudesse para aprender; a educação propriamente dita era algo que deveria ter por fim objetivos mais nobres. Mesmo no caso dos oradores, os quais, segundo os filósofos, ministravam um ensino que não era mais do que uma caricatura daquilo que a verdadeira educação deveria ser, os bons professores de retórica, passada a primeira época da sofística ateniense, supunham eles não estar ensinando uma técnica em suas escolas, mas estarem formando as qualidades que uma pessoa deveria possuir para exercer a cidadania como um homem livre.

Próximo ao fim do Império Romano no ocidente, surgiu um terceiro tipo de escolas. Foram as escolas de Direito, devido ao grande desenvolvimento e complexidade que as leis romanas alcançaram por esta época. Estas escolas desenvolveram-se, porém, a partir das escolas de oratória, pois a princípio eram advogados os grandes oradores.