CAPÍTULO 6

Era véspera de Natal de 1098, o mesmo ano da fundação do Mosteiro de Cister. Era o primeiro ano em que Bernardo freqüentava o colégio e Aleth estava em Chatillon, passando as festividades de Natal junto com o seu filho. Era costume dos cristãos devotos assistirem ao ofício solene das Matinas na noite consagrada ao nascimento do Redentor.

Desacostumado, porém, a manter-se acordado até tão tarde, o rapaz adormeceu na cadeira. Desenrolou-se, então, na sua maravilhosa imaginação, o mistério consumado no estábulo de Belém. Contemplou o divino infante recém nascido de uma beleza inexprimível. A Virgem Mãe permitiu-lhe mesmo que acarinhasse o seu menino. Mas, de súbito, a visão foi interrompida por Aleth, pois havia chegado o momento de envergar o seu traje do coro e de seguirem para a igreja. Este primeiro favor sobrenatural abriu no coração do rapaz uma fonte de doçura divina que nunca mais se extingüiu. A partir deste momento, Bernardo rendeu-se àquele apaixonado amor pessoal pela Humanidade Sagrada de Cristo que o distingüe de todos os servos de Deus desde a era apostólica. A, juntamente com ele, desenvolveu-se na sua alma a mais terna e infantil devoção por Maria.