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O primeiro sofista famoso mencionado na história foi Protágoras. Como todos os
demais sofistas, seus objetivos pedagógicos eram utilitários. Dizia que a filosofia
devia ser estudada apenas na época da juventude e que se torna inútil quando cultivada
além de determinados limites, porque impede o homem de se tornar habilidoso nos
negócios públicos e na vida humana. Não se deve perder tempo, diz Protágoras,
especulando sobre a natureza, sobre o mundo nem sobre os deuses.
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"Eu não sei se existem
ou não existem deuses",
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diz também Protágoras,
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"a questão é obscura
e a vida humana é curta".
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O importante é viver, e na vida política o importante não é possuir a verdade, mas ser
capaz de convencer o público de que tal ou determinada coisa é verdadeira.
Diz dele H.Marrou:
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"Ele não tinha a seus alunos
nenhuma verdade a ser ensinada,
mas apenas a terem sempre razão
em qualquer circunstância".
"Protágoras tomou emprestado
de Zenão de Eléia",
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continua Marrou,
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"seus procedimentos polêmicos
e sua dialética rigorosa,
esvaziando-os, porém,
daquilo que lhes dava sua seriedade".
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Diógenes Laércio, na biografia de Protágoras, diz que ele foi o primeiro pensador a
sustentar que sempre, em qualquer questão, existem dois lados opostos um ao outro e
que devem ser ambos considerados. Ademais, ele partia do princípio de que
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"o homem é a medida de todas as coisas,
das coisas que são
e das coisas que não são",
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e que, além disso,
Estes princípios são explicados assim por Platão, que viveu depois de Protágoras:
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"Para Protágoras,
assim como cada coisa parece para mim,
assim é para mim,
e assim como parece para ti,
assim é para ti
porque tanto eu sou homem
como tu és homem".
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Quando Protágoras diz então que o homem é a medida de todas as coisas, não está se
referindo à espécie humana, mas a cada homem individualmente considerado. Com isto
ele introduziu a relativização da verdade. O princípio de Protágoras é a mesma coisa
que a negação da verdade.
Protágoras, ademais, se vangloriava de ser
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"capaz de converter em forte
a razão débil",
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fosse qual fosse a razão débil.
Protágoras dizia ainda que ele queria
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"ensinar a sabedoria,
tanto na maneira de administrar a casa própria
como os negócios públicos,
isto é, a maneira de agir e falar
para poder governar uma cidade".
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