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A ociosidade é inimiga da alma; por isso em certas horas devem
ocupar-se os irmãos com o trabalho manual, e em outras horas com a
leitura espiritual. Pela seguinte disposição, cremos poder ordenar
os tempos dessas duas ocupações: isto é, que da Páscoa até o dia
14 de setembro, saindo os irmãos pela manhã, trabalhem da primeira
hora até cerca da quarta, naquilo que for necessário. Da hora
quarta até mais ou menos o princípio da hora sexta, entreguem-se à
leitura. Depois da sexta, levantando-se da mesa, repousem em seus
leitos com todo o silêncio; se acaso alguém quiser ler, leia para
si, de modo que não incomode o outro. Celebre-se a Noa mais cedo,
pelo fim da oitava hora, e de novo trabalhem no que for preciso fazer
até a tarde. Se, porém, a necessidade do lugar ou a pobreza
exigirem que se ocupem, pessoalmente, em colher os produtos da terra,
não se entristeçam por isso, porque então são verdadeiros monges se
vivem do trabalho de suas mãos, como também os nossos Pais e os
Apóstolos. Tudo, porém, se faça comedidamente por causa dos
fracos.
De 14 de setembro até o início da Quaresma, entreguem-se à
leitura até o fim da hora segunda, no fim da qual se celebre a
Terça; e até a hora nona trabalhem todos nos afazeres que lhe forem
designados. Dado o primeiro sinal da hora nona, deixem todos os seus
respectivos trabalhos e preparem-se para quando tocar o sinal. Depois
da refeição, entreguem-se às suas leituras ou aos salmos.
Nos dias da Quaresma, porém, da manhã até o fim da hora
terceira, entreguem-se às suas leituras e até o fim da décima hora
trabalhem no que lhes for designado. Nesses dias de Quaresma,
recebam todos respectivamente livros da biblioteca e leiam-nos pela
ordem e por inteiro; esses livros são distribuídos no início da
Quaresma. Antes de tudo, porém, designem-se um ou dois dos mais
velhos, os quais circulem no mosteiro nas horas que os irmãos se
entregam à leitura e verão se não há, por acaso, algum irmão
tomado de acédia, que se entrega ao ócio ou às conversas, não
está aplicado à leitura e não somente é inútil a si próprio como
também distrai os outros. Se um tal for encontrado, o que não
aconteça, seja castigado primeira e segunda vez; se não se emendar,
seja submetido à correção regular de tal modo que os demais temam.
Que um irmão não se junte a outro em horas inconvenientes.
Também no domingo entreguem-se todos à leitura, menos aqueles que
foram designados para os diversos ofícios. Se, entretanto, alguém
for tão negligente ou relaxado que não queira ou não possa meditar ou
ler, determine-se-lhe um trabalho que possa fazer, para que não
fique à toa. Aos irmãos enfermos ou delicados designe-se um
trabalho ou ofício de tal sorte que não fiquem ociosos nem sejam
oprimidos ou afugentados pela violência do trabalho; a fraqueza desses
deve ser levada em consideração pelo Abade.
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