CAPÍTULO 3

E o que deveremos dizer sobre o que, antes dEle, os profetas predisseram sobre Ele? Estava escrito que não cessariam os príncipes de Judá, nem os soberanos de seu meio, até que chegasse aquele a quem teria sido confiado o reino, e até que viesse a expectação dos povos (Gen. 49, 10). Pelo que hoje pode observar-se, tudo isto é mais do que manifesto pela própria história. Desde os tempos de Cristo não há mais reis entre os judeus. Todas aquelas ambições judaicas nas quais tantos se jactavam e se exaltavam, seja do decoro do Templo, seja dos famosos altares, de todos aqueles aparatos sacerdotais e vestimentas pontifícias, tudo isto foi destruído. Consumou-se assim a profecia que dizia:

"Os filhos de Israel ficarão durante muitos dias sem reis e sem príncipes, sem sacrifício e sem altar, sem sacerdócio e sem respostas".

Os. 3, 4

Utilizamos estes testemunhos para aqueles que, no que diz respeito às coisas que foram ditas no Gênesis por Jacó ao falar de Judá (Gen. 49, 10), parecem afirmar que ainda haveria um príncipe da descendência de Judá, que seria aquele que é o príncipe de seu povo e ao qual chamam de Patriarca, os quais afirmam também que não poderá faltar alguém que permaneça de sua descendência até o advento do Cristo, conforme o descrevem para si mesmos. Mas se é verdadeiro o que diz o Profeta, segundo quem

"por muitos dias os filhos de Israel permanecerão sem rei e sem príncipe, nem haverá sacrifício, nem altar, nem sacerdócio",

e se, de fato, desde que foi destruído o Templo, não se oferecem mais sacrifícios, nem se encontram altares, e se consta também não haver sacerdócio, é mais do que certo que

"faltam os príncipes de Judá",

assim como estava escrito,

"nem há soberanos em seu meio, até que venha aquele a quem foi confiado o reino".

Gen. 49, 10

Consta, porém, que já veio Aquele a quem foi confiado, Aquele em que reside a expectação das nações, e que tudo isto parece manifestamente consumado pela multidão daqueles que, de diversas nações, por meio de Cristo, creram em Deus.