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Já tivemos a oportunidade de expor como enquanto durante a Idade Média a Igreja
tentava desvencilhar-se do Feudalismo os reis europeus também tentavam fazer o
mesmo utilizando-se de recursos tais como a criação de um sistema judiciário
nacional, a instalação de tribunais de recursos dependentes diretamente dos reis, a
introdução de uma mesma moeda para todo o reino, o reconhecimento da
independência das cidades e outros.
De modo geral estes expedientes foram obtendo os seus resultados em toda a Europa e,
por volta de 1300 diversas monarquias estavam em avançado processo de
consolidação. Uma exceção neste sentido à primeira vista surpreendente entre as
nações européias era o Sacro Império Romano Germânico, ao qual pertencia também
todo o norte da Itália. No Sacro Império Romano Germânico, por volta do ano 1300
DC, em vez de uma consolidação e de uma centralização maior, estava-se assistindo
ao processo oposto.
Os soberanos do Sacro Império, ao contrário dos demais reis da Europa, não se
consideravam reis de uma nação em particular, mas sucessores dos Imperadores
Romanos e de Carlos Magno, cujo domínio de dereito deveria estender-se sobre todas
as nações da terra, embora de fato estendia-se apenas sobre as atuais Alemanha, Suíça,
a região centro oriental da Europa, com exceção principalmente da Rússia, e o norte
da Itália.
Portanto, ao contrário dos reis da França e da Inglaterra, sob os quais não deveria
haver outros reis, o Império reconhecia, dentro dele mesmo, sob a soberania do
Imperador, outros reis e príncipes governando, com relativa autonomia, cerca de
trezentos e cinqüenta estados.
Como, ademais, eram estes reis e príncipes que elegiam o Imperador, este sistema de
governo fêz com que a autoridade efetiva do Imperador nunca pudesse ser
suficientemente forte para tornar o Sacro Império um organismo dotado de uma
unidade como a das demais nações então emergentes na Europa. As centenas de
principados que havia dentro do Sacro Império aspiravam a uma independência de fato
sempre maior. Eram freqüentes as guerras entre estes principados durante as quais uns
chegavam a conquistar territórios dos outros. Ademais, cada vez que um Imperador
conseguia obter um maior poder e controlar melhor a política do Império, na eleição
seguinte os príncipes elegiam um candidato que lhes parecia vir a permitir-lhes obter
novamente maior autonomia frente ao poder imperial.
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