Capítulo 2

Em meados do século XX Michael Schmaus, um teólogo suíço, escreveu um livro em cujo primeiro parágrafo colocava muito bem o problema que está na origem desta biblioteca. Na abertura de sua obra M. Schmaus dizia algo semelhante ao que se segue:

"O que vem a ser o Cristianismo?
O que ele quer?
Quais os serviços que ele presta
à humanidade?
A impressão que geralmente se tem
é que até hoje ele não forneceu
nenhuma auto explicação definitiva
e de valor irrevogável.
A razão de ser deste paradoxo
não consiste na obscuridade
do que chamamos de Cristianismo,
mas é antes uma consequência da plenitude
e da complexidade de sua essência e estrutura.
O espírito humano não é capaz
de compreender em uma só intuição
a totalidade de sua constituição".

Este autor foi muito feliz ao ter dito estas coisas sobre o Cristianismo, porque há muitas pessoas que se encontram diante do Cristianismo exatamente na posição que ele descreve. Tentaram compreender o que Jesus veio trazer à humanidade e, mesmo depois de terem lido o Evangelho muitas vezes, confessam estarem ainda diante da mesma pergunta inicial:

"O que vem a ser isto?"
"O que realmente ele pretende?"

Todas as tentativas de encaixarem o texto, que não é tão grande, do Evangelho dentro de seus quadros mentais se revelam insatisfatórios. O Evangelho, percebem estas pessoas, é algo mais. E não é só evidente que é algo mais, como também que é algo muito mais. Mas não é evidente o que seja este algo mais.

É então que surge a impressão de que até hoje ninguém tenha dado uma explicação definitiva e de valor irrevogável sobre o mesmo. É-se tentado a pensar que, além do próprio Cristo e dos seus primeiros apóstolos, nunca mais ninguém soube explicar de modo definitivo o que é o Cristianismo.

A razão de ser desta paradoxo, diz M. Schmaus, não consiste na obscuridade do que chamamos de Cristianismo, mas é conseqüência da plenitude e complexidade de sua essência e estrutura.