CAPÍTULO 49

Que resultados produziu este modo de pensar?

À medida em que o ensino decaía e a doutrina nominalista se afirmava, passou-se a desprezar a Filosofia e a investigação das questões fundamentais da existência humana como uma ginástica fútil e estéril. À medida em que se perdia a capacidade de apreender a evidência de tudo o que não pudesse ser verificado experimentalmente, a atenção dos pensadores deslocava-se em direção às ciências experimentais e as questões fundamentais relacionadas com a consciência que o homem tem de sua existência no mundo passavam para o terreno da irrealidade.

Iniciou-se com isto um processo de autêntico desprezo, cada vez mais acentuado, pelas obras dos grandes filósofos e teólogos cristãos. Se a única fonte de certeza de tudo quanto diz respeito à fé e à moralidade das ações humanas são apenas as próprias afirmações divinas reveladas pelas Sagradas Escrituras, tudo se reduz a um problema de interpretação lingüística das palavras da Bíblia.

A fé começou a se separar da razão e a vida do pensamento começou a se separar da vida espiritual, e a causa de todo este modo de pensar é, em última análise, uma utilização extremamente rudimentar das potencialidades da inteligência humana de modo a impedir a evidência intelectual senão nos casos em que ela esteja apoiada de modo direto sobre a experiência sensível. Mas neste caso deve-se dizer também que esta evidência é mais sensória do que intelectual, e que o intelecto aí está servindo mais para organizar os dados da evidência sensorial do que para produzi-la. O trabalho de experimentação poderá ser extenso e sofisticado, a erudição em relação aos dados e à sistematização do trabalho experimental poderá ser impressionante, mas não será isto o que constituirá a vida intelectual.