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Mesmo à custa do tamanho desta Terceira Parte, temos que fazer o próprio Quintiliano
falar, através de sua obra, para podermos continuar convenientemente a nossa
exposição.
Na introdução ao Livro Primeiro das Instituições Oratórias Quintiliano explica seu
propósito educacional que o norteará durante a obra toda:
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"Tendo abandonado a minha atividade
profissional,
consagrada durante 20 anos instrução
da juventude,
alguns de meus amigos me pediram
que compusesse alguma coisa
sobre a arte de dizer.
Para satisfazer mais plenamente
aos pedidos de meus amigos,
tentarei,
para não ingressar
em caminhos já percorridos,
não insistir naquilo que
outros já fizeram,
porque todos aqueles
que escreveram até hoje
sobre a arte oratória
o fizeram como se estivessem
impondo a elevada mão da eloqüência
sobre pessoas já perfeitas
em todos os demais gêneros de conhecimento,
aos quais deviam dar apenas
a última polida da eloqüência.
Talvez estes autores tivessem considerado
como coisa de menos importância
todos os estudos feitos
preliminarmente à nossa arte,
ou mesmo opinaram
que tal coisa não pertencesse
ao seu ofício.
Eu, porém,
estimo que nada pode ser alheio
à arte oratória
sem o qual se torna impossível
formar o orador,
e que em nenhuma matéria é possível
alcançar a perfeição
se não iniciarmos
pelos próprios princípios.
Não me recusarei, portanto,
de descer até estes estudos
menos importantes
mas que, se negligenciados,
não é possível elevar-se aos mais altos e,
tal como se me entregassem novamente
um educando para transformá-lo
num orador,
começarei a descrever e explicar
quais devem ser seus estudos
desde a mais tenra infância".
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Já nestas poucas passagens iniciais das Instituições Oratórias vemos um dos traços
desta obra que impressionariam os homens da Renascença. Quintiliano não se propõe
apenas a escrever um tratado sobre a arte oratória, mas um sistema educacional
completo tendo como objetivo final a formação do perfeito orador.
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