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" 'No princípio Deus criou
o céu e a terra'.
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O céu é o espírito, a terra o corpo",
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diz Hugo de S. Vitor.
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"O mundo em sua primeira confusão
é o homem em sua iniqüidade.
Assim como o mundo primordial,
ainda confuso,
não possuía luz nem ordem,
assim o homem submetido à iniqüidade
não possui luz pelo conhecimento da verdade
nem ordem pela disposição da eqüidade.
Deus cria a luz primária em meio à confusão
quando ilumina com os raios de uma luz íntima
o pecador imerso no caos
pelas suas diversas loucuras,
para que ele saiba o que ele é e o que deveria ser,
e se disponha a si mesmo
segundo a norma do reto viver.
A luz primária, portanto,
significa o conhecimento do pecado.
No quarto dia a criação dos luzeiros do céu
significa a perfeita visão da verdade,
removida a nebulosa cegueira da ignorância.
No último dia, todas estas coisas criadas,
o homem é feito à imagem e semelhança de Deus,
quando aquele que antes havia sido
deforme e dessemelhante pela culpa
se torna conforme e semelhante a Deus pela santidade.
O homem assim formado é colocado
no paraíso das delícias
quando o pecador regenerado no mundo pela graça
é sublimado ao céu pela glória.
Eis, meus irmãos,
um outro mundo.
Vejamos, pois,
se em nós existe esta luz primária,
se existem os luminares do quarto dia
pelo conhecimento da verdade,
se em nós a dignidade humana
foi restaurada pela santidade,
assim como havia sido deformada pela culpa,
e se,
(assim como Deus o viu
no término dos seis dias),
todas as coisas que fizemos
foram imensamente boas".
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