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Já nos padres apologistas a infiltração do pensamento filosófico
contemporâneo é evidente. Aristides de Atenas principia sua
Apologia com uma demonstração da existência de Deus segundo o
argumento de Aristóteles baseado no movimento, e São Justino
acreditava que os pensadores gregos tinham tido acesso aos livros de
Moisés.
Justino afirma também que Deus é a causa de toda a existência,
tendo criado todas as coisas no início a partir da matéria informe,
conforme o ensinamento de Platão que Justino supõe que tivesse sido
tomado do Gênesis. Embora, entretanto, Platão considerasse a
matéria pré existente como eterna, Justino provavelmente
interpretava que Deus tivesse criado primeiro a matéria da qual ele
teria formado o cosmos. Justino afirmou igualmente que em criando e
sustentando o Universo, Deus usou o seu Logos ou Verbo como
instrumento.
Os demais apologistas concordam com as colocações de Justino,
embora sejam mais definidos a respeito da criação a partir do nada.
Taciano coloca que a matéria a partir do qual o Universo foi feito
foi ela mesma criada pelo
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"Único Artífice do Cosmos",
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que a criou através do seu Verbo. Teófilo afirmou que
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"Deus criou tudo o que Ele quis,
do modo como Ele o quis",
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e que Deus era "sem início porque incriado". Criticou a noção
platônica da eternidade da matéria afirmando que, se isto fosse
verdade, Deus não seria o criador de todas as coisas, e neste caso a
sua posição de único primeiro princípio não seria verdadeira.
Referências:
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Justino: 1 Apol. 44,8; 59,1; 13,1; 10,2; 30;
53; 59; 59,5; 64.
Idem: 2 Apol. 6.
Idem: Dial. 56,1; 3,5; 4,1.
Taciano: Oratio 5,1-3.
Teófilo Antioqueno: Ad Autol. 2,4; 1,5.
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