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O Apóstolo diz que
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"as coisas invisíveis de Deus,
depois da criação do mundo,
compreendendo-se pelas coisas feitas,
tornaram-se visíveis".
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Por que ele as menciona no plural, dizendo "as coisas invisíveis de
Deus", se Deus é simples e uno, nem há nada em Deus que não
seja Deus, nem nada se diz aqui como invisível de Deus que não seja
o próprio Deus?
SOLUÇÃO.
O que é uno e simples por natureza não chega ao nosso conhecimento
como uno e simples, mas como muitos. Raramente compreende-se por que
este conhecimento nos chega deste modo, pois o olho interior ainda não
pode alcançar aquela inefável simplicidade e unidade que é Deus e
compreendê-lo assim como Ele é. De onde que, ao compreendermos
Deus ser bom, sábio, onipotente, etc., Ele, que é uno em sua
natureza, nos chega à mente como muitos.
Desta questão tem origem outra mais elevada, se as coisas que são
entendidas pela razão humana como muitas designam alguma diferença,
seja em si mesmo, seja em Deus. Entre si não diferem
substancialmente, ou pessoalmente, como as razões eternas das coisas
que existiram na mente de Deus, as quais consta que de algum modo
diferem, não sendo certo, porém, de que modo.
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