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A sabedoria é a primeira entre todas as coisas apetecíveis, pois
nela encontramos a forma do bem perfeito.
A sabedoria ilumina o homem para que se conheça a si mesmo: este
mesmo homem, se não alcançar o entendimento de como foi feito além
de todas as demais coisas, acabará se tornando semelhante a todas
estas demais coisas. Mas a alma imortal, adornada pela sabedoria,
encontra o seu princípio e conhece o quanto é indecoroso buscar
qualquer coisa fora de si para quem aquilo que ela própria já é pode
satisfazê-la. Estava escrito no tripódio de Apolo:
pois, de fato, se o homem não se esquecesse de sua origem,
conheceria o quanto é nada tudo aquilo que está submetido à
mutabilidade.
A dignidade de nossa natureza é tal que todos a possuem por igual,
mas nem todos a conhecem por igual. A alma adormecida pelas paixões
do corpo, seduzida e conduzida pelas formas sensíveis para fora de si
esqueceu-se do que era, e nada mais se lembrando ter sido, julga
também não ser nada mais do que aquilo que vê. Ela pode, porém,
ser reparada pela doutrina que ensina a conhecer a nossa natureza e a
não buscar nas coisas exteriores aquilo que em nós mesmos podemos
encontrar.
Por estes motivos podemos dizer que a maior de todas as consolações
na vida é o estudo da sabedoria; que aquele que a encontrou é feliz,
e que aquele que a possui é bem aventurado.
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