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Esta concepção do Trindade, conforme formulada por Orígenes, tem
uma estrutura subjacente evidentemente tirada do platonismo e a ele
contemporâneo. Uma ilustração disto é o fato de que, além do
Filho ou Verbo, Orígenes concebeu todo o mundo dos seres
espirituais como sendo coeternos com o Pai. Além disso, suas
relações com o Verbo são exatamente paralelas àquela com que o
Verbo, num nível mais alto, se relaciona para com o Pai. Estes
seres espirituais são imagens do Verbo, assim como o Verbo é imagem
do Pai, e em seus respectivos graus podem também ser chamados
deuses.
Em relação ao Deus do Universo, o Filho merece assim um grau
secundário de honra, pois Ele não é verdade e bondade absolutas,
mas sua bondade e sua verdade são um reflexo e uma imagem da bondade e
da verdade do Pai.
Por esta razão, Orígenes conclui que
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"nós não devemos rezar para qualquer ser gerado,
nem mesmo para Cristo,
mas somente para o Deus e Pai do Universo,
para quem nosso próprio Salvador orou".
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Se a oração for oferecida a Cristo, esta será enviada por Ele ao
Pai. De fato, o Filho e o Espírito Santo são transcendidos pelo
Pai tanto quanto, se não mais, do que Eles Mesmos transcendem o
conjunto dos seres inferiores.
Esta concepção de uma hierarquia descendente é ela própria o
produto de idéias do platonismo.
Referências:
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Orígenes : Contra Celsum 7,57; 8,13;
Idem : De Principiis 1,2,13;
Idem : In Johann. 13,25,151; 32,28;
Idem : De Oratione 15,1; 16, início;
Idem : In Matth. 15,10.
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