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Ora, o secretário do Papa Gregório XII, o Papa legítimo que renunciou diante do
Concílio de Constança, era um humanista de nome Poggio Bracciolini.
Com a renúncia de Gregório XII e a intransigência de Bento XIII, o outro papa, em não
fazer o mesmo, passaram-se quase três anos antes de ser eleito outro Papa em Roma e
de Poggio poder voltar às suas funções de secretário papal.
Enquanto isto Poggio estava em pleno território germânico, assistindo a um Concílio
no qual tinha pouco a fazer.
Resolveu, pois, seguindo as inspirações de Petrarca e de Bocaccio, aproveitar o tempo
procurando manuscritos perdidos. Até a eleição de Martinho V e o encerramento do
Concílio de Constança, Poggio conseguiu organizar quatro expedições de busca destes
manuscritos pela Europa Central. Até então a busca de manuscritos por parte dos
humanistas tinha-se restringido quase que somente à Itália. Apenas ocasionalmente, no
início do movimento, Petrarca, devido às suas numerosas viagens, tinha tido a
oportunidade de fazê-lo uma vez ou outra fora da Itália. Os demais humanistas,
influenciados por Petrarca e por Bocaccio, haviam limitado suas buscas apenas ao
território italiano.
Com Poggio Bracciolini e a vacância de quase três anos da Sé Romana surgiu pela
primeira vez uma oportunidade para o então nascente movimento realizar uma busca de
sérias proporções em territórios situados para além dos Alpes.
Aproveitando sua estada em Constança e o longo período de sede vacante, Poggio
vasculhou, ainda em 1415, o ano da renúncia de Gregório XII, a biblioteca do antigo
Mosteiro de Cluny.
Em uma segunda expedição, em 1416, visitou a biblioteca do Mosteiro de Saint Gall.
Na terceira, no início de 1417, revisitou Saint Gall e outros mosteiros das redondezas.
Em meados de 1417 realizou uma quarta expedição por diversas bibliotecas da França
e da Alemanha.
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