|
Demostradas previamente estas coisas, isto é, a deidade de Jesus
Cristo e a realização de todas as coisas que dele foram
profetizadas, julgo que com isto provamos também que as próprias
Escrituras que sobre Ele profetizaram são divinamente inspiradas.
Elas predisseram o seu advento, o poder de sua doutrina e a assunção
de todos os povos.
Devemos acrescentar também que é principalmente pelo advento de
Cristo ao mundo que ilumina-se e prova-se que tanto os vaticínios
dos profetas como a Lei de Moisés são divinos e divinamente
inspirados. Antes que se tivessem realizado as coisas que haviam sido
por eles preditas por eles, embora estes fossem verdadeiros e
inspirados por Deus, não podiam, todavia, ser mostrados como
verdadeiros, pelo fato de que ainda não podiam ser provados
realizados. O advento de Cristo, porém, manifestou serem
verdadeiras e divinamente inspiradas as coisas que eles haviam dito,
já que antes era incerto se as coisas que haviam sido preditas seriam
realizadas com êxito.
Mesmo assim, porém, se alguém considerar os escritos proféticos
com toda a aplicação e reverência de que são dignos, no próprio
ato de lê-los e de examiná-los diligentemente, reconhecerá
certamente, tocado por alguma inspiração divina em sua mente e em
seus sentidos, que aquilo que lê não foi dito humanamente, mas que
é palavra de Deus. Sentirá por si mesmo que estes livros foram
escritos não por uma arte humana, nem por discurso de mortais, mas
pela excelência de uma arte divina. O esplendor do advento de
Cristo, iluminando pelo fulgor da verdade a lei de Moisés e
retirando o véu que estava sobreposto à sua letra, descobriu a todos
os que crêem nEle toda a multidão de bens que o invólucro da palavra
escondia.
|
|