10. A beleza das cores.

Após a figura vem a cor.

Não será o caso de fazer uma longa dissertação sobre as cores das coisas, já que a própria visão demonstra o quanto a cor acrescenta ao decoro da natureza, adornada com cores tão variadas e tão distintas.

O que mais belo do que a luz, que em si não possui cor, mas tinge todas as coisas iluminando-as com as suas cores? Que alegria maior do que ver o céu sereno resplandescente como a safira, o qual, pela agradabilíssima moderação de sua claridade, acolhe a vista e suaviza o olhar? O Sol brilha como o ouro; a lua, palidamente como a prata; as estrelas, com aspecto flamejante: algumas cintilam com uma luz rósea; outras alternadamente apresentam ora um fulgor róseo, ora verde, ora alvo.

O que direi das gemas e das pedras preciosas? São admiráveis não apenas pelas suas utilidades, como também pelos seus aspectos.

Eis a terra coroada de flores, que agradável espetáculo oferece, como deleita a vista, como provoca o afeto! Vemos o rubor das rosas, a candura dos lírios, a púrpura das violetas, em que não apenas a beleza, mas também a origem é admirável. Isto é, como a sabedoria de Deus do pó da terra produz tais espécies?

Ainda mais bela do que todas estas é a videira; ela rapta a alma dos que a observam de perto, quando após a poda, se seus renôvos brota uma nova vida, e levantando-se desde baixo em seus raminhos, como se tivessem sido calcados pela morte, irrompem agilmente em direção à luz à imagem da futura ressurreição.

Mas que dizemos das obras de Deus? Admiramos também de muito boa vontade com olhos enganados por uma sabedoria adulterina as ilusões da indústria humana.