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Os documentos que havia disponíveis quando da
elaboração deste trabalho a respeito dos Estados Unidos eram
menos detalhados. Conforme já dissemos, não houve naquele
país uma organização central preponderante para os esforços
de revogação das leis do aborto, devido em boa parte ao fato
de que havia a necessidade de revogar tanto a lei federal
como as leis dos 50 estados da federação. O movimento se
caracterizou por diversos grupos pequenos locais e outros
grupos maiores de coordenação. Já analisamos alguns dos
grupos maiores.
Germain Grisez fala algo a respeito de dois grupos
locais.
A Society for Humane Abortion foi uma
organização com sede em São Francisco, fundada em 1965 por
Patricia M. Maginnis. O objetivo da sociedade era o de
lutar contra as revogações parciais da lei do aborto. Temendo
que uma revogação limitada, como o foram as primeiras,
diminuiria a pressão para a obtenção da permissividade
completa, a sociedade condenou severamente as novas leis como
perigosas e decepcionantes. Entretanto, a própria Maginnis
foi para bastante além do que o que havia sido prevista para
a sua primeira organização. Ela distribuía listas de médicos
aborteiros, principalmente do México, e ensinava grupos de
mulheres como realizar abortos em si mesmas. Ela e uma co
participante levantaram uma segunda organização, a
Association to Repeal the Abortion Laws, que se opunha às
primeiras leis aprovadas pela Califórnia e que levantava
fundos para as despesas locais dos julgamentos da Sra.
Maginnis, talvez em uma tentativa para repetir as prisões de
Margareth Sanger.
Uma outra organização californiana, a Legalize
Abortion, tinha sua sede em Los Angeles. Este grupo também
se opunha a qualquer revogação parcial, e distribuía
instruções pormenorizadas sobre como se poderiam elaborar
comitês locais para se obter a legalização do aborto. A
organização descobriu também uma maneira original de se
requisitar contribuições, distribuindo-se folhetos onde
deveria-se assinalar com um x quais das doze alternativas
para projetos de leis de revogação de aborto deveria ser a
pleiteada. Desta maneira dizia-se que eram os próprios
contribuintes que elaboravam as decisões políticas da
organização.
A partir de meados da década de 1960 o trabalho do
movimento pró aborto nos Estados Unidos foi em grande parte
uma popularização das posições alcançadas nas Conferências e
nos estudos da década passada. Muitos livros novos que
surgiam, como o Abortion, de Lawrence Lader, eram na verdade
uma redução à argumentação jornalística de uma grande parte
do material favorável ao aborto elaborado por médicos e
advogados durante os quinze anos precedentes.
Um fato desconcertante ocorreu no dia 5 de abril
de 1965, quando a CBS Reports transmitiu em cadeia um
programa de uma hora denominado "O Aborto e a Lei". O
programa apresentava opiniões contrárias ao aborto.
Entretanto, ele foi tão efetivo em promover a causa contrária
que foi subseqüentemente utilizado sob a forma de filmes
pelos grupos que pretendiam a reforma da lei.
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