CAPÍTULO 102

No Império Bizantino, portanto, havia o mesmo interesse pelos clássicos antigos que despontou na Renascença italiana. Havia, ademais, o mesmo tipo de educação que os humanistas estavam se esforçando em implantar. Por estes motivos, a imigração dos sábios constantinopolitanos para a Itália teve como um de seus resultados um importante estímulo para o próprio movimento renascentista.

Havia, porém, uma diferença importante entre o humanismo bizantino e o humanismo renascentista. No Império Bizantino a cultura antiga coexistia pacificamente com o Cristianismo há séculos. Esta característica, entretanto, foi como que simplesmente ignorada pelos humanistas italianos.

Embora tenha havido alguns humanistas cristãos durante a Renascença, como o educador Vitorino Feltre e até mesmo o Papa Nicolau V, foi apenas no final do movimento renascentista, com a fundação da Companhia de Jesus, que despontou o que poderia ser chamado de humanismo cristão. Os jesuítas como educadores seguiram o método e os ideais de Quintiliano, que nada ais era do que o ideal pedagógico europeu havia já quase duzentos anos. Mas o objetivo de Quintiliano, a formação do homem bom, que ele havia deixado em aberto, passava agora com os jesuítas a ser interpretado segundo a concepção cristã.

Desta maneira, só depois de dois séculos de Renascença o modelo de educação renascentista passou a tomar uma direção semelhante a do que teria sido o verdadeiro ideal de Quintiliano.