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Até 1966 o,programa de ajuda externa da USAID não
possuía muitos recursos nem pessoal especializado para
trabalhar com planejamento familiar à altura do que se
esperaria de um governo do porte do norte americano diante da
visão que então já se tinha do problema e de suas dimensões.
Além disso, era vedado à USAID a distribuição de
contraceptivos no estrangeiro.
No verão de 1966 foi proposto a partir de dentro
da própria USAID que fosse mudada a sua política neste campo
e que a mesma passasse a distribuir DIUs, condoms e pílulas
às nações que o requisitassem. Os hábitos de cautela da USAID
no campo do controle da natalidade, entretanto, a haviam
transformado mais em uma seguidora do que em uma líder. Não
obstante, conforme os fatos subseqüentemente mostraram, o
reconhecimento pela opinião pública e pelo Congresso
americano quanto ao agravamento da crise populacional no
estrangeiro tinham criado uma demanda política para aquilo
que a USAID agora estava pedindo.
O presidente Johnson já se havia pronunciado cerca
de duas dúzias de vezes a respeito deste assunto. Em 1967 ele
apressou os acontecimentos pelo estabelecimento do
Escritório de Guerra contra a Fome dentro da USAID para
que esta concentrasse uma atenção crescente aos problemas
populacionais, à questão da produção de alimentos, da saúde e
nutrição. O Setor Populacional do Serviço de Saúde
metamorfoseou-se no Population Service, com crescentes
possibilidades de assumir a liderança para o trabalho da
USAID no campo populacional. Para assumir o Serviço
Populacional foi chamado R. T. Ravenholt, da Faculdade de
Medicina da Universidade de Washington. As probabilidades
do orçamento deste serviço aumentarem significativamente se
mostravam cada vez mais alentadoras. Simultaneamente um
aumento do quadro do Serviço Populacional de quatro
funcionários especializados para 28 foi autorizado, seguido
pelo aumento dos quadros de especialistas em população da
Regional Bureaus de Washington e nas missões estrangeiras
norte americanas de ajuda externa. No fim do ano fiscal de
1968 havia 55 especialistas na USAID devotando todo ou a
maioria do seu tempo à população e planejamento familiar.
Em 1965 o senador Ernest Gruening do Alasca,
presidente do Sub Comitê Operacional do Governo sobre
Despesas com Ajuda Externa, havia iniciado uma série de
audiências sobre explosão populacional que gerou um amplo
interesse tanto dentro como fora do Congresso. Em janeiro de
1967 o senador Gruening escreveu oficialmente à USAID
perguntando se ela pretendia continuar mantendo os
contraceptivos na lista de comodidades que não deveriam ser
enviadas ao estrangeiro. A USAID respondeu que considerar-se-
ia honrada se recebesse um pedido de remessa de
contraceptivos. Na verdade, desde o verão de 1966 Ravenholt
vinha afirmando que DIUs, condoms e pílulas deveriam ser
enviados às nações que as requisitassem, sem, entretanto,
obter sucesso. Agora, porém, com a situação mudada, a própria
publicação da resposta da USAID ao senador Gruening já
equivalia a uma declaração de uma nova orientação política
para a USAID.
Assim, em setembro de 1967 a USAID anunciava que
iria fornecer um milhão e trezentos mil dólares de pílulas
anticoncepcionais à Índia. Em março de 1968 um grupo de
dezesseis senadores introduziram no Congresso um projeto que
terminou por autorizar um orçamento de US$ 35 milhões para as
despesas do corrente ano da USAID com o programa
populacional, quase o dobro daquilo que a própria USAID havia
pedido. Até mesmo o pessoal da USAID ficou surpreendido com o
orçamento aprovado; eles tencionavam gastar apenas US$ 20
milhões aquele ano, mas a impaciência do Congresso havia
autorizado trinta e cinco e chegou-se a falar em mais. De um
ano para o outro o orçamento para o programa populacional
havia octuplicado enquanto que o orçamento das demais áreas
de ajuda externa havia caído para o seu nível mais baixo nos
últimos dez anos.
Segundo afirma um artigo assinado por Luther J.
Carter na Science, provavelmente do quadro da USAID,
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"as possibilidades de utilização
do dinheiro são numerosas e
amplas. A USAID ajudará estas
nações tanto direta como
indiretamente, através da IPPF e
outras agências voluntárias e
através das Nações Unidas e de
suas agências especializadas.
Centros de pesquisa e treinamento
também receberão apoio
financeiro".
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A figura ao lado fornece os orçamentos das principais
entidades ligadas ao controle da natalidade no mundo entre
1962 e 1968. Podemos verificar que, até a entrada da USAID em
1967 no problema populacional, o maior orçamento era o
Fundação Ford. Após a entrada da USAID na questão, porém, a
partir de 1968 esta tornou-se a maior financiadora mundial de
tais esforços. O quadro, porém, oferece uma distorção de que
não temos condição de avaliar a importância. O orçamento da
IPPF aí mencionado é apenas o da federação central sediada em
Londres. Em 1973 a IPPF tinha entidades associadas em 80
países do mundo cujo orçamento não faz parte do quadro que
temos em mãos.
Em 1962 o orçamento total das principais entidades
ligadas ao controle da natalidade no mundo, retiradas as
associadas nacionais da IPPF, atingia o volume de US$ 5
milhões. Destes a parcela da Fundação Ford destinada à
questão populacional era de cerca US$ 3 milhões. O Conselho
Populacional participava com US$ 1 milhão e a IPPF US$ 325
mil.
Em 1965 o volume total de verbas destinadas à
questão populacional alcançou a cifra de US$ 20 milhões. A
Fundação Ford contribuíu com onze milhões, a Fundação
Rockfeller com pouco mais de três milhões, o Conselho
Populacional e a USAID com dois milhões e meio cada um e a
IPPF com um milhão de dólares.
Em 1968 o volume total de recursos passou para US$
80 milhões. A USAID entrou neste total com 35 milhões de
dólares. A Fundação Ford, descontado este ano o que ela
gastou com planejamento familiar dentro dos próprios Estados
Unidos, veio em segundo lugar com um orçamento de onze
milhões de dólares. A SIDA, órgão equivalente à USAID para a
Suécia, entrou com oito milhões de dólares, assim como a NIH.
A Fundação Rockfeller gastou 5 milhões de dólares, a IPPF
quatro milhões e meios, já descontado o que ela recebeu de
repasse proveniente da USAID, o Conselho Populacional 4
milhões e a ONU, descontados também os repasses recebidos da
USAID, vem este ano com o orçamento mais baixo, pouco mais de
dois milhões de dólares.
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