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As escolas pitagóricas começaram a se multiplicar no sul da Itália e com o correr do
tempo alguns filósofos que tinham tido contato com os pitagóricos se dirigiram para a
cidade de Atenas. Isto se deu entre os anos 500 e 400 AC.
Este foi um período de imensa riqueza e prosperidade para o povo de Atenas. Foi o
século chamado de Época de Péricles, nome de seu mais famoso governante. A fama e
a prosperidade de Atenas atraíram para lá alguns filósofos provenientes do sul da
Itália, assim como outros provenientes da região de Mileto, onde a Filosofia ainda era
transmitida como o tinha sido na época da juventude de Pitágoras, de mestre para
discípulo sem a utilização de uma instituição.
Deste contato da cidade de Atenas com os filósofos do sul da Itália e da região de
Mileto, ocorrido entre os anos 500 e 400 AC, resultaram várias conseqüências. A
primeira foi a floração dos maiores filósofos da civilização ocidental, isto é, Sócrates,
Platão, que foi discípulo de Sócrates, e Aristóteles, que foi discípulo de Platão, todos
eles atenienses de nascença ou de fato.
Platão, profundamente estimulado pelo exemplo de Sócrates, a quem considerava
como seu mestre, após a morte de Sócrates passou algum tempo entre as escolas
pitagóricas e também entre os egípcios. Fundou depois em Atenas, em um campo
comprado de um homem cujo nome era Academo, a primeira escola de filosofia
independente das escolas pitagóricas, embora seja patente a profunda influência que as
escolas de Pitágoras tiveram na concepção da escola de Platão. A escola de Platão
ficou posteriormente conhecida como a Academia, por causa do nome do antigo dono
do terreno. Embora independentes e conhecidas por nomes diversos, as concepções
fundamentais sobre Educação nas escolas de Pitágoras e na Academia de Platão são,
no entanto, essencialmente as mesmas.
O programa ideal de Educação, segundo Platão, está esboçado em um livro escrito por
ele intitulado "A República". É um programa intenso de formação e estudo que se
inicia aos sete anos de idade e prossegue até os cinqüenta e cinco anos.
Segundo `A República', durante a infância e a adolescência deveriam ser cultivadas as
virtudes, entre as quais tinham grande relevância o amor à verdade, o não temer a
morte e a justiça nas relações com os demais seres humanos.
Quando o jovem tivesse dado provas suficientes de ter desenvolvido uma vida de
virtude, segundo diz Platão na República,
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"à medida em que a vida for avançando
e o intelecto começar a amadurecer,
intensificar-se-á pouco a pouco
a ginástica da alma".
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Isto era feito colocando o aluno em contato com as ciências matemáticas, para
desenvolver progressivamente o raciocínio abstrato,
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"mas sem impor pela força
este sistema de educação".
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Aqueles que, depois de aproximadamente uma década de estudo intenso e espontâneo
dos vários ramos da matemática conseguissem
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"contemplar a natureza dos números
com a ajuda exclusiva da inteligência,
sem introduzir objetos
visíveis ou palpáveis na discussão",
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estariam prontos, por volta dos trinta anos de idade, para se dedicarem ao estudo da
Filosofia até os cinqüenta e cinco anos.
Platão adverte para que não se faça os jovens se dedicarem à Filosofia antes dos trinta
anos porque, se o fizerem despreparados e antes desta idade,
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"tomarão a Filosofia como um jogo e,
em vez de se prepararem
para investigar a verdade,
a transformarão
em um jogo de contradições
a fim de se divertirem".
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Foi neste sistema de ensino que se formou Aristóteles e os que conhecem de perto a
genialidade deste homem reconhecem como ela é fruto da educação ministrada na
escola de Platão.
Este foi, portanto, o primeiro tipo de escola da história de nossa civilização, uma
escola voltada puramente para a sabedoria.
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