|
Ocorreu então que neste mesmo período dos anos 1100-1200 DC os Papas começaram
a favorecer a Universidade de Paris percebendo que ela, voltada como estava para os
temas teológicos, poderia oferecer grande apoio à obra de reforma que a Igreja estava
tentando promover, o que de fato sucedeu.
Por outro lado, porém, os reis começaram a fazer o mesmo com a Universidade de
Bolonha. De fato, embora ali se estudasse o Direito Canônico, estudava-se também a
fundo o Direito Romano. Os reis consideravam-se como sucessores dos Imperadores
Romanos. Não tardou que eles percebessem que no Direito Romano, no Código de
Justiniano, estavam contidas todas as justificativas teóricas de que eles precisavam
para legitimarem suas pretensões. No Código de Justiniano não havia referências aos
senhores feudais. No Código de Justiniano estava escrito que toda a autoridade era do
Imperador, que a vontade do Imperador é soberana e é fonte de lei. No antigo Império
Romano o Imperador não necessitava fazer um decreto formal para que fosse instituída
uma lei. A simples manifestação da vontade do Imperador já tinha força de lei.
Em uma época em que reis estavam querendo se libertar e se impor sobre os senhores
feudais, que coisa mais providencial não seria o incentivo dado a estes estudiosos que
dedicavam suas vidas para trazer novamente à luz princípios tão importantes com que
poderiam os reis justificarem sua soberania não só sobre os senhores feudais, mas
sobre todo e qualquer outro poder? Porque pela teoria do Direito Romano os
Imperadores eram soberanos absolutos e não devia dar satisfação a mais ninguém de
seus atos. Assim, não só os romanistas de Bolonha gozaram do apoio dos reis
europeus, como também em breve todas as principais cortes da Europa começaram a
abrigar numerosos jurisconsultos que desenvolviam e propagavam tais idéias.
É fácil ver nestas idéias o gérmen das monarquias absolutistas que vieram mais tarde e
se espalharam pela Europa.
Antes, porém, que isso acontecesse, os futuros monarcas absolutistas tiveram que lidar
com um outro problema.
|
|