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Mas João, o homem que agora havia sido brutalmente assassinado, era o filho
primogênito e predileto de Alexandre VI.
Sua morte repentina se constituíu em um choque moral violentíssimo para o Papa. Um
choque do tipo que este havia recebido anos antes quando daquela carta recebida de
Pio II repreendendo-o pela sua má vida, mas agora muito mais forte.
O Pontífice trancou-se em seus aposentos e não comeu mais nada desde o fim da tarde
de quinta feira, quando já se desconfiava sobre o que teria acontecido, até o sábado à
noite. O domingo que se seguiu foi passado em prantos.
Na segunda feira, ainda em meio a abundantes lágrimas, chamou todos os cardeais à
sua presença e anunciou-lhes oficialmente a morte do Duque de Gandia, seu filho.
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"Morreu o Duque de Gandia",
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disse Alexandre VI aos cardeais.
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"Sua morte causou-nos
o mais profundo pesar,
e não poderíamos ter sofrido
maior dor do que esta,
porque o amávamos mais do que tudo,
e o estimávamos mais do que o Papado
ou qualquer outra coisa.
Se tivéssemos sete papados,
todos os daríamos para termos
o Duque novamente vivo".
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Mas então, ao que até ali parecia ser apenas um desabafo de dor, Alexandre VI
corajosamente decidiu-se a acrescentar o seguinte impressionante comunicado:
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"Este golpe,
o mais pesado que nos poderia
ter acontecido,
Deus no-lo enviou talvez
por causa de alguns de nossos pecados,
e não porque Ele reservava ao Duque
uma morte tão cruel".
"Não sabemos quem o matou,
nem quem o atirou ao Tibre,
mas de nossa parte,
daqui para a frente,
resolvemos emendar a nossa vida,
e com ela reformar a Igreja".
"Daqui para a frente
os benefícios eclesiásticos
serão concedidos a pessoas
que os mereçam,
de acordo como o voto dos cardeais".
"Renunciaremos a todo e qualquer
favorecimento de parentes".
"Iniciaremos uma reforma completa
conosco mesmo,
e daí prosseguiremos
a todos os níveis da Igreja,
até que toda a obra tenha sido realizada".
"Decidimos, ademais,
nomear uma comissão de seis cardeais
para esboçar,
o quanto antes,
um primeiro programa de reforma da Igreja".
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