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Eis que ensinamos sobre a pluralidade das pessoas divinas por razões
tão manifestas que se alguém quiser contradizer afirmações tão
evidentes parecerá padecer da doença de insanidade. Quem senão quem
sofre de insanidade dirá que à suma bondade falte aquilo pelo qual
nada é mais perfeito, pelo qual nada é melhor? Quem, pergunto,
senão uma mente pobre contradirá dizendo faltar à suma
bem-aventurança aquilo pelo qual nada é mais feliz, nada é mais
doce? Quem, digo, senão o carente de razão, pode admitir faltar
na plenitude da glória aquilo pelo qual nada é mais glorioso, nada é
mais magnificiente? Nada certamente é melhor, nada certamente é
mais feliz, nada mais magnificiente do que a verdadeira, sincera e
suma caridade, da qual sabe-se que de nenhum modo pode existir sem a
pluralidade de pessoas. Esta afirmação da pluralidade é confirmada
por um tríplice testemunho, pois aquilo que a suma bondade e a suma
bem-aventurança clamam concordemente sobre este assunto, a plenitude
da glória aclama confirmando, e aclamando confirma. Eis que temos
assim, sobre este artigo de nossa fé, um tríplice testemunho, sumo
entre os sumos, divino entre os divinos, altíssimo entre os
profundos, manifestíssimo entre os ocultos, e sabemos que na boca de
dois ou três está toda a palavra. Eis o tríplice cordel que
dificilmente se rompe, pelo qual, concedendo-nos Deus sabedoria,
qualquer impugnador de nossa fé é fortemente atado.
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