CAPÍTULO 23B

Todas estas coisas, conforme dissemos, estão escondidas e seladas nas histórias da Sagrada Escritura, porque

"o reino do céu é semelhante a um tesouro escondido no campo, o qual, quando um homem o acha, esconde-o e, pela alegria que sente de o achar, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele campo".

Mt. 13, 44

Deve-se considerar mais diligentemente, nesta passagem, se nela não se indica que somente a própria superfície, por assim dizer, da Escritura, isto é, aquilo que se lê conforme a letra, é um campo repleto e florescente de todo gênero de plantas, mas também aquele entendimento espiritual mais elevado e profundo que são os tesouros de sabedoria e ciência escondidos aos quais o Espírito Santo, por meio de Isaías, chama de tesouros obscuros, invisíveis e escondidos (Is. 45, 3). Para que estes tesouros possam ser encontrados é necessário o auxílio divino, o único que poderá quebrar as portas de bronze (Is. 45, 2) em que foram fechados e escondidos que poderá arrombar as travas de ferro (Is. 45, 2) com as quais se fecha o caminho pelo qual se chega às coisas que no Gênese foram escritas e seladas sobre os diversos gêneros de almas, às descendências e gerações que pela proximidade pertencem a Israel ou que são separadas mais longe de sua estirpe, ao que é aquela descida ao Egito das setenta almas (Gn. 46, 27) que foram no Egito como astros do céu em meio à multidão. Não são todos os que descenderam destes, porém, que foram luz deste mundo:

"Nem todos, de fato, os que descendem de Israel, são israelitas".

Rom. 9, 6

Os descendentes destas setenta almas, de fato, se tornaram como a areia inumerável que está à beira do mar.