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Outra conseqüência do ensino da Teologia ter-se tornado eminentemente pastoral é a
pouca e até mesmo insignificante ênfase dada nos cursos de Teologia, a partir do
Renascimento, à ascese. Este conhecimento passou a ser obtido geralmente
paralelamente à escola de Teologia, na comunidade religiosa, por exemplo, a que
pertence o estudante. A escola de Teologia já pouca relação passou a ter com a ascese
cristã.
Isto é algo bastante diferente do modo como Santo Tomás de Aquino descreve o ensino
da doutrina cristã. Ele diz que
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"ensinar é o mesmo
que tornar perfeito".
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Trata-se de algo, portanto, que transcende a preparação para a prática pastoral. E o
mesmo Santo Tomás acrescenta ainda que a instrução mais perfeita é aquela que
abarca
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"a profundidade dos mistérios da fé
e a perfeição da vida cristã".
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Summa Theologiae
IIIª Pars, Q.71 a4 ad3
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Deve-se notar que Tomás inclui neste texto a perfeição da vida cristã como tema
fundamental de ensino, mas ao mesmo tempo diz que ela é inseparavelmente vinculada
à profundidade dos mistérios da fé, como se não fosse possível uma coisa sem a outra
e ambas fossem parte integrante de um mesmo todo.
Na verdade, quando Santo Tomás de Aquino escreveu estas coisas, a ascese era tão
inseparável da Teologia que, examinando os textos que eram usados para o estudo da
Teologia naqueles tempos, verifica-se que eram, em sua maior parte, textos redigidos
de tal modo que sua simples leitura, quando sistemática, produzia por si só resultados
ascéticos. Com grande exatidão podia-se aplicar a eles estas palavras das Sagradas
Escrituras:
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"As palavras dos sábios são como aguilhões,
e como pregos fixados no alto,
as quais, pelo conselho dos mestres,
nos foram dadas pelo Único Pastor.
Mais do que isto, meu filho,
não busques;
não há limite para se fazer livros,
e o muito estudar é aflição da carne".
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