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O mercantilismo representou uma fase de transição
entre a Idade Média e a Idade Moderna. Os elementos
universais da Idade Média, como a Igreja e o Sacro Império
Romano Germânico não tinham mais condições de a sociedade
unida e o seu lugar foi tomado por nações estado altamente
centralizadas. Altos funcionários planejavam, iniciavam,
desenvolviam e controlavam os empreendimentos econômicos e as
companhias de comércio tinham poderes tão amplos que dentro
dos seus territórios eles eram equivalentes a estados
soberanos. Uma idéia básica do mercantilismo era a de que
cada nação somente aperfeiçoaria seu comércio na medida em
que extinguisse totalmente o comércio dos outros. Com isto um
dos principais objetivos da política econômica vigente era a
preparação para a guerra, que era freqüente. Um estado
inteligente e sábio produzia bens a baixo custo e os
exportava em troca não de outras comodidades, mas da máxima
quantidade de ouro.
Este modo de pensar fazia com que o estado visse
nas pessoas um bem a ser acumulado, assim como o ouro, para
aumentar suas proezas econômicas, políticas e militares. A
função da massa da população era a de produzir o maior poder
possível ao estado, e para este fim nenhuma criança eras
considerada demasiadamente jovem. Em um decreto de 1668,
afetando uma indústria de cordas em Auxerre, impunha-se que
todos os habitantes da cidade mandassem suas crianças para
aquela indústria assim que fosse alcançada a idade de seis
anos, sob pena de uma multa a ser cobrada por criança. Uma
aspiração muito acentuada passou a prevalecer em todos os
países para que se aumentasse a população, e estas aspirações
eram acompanhadas de várias medidas concretas pró natalistas.
Alguns escritores da época notaram uma alta incidência de
crimes e de vadiagem, de cujas observações parece ter-se
levantado pela primeira vez a questão de um princípio de
excesso populacional, uma possibilidade que admitida já
refletia um posicionamento diante das questões populacionais
bem distinto do habitual na mentalidade mercantilista. Mas a
atitude geral não chegou a adotar este ponto de vista; a
conduta geralmente seguida para fazer frente ao aumento do
crime e da vadiagem consistia apenas em enviar-se os culpados
para as colônias de além do oceano para que se aumentasse a
população daqueles locais.
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