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Os Concílios Ecumênicos são, em princípio, reuniões de todos os bispos da Igreja para
tratar de problemas de relevância para o Cristianismo. A autoridade excepcional que
uma reunião como esta tem dentro da Igreja, porém, provém das próprias palavras de
Jesus com que ele se dirigiu primeiro a São Pedro, e depois aos seus apóstolos em
conjunto.
De fato, em Mateus 16, 18-19 Jesus havia dito a São Pedro:
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"Tu és Pedro,
e sobre esta pedra edificarei
a minha Igreja,
e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus,
e o que ligares na terra
ficará ligado nos céus;
e o que desligares na terra
será desligado nos céus".
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Com estas palavras, Jesus prometeu que ratificaria as decisões de Pedro, após a sua
morte e a fundação da Igreja como sendo suas próprias decisões. O que ele ligasse na
terra, seria ligado no céu, e o que ele desligasse na terra, seria desligado no céu.
Mais tarde, falando aos Apóstolos, Jesus repetiu esta mesma expressão, dando aos
Apóstolos, e neles à Igreja, o poder de ligar e desligar. Disse ele:
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"Tudo o que ligardes na terra,
será ligado no céu;
e tudo o que desligardes na terra,
será desligado no céu".
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Desde o início do Cristianismo este poder de ligar e desligar foi utilizado pela Igreja.
Logo nos primeiros anos de sua existência, surgiu uma controvérsia doutrinal entre os
cristãos que vinham do paganismo e os cristãos que vinham do Judaísmo. Dizem os
Atos dos Apóstolos então que
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"Reuniram-se os Apóstolos
e os presbíteros
para examinar esta questão".
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Intervieram na discussão primeiro São Pedro, depois Barnabé e São Paulo, e
finalmente São Tiago, citando uma controvérsia que havia tido com São Pedro. A
decisão final constou de uma carta circular em que se lia que a solução apresentada era
o que
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"havia parecido bem ao Espírito Santo
e aos Apóstolos e presbíteros
reunidos".
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Ainda hoje lê-se no Código de Direito Canônico, bastante em conformidade com as
duas passagens citadas de Jesus que, por instituição divina, a suprema autoridade da
Igreja está no Romano Pontífice,
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"ao qual pertence o múnus
concedido pelo Senhor
de forma singular a Pedro,
o primeiro dos Apóstolos,
para ser transmitido
aos seus sucessores",
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e também no colégio de todos os bispos da Igreja em união com o Sumo Pontífice
(Cânon 336).
Um Concílio Ecumênico é uma das formas em que pode se expressar a suprema
autoridade da Igreja que reside no colégio de todos os bispos da Igreja em união com o
Sumo Pontífice. Não é necessário que estejam presentes de fato todos os bispos do
mundo, coisa que até hoje nunca foi possível de acontecer, embora nos dois últimos
concílios tenha-se chegado bem perto disto. Basta que os que estejam presentes
constituam uma representação qualificada da Igreja universal, capaz de interpretar o
pensamento e a vontade de todo o corpo episcopal, sob a presidência efetiva do Sumo
Pontífice. Nestas condições, o que esta assembléia decide goza do poder de ligar e
desligar no céu e na terra concedido por Jesus a Pedro e aos Apóstolos.
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