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De Tales, sabe-se que era capaz de calcular e prever os eclipses solares. Ele deixou
demonstrados alguns teoremas de Geometria que são estudados até hoje. De Tales de
Mileto assim afirmou Aristóteles em seu Tratado de Política:
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"Atribui-se a Tales de Mileto,
por sua grande sabedoria,
uma especulação lucrativa
que, aliás,
nada tem de extraordinário.
Reprovava-se a sua pobreza,
dizendo-se-lhe que a Filosofia
para nada serve
se é para ficar pobre.
Aborrecendo-se Tales com estes comentários,
ele previu,
por seus conhecimentos de Astronomia,
que iria haver uma extraordinária
colheita de azeitonas.
Estava-se, porém, ainda no inverno.
Procurou Tales o dinheiro necessário
e arrendou todas as prensas de óleo
de Mileto e de Quio
por um preço irrisório,
pelo fato de ser inverno
e de não ter concorrentes.
Quando veio a colheita
as prensas foram procuradas de repente
por uma multidão de interessados.
Alugou então Tales as prensas
pelo preço que ele quis e,
realizando assim grandes lucros,
mostrou que é fácil aos filósofos
enriquecerem quando querem,
embora não seja este o fim de seus estudos.
E assim é que se diz que Tales
provou a sua habilidade".
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O mesmo Tales é citado pelos historiadores antigos como grande amigo de Sólon, o
grande reformador de Atenas, o que mostra que, apesar de sua pobreza, não era tido
por qualquer um. O primeiro encontro havido entre Sólon e Tales é narrado por
Plutarco ao biografar a história de Sólon no seu livro "As Vidas dos Homens
Ilustres". Sólon vinha de Atenas e, ouvindo a fama de Tales, passando por Mileto,
quis fazer-lhe uma visita pessoal. Diz então Plutarco:
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"Na visita a Tales, em Mileto,
Sólon estranhou seu completo desinteresse
pelo matrimônio e pela procriação.
Tales ficou calado no momento;
deixou passar alguns dias
e arranjou um estrangeiro
que se dissesse recém chegado
de uma viagem de dez dias a Atenas.
Sólon perguntou-lhe
quais as novidades de lá.
O homem,
instruído sobre o que responder,
disse:
`Nada, senão o enterro de um moço,
acompanhado pela cidade toda.
Era, segundo diziam,
o filho de um homem ilustre,
o mais distinto dos cidadãos
por suas virtudes.
Este não se achava presente;
constava que estava de viagem
havia muito tempo'.
`Que homem desventurado',
exclamou Sólon.
`Como se chamava?'
`Ouvi o nome",
respondeu o homem,
"mas só me lembro
que se comentava muito
sobre sua sabedoria e eqüidade'.
Assim, cada resposta ia levando
Sólon ao medo.
Por fim, todo conturbado,
declarou o seu nome ao estranho
e perguntou se não diziam
ser o morto filho de Sólon.
O homem respondeu que sim.
Então Sólon começou a dar murros
na cabeça,
e a fazer e dizer tudo o mais
que nestes transes se costuma.
Tales, porém,
tomou-o pelo braço, rindo,
e disse:
`Aí está, Sólon,
o que me afasta do casamento
e da procriação;
são estas coisas que transtornam
até um homem inabalável como tu.
Vamos, não te desalentes com esta notícia,
pois ela é falsa'".
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