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As linhas fundamentais deste quadro da educação antiga tem sua origem, portanto, antes
de Cristo, na antiga Grécia.
Durante a época antiga as escolas não eram financiadas pelo governo, nem pelo
governo democrático de Atenas, nem pelo governo imperial dos romanos, nem por
qualquer outro governo que tivesse havido. Não havia ministério da educação para
controlar o que fosse ensinado. Não havia uma opinião generalizada segundo a qual
disponibilizar o ensino para todos seria uma obrigação dos governos, nem sequer que
fosse uma obrigação das pessoas terem que se instruir. Poderia ensinar quem quer que
quisesse ensinar e julgasse que tivesse o que ensinar, e poderia aprender quem
estivesse disposto a aprender com quem quisesse ensinar e, fora do ensino elementar
de escrita e leitura, o que havia na prática para ser ensinado era um ensino
extremamente rígido ministrado pelos filósofos nas escolas pitagóricas e nas escolas
que floresceram depois das de Platão e Aristóteles quase que exclusivamente na
cidade de Atenas e o ensino de oratória que, a partir da Grécia, proliferou
copiosamente e era ministrado em quase todas as cidades importantes.
Na verdade, a primeira vez em toda a história da humanidade em que surgiu alguém
com a idéia de que havia alguma coisa que devesse ser ensinada a todos os homens
sem exceção e que, ademais, havia alguém que tinha a obrigação de fazer com que
todos tivessem acesso a este ensino foi quando, pouco antes de ascender ao Céu,
Cristo Jesus dirigiu suas últimas palavras aos apóstolos e lhes ordenou que fossem
ensinar a todos os povos da terra tudo quanto Ele próprio lhes havia ensinado.
Na antigüidade, ademais, não havia escolas para quem quisesse ser médico, não havia
escolas para quem quisesse ser arquiteto ou aprender alguma profissão. Havia,
certamente, o modo de aprendê-las, mas este modo não era através de uma escola no
sentido que damos hoje a este termo. A medicina, a arquitetura e as profissões em
geral não se ensinavam nas escolas. Quem quisesse ser médico deveria pedir a quem
já o fosse que lhe permitisse ser seu ajudante; quando este médico falecia, aposentava-
se ou julgasse que poderia testemunhar que seu discípulo havia aprendido a arte que
ele próprio exercia, o antigo ajudante passava a exercer a medicina por si próprio.
A mesma coisa acontecia com a arquitetura e com todas as demais profissões. Era
inconcebível na antigüidade que estas coisas fossem objeto de educação. Tais coisas
não poderiam ser objetos de educação propriamente dita porque tratavam-se de
simples técnicas, que cada um deveria-se esforçar-se como pudesse para aprender; a
educação propriamente dita era algo que deveria ter por fim objetivos mais nobres.
Mesmo no caso dos oradores, os quais, segundo os filósofos, ministravam um ensino
que não era mais do que uma caricatura daquilo que a verdadeira educação deveria
ser, os bons professores de retórica, passada a primeira época da sofística ateniense,
supunham eles não estar ensinando uma técnica em suas escolas, mas estarem formando
as qualidades que uma pessoa deveria possuir para exercer a cidadania como um
homem livre.
Próximo ao fim do Império Romano no ocidente, surgiu um terceiro tipo de escolas.
Foram as escolas de Direito, devido ao grande desenvolvimento e complexidade que
as leis romanas alcançaram por esta época. Estas escolas desenvolveram-se, porém, a
partir das escolas de oratória, pois a princípio eram advogados os grandes oradores.
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