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Desta maneira Parmênides aprofundou a compreensão sobre a natureza que havia até
então entre os filósofos pré socráticos anteriores a ele. Estes filósofos pré socráticos
já tinham percebido como a natureza se comportava de um modo estruturalmente
semelhante ao comportamento da racionalidade humana, de tal maneira que usavam da
contemplação desta natureza para a educação da inteligência assim como usaríamos
atualmente para tanto de um livro, que é uma obra da razão. Mas tratava-se apenas de
uma experiência que os pré socráticos haviam feito. Esta semelhança da estrutura do
racional com a estrutura do mundo real era apenas uma constatação que, ponderadas as
afirmações que restaram destes primeiros filósofos pré socráticos, ninguém ainda
havia afirmado claramente que não poderia ser uma simples coincidência. Foi
Parmênides o primeiro que colocou claramente que isto ter que ser assim por uma
questão não de coincidência, mas porque existe um princípio que exige que tanto o
mundo da realidade como o mundo do pensamento participem das mesmas
características fundamentais, de tal modo que o que é lei absoluta para um tem que ser
lei absoluta para o outro. Neste sentido, o ser e o pensar são o mesmo. A natureza
parece participar do caráter racional não por uma causalidade, mas porque para algo
poder entrar na existência tem que satisfazer primeiro certos requisitos que são
próprios do mundo da razão, isto é, a inteligibilidade ou a concebibilidade.
Com isto ficava mais claro porque ela era capaz de fascinar tanto a mente humana
como vinha fazendo com os filósofos.
Mas, ao mesmo tempo, quando Parmênides percebeu isto, foi também obrigado a
perguntar-se outras coisas.
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