Capítulo 14

Mas se o mundo do pensamento não é capaz de concebê-las, isto não deveria significar que elas não possam existir.

No entanto, parece que é exatamente o contrário o que acontece, porque nunca tais coisas foram vistas em lugar algum e, ademais, ninguém tem esperança de que um dia venham a sê-lo. Com isto somos conduzidos à seguinte pergunta:

"Por que não pode existir alguma coisa que a mente humana seja radicalmente incapaz de compreender, se esta é uma limitação do mundo da inteligência e apenas do mundo da inteligência?"

Por que esta limitação parece ser também uma limitação do mundo da natureza, se a natureza não é uma mente?

Por que não poderia existir dentro da realidade uma coisa que envolvesse uma contradição de lógica?

Por que eu não poderia ver diante dos meus olhos uma coisa que a mente fosse capaz de provar que para a inteligência ela é contraditória mas que, apesar disso, já que a natureza não é obrigada a ter as restrições que são próprias do mundo da inteligência, ela seria capaz de produzir?

Uma contradição de lógica, como o próprio nome sugere, é algo que por sua natureza não pode existir no mundo mental. Mas por que esta lei do mundo mental parece ser também uma lei do mundo real?

Existiria, então, uma relação entre o mundo do pensamento e o mundo da natureza mais profunda do que os filósofos pré-socráticos anteriores haviam imaginado?

É isto o que Parmênides quis dizer quando afirmou que

"o ser é o mesmo que o pensar".