QUESTÃO TRIGÉSIMA TERCEIRA.

O Apóstolo diz que

"as coisas invisíveis de Deus, depois da criação do mundo, compreendendo-se pelas coisas feitas, tornaram-se visíveis".

Rom. 1, 20

Por que ele as menciona no plural, dizendo "as coisas invisíveis de Deus", se Deus é simples e uno, nem há nada em Deus que não seja Deus, nem nada se diz aqui como invisível de Deus que não seja o próprio Deus?

SOLUÇÃO.

O que é uno e simples por natureza não chega ao nosso conhecimento como uno e simples, mas como muitos. Raramente compreende-se por que este conhecimento nos chega deste modo, pois o olho interior ainda não pode alcançar aquela inefável simplicidade e unidade que é Deus e compreendê-lo assim como Ele é. De onde que, ao compreendermos Deus ser bom, sábio, onipotente, etc., Ele, que é uno em sua natureza, nos chega à mente como muitos.

Desta questão tem origem outra mais elevada, se as coisas que são entendidas pela razão humana como muitas designam alguma diferença, seja em si mesmo, seja em Deus. Entre si não diferem substancialmente, ou pessoalmente, como as razões eternas das coisas que existiram na mente de Deus, as quais consta que de algum modo diferem, não sendo certo, porém, de que modo.