CAPÍTULO 52

Três séculos antes, o Segundo Concílio de Lião foi o que mais próximo esteve, antes do de Trento, de obter a reforma da Igreja. Foi o penúltimo antes da Peste Negra, e teria sido mesmo o último antes dela, não tivesse a convocação do de Viena sido obtida pela imposição intempestiva do Rei de França. Para o Segundo Concílio de Lião havia sido convocado Santo Tomás de Aquino, provavelmente o maior entre os sábios que houve no Cristianismo, mas que, infelizmente, faleceu a caminho do Concílio. De sua participação naquele Concílio muito se esperava para o bem da Igreja e talvez ele teria vindo a ser uma das pessoas que com mais razão deveria ter ali estado presente.

Quis, porém, a Providência que de uma outra e insuspeitada forma ele estivesse presente não no Concílio de Lião, mas trezentos anos mais tarde no Concílio de Trento, que haveria de ser o definitivo da série e que iria obter aquilo que o Segundo de Lião realmente almejava.

A este respeito escreveu no início deste século o Papa Leão XIII na encíclica Aeterni Patris:

"Os Concílios Ecumênicos, em que brilha a flor da sabedoria escolhida em toda a terra, se têm ocupado sempre em prestar a Tomás de Aquino especial homenagem. A maior honra prestada a Santo Tomás, só a ele reservada e que nenhum outro dos doutores católicos pode partilhar, provém porém dos Padres do Concílio de Trento, quando fizeram que, no meio da santa assembléia, com os livros das Escrituras e com os Decretos dos Papas, fosse colocada aberta sobre o mesmo altar a Summa Theologiae de Tomás de Aquino para dela extrais conselhos, razões e decisões".