CAPÍTULO 35

Embora o verdadeiro Papa fosse o primeiro, o que ficou em Roma, os fato foram contados na época de tal maneira que poucas pessoas sabiam de fato dizer qual era o legítimo Pontífice, se era o que estava em Roma ou o que estava em Avinhão.

No clero havia quem obedecesse a um, quem obedecesse a outro e quem não sabia a quem obedecer. Em certas dioceses havia dois bispos, um nomeado pela Papa de Roma e outro nomeado pelo Papa de Avinhão, e freqüentemente ambos estes bispos obedeciam de boa fé àquele que julgavam ser o verdadeiro Papa.

A causa desta confusão foi sem dúvida o fato de terem sido praticamente os mesmos cardeais a elegerem tanto o primeiro como o segundo destes pontífices, e terem declarado eles próprios que a eleição anterior havia sido inválida.

Santa Catarina de Sena tentou na época fazer o possível para desfazer o engano. Escreveu pessoalmente cartas duríssimas a todos os cardeais e aos principais soberanos da Europa, principalmente ao rei da França.

Aos cardeais chamou-lhes duramente a atenção para que aquilo que eles haviam feito era uma conseqüência da vida desordenada que levavam e de se terem separado da verdade, pois certamente tinham mentido antes, apresentando Urbano VI como Papa quando na verdade não o era, ou estavam mentindo agora, dizendo que Urbano VI nunca havia sido verdadeiro Papa. Mas, continua ela,

"a solenidade da coroação, o respeito testemunhado, os favores que solicitastes provam a regularidade da eleição".

Chama-os de mentirosos e culpados de covardia.

"Se temessem a Deus e à desonra",

continua ela,

"tudo suportariam por parte do eleito, de preferência a dividir o mundo inteiro".

Quanto às cartas que ela escreveu ao rei da França, estas não chegaram ao seu destino. Foram todas interceptadas pelos interessados em que o rei não fosse corretamente informado sobre o que realmente havia acontecido.