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A ALRA e movimentos semelhantes não se situam
isolados de quanto foi dito anteriormente neste livro. Eles
representaram uma espécie de subdivisão não oficializada do
antigo movimento pelo controle da natalidade. Á medida em que
a classe médica se interessava e se envolvia na questão da
difusão de contraceptivos e sob este ponto de vista o
movimento crescia em seu status e na sua aceitabilidade, ele
não desejava comprometer sua nova aparência pública pela
pleiteação da reforma do aborto. A solução encontrada pelo
próprio desenrolar dos acontecimentos foi a de que uma parte
dos promotores do movimento se especializaram em aborto
enquanto que a outra continuava a batalhar pelos
contraceptivos. Entretanto, as duas partes não se dividiram
de fato, e a parte dedicada ao planejamento familiar ainda
conservava a sua extrema radicalidade por trás de sua nova
aparência. Assim é que, futuramente, como será explicado mais
adiante, elas voltariam a se unir.
A forma pela qual ambas as aparentes ramificações
do movimento voltariam a se unir foi bastante mais
sofisticada do que havia sido quando estavam unidas no ante
guerra. O movimento pró controle da natalidade antes do
advento da rede de clínicas era um movimento tipicamente
feminista. Depois do advento das clínicas começou a adquirir
características cuja fundamentação vinha da área médica. Sua
abordagem ao problema passou a ser uma mistura de opiniões
médicas, éticas e filosóficas sem preocupações sérias com
questões provenientes da área demográfica, tais como a
explosão populacional, políticas de desenvolvimento
econômico, determinação de dimensões ótimas de populações
nacionais e outras semelhantes.
Na década de 1950, porém, começou a formar-se uma
outra corrente adicional na abordagem do mesmo problema.
Embora seus organizadores não estivessem originalmente
vinculados com tais movimentos, uma série de acontecimentos e
de organizações novas acabaram por construir uma estrutura de
muito mais peso para abordar as questões da natalidade.
Apesar do aborto parecer não estar dentro dos planos iniciais
desta outra corrente, a idéia foi se cristalizando
progressivamente e todos estas diversas correntes acabaram se
unindo e formando o embasamento mais forte até então
existente para uma plena difusão do aborto racionalizado em
todo o mundo.
Para compreender corretamente como estes eventos
se deram, é preciso falar antes um pouco a respeito de como
em 1950 as opiniões relacionadas com as questões
populacionais eram diversas do que vieram a ser pouco mais
tarde. Este será o assunto dos próximos títulos.
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