CAPÍTULO 28

O mosteiro beneditino de Cluny foi fundado no início dos anos 900 na França por Santo Odão. Além da disciplina exemplar que nela foi instituída, tinha duas características peculiares que iriam ser fundamentais para a reforma da Igreja.

A primeira foi que, ao contrário de todos os mosteiros que existiram na Igreja até essa época, em vez de subordinar-se ao bispo local, o mosteiro de Cluny quis colocar-se sob a obediência direta e exclusiva do Sumo Pontífice.

A segunda foi que, até aquela época, todos os mosteiros da Igreja haviam sido independentes entre si. Os mosteiros beneditinos tinham em comum apenas o fato de que obedeciam à mesma regra, mas não tinham vínculos uns aos outros. Ora, devido ao modo de vida verdadeiramente exemplar que se levava em Cluny, aos poucos outros mosteiros beneditinos independentes foram pedindo auxílio à Abadia de Cluny para se reformarem segundo o modelo de vida que se levava em Cluny. Ao fazerem isto, porém, acabavam se ligando à Abadia de Cluny e passaram a constituir uma rede de centenas de mosteiros espalhados pela Europa, todos sujeitos ao abade de Cluny e sob a jurisdição direta do Sumo Pontífice. Acresceu-se a isto a felicidade de durante os primeiros duzentos e cinqüenta anos de vida da Abadia de Cluny ela ter sido governada apenas por seis abades, homens de vida longa e de grande santidade. Estes duzentos e cinqüenta anos iniciais abarcaram a época que se iniciou no começo dos anos 900 indo até cerca do ano 1150 DC, quando se iniciou a série de Concílios Ecumênicos cujo principal objetivo era a reforma da Igreja. A partir do ano 1000 DC o abade de Cluny era a segunda pessoa em importância na Igreja, vindo logo em seguida à própria pessoa do Papa. A organização cluniaciense, em seu conjunto, desempenhou naquela época um papel semelhante ao que os jesuítas desempenharam posteriormente durante a Contra Reforma.