27. Situação mundial do Planejamento Familiar no final de 1965.

No final de 1965 Bernard Berelson, presidente do Comitê de Planejamento da Conferência Internacional sobre Programas de Planejamento Familiar, realizada em Genebra em agosto de 1965, patrocinada conjuntamente pela Fundação Ford, Conselho Populacional e Fundação Rockfeller, escrevia no prólogo de suas atas um apanhado de como estava a situação no presente momento.

"Consideremos o que sucedeu nos últimos anos. Na Coréia do Sul, Taiwan e Túnis se desenvolvem com êxito programas de planejamento familiar e na Índia e no Paquistão estão em plena expansão e intensificação. Na Turquia, Malásia, Singapore, Ceilão e Egito já constituem um esforço nacional. Na Tailândia o seminário de alto nível sobre políticas demográficas foi seguido de um projeto piloto que deu excelentes resultados e ao qual se sucedeu um novo seminário para considerar a ampliação do programa. Nas Filipinas o Departamento de Saúde e suas universidades mais importantes começaram os trabalhos experimentais. Na América Latina, no verão de 1965 reuniu-se na Colômbia a primeira Assembléia Latino Americana sobre Problemas de População. O Perú e a Venezuela criaram as divisões de população anexas ao Ministério da Saúde e a Colômbia a estabeleceu dentro da Associação das Faculdades de Medicina. No Chile está sendo organizado um programa nacional. O governo da Ilha de Maurício apoiou os esforços em favor do planejamento familiar e no verão de 1965 uma missão de assistência apresentou seu informe ao governo do Kenia, o primeiro país africano da região abaixo do Saara que solicitou este tipo de estudo.

Dentro das atividades das Nações Unidas, em maio de 1965 a OMS autorizou o desenvolvimento de um programa de assessoria. Em junho do mesmo ano o Conselho Diretor da UNICEF deu instruções ao Diretor para a preparação de uma declaração sobre as possíveis atividades neste campo e em julho o Conselho Econômico e Social, ECOSOC, recomendou por unanimidade "que se prestassem serviços de assessoria e treinamento aos programas de população". Na primavera de 1965 a ONU enviou uma missão de peritos à Índia para assessorar o programa de planejamento familiar. O Banco Mundial fêz a mesma coisa.

A introdução e a subseqüente utilização generalizada dos anticoncepcionais intra uterinos constituiu uma grande avanço tecnológico.

Nos Estados Unidos, na primavera de 1965 a USAID ampliou sua política para incluir uma disposição relacionada com a assistência técnica em planejamento familiar. Várias universidades criam Centros de Estudos Populacionais anexos às escolas de saúde pública. Duas grandes fundações norte americanas deram relevância a estes estudos em seus programas. A Associação Médica Americana deu uma guinada total em sua política, que datava da década de 1930-1940. A Academia Nacional de Ciências publicou informes sobre os problemas demográficos nos Estados Unidos e no resto do mundo. A Corte Suprema declarou nula uma lei estadual contra os anticoncepcionais por considerar que ia contra o direito à privacidade. As Agências Federais, Estaduais e Municipais ampliaram suas atividades de planejamento familiar e o Presidente dos Estados Unidos se referiu à urgência de se encontrar uma solução para o problema demográfico.

Todos estes acontecimentos tiveram lugar, não nos vinte, nem nos dez anos passados, mas a partir de 1962 e muitos no curso dos meses precedentes. Como disse alguém,

`nada tem tanta força como uma idéia que chega à sua idade adulta'."

Foi este o ambiente sobre o qual a Assembléia Geral da ONU tomaria posição a respeito do problema populacional no final de 1966.