CAPÍTULO 168

Foi então, porém, que se deu um novo e inesperado fato.

Veneza, tal como suspeitava Maquiavel, invadiu efetivamente os territórios pontifícios, tomando algumas cidades da Romanha. O relatório apresentado diante do Papa Júlio II sobre o ocorrido chocou-o profundamente e ele, bem de acordo com o seu temperamento, tomou uma súbita decisão: César deveria passar as fortalezas chave da Romanha para o comando imediato do Papa que assumiria pessoalmente o controle das operações militares.

Mas César estava naquele dia no porto de Óstia. Dois cardeais foram enviados a toda pressa à cidade de Óstia com as ordens pontifícias. César, que estava ali esperando um vento favorável para que um navio pudesse conduzí-lo à Toscana, não avaliou corretamente o alcance da situação. Ingenuamente, recusou obedecer às ordens de Júlio II.

No dia seguinte, quando Júlio II soube da recusa de César, foi simplesmente tomado por um acesso de fúria. Diante daquela recusa considerava-se desobrigado de manter a sua palavra, Mandou aprisionar César em um castelo do qual ele não sairia enquanto não assinasse um documento renunciando aos seus cargos e ao poder político sobre a Romanha. Depois de um bom tempo de prisão César decidiu-se a assinar, para fugir em seguida para o Reino de Nápoles, onde foi preso e deportado para a Espanha, vindo a morrer ali alguns meses mais tarde em uma batalha na fronteira com a França.