3. Primeiros anos de Guilherme de Champeaux.

Guilherme de Champeaux, assim chamado por causa do nome do local de seu nascimento, foi arquidiáceno e estudante da Igreja de Notre Dame de Paris. Estudou teologia sob a orientação de Anselmo de Laon, que havia sido discípulo de S. Anselmo. As lições de um mestre tão bom foram como uma semente ditosa depositada em um campo fértil. O discípulo de Anselmo foi um dos sábios professores que viriam a ilustrar a escola de Paris. Ele soube dar-lhe, sobre as suas rivais, uma superioridade que ela não havia tido antes e que soube posteriormente conservar para sempre.

Jovens provenientes das províncias as mais afastadas, e mesmo de países estrangeiros, para aí vinham ávidos de escutar o célebre professor cujo nome despertava em todo lugar sentimentos de respeito e admiração. O próprio Abelardo, depois de ter percorrido as escolas mais renomadas, fixou-se em Paris por não ter encontrado em lugar algum mestre mais sábio e mais hábil.

Nos claustros de Notre Dame Guilherme ensinava retórica, dialética e teologia, circundado pela estima de seu bispo Galon, do amor e do respeito de seus discípulos, e da consideração do clero. Em 1107 foi honrado com uma prova de estima ao ser chamado para o Concílio de Troyes convocado e presidido pelo Papa Pascal II.

Porém, se ele se deixou seduzir pelo brilho de tanta glória, como parece dar a entender a carta de Hildeberto de Mans, a sedução não durou muito. Em 1108 Guilherme abandona a sua cátedra e seu arquidiaconato para se retirar em São Vítor onde toma o hábito de cônego regular de Santo Agostinho. Guilduíno, Godofredo, Roberto, Goutier, Tomás e vários outros de seus alunos o seguiram em seu retiro.