16. Organização da Conferência Mundial sobre População em Genebra.

Para presidir a Conferência de Genebra Margareth Sanger convidou inicialmente o famoso demógrafo inglês A. M. Carr Saunders, o qual, porém, recusou. Para substituí-lo, Sanger convidou Sir Bernard Mallet, cuja esposa havia sido dama de companhia da rainha Vitória. Para conseguir a participação dos demais convidados, entretanto, já de início os organizadores da conferência tiveram que se comprometer com uma proibição ao uso de qualquer referência a malthusianismo ou controle de natalidade durante o evento. De acordo com o prospecto do convite, "propaganda de qualquer gênero, por qualquer objetivo ou qualquer doutrina que seja não terá lugar na Conferência".

Aceita esta concessão, Sir Bernard transmitiu a Margareth Sanger que o Secretário Geral da Liga das Nações, Sir Eric Drummond, havia considerado que os eminentes cientistas que estavam sendo convidados ficariam ressentidos pelo fato de ser uma mulher a organizadora da Conferência. Não sem relutância, Margareth Sanger concordou em retirar o seu nome e o de suas colaboradoras do programa oficial.

Removido este obstáculo, ainda assim o Secretário Geral recusou o convite, afirmando que as datas escolhidas para a Conferência eram inconvenientes por precederem de perto as sessões do Conselho da Liga das Nações e de sua Assembléia Geral. Sir Mallet tentou um acordo e mostrou disposição no sentido de alterar as datas; seus esforços, porém, foram vãos, o Secretário geral afirmando que a Conferência iria tratar de questões "que levantariam sentimentos nacionais dos mais fortes e de caráter muito delicado", e portanto "a Liga das Nações não poderia estar oficialmente representada". Entretanto, concordou que ele não poderia proibir que os membros do secretariado fossem à Conferência em caráter particular.

Uma porta parecia ter-se aberto. Altos funcionários da Liga das Nações passaram a ser convidados a participarem da Conferência em caráter particular, tendo aceito o convite o diretor da Divisão Econômica e Financeira e diversos funcionários da Divisão de Saúde. Logo em seguida, em uma das reuniões entre o Secretário Geral da Liga com os diretores das diversas divisões levantou-se a perspectiva de se proibir a presença dos membros da Liga na Conferência. A proibição somente não foi efetivada devido à oposição da Divisão de Saúde, cujo diretor afirmou estar "convicto de que a Liga terá que levar em conta diversos destes problemas, quer ela queira ou não". Mais tarde, entretanto, a Divisão de Saúde explicou aos organizadores da conferência que seria impossível qualquer forma de participação oficial.

Dentro da Liga das Nações a recepção mais calorosa foi a de Albert Thomas, diretor da Organização Internacional do Trabalho. Em uma carta dirigida a Sir Bernard Mallet, Thomas expressou a esperança de que a Conferência seria um grande sucesso e "o início de um movimento internacional que muito contribuirá para a solução dos problemas mundiais que são em grande parte o resultado de uma má distribuição da população do globo".