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Conquistado Guido, Bernardo dedicou-se ao seu segundo irmão.
Gerardo era um militar nato com elevada reputação de bravura e
prudência, e extremamente popular entre os soldados. Em seu
entender, a carreira das armas era a mais nobre a que um homem poderia
se dedicar. Sentia-se, portanto, altamente indignado com o
fanatismo de Bernardo e com a loucura dos que o seguiam. Podemos
imaginar como recebeu o convite para imitar-lhes o exemplo. Os
argumentos e as súplicas apenas serviram para o irritar ainda mais.
Então Bernardo, inspirado por aquele espírito de profecia já
revelado no caso de Isabel, pousou a mão no peito do militar e lhe
disse:
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"Sei perfeitamente
que apenas a dor
te abrirá os olhos.
Portanto escuta:
não tardará a surgir o dia
em que uma lança
te perfurará o peito
e abrirá até o coração
o caminho para os conselheiros da salvação
que agora desprezas rancorosamente.
Invadir-ta-á o temor da morte,
mas não morrerás".
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Dias depois Gerardo foi ferido e feito prisioneiro.Uma lança
cravou-se-lhe no corpo no local exato onde havia pousado a mão de seu
irmão. Convencido de que o ferimento era mortal e que estava prestes
a expirar, invadiu-o um intenso terror e, sem saber o que dizia,
gritou:
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"Sou um monge,
um monge de Cister".
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Bernardo. chamado às pressas, recusou-se a comparecer. Declarou,
em vez disso, ao mensageiro:
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"Assegurai-lhe que o seu ferimento
não é mortal,
mas que lhe ficará cravado
para sempre".
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E assim sucedeu. Tal como Santo Inácio muitos anos mais tarde,
Gerardo teve bastante tempo disponível para meditar na futilidade das
coisas terrenas e na importância suprema das coisas eternas.
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