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A coragem de Parmênides em afirmar isto e aceitar todas as conseqüências que daí
advieram e que nós veremos daqui a pouco é também o testemunho de uma outra
posição implícita de Parmênides.
Quando ele se defrontou com a possibilidade de ver-se diante de objetos do mundo
real mas não inteligíveis e, mesmo assim, continuar mantendo o seu princípio e afirmar
que estes objetos teriam que ser ilusórios, ele com isto estava sustentando que a
necessidade de um objeto real ser concebível é uma necessidade anterior à própria
existência deste objeto real. Quando ele diz que para algo entrar na existência tem que
satisfazer primeiro certos requisitos que são próprios do mundo da razão, isto é, a
inteligibilidade ou a concebibilidade, ele diz que a estrutura do mundo real é obrigada
a seguir uma característica que é uma característica que pertence de modo próprio ao
mundo da inteligência.
Portanto, parece que o mundo da inteligência deve ser de alguma maneira anterior, não
no tempo, mas em natureza, ao mundo real. Podemos dizer a mesma coisa dizendo que
o mundo da inteligência é um mundo mais elementar do que o mundo real, ou mais
fundamental do que o mundo real.
Mas, se é assim, cabe fazermos agora uma outra importante pergunta. Como pode isto
ter acontecido?
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