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Apesar de um ou outro evento menos feliz, o pontificado de Nicolau V foi para a
Igreja um tempo de paz. Nada do que havia para se temer no seu envolvimento com o
Renascimento chegou a se concretizar.
Um fato eloqüente ocorrido no início do pontificado de Nicolau V ilustra muito bem o
espírito que tomou conta da Igreja naqueles anos.
Durante o pontificado de Eugênio IV, o antecessor de Nicolau, um grupo de prelados
franceses havia se reunido em Basiléia com a intenção, no dizer de um deles, de
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"arrancar a Sé Apostólica dos italianos
ou espoliá-la de tal modo
que não mais viesse a importar
onde fosse a sua sede".
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Este grupo decretou a deposição do Papa Eugênio IV e elegeu um novo falso Papa, que
tomou o nome de Félix V. Estes fatos coincidiram com a revolta em Roma da família
Colonna, que se sentiu prejudicada por Eugênio IV.
Assim, enquanto Eugênio IV fugia em um bote pelo rio Tibre em direção a Florença
por causa da revolta popular organizada pela família Colonna em Roma, um outro
grupo de soldados milaneses marchavam também para Roma, a mando dos prelados
franceses reunidos em Basiléia, com ordens de capturá-lo.
Foi em vão que Eugênio IV, a salvo e governando a Igreja desde Florença e, nove anos
depois, já de volta a Roma, admoestou ao falso Papa Félix V que não reabrisse o
Cisma que a sua atitude renovava dentro da Igreja.
Morre então Eugênio IV, sobe ao trono pontifício Nicolau V.
Qual não foi a surpresa geral quando subitamente Felix V foi visto dirigir-se
espontaneamente para Roma, reconciliar-se com Nicolau V e pedir-lhe humildemente
perdão pelo Cisma que havia iniciado. Diante do Papa verdadeiro, ele próprio
reconhecia jamais ter sido Papa.
Fatos como este revelam na verdade o prestígio que a Santa Sé tinha e que crescia em
toda a parte. A afluência incomum de peregrinos ao Ano Santo de 1450, após a
reconciliação de Felix V, foi também em boa parte um notável testemunho do carisma
de que era dotado o Papa Nicolau V.
Deste Pontífice Will Durant faz o seguinte balanço final de seu governo:
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"Restaurou a paz dentro da Igreja;
restaurou a ordem e o esplendor de Roma;
fundou a maior de todas as bibliotecas;
reconciliou a Igreja e a Renascença;
manteve as suas mãos inocentes de toda a guerra;
evitou o nepotismo;
esforçou-se por extingüir na Itália
as guerras suicidas;
em meio a rendimentos monetários sem precedentes,
conduziu uma vida simples;
amou a Igreja e os livros;
foi apenas um pouco extravagante
nas doações que fazia".
"Um cronista da época
não fêz mais do que expressar
o sentimento de todos os italianos
quando descreveu o Papa
como um homem sábio,
justo, benévolo, gracioso,
pacífico. afetuoso, caridoso,
humilde e revestido de todas as virtudes".
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