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Fica-se a imaginar se não existe alguma relação não só entre este ideal de Pitágoras de
instaurar a justiça através da Filosofia, mas também entre todo o ideal pedagógico
pitagórico e alguns ensinamentos do profeta Daniel.
Pode ser uma coincidência, mas o fato é que, enquanto Pitágoras estudava na Pérsia,
entre aqueles sábios das mais diversas nacionalidades, Daniel era um dos ministros do
rei Persa e compunha o seu livro que depois passou para o cânon da Bíblia. Ora, este
Daniel não era apenas uma pessoa que levava uma vida santa segundo a lei de Moisés,
mas era o que chamaríamos também de um sábio. Várias de suas profecias haviam sido
feitas diretamente aos reis mesopotâmicos, o que lhe havia granjeado a estima deles e
provavelmente uma certa fama, que não dificilmente poderia ter chegado aos ouvidos
de Pitágoras, ávido de conhecimento e que por ali vivia na época. Os milagres que
consta terem sido realizados por Daniel nas cortes mesopotâmicas também podem ter
contribuído para esta fama.
Ora, no décimo segundo capítulo de seu livro, em uma de suas profecias, Daniel se
refere aos sábios enaltecendo conjuntamente com eles o ideal do ensino de um modo
que, se considerarmos que ele não está fazendo uma poesia, mas antevendo algo que
segundo ele pertence verdadeiramente à ordem dos fatos reais, não poderá deixar de
parecer muito impressionante. O fim dos tempos, diz ali Daniel,
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"será um tempo de angústia
como jamais houve
desde que as nações existem
até aquele tempo.
Mas naquele tempo serão libertados
todos os que se acharem
inscritos no Livro.
E muitos dos que dormem
debaixo da terra despertarão,
uns para a vida eterna,
outros para o vitupério,
para a infâmia eterna".
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Então, continua Daniel,
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"os sábios resplandecerão
como o fulgor do firmamento,
e os que tiverem ensinado
a muitos para a justiça
serão como estrelas
para a perpétua eternidade".
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