CAPÍTULO 4

As coisas que nos foram transmitidas pela pregação apostólica de modo manifesto são as seguintes.

Primeiramente, que há um só Deus que tudo criou e ordenou e que, quando nada existia, fêz o Universo, Deus desde a primeira criatura e fundação do mundo, Deus de todos os justos, de Adão, de Abel, de Set, de Enós, de Enoc, de Noé, de Sem, de Abraão, de Isaac, de Jacó, dos doze patriarcas, de Moisés e dos profetas. E que este Deus, nos últimos dias, assim como havia prometido anteriormente pelos seus profetas, enviou Nosso Senhor Jesus Cristo, que primeiro haveria de chamar a Israel, depois também os gentios, após a perfídia do povo de Israel. Este Deus, justo e bom, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, foi quem nos deu a Lei e os Profetas e o próprio Evangelho, o qual é também o Deus dos apóstolos, assim como do Velho e do Novo Testamento.

Em segundo lugar, que o próprio Jesus Cristo que veio (ao mundo) foi gerado do Pai antes de toda a criatura. Ele mesmo, que serviu ao Pai na criação de todas as coisas, e que por meio dele todas as coisas foram feitas, humilhando-se a si mesmo nos últimos tempos, encarnou-se feito homem. Sendo Deus, permaneceu sendo Deus ao fazer- se homem. Assumiu um corpo semelhante ao nosso corpo, deste diferindo apenas por ter nascido de uma virgem e pelo Espírito Santo. E também que este Jesus Cristo nasceu e padeceu de verdade, e não sofreu a morte comum a todos apenas imaginariamente, mas morrendo verdadeiramente. Verdadeiramente também ressuscitou dos mortos e, depois da ressurreição, tendo convivido com os seus discípulos, subiu aos céus.

Em terceiro lugar, os apóstolos nos manifestaram o Espírito Santo, associado em honra e dignidade ao Pai e ao Filho. Nisto, porém, já não se distingue manifestamente se o Espírito Santo é gerado ou não gerado, ou se deve ser tido também ele mesmo como Filho de Deus ou não. São estas coisas que devem ser investigadas com o melhor de nossa capacidade através de uma cuidadosa busca a partir das Sagradas Escrituras.

Prega-se também manifestamente nas igrejas que este Espírito inspirou cada um dos santos, dos profetas e dos apóstolos, e que não é outro o Espírito pelo qual foram inspirados os antigos e aqueles que viveram no tempo do advento de Cristo.