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É possível, porém, interpretá-lo como significando algo mais do que uma formalidade
poética. Neste sentido, a carruagem seria a própria inteligência de Parmênides, que se
prepara para a reflexão e a atividade intelectual. As éguas capazes de levá-lo para
onde o coração pedisse são os desejos do filósofo de alcançar compreensão a respeito
do assunto ao qual sua inteligência se aplica. Quando este desejo ou interesse é
intenso, ele arrasta consigo a atividade intelectual na direção desejada tal como uma
carruagem puxada por muitas éguas. A morada dos deuses, isto é, o ponto de chegada
da carruagem, é a clareza da mente obtida quando ela compreende os princípios que
governam o assunto examinado. Pode ser que Parmênides chamasse esta compreensão
dos princípios como a morada dos deuses porque costuma-se associar aos deuses, ou a
Deus, ser o princípio de todas as coisas. Seja como for, o fato é que chegando à
morada dos deuses, Parmênides declara em seguida, nos fragmentos restantes, ter sido
instruído por eles nos primeiros princípios da investigação filosófica.
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