9. Se a caridade pode existir sem as demais virtudes morais.

Com a caridade são infundidas todas as virtudes morais. A razão consiste em que Deus não opera menos perfeitamente nas obras da graça do que nas obras da natureza. Vemos porém nas obras da natureza que não se encontra o princípio de algumas obras em alguma coisa sem que se encontrem também as coisas que são necessárias para realizar perfeitamente estas obras, assim como nos animais encontram-se órgãos pelos quais podem realizar-se perfeitamente as obras às quais a alma tem poder de realizar. Ora, é manifesto que a caridade, na medida em que ordena o homem ao fim último, é o princípio de todas as boas obras que podem ordenar-se ao fim último. De onde que é necessário que com a caridade sejam infundidas simultaneamente todas as virtudes morais, pelas quais o homem realiza perfeitamente cada um dos gêneros de boas obras.

Deste modo é evidente que as virtudes morais infusas não somente se interligam pela prudência, mas também por causa da caridade. E que quem perde a caridade pelo pecado mortal, perde também todas as virtudes morais infusas.