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O crescimento demográfico europeu entre 1650 e
1850 não se deveu a um melhoramento no controle das doenças
ou num conseqüente abaixamento do nível da mortalidade. Ele
se deveu, neste período, ao alto grau de racionalidade das
decisões da população no que diz respeito às taxas anuais de
casamentos diante de mudanças da situação econômica e social.
Durante este período a taxa de mortalidade na
Europa realmente baixou, mas isto não se deveu ao controle
sobre as doenças e não teve maior influência sobre a evolução
do quadro populacional. A mortalidade baixou porque a época
anterior a 1740 havia assistido um número muito grande de
epidemias. Sua diminuição, entretanto, ainda não tinha muito
a dever à prática médica. Os hospitais ainda eram mais uma
fonte de doenças do que um lugar de remédio, suas principais
funções consistindo mais em segregar as doenças infecciosas
do contato com o restante da sociedade. Metade das amputações
que eram feitas nestes estabelecimentos resultavam na morte
dos pacientes. O único progresso médico deste período que
teve certa influência na baixa da mortalidade, principalmente
na mortalidade infantil, foi o reconhecimento da importância
das normas de higiene nos hospitais e em especial nas
maternidades.
O crescimento demográfico europeu entre 1650 e
1850 foi devido a um aumento da fertilidade provocado pelo
aumento do número de casamentos e o abaixamento da idade em
que o mesmo era realizado. Ambas estas coisas foram
estimuladas por uma série de fatores tais como:
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A. Excelentes colheitas em torno de
1750, que reduziram o preço dos
alimentos;
B. Grande oferta de empregos devida à
industrialização;
C. Abaixamento do nível do ensino nas
escolas, que produziu maior número de
pessoal treinado e semi treinado;
D. Enfraquecimento de padrões de
comportamento devido às guerras;
E. Rápido e não planejado crescimento
urbano.
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Este quadro se torna mais claro quando se considera, por
exemplo, o caso da Holanda rural. Antes deste período, nesta
região somente viviam duas famílias debaixo de cada teto,
pois apenas um dos filhos do casal podia se casar e herdar a
propriedade, para que esta não tivesse que ser dividida de
geração em geração. Mesmo este único casamento muitas vezes
era adiado até quando um dos pais morresse. Os demais irmãos
moravam e trabalhavam na fazenda, mas não se casavam. Quando
começou a industrialização, porém, estes também passaram a se
casar. Em confirmação a este fato vem o dado que, após o
início da industrialização, houve na Holanda um aumento do
índice de fertilidade, o qual, porém, estava situado nas
cidades e não no campo.
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