CAPÍTULO 143

Passamos agora a narrativa para o historiador Philip Hughes.

"Sixto IV é considerado por causa disto",

diz Philip Hughes,

"uma das figuras sobre as quais pesa grande parte da responsabilidade pelos escândalos dos seguintes sessenta anos na Igreja".

"Ele diminuíu a importância, até então dada ao Colégio dos Cardeais, com as nomeações que fêz, e também ao ceder altas posições na administração a parentes indignos".

"Pela primeira vez eram admitidos homens maus ao Sacro Colégio, e quantos!"

"E o seu criador, ex-Geral dos Franciscanos, um homem instruído, simples e diligente, é, no entanto, um homem de conduta irrepreensível!"

"De seus trinta e quatro cardeais, nada menos do que seis eram pessoas de sua família, sobrinhos e primos. Outros da família que permaneceram leigos foram nomeados pelo Papa para as funções civis e militares. Não as quis confiar à nobreza romana por julgá-la desleal. A própria família do Papa instalou-se nos principais lugares da Igreja e do Estado, reinando como seus vassalos nos feudos do Papa e aliando-se, pelo casamento, aos príncipes vizinhos".

"Esta política assegurou realmente uma certa ordem em seu domínio, porém o sistema acabou prejudicando-se a si mesmo".

"O sucessor de qualquer Papa que tivesse cedido tantos cargos a parentes teria que se enfrentar com uma nova oposição permanente e da pior espécie. Surgiu depois com isto um novo elemento em todos os conclaves: a luta dos que se achavam em seus cargos, para impedir a eleição de um Papa que viesse desalojá-los. Já no pontificado de Sixto IV a má conduta de seus sobrinhos envolveu a Santa Sé em uma série de episódios escandalosos e deprimentes".