IIIª Parte. B.


CAPÍTULO 16

Nossa intenção nesta introdução é uma compreensão das motivações que concorreram para a convocação do Concílio Vaticano II. Estas se referem à problemática particular do homem do século XX dentro da obra de Cristo. Esta problemática remonta, por sua vez, a um prolongamento do movimento que passou a ser conhecido como Renascimento, movimento que surgiu precisamente nesta época que veio logo em seguida à Peste Negra, ao Cisma, às vidas de Santa Rita de Cássia e de Santo Antonino.

Se considerarmos que o Renascimento nesta época só pôde surgir devido aos problemas particulares que a civilização ocidental e, dentro dela, a Igreja já enfrentavam há séculos, causados pela convulsão feudal, pode-se dizer, em um sentido muito lato, que os problemas que causaram a convocação do Concílio Vaticano II remontam, por uma sucessão de causalidades históricas, ao feudalismo. Mas em um sentido mais próprio remontam ao Renascimento, no sentido em que o Renascimento é o berço do modo moderno de pensar, de uma cosmovisão em que o mundo, o homem, sua formação e seus objetivos são considerados de um modo que, quando examinados em seus pressupostos que raramente são explicitados aos homens que deles vivem, verifica-se que tais pressupostos são radicalmente opostos aos que conduziriam a um entendimento da boa nova trazida por Cristo, e que tais pressupostos são tacitamente aceitos inclusive por aqueles que se afirmam, e com sinceridade, serem cristãos. Neste sentido, os problemas do homem de hoje remontam ao Renascimento não apenas por uma sucessão causal, mas também porque ali já estava em embrião algo que posteriormente foi cultivado e que veio a desenvolver-se extraordinariamente.