5. SEGUNDA CONCLUSÃO.

Todas as coisas anunciadas por Isaías se cumprem em botão sempre que alguém, renunciando ao pecado, pela fé em Cristo e pelo amor, recebe a graça do Espírito Santo e se incorpora à sua Igreja.

Elas passam a se cumprir de uma maneira mais manifesta diante dos homens quando, pelo auxílio da graça que nos chega através de Cristo, pela perfeita renúncia a si mesmo, por uma profunda e contínua prática das virtudes, pelo estudo, pela reflexão e pela oração, é concedida ao homem a graça da contemplação, que nada mais é do que o exercício intenso e simultâneo na alma humana das virtudes teologais da fé, esperança e caridade. Quando ocorre isto, verifica-se então no homem a sétima bem aventurança de que nos fala Jesus no Evangelho de Mateus:

"Bem aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus".

Mat. 5, 9

O texto, efetivamente, não diz `porque serão filhos de Deus', mas porque `serão chamados filhos de Deus', isto é, porque a condição de sua filiação divina se manifestará de modo tão evidente diante dos homens que eles próprios espontaneamente passarão a chamá-los de filhos de Deus. Era a estes que Jesus se dirigia, quando pediu:

"Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus".

Mat. 5, 16

Que se pode concluir destes ensinamentos?

"Nosso Criador",

dizia Santo Antão em suas cartas,

"em sua bondade, quiz reconduzir-nos a nosso estado original, que jamais deveria ter desaparecido. Ele não se poupou, mas visitou suas criaturas para salvá-las todas. Verdadeiramente nada nos faltou em tudo o que Ele empreendeu por nossa miséria. A seus profetas ordenou que nos instruíssem, a seus apóstolos prescreveu que nos evangelizassem. Mais ainda, pediu a seu Filho único que tomasse, por nossa causa, a condição de escravo. Ele se entregou por todos nós; já Criador dos homens, vem ainda curá-los. É preciso, pois, que o homem dotado de razão se examine e se interrogue sobre o que poderia retribuir a Deus por todos estes bens dEle recebidos".

Cabe agora a nós, graças à vinda de Cristo, fazer com que a profecia de Isaías se manifeste de maneira evidente sobre a terra.

São Paulo, 19 de setembro de 1995