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Nos primeiros três séculos da história do Cristianismo não foi celebrado nenhum
concílio, e o motivo para isto é muito simples.
No ano 64 da era cristã, trinta anos aproximadamente após a morte de Cristo, Nero,
imperador romano, incendiou a cidade de Roma e, para não ser acusado pela
população, colocou a culpa nos cristãos.
Os cristãos já estavam em uma situação juridicamente delicada dentro do Império
Romano, pois o Imperador era oficialmente adorado por meio de ritos religiosos,
coisa que qualquer cristão teria que se recusar a fazer. Juridicamente, portanto, ele
poderia ser condenado à morte por ateísmo.
Ademais, segundo um relato de Eusébio de Cesaréia, que no século IV foi o primeiro
homem que escreveu uma história da Igreja, os apóstolos também estavam pregando a
divindade de Cristo sem terem pedido licença prévia ao Senado Romano, contra o que
prescrevia uma antiga lei.
Diz, de fato, Eusébio de Cesaréia, que Pilatos, após a morte de Cristo,
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"havia dado conhecimento
ao Imperador Tibério
de tudo quanto corria de boca em boca
por toda a Palestina referente
à ressurreição de nosso Salvador Jesus
de entre os mortos".
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"Inteirou-o também de seus milagres
e de que o povo já acreditava
que ele era Deus
porque depois de sua morte
havia ressuscitado de entre os mortos.
Diz-se que Tibério
levou o assunto ao Senado".
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Porém o Senado
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"recusou-se a tomar conhecimento
do assunto,
aparentemente porque não o havia
aprovado previamente,
pois uma antiga lei prescrevia que,
entre os romanos,
ninguém fosse divinizado
se não fosse mediante voto
e por decreto do Senado".
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"Tibério, porém,
conservou sua primeira opinião
e não tramou nada
contra a doutrina de Cristo".
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"Ao contrário,
persistiu em sua declaração
e ameaçou de morte
aos acusadores dos cristãos.
A Providência havia disposto
colocar isto no ânimo do Imperador
para que a doutrina do Evangelho
tivesse um começo livre de obstáculos
e se propagasse por toda a terra".
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Este começo livre de obstáculos para a propagação do Evangelho terminou, porém, no
ano 64 com a perseguição desencadeada por Nero aos cristãos. Daí até o ano 313, em
que o Imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos, estes viveram
permanentemente fora da lei e, caso tivesse havido necessidade, provavelmente não
teria sido possível celebrar nenhum Concílio Ecumênico.
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