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Seria coisa para nunca acabar se quiséssemos prosseguir esta
matéria. Bastam os exemplos que mencionamos para entender os
merecimentos, os dons e as excelências deste grande servo do Senhor,
enviado por Deus ao mundo para que o iluminasse com seus raios como por
um sol resplandecente, para que os papas, os reis, os imperadores,
os príncipes e as repúblicas usufruíssem de sua luz e recorressem a
ele nas questões mais obscuras e emaranhadas, e ele as ilustrasse e
resolvesse. Não somente as províncias mais próximas aproveitaram
com sua santidade, sua doutrina, seus conselhos e seus milagres, mas
também as da Dácia, da Suécia e outras o reverenciaram e lhe
escreveram cartas com extraordinária devoção. Qualquer coisa que
tivesse trazido consigo era considerada como preciosa relíquia, e até
um prato de barro, por nele haver comido certa vez São Bernardo,
bastou para curar um bispo que havia comido uns bocados de pão e bebido
um pouco de água que havia mandado deixar nele.
Seu cajado, colocado junto à cabeceira da cama de uma pobre mulher
muito atormentada pelo demônio, bastou para espantá-lo e para que a
deixasse em paz. O afluxo de pessoas, por onde quer que passasse,
era tão grande que não há modo de o descrever. Em Roma não
conseguia sair de casa sem que toda a corte e todo o povo fosse atrás
dele. Em Milão e em outros lugares da Lombardia, devido à
inumerável multidão que vinha vê-lo e receber a sua bênção,
fazia-se necessário que se trancasse e aparecesse somente por uma
janela para que dali desse a sua bênção. Quando passava pelos
Alpes, vinham a ele pastores e homens selvagens em quantidade, os
quais ficavam fazendo festa por terem-no visto.
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