2. A mente, a inteligência e o amor.

Certamente una é a mente racional, a qual gera, em sua unidade, a partir de si, uma inteligência una. Quão sutil, quão verdadeira, quão conveniente, quão formosa é esta inteligência é coisa algumas vezes visível para a mente, que então passa a amá- la e a comprazer-se nela. A visão da inteligência é causa de admiração para a mente, constituindo-se-lhe uma maravilha ter podido encontrar algo que lhe seja tão semelhante. Quereria sempre admirá-la, sempre possuí-la, sempre fruí-la, sempre nela deleitar-se. Agrada-lhe por si e por causa de si, nada buscando fora dela, porque nela tudo ama. Nela a contemplação da verdade é deleitável em sua visão, suave em sua posse, doce em sua fruição. Com ela a mente repousa consigo mesmo, sendo que neste retiro nunca lhe molesta o tédio, pela felicidade que lhe advém de seu íntimo, porém não único, consorte.

Considera agora estes três, a mente, a inteligência e o amor. Da mente nasce a inteligência, da mente assim como da inteligência tem origem o amor. A inteligência somente da mente, porque a mente gera de si própria a inteligência. O amor, porém, não apenas da mente, porque não apenas da inteligência, mas de ambas procede. Primeiro, pois, a mente; depois, a mente e a inteligência; finalmente, a mente, a inteligência e o amor.

E isto, na verdade, é assim que se dá em nós.