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Quando completou quase trinta anos de ensino catequético em
Alexandria, Orígenes mudou-se para cesaréia na Palestina, onde
fundou, em 232, uma nova escola. Em pouco tempo organizou-se aí
uma notável biblioteca cristã que se desenvolveu consideravelmente
graças ao sucessor na direção da escola, o presbítero Pânfilo.
Eusébio de Cesaréia, o autor da famosa História da Igreja, e
depois bispo dessa cidade, estudou sob a orientação de Pânfilo na
escola fundada por Orígenes. Através desta escola, a tradição de
Alexandria estendeu-se também aos grandes padres da Capadócia de
que falaremos adiante, a saber, São Basílio, São Gregório
Nazianzeno e São Gregório de Nissa. São Gregório de
Nazianzo, quando jovem e antes de receber o Batismo, chegou a
freqüentar a escola de Cesaréia da Palestina. Ao contrário destes
padres, porém, Eusébio levou a um extremo as posições de
Orígenes.
Segundo Eusébio, só o Pai é auto existente e sem princípio,
causa de todas as coisas. O Verbo, uma hipóstase gerada do Pai
antes de todas as eras, é seu intermediário para a Criação e
governo do Universo, pois a ordem contingente não poderia ter um
contato direto com o Ser absoluto. O Verbo difere de todas as
criaturas, e é por causa dEle trazer em si mesmo a imagem da
Divindade inefável que o chamamos de Deus. O Filho, porém, não
é co-eterno com o Pai, pois, já que somente o Pai é não
gerado, diz Eusébio de Cesaréia,
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"devemos admitir que o Pai é anterior
e pré-existe ao Filho".
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Eusébio também corrige a venerável analogia da luz e seu brilho,
apontando que o brilho existe simultaneamente com a luz, enquanto que o
Pai precede o Filho. Além disso, Eusébio abandona a posição de
Orígenes segundo a qual o Pai e o Filho participam da mesma
essência ou substância, convencido de que tal doutrina implica em uma
divisão da Divindade que é, na realidade, indivisível, e levaria
à posição absurda da existência de dois seres não gerados.
Quanto à unidade do Filho com o Pai, de que fala o Evangelho de
São João ao Cristo afirmar que
esta, segundo Eusébio de Cesaréia, consiste simplesmente no
compartilhamento de uma glória idêntica; e Eusébio ainda acrescenta
que os santos também podem desfrutar do mesmo tipo de comunhão com o
Pai.
Referências:
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Eusébio de Cesaréia : De Ecles. Theol. 2,6; 1,13,1; 3,19;
Idem : Demonst. Evang. 4,1,145; 4,6,1-6;
5,1,14-20; 4,2,1; 4,3,5;
Idem : Contra Marcellum 1,1,2;
Idem : Epistola ad Caes. 5.
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