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Por causa de uma guerra prolongada contra a Inglaterra, necessitando de dinheiro,
Felipe o Belo valeu-se de todos os meios de que dispunha para consegui-lo. Os atos de
que se utilizou para tanto fizeram-no passar para a história como um monarca
inescrupuloso e de má reputação. Instituíu impostos extraordinários sobre
comerciantes, banqueiros e sobre o clero, sendo que este último estava isento por lei
do pagamento de taxas. Alterou também a moeda francesa várias vezes, diminuindo
ademais o peso dos matais preciosos de que era composta.
O Papa protestou ao saber que ele estava cobrando impostos do clero, alegando que
isto era uma violação das imunidades eclesiásticas, e proibindo ao clero pagar
qualquer imposto sem autorização da Sé Apostólica, mas depois autorizou o clero
francês que pagasse ao rei tudo quanto ele pedia se isto fosse feito na qualidade de um
donativo. Ao mesmo tempo, porém, encarregou um bispo que apresentasse ao rei
Felipe as queixas do Papa sobre as infrações às leis canônicas a respeito das
imunidades eclesiásticas na França.
A isto Felipe o Belo respondeu mandando prender, no ano de 1301 DC, o bispo que
tinha sido delegado pelo Papa.
O Papa Bonifácio VIII replicou no mesmo ano intimando Felipe o Belo a justificar-se
perante a Santa Sé pelas acusações feitas contra ele de cunhagem de moeda falsa e
convocando, através de uma Bula, um Sínodo em Roma para discutir a proteção das
liberdades da Igreja na França.
O rei Felipe reagiu divulgando entre os franceses uma bula papal falsa, visando
desmoralizar o Pontífice, a qual depois foi queimada publicamente, e chamando os
juristas da corte para defenderem a autoridade real.
No ano seguinte, 1302 DC, uma reunião dos principais representantes da nação
francesa foi convocada na qual o rei obteve o apoio geral dos presentes contra a
tirania do Romano Pontífice sobre a França.
Em 1303 DC o rei Felipe o Belo convocou uma outra assembléia em que foi lida uma
lista de crimes de que o Papa seria réu. Bonifácio VIII foi acusado de heresia,
imoralidade e superstição, e com isto invocou-se a realização de um Concílio
Ecumênico para depô-lo. No fim deste ano, em vez do Concílio Ecumênico, um grupo
de soldados franceses invadiu a Itália e prenderam o Papa. Após uma série de
vexames, tentaram obrigar Bonifácio VIII a revogar os seus decretos e a renunciar ao
pontificado. Como o Papa se negasse intransigentemente a fazer o que se lhe exigia,
estando o comandante francês a deliberar sobre o que fazer, uma rebelião local
conseguiu libertar o Papa. Este, porém, veio a falecer logo depois.
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