CAPÍTULO 63

São também de Fernando de Azevedo as seguintes palavras:

“Por menos que pareça, nessa concepção educacional, cujo embrião já se disse ter se gerado no seio das usinas e de que se impregnam a carne e o sangue de tudo que seja objeto da ação educativa, não se rompeu nem está a pique de romper-se o equilíbrio entre os valores mutáveis e os valores permanentes da vida humana. É certo que é preciso fazer homens, antes de fazer instrumentos de produção. Mas o trabalho, que sempre foi a maior escola de formação da personalidade moral, é o único método suscetível de fazer homens cultivados e ideais sob todos os aspectos. A civilização contemporânea apresenta-se ao observador menos atento como uma civilização materialista, em que as conquistas de ordem moral não correram paralelas com os progressos científicos na submissão das forças naturais. Mas as conquistas materiais, no domínio das ciências aplicadas, trazem freqüentemente o germe de conquistas morais. A máquina libertou o homem, e se acompanharmos a formação histórica das idéias morais, veremos que a civilização atual, aparentemente materialista, apresenta uma série de conquistas morais do maior alcance. Não é somente a indústria que se desenvolveu, é a humanidade que evoluiu ampliando para círculos cada vez mais vastos os benefícios e as utilidades que acumulou”.