|
O mosteiro beneditino de Cluny foi fundado no início dos anos 900 na França por Santo
Odão. Além da disciplina exemplar que nela foi instituída, tinha duas características
peculiares que iriam ser fundamentais para a reforma da Igreja.
A primeira foi que, ao contrário de todos os mosteiros que existiram na Igreja até essa
época, em vez de subordinar-se ao bispo local, o mosteiro de Cluny quis colocar-se
sob a obediência direta e exclusiva do Sumo Pontífice.
A segunda foi que, até aquela época, todos os mosteiros da Igreja haviam sido
independentes entre si. Os mosteiros beneditinos tinham em comum apenas o fato de
que obedeciam à mesma regra, mas não tinham vínculos uns aos outros. Ora, devido ao
modo de vida verdadeiramente exemplar que se levava em Cluny, aos poucos outros
mosteiros beneditinos independentes foram pedindo auxílio à Abadia de Cluny para se
reformarem segundo o modelo de vida que se levava em Cluny. Ao fazerem isto,
porém, acabavam se ligando à Abadia de Cluny e passaram a constituir uma rede de
centenas de mosteiros espalhados pela Europa, todos sujeitos ao abade de Cluny e sob
a jurisdição direta do Sumo Pontífice. Acresceu-se a isto a felicidade de durante os
primeiros duzentos e cinqüenta anos de vida da Abadia de Cluny ela ter sido
governada apenas por seis abades, homens de vida longa e de grande santidade. Estes
duzentos e cinqüenta anos iniciais abarcaram a época que se iniciou no começo dos
anos 900 indo até cerca do ano 1150 DC, quando se iniciou a série de Concílios
Ecumênicos cujo principal objetivo era a reforma da Igreja. A partir do ano 1000 DC
o abade de Cluny era a segunda pessoa em importância na Igreja, vindo logo em
seguida à própria pessoa do Papa. A organização cluniaciense, em seu conjunto,
desempenhou naquela época um papel semelhante ao que os jesuítas desempenharam
posteriormente durante a Contra Reforma.
|
|