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Circunstancialmente um movimento pode implicar em dois movimentos, na
medida em que o móvel, sendo tocado pelo movido ao movê-lo, é,
por sua vez, movido por este.
Na Física Clássica Newtoniana, o movente ao mover o móvel sempre
será, por sua vez, movido também pelo móvel, porque na Física de
Newton a cada ação corresponde uma reação igual e contrária, esta
última exercida, porém, não no mesmo corpo que sofreu a ação,
mas sobre o corpo que produziu a ação. Assim, se a Terra atrai
pela gravidade a Lua mediante uma força atrativa exercida sobre a
Lua, a Lua por sua vez terá que atrair a Terra com uma força igual
e contrária exercida sobre a Terra. Do mesmo modo, se um homem
empurra um barco com uma força exercida sobre o barco, o barco terá
que empurrar o homem com uma reação exercida do barco sobre o homem.
Na Física de Aristóteles este princípio é reconhecido, mas, ao
contrário do que ocorre com a Física de Newton, não se trata de um
princípio universal. Ele só ocorre, nas palavras de Aristóteles,
se o movente, ao tocar o móvel, "também for tocado por este".
Deixará, pois, de ocorrer, se o movente, ao mover o móvel, não
for "tocado, por sua vez, pelo móvel".
No caso em que existam tanto a ação como a reação, ou que, na
terminologia aristotélica, o movente também seja movido pelo móvel,
não se configura aqui uma violação do princípio de que o movimento
está situado apenas no móvel, porque estão ocorrendo na realidade
dois movimentos distintos, e cada um dos dois movimentos situa-se
apenas no respectivo móvel e não no movente, embora cada um deles
seja ato dos dois.
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