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Era véspera de Natal de 1098, o mesmo ano da fundação do
Mosteiro de Cister. Era o primeiro ano em que Bernardo freqüentava
o colégio e Aleth estava em Chatillon, passando as festividades de
Natal junto com o seu filho. Era costume dos cristãos devotos
assistirem ao ofício solene das Matinas na noite consagrada ao
nascimento do Redentor.
Desacostumado, porém, a manter-se acordado até tão tarde, o
rapaz adormeceu na cadeira. Desenrolou-se, então, na sua
maravilhosa imaginação, o mistério consumado no estábulo de
Belém. Contemplou o divino infante recém nascido de uma beleza
inexprimível. A Virgem Mãe permitiu-lhe mesmo que acarinhasse o
seu menino. Mas, de súbito, a visão foi interrompida por Aleth,
pois havia chegado o momento de envergar o seu traje do coro e de
seguirem para a igreja. Este primeiro favor sobrenatural abriu no
coração do rapaz uma fonte de doçura divina que nunca mais se
extingüiu. A partir deste momento, Bernardo rendeu-se àquele
apaixonado amor pessoal pela Humanidade Sagrada de Cristo que o
distingüe de todos os servos de Deus desde a era apostólica. A,
juntamente com ele, desenvolveu-se na sua alma a mais terna e infantil
devoção por Maria.
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