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No mês de agosto seguinte ao regresso de Bernardo, toda a família
se encontrava reunida na antiga residência. Era um período feliz.
Certo dia, porém, em meados daquele mês, Aleth, então somente
com quarenta anos de idade e aparentemente com saúde perfeita,
anunciou serenamente que a invadira o pressentimento da aproximação de
sua morte. Suas palavras, aparentemente destituídas de qualquer
fundamento, provocaram o maior alarme na família. A idéia era
insustentável, mas os seus filhos a conheciam muito bem para suporem
que tivesse falado de ânimo leve e sem motivo plausível. Não
voltou-se a falar mais no assunto, porém, até o dia 31 de
agosto, véspera do patrono da Igreja de Fontaines. Naquele dia
Aleth adoeceu com febre e foi forçada a recolher-se ao leito.
Chamou os seus filhos à cabeceira da cama e solicitou que os
sacerdotes lhe ministrassem o sagrado viático, pois a sua hora se
aproximava. Concluída a cerimônia, a paciente rogou-lhes que
recitassem a ladainha para os moribundos, pois sentia-se a
extingüir-se. Proferiu os responsórios com o maior fervor até
que, no esforço de persignar-se, expirou tranqüilamente.
Para Bernardo este foi o primeiro e, talvez, o maior desgosto de sua
vida.
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