CAPÍTULO 104

Os jesuítas, de modo geral, não se interessaram pelo ensino primário. Ministraram, em seus colégios, apenas o equivalente ao ensino secundário e superior. No ensino superior tinham faculdades de Filosofia e Teologia; o ensino secundário era baseado visivelmente nas concepções de Quintiliano, citado centenas de vezes nos escritos deixados pelos padres que participaram da elaboração da Ratio Studiorum.

Este ensino secundário era ministrado, na sua forma mais extensa e comum, em sete anos. Dois anos de gramática inferior, dois anos de gramática média, um ano de gramática superior, um ano de humanidades e um ano de retórica.

Em um estudo introdutório à Ratio Studiorum das escolas da Companhia, o Pe. Leonel Franca explica da seguinte maneira esta seqüência:

"O grau de gramática inferior é o conhecimento perfeito dos rudimentos de gramática e as primeiras noções de sintaxe;

o grau da gramática média é o conhecimento de toda a gramática, ainda que não exaustiva e perfeita;

o grau da gramática superior é o conhecimento perfeito da gramática;

o grau da classe de humanidades, que prepara imediatamente à retórica, é o conhecimento da linguagem, alguma erudição, e as primeiras noções dos preceitos da retórica;

o grau da retórica é a expressão perfeita, em prosa e em verso, e abrange os conhecimentos teóricos e práticos dos preceitos da arte de bem dizer e uma erudição mais rica da história, arqueologia, etc."

"Como se vê", continua o Pe. Leonel Franca,

"o objetivo do curso humanista é a arte acabada da composição, oral e escrita. O aluno deve desenvolver todas as suas faculdades, postas em exercício pelo homem que se exprime e adquirir a arte de vasar esta manifestação de si mesmo nos moldes de uma expressão perfeita.

O Latim e o Grego são as disciplinas dominantes.

Na seleção dos autores, as obras de Cícero têm uma posição dominante".