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Ao se retirar para São Vítor, a crônica de Morigny não nos
apresenta Guilherme de Champeaux simplesmente como um homem bastante
versado nas Sagradas Escrituras, mas também como um homem
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"cheio de zelo, de piedade
e de religião".
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Retirando-se para São Vítor, Guilherme renunciou ao ensinamento
e aos aplausos da escola; quis viver somente com Deus na meditação
das verdades eternas.
Seus antigos alunos, porém, não puderam consentir com o seu
silêncio. Solicitaram-lhe que continuasse suas aulas mesmo no retiro
que havia escolhido, e o bispo de Mans achou por bem unir suas
instâncias àquelas de tantos amigos, escrevendo ao novo solitário
uma carta de que possuímos o texto inteiro:
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"Vossa vida e vossa conversão",
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diz o bispo,
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"encheram nossa alma de alegria
e a fizeram estremecer de felicidade".
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Ele o felicita em seguida por ter abraçado a verdadeira filosofia.
Mais adiante acrescenta:
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"Mas de que serve uma sabedoria encoberta
e um tesouro enterrado?
O ouro melhor brilha ao dia do que nas trevas,
e as pérolas não diferem de pedras vis
se não são expostas aos olhos.
A ciência que se comunica aumenta;
não estanqueis, pois,
o regato de vossa doutrina,
mas segui o conselho de Salomão,
e que vossas águas se dividam sobre as praças públicas".
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Guilherme não pôde resistir a pedidos tão amáveis e tão
insistentes. Retomando suas lições, deu origem à célebre Escola
de São Vítor de Paris.
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