Capítulo 17

Dos argumentos de Zenão de Eléia contra a existência do movimento, o seguinte é um dos melhores.

Supondo que o movimento que nós vemos existisse realmente, devemos analisá-lo mais de perto.

Consideremos o movimento de uma flecha lançada contra um alvo. A cada instante do movimento a flecha só pode estar em um único lugar do espaço, porque nada pode estar, no mesmo instante, em dois lugares ao mesmo tempo. Portanto, isto significa que a cada instante do movimento a flecha tem que estar parada em um único lugar.

Ora, se em cada instante do movimento a flecha está parada, ela estará parada em todos os instantes do movimento e, portanto, não pode existir este movimento.

Se os ouvintes quiserem admitir que o movimento existe, terão que admitir que em pelo menos algum instante do movimento a flecha estará se movendo.

Porém, se é assim, neste instante, então, a flecha terá que estar em dois lugares ao mesmo tempo.

E daí o que é que se conclui? Ou admitimos que o movimento é uma ilusão ou então teremos que admitir que uma flecha pode estar em dois lugares diferentes ao mesmo tempo.

Ora, a segunda destas alternativas é, obviamente, impossível. Portanto, o movimento não existe.