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Mas, logo após a eleição, começaram as intrigas e os rumores, coisa que, conforme já
tivemos a oportunidade de comentar, foi um hábito bastante arraigado durante a
Renascença. Mais ainda haveria de sê-lo em se tratando de um Papa cuja vida passada
fornecia suficientes motivos para tanto.
Isto já por si dificultaria muitíssimo a tarefa de compreender o que de fato se passou.
Porém, além disso ocorreu também que Alexandre VI pouco se importava com o que
os outros dissessem dele e não se preocupava nem em punir nem em desmentir quando
se falava mal dele publicamente, mesmo em relação a fatos em que é historicamente
possível demonstrar serem evidentemente falsos.
É certamente falso que, conforme se dizia, ele tenha estuprado a sua filha Lucrécia.
Não é impossível, conforme também se dizia, que já Papa ele tivesse relações
amorosas com uma mulher casada bem conhecida na época. Porém, neste último caso,
consta também que o marido desta mulher, um membro da família Orsini, uma das mais
importantes e tradicionais famílias romanas e com a qual posteriormente o Papa teve
sérios atritos, bem conhecedor dos fatos, nunca se queixou de nada.
A morte de quase todos os cardeais durante o pontificado de Alexandre VI também foi
atribuída a envenenamento proposital por parte do Papa e de seu filho César Borgia.
No entanto, era comuníssimo durante a Renascença pensar-se em envenenamento
quando da morte de uma pessoa importante em que poderia haver interesses em jogo.
Ademais, não havia institutos médico legais na época para se dirimirem as dúvidas
acerca da causa da morte e, para quase todas as acusações de envenenamento de
cardeais existem suficientes provas positivas históricas de que tal coisa não poderia
ter ocorrido.
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