7. Levanta-se a questão do aborto pela primeira vez.

A primeira crítica violenta de que se tem notícia às leis vigentes sobre o aborto apareceu em 1910 no sexto volume dos "Estudos sobre a Psicologia do Sexo" de Havelock Ellis, um dos pioneiros da sexologia.

Havelock afirma nesta obra que "não se pode mais permitir a discussão da validade do controle (de natalidade), porque ele é um fato consumado e tornou-se parte de nossa moderna moralidade". O aborto ainda não é aceito desta mesma forma, mas certamente é aceito "sem dores de consciência" pela maioria das mulheres que se acham involuntariamente grávidas. Depois de apresentar evidências de que o aborto ilegal estava amplamente disseminado na América, na Inglaterra, na França e na Alemanha, ele diz que "sua condenação somente é encontrada no Cristianismo, e é devido a conceitos teóricos". Na obra ainda se ridicularizava um escritor francês que se referia ao direito da criança não nascida como "um direito sagrado e imprescritível, direito que nenhum poder poderá revogar". Os não nascidos, argumenta Havelock, ainda não são parte da sociedade humana e por conseqüência não só temos o direito de matá-los, como ainda a posição contrária é "um vestígio de antigos dogmas teológicos". O que haja de "direito irrevogável" no embrião, continua Havelock, é o mesmo que há de direito irrevogável no espermatozóide.

Apesar das opiniões ousadas que o livro emitia, ele não resultou imediatamente em nenhum movimento efetivo para que se pudesse obter o relaxamento das leis contra o aborto.