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Um problema fundamental que havia com estes homens é que, embora fossem os líderes
de um mundo assim estruturado e fossem de fato os melhores de sua época, não eram
capazes de perceber que eram os melhores apenas segundo um determinado aspecto, e
não os melhores no sentido absoluto da palavra.
A mesma coisa acontece com as elites bem sucedidas do século XX, aqueles que ditam
as normas do mundo de hoje. Eles incorporaram em suas vidas este mesmo defeito de
perspectiva. Supõem que são os melhores e, efetivamente, é algo evidente que eles são
os melhores, uma constatação que não se pode negar. Mas o que eles não conseguem
perceber é que existe uma diferença entre ser o melhor segundo um determinado
aspecto e ser o melhor absolutamente falando, o melhor ontologicamente falando,
aquele "melhor" que o é por relação para com o bem, que Platão dizia que são
necessários pelo menos cinqüenta anos de dedicação plena, apaixonada e metódica
para poder ser compreendido.
Porém se dissermos uma coisa destas às pessoas do mundo de hoje elas simplesmente
serão incapazes de compreender do que se está falando ou que exista esta distinção.
Elas não quererão sequer discutir o assunto. Entraram na realidade em um processo de
auto ilusão tão enraizado que aquele bem no sentido absoluto de que falava Santo
Tomás de Aquino e que muitos de seu tempo eram capazes de entender com relativa
facilidade, elas não conseguem mais entender. E, tal como são estas pessoas, assim
também é em reflexo a sociedade que elas constróem, erguida sobre a ausência de
previsão séria para qualquer instituição que tenha por fim buscar bem algum que não o
seja sob um determinado aspecto.
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