21. Congresso de 1930 da Liga Mundial para a Reforma Sexual.

No ano seguinte ao Congresso de Londres que havia terminado com uma resolução oficial pedindo a revogação das leis contra o aborto, reunia-se em 1930 em Viena outro Congresso da Liga Mundial para a Reforma Sexual.

Á parte os argumentos que se repetiram do ano passado para o presente, houve um pronunciamento particularmente interessante de um representante da Liga Americana para o Controle da Natalidade que mostra o quanto já havia evoluído o pensamento desta organização quanto ao assunto. O representante da Liga apontou a fé cristã na providência como um obstáculo especial para o movimento, mas afirmou que as seitas protestantes não estavam tão bem organizadas para a ação política como estava a Igreja Católica. Mencionou a falta de limitação da natalidade entre "as classes mais baixas economicamente", "entre os incompetentes e os sub normais do ponto de vista físico, mental ou moral". A deterioração racial seria conseqüência inevitável da "diferença entre as taxas de natalidade". Por causa disso, seria "da máxima importância para o futuro do país que as classes incompetentes, aquelas de pior estirpe, limitassem suas crianças". A exposição terminou com um agradecimento pela inspiração recebida pelo movimento americano da "Europa e do Leste; e os demais funcionários da Liga Americana se juntam a mim em mandar calorosos votos e congratulações aos nossos colegas trabalhadores juntos irmanados neste grande Congresso".

O Congresso da Reforma Sexual de 1930 em Viena, e mais ainda o de 1929 em Londres tiveram uma influência nas questões do aborto dificilmente exagerável. Cada um dos movimentos participantes manteve a sua própria independência e não necessariamente adotou o programa completo de ação sugerido pelos congressos. Entretanto, é correto dizer que estes dois congressos delinearam o andamento geral do processo nos anos seguintes. A lei soviética referente ao aborto foi proposta como um ideal, os contornos de um possível compromisso legal foi esboçado, a questão do aborto foi integrada dentro de um contexto de nova moralidade sexual e delinearam-se as linhas de oposição entre teologia e ciência, além de insistir-se na hostilidade contra a Igreja Católica. Do ponto de vista histórico foi exigida pela primeira vez a reforma das leis do aborto sem que se tivesse tratado de uma iniciativa isolada. Até a época dos Congressos da Liga Mundial o aborto somente tinha sido institucionalizado na União Soviética; as reformas já discutidas que se deram nos países escandinavos e na Alemanha nazista datam dos anos imediatamente subseqüentes.

No ano seguinte se iniciaria a controvérsia do aborto nos tribunais ingleses.