25. O Congresso de Harden House visto por Germain Grisez.

A introdução à publicação de Calderone, diz Grisez, foi escrita por um antropólogo que não participou da Conferência original, M. F. Ashley Montagu. Este deu o tom do trabalho fazendo um apelo direto pela revogação das leis contra o aborto:

"As leis necessitam ser atualizadas".

"Não importa quão eficientes os métodos contraceptivos que nós venhamos a desenvolver se tornem, um certo número de casos de gravidez indesejada sempre ocorrerá, e a sociedade bem organizada será então chamada a determinar se a tais casos de gravidez poder-se-á conferir a permissão de continuarem".

Como critério para decisões referentes ao aborto como método de controle de natalidade Montagu propõe que grande peso seja dado aos fatores econômicos e emocionais.

A organização do material da Conferência no volume publicado iniciava-se com considerações sobre o aborto nos países escandinavos e concluíu-se com material sobre outros aspectos do aborto, principalmente psiquiátricos, e a relação entre aborto e contracepção. Em vários pontos do trabalho encontram-se petições diretas pelo relaxamento das leis existentes.

Os participantes da Conferência em geral favoreciam a legalização do aborto em termos sócio econômicos e outros ainda mais amplos, e aqueles que expressavam tais opiniões não foram seriamente criticados. De fato, as críticas mais ásperas foram dirigidas a um médico que tinha idéias mais conservadoras até mesmo a respeito do aborto terapêutico.

Dentro do volume existe uma declaração pós conferência assinada por 31 dos 34 participantes que julgaram apropriado que tivesse sido tomada uma posição. Aqueles que se abstiveram de votar foram os escandinavos e os representantes da Planned Parenthood que tinham organizado a Conferência. A declaração é uma forte recomendação para a revogação das leis vigentes sobre o aborto. O aborto clandestino é tratado como um problema que não pode ser resolvido através das leis existentes. Diversas sugestões são feitas, mas a principal é que comissões legais, incluindo a American Law Institute,

"deveriam estudar as leis do aborto nos vários estados e esboçar um modelo de lei que poderia, talvez conjuntamente, ser apresentado aos estados para suas considerações ao substituir os estatutos existentes".

Sugeria-se que o modelo de lei incluísse permissão legal para provocar aborto em indicações eugênicas, humanitárias e psiquiátricas. (Conforme veremos, imediatamente no ano seguinte o American Law Institute, citado no documento, seguiu à risca estas recomendações).

O objetivo destas provisões era a solução do aborto clandestino, que seria impossível a menos que o aborto fosse permitido para todas as mulheres que quisessem fazê-lo, independentemente de quaisquer indicações, conforme havia sido colocado no curso das discussões. Mas o objetivo prático imediato seria alguma relaxação das leis existentes, como um primeiro passo na direção da aceitação e legalização do aborto como um método de controle de natalidade.