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Mas se Rodrigo Borgia foi administrador habilidoso e um brilhante diplomata, o
mesmo não se pode dizer de sua conduta na vida particular. O cardeal Rodrigo Borgia
não era capaz de praticar a castidade.
Em 1460 Pio II, tendo tido notícia de um escândalo que o cardeal havia provocado em
Siena, escreveu-lhe a seguinte mensagem, reproduzido de um texto de F. Berence:
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"Querido filho,
quando, há quatro dias,
várias senhoras de Siena,
entregues às vaidades mundanas,
se reuniram nos jardins de Gianni de Bichis,
tua dignidade,
esquecida do cargo que ocupas,
demorou-se junto delas
das sete até as vinte e duas horas.
A tua atitude em nada diferiu
daquela que teria sido
se pertencesses ao grupo
das jovens mundanas.
Nosso desprazer é indizível,
porque tudo isto traz prejuízo
não só ao estado sacerdotal,
mas também ao cargo que dele decorre.
Daí os brocardos cotidianos dos leigos,
e daí também que,
quando desejamos censurá-los,
lançarem-nos à face
nossa própria existência
e difamar até o Vigário de Cristo,
porque se crê que ele fecha os olhos.
Embora leves a mocidade de maneira excusa,
tens certamente bastante idade
para compreenderes a dignidade de teu cargo.
Um cardeal deve ser sem mácula,
um verdadeiro espelho de vida íntegra,
um modelo para todos.
Se não corrigires os teus costumes,
ver-nos-emos constrangidos a publicar
que todos estes fatos se deram
sem o nosso consentimento,
ou antes, com a nossa
mais viva desaprovação.
Sempre foste por nós querido e,
porque temos visto que és modelo
de seriedade e modéstia,
cremos que mereçais nossa proteção".
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