4. Se a fé é anterior à esperança, e a esperança à caridade.

Há uma dupla ordem, a da geração e a da perfeição. Segundo a ordem da geração, pela qual a matéria é anterior à forma, e o imperfeito é anterior ao perfeito em uma só e mesma coisa, a fé precede a esperança e a esperança precede a caridade segundo o ato, pois segundo o hábito estas virtudes são infundidas simultaneamente. Não se pode, de fato, tender em algum movimento apetitivo, seja esperando, seja amando, senão para aquilo que é apreendido pelo sentido ou pelo intelecto. Ora, pela fé o intelecto apreende as coisas que espera e que ama. De onde que é necessário que, na ordem da geração, a fé preceda a esperança e a caridade.

Semelhantemente, pelo fato de que o homem ame algo, passa a apreender aquilo como bem seu. Pelo fato de que o homem espere de algo conseguir um bem para si, passa a considerar aquilo em que possui esta esperança como um certo bem seu. De onde que pelo homem esperar alguma coisa de algo, passa a amar este algo. E assim, na ordem da geração, segundo o ato, a esperança também precede a caridade.