6. A natureza pode ser dita da matéria e da forma, não da privação ou do composto.

Sendo a natureza princípio interno de movimento, e sendo os princípios internos de movimento a matéria, a forma e a privação da forma, a natureza pode ser dita tanto da matéria como da forma, e pode ser dita, afirma Aristóteles, mais da forma do que da matéria, na medida em que aquilo pelo qual algo é em ato é mais ente do que aquilo pelo qual este algo é em potência. A matéria, de fato, em si mesmo, não é ente em ato, mas pura potência para sê-lo.

Embora sejam três os princípios internos do movimento e a natureza possa ser dita da matéria e da forma, o mesmo não pode ser afirmado quanto ao terceiro princípio. A natureza não pode ser dita propriamente da privação da forma, porque a privação da forma, enquanto tal, não é um ente real, mas apenas um ente de razão. Uma entidade que consiste em ser privação de outra não pode existir como ente real; um ente somente pode possuir privação de algo não na medida em que possui esta privação, mas na medida em que possui alguma outra coisa que seja uma forma em ato a qual, apenas indiretamente, implique na privação da anterior.

A natureza também não pode ser dita do composto de matéria e forma, porque este composto não é princípio, mas algo que provém de princípios.