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Saiba também que não chegará ao seu propósito se, movido por um
vão desejo da ciência, dedicar-se às escrituras obscuras e de
profunda inteligência, nas quais a alma mais se preocupa do que se
edifica; e nem também se dedicar de tal maneira apenas ao estudo que
se veja obrigado a abandonar as boas obras.
Para o filósofo cristão o estudo deve ser uma exortação, e não
uma preocupação, e deve alimentar os bons desejos, não secá-los.
Como gostaria de mostrar àqueles que se puseram ao estudo por amor à
virtude, e não às letras, o quanto é importante para eles que o
estudo não lhes seja ocasião de aflição, mas de deleite! Quem,
de fato, estuda as Escrituras como preocupação e, por assim dizer,
as estuda para aflição do espírito, não é filósofo, mas
negociante, e dificilmente uma intenção tão veemente e indiscreta
poderá estar isenta de soberba.
Que direi então da lição do simples Paulo, que antes quisera
cumprir a lei do que estudá-la? Este poderá ser para nós um
exemplo, para que não sejamos ouvintes nem estudiosos da Lei, mas
principalmente justos cumpridores diante de Deus.
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