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Este é o primeiro argumento que instintivamente despontaria na mente de qualquer
cientista moderno que ouvisse Parmênides falar.
Examinado, porém, este argumento mais atentamente, encontraremos que ele não serve
como explicação para o problema levantado por Parmênides, e vamos tentar explicar
por qual motivo.
Este argumento não vale para a questão levantada por Parmênides porque, em todos os
casos de seleção natural, o modo de operar desta seleção natural é tal que produz um
meio de escolher apenas entre capacidades de sobrevivência adaptadas em relação ao
meio ambiente diretamente em contato com o animal, mas apenas em relação ao meio
ambiente diretamente em contato com o animal, porque é com este meio ambiente
imediatamente próximo ao animal que o animal luta e perece em sua espécie se não for
capaz de se adaptar, ou continua existindo se for capaz. Todos os casos de seleção
natural se referem apenas à adaptação em relação ao meio ambiente próximo à
espécie.
Assim é que o homem está adaptado para viver à pressão próxima daquela encontrada
na atmosfera terrestre ao nível do mar, que é o seu meio ambiente imediato. Colocado
em qualquer outra atmosfera de outro planeta, provavelmente morreria. Mesmo na
nossa própria, se conduzido apenas a alguns quilômetros acima do solo ou a alguns
poucos metros abaixo da superfície da água, a pressão do ar ou da água lhe será fatal.
Assim também ele é capaz de se alimentar do que é produzido na Terra, mas se
ingerisse plantas naturais de outro planeta, supondo que elas existam, a grande
probabilidade é que morreria. De fato, se o homem entrar em um laboratório químico
que produz substâncias artificiais, inexistentes na natureza, substâncias que a natureza
nunca produziu, a grande probabilidade é que se envenenaria ao ingerir qualquer uma
delas.
Mas não é assim no caso da inteligência.
Há como que uma intuição quase que inata no homem segundo a qual percebemos,
como que intuitivamente, que em qualquer lugar do espaço, em qualquer lugar do
universo, não apenas na superfície da Terra, sempre aquilo que é intrinsecamente
ilógico não existe. Jamais encontraremos em lugar algum do universo um triângulo cuja
soma dos ângulos internos não seja igual a 180 graus. Jamais estaremos em alguma
galáxia onde deixaremos de ter nascido, apesar de termos nascido. Jamais algo lá será
e deixará de ser a mesma coisa ao mesmo tempo. Jamais os teoremas da matemática,
puramente racionais, deixarão de ser válidos quando transpostos para a realidade
circundante.
Ora, seria pedir muito que a seleção natural, obrigando o homem por um método na
verdade tão primitivo e limitado a lutar pela sobrevivência junto apenas ao seu meio
ambiente, tivesse conseguido produzir uma qualidade tão ilimitada, em que mais
pareceria que o homem estivesse lutando pela sobrevivência não na Terra, mas
simultaneamente na totalidade da extensão do universo e contra todos os seres nele
contidos.
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