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Mas, além disso, depois do Renascimento houve um surto de
descobertas científicas da mais elevada importância; com o
desenvolvimento das ciências e da revolução comercial e industrial
por elas desencadeado começou-se a questionar a validade do ensino
baseado nas línguas e na literatura clássica e, pensamos nós, com
razão porque, pelo menos nos princípios teóricos em que ela se
baseia, esta foi a mais pobre de todas as concepções educacionais da
história. Na prática, porém, este ensino, pelos menos quando era
administrado pelos primeiros jesuítas, o era com uma excelência que
compensava freqüentemente e fartamente toda a pobreza que continha em
seus princípios. Com o desenvolvimento da revolução comercial e
industrial chegou um momento em que começou a ficar claro para as
autoridades públicas que a modificação dos métodos e fins do
ensino, orientando-o não mais diretamente para o homem, mas para as
necessidades da sociedade industrial, e o seu alastramento em todas as
camadas da sociedade era de necessidade fundamental para a prosperidade
das nações. Ao contrário do que acontecia antes, a sociedade que
não se desse conta deste fato estaria condenada a entrar em colapso.
Começaram assim a emergir não apenas as características
psicológicas da nova educação, mas também as assim ditas
sociológicas. Tal tendência parece que começou a entrar
decisivamente na educação a partir dos “Discursos à Nação
Alemã” de Fitche no início do século 19 e chegou a um de seus
pontos culminantes com as obras do filósofo norte americano John
Dewey, que foi o que levou mais longe a reflexão sobre as relações
entre a democracia industrial moderna e a educação. A obra deste
americano foi uma das principais fontes de inspiração da maioria dos
reformadores educacionais do Brasil na década de 20. Anísio
Teixeira chegou a ir pessoalmente aos Estados Unidos estudar com o
famoso mestre.
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