Capítulo 4

Platão escreveu uma série de mais de duas dezenas de diálogos, dos quais existem ainda hoje todos eles.

Chamam-se Diálogos porque neles Platão não expõe seus ensinamentos por meio de uma exposição direta, mas sim através do artifício em que é contada uma história na qual sempre se encontram diversas pessoas que iniciam um diálogo. A narrativa do diálogo passa a ser então a parte principal de cada uma das mais de duas dezenas destas obras de Platão; o diálogo é narrado em toda a vivacidade dos detalhes com que ocorreu, mas, se o leitor acompanhar atentamente o diálogo como se estivesse participando dele, passará, logo em seguida, a participar da discussão dos temas filosóficos nele propostos por Platão.

Com a exceção do último diálogo, chamado As Leis, em todos os outros Sócrates é um dos personagens, e na maioria deles é o personagem principal.

Existe uma controvérsia entre os estudiosos a respeito de quais são os diálogos em que Platão reproduz um diálogo realmente ocorrido em que Sócrates se aproveitou da ocasião para expor suas doutrinas e quais são os diálogos imaginados por Platão em que, apresentando Sócrates como um dos dialogantes, está na realidade contando uma situação fictícia e expondo não as doutrinas de Sócrates, mas as suas.

De qualquer maneira, é evidente que muitos diálogos e muitas passagens dos Diálogos são relatos de fatos historicamente ocorridos e uma das principais fontes para o conhecimento da pessoa de Sócrates.