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Há também duas coisas que aumentam a caridade possuída, e a
primeira é afastar o coração do que é terreno.
O coração, de fato, não pode ser trazido perfeitamente a coisas
diversas, de onde que ninguém é capaz de amar a Deus e ao mundo. E
por isso, quanto mais nos afastarmos do amor do que é terreno, tanto
mais nos firmaremos no amor divino. De onde que Santo Agostinho diz
no Livro das 83 Questões:
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"A esperança de conseguir ou reter
o que é temporal
é veneno da caridade".
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O seu alimento é a diminuição da cobiça; sua perfeição, a
nenhuma cobiça, porque a raiz de todos os males é a cobiça.
Quem quer que, portanto, queira alimentar a caridade, insista em
diminuir a cobiça.
A cobiça é o amor de conseguir ou obter o que é temporal, e o
início de sua diminuição é o temor de Deus, o qual não pode
somente ser temido, sem amor. É por esta causa que se ordenaram as
religiões, nas quais e pelas quais a alma é trazida do que é mundano
e corruptível ao que é divino, conforme se encontra escrito no
Segundo de Macabeus, onde se lê:
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"Refulgiu o Sol,
que antes estava entre nuvens".
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O Sol, isto é, o intelecto humano, está entre nuvens quando
entregue às coisas terrenas. Refulgirá, porém, quando for
afastado e removido do amor do que é terreno. Resplandescerá,
então, e nele crescerá o amor divino.
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