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Durante algum tempo tudo correu bem. Embora a vida fosse árdua,
estava liberta dos espinhos das preocupações mundanas e, além
disso, adoçada com o mel das consolações divinas. No entanto,
surgiu uma ocasião em que os mantimentos escassearam e os monges se
viram ameaçados de morrer de fome, quando a Providência lhes
proporcionou alguns amigos generosos que lhes forneceram não só o
auxílio imediato para as suas necessidades como também os libertou de
terem de ganhar o sustento com o trabalho de suas mãos.
Sendo o que é a fraqueza humana, o resultado era fácil de prever.
A virtude que florescera no inverno da adversidade, murchou e feneceu
perante o brilho da prosperidade, e com a fortuna material veio o
desamparo espiritual. O abade proferia recriminações, súplicas,
ameaças, tudo debalde. Por fim, Roberto decidiu abandonar para
sempre os seus filhos degenerados. Na sua resolução foi acompanhado
por Alberico, o prior, Estêvão, agora subprior e cerca de
dezenove dos membros mais fervorosos da comunidade.
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