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Alcebíades é também testemunha da capacidade incomum de concentração de Sócrates,
mesmo nas condições mais adversas. Ele nos conta como Sócrates ficou imóvel,
meditando, à procura de uma idéia, durante vinte e quatro horas seguidas, e isto não no
aconchego do lar, nem no silêncio de uma casa de campo, mas na guerra, entre uma
batalha e outra em que todos poderiam perder a vida a qualquer momento.
Ouçamos o próprio Alcebíades falar:
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"Quanto à bravura deste homem, senhores,
tenho dito.
Mas o que realizou Sócrates
certa vez na campanha de Potidéia
vale a pena ouvir.
Entregue a seus pensamentos,
achava-se de pé desde o amanhecer,
à procura de uma idéia.
Como esta não lhe vinha,
ele não se dava por vencido.
Mantinha-se de pé, procurando.
Já era meio dia quando os homens o observaram,
e, maravilhados,
comentavam de um para o outro:
`Sócrates está de pé desde o alvorecer,
a pensar em alguma coisa'.
Por fim, sobreveio a tarde;
alguns dos que o tinham observado,
depois de jantarem
e estenderem suas camas ao relento,
pois era o verão então,
ficaram deitados tomando o sereno
e ao mesmo tempo observando
se ele permaneceria de pé a noite toda.
Ele ficou lá, senhores, de pé,
até vir a manhã e sair o sol.
Chegando a luz do dia,
fez uma prece e seguiu o seu caminho".
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