|
Desta maneira, ao findar a peste, a elite da medicina, do clero,
dos estudiosos e dos que tinham espírito de empreendimento havia
falecido. Sobraram os piores e com eles o nível do ensino começou a
decair vertiginosamente. As pessoas que freqüentavam as bibliotecas
começaram a se interessar não mais pelas obras que continham a
profundidade do pensamento filosófico ou teológico, nem pelas
ciências, mas pelo que nelas havia de literatura, produzida, em sua
maior parte, na Antigüidade Clássica. Daí que à margem das
Universidades decadentes, iniciou-se uma febre de redescoberta dos
clássicos da literatura antiga e, com eles, a febre pela
sofisticação do estudo da língua latina e depois também da grega.
Surgiu então o currículo de estudos humanistas, na realidade de
inspiração pagã e não cristã, baseado no estudo do latim e na
leitura dos clássicos da literatura e cuja finalidade era, muitas
vezes, a erudição.
Havia, ademais, uma nítida incapacidade geral de compreensão dos
ideais pedagógicos anteriores, mesmo entre os melhores espíritos, o
qual perdura até os dias de hoje. Foi como que uma civilização que
se perdeu repentinamente; embora tenha deixado seus testemunhos, na
prática tais testemunhos para a maioria ou a quase totalidade não
representam mais do que os vestígios que a civilização egípcia nos
deixou com suas pirâmides ou os habitantes da Ilha de Páscoa com
suas estátuas.
|
|