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Há um primeiro gênero de homens que desejam a ciência das Sagradas
Escrituras para obter honra ou fama. Esta intenção é tão perversa
quanto deplorável.
Há outros a quem agrada ouvir as palavras de Deus e aprender sobre as
suas obras, não porque isto possa conduzí-los à salvação, mas
por serem coisas admiráveis. São pessoas que desejam investigar
segredos e conhecer novidades, saber muito e não fazer nada,
incapazes de se darem conta que nas coisas divinas é em vão que se
admira a onipotência se não se ama a misericórdia. Elas fazem com
as Escrituras o mesmo que os que freqüentam os espetáculos dos
teatros e as apresentações dos músicos e dos poetas. Não se deve,
porém, censurá-los; ao contrário dos anteriores, a vontade destes
homens não é má, e sim imprudente. Mais do que nossa repreensão,
eles necessitam de nosso auxílio.
Há, finalmente, um terceiro gênero de homens que estudam as
Sagradas Escrituras para, seguindo o preceito do Apóstolo, estarem
preparados para responder a todos aqueles que lhe pedirem a razão da
fé que há neles (1 Pe 3,15), para destruírem com firmeza
aquilo que vai contra a verdade, para ensinarem os que sabem menos,
para que eles próprios conheçam mais perfeitamente o caminho da
verdade, e compreendendo de modo mais elevado os segredos de Deus,
possam amá-Lo mais entranhadamente. Estes são dignos de louvor e
de imitação.
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