CAPÍTULO 19

Nós que atualmente vivemos no século XX e estamos acostumados com a idéia de um curso primário e secundário seguidos de um curso universitário em que se aprende uma profissão adquirimos também o hábito de pensar que este sistema de educação é um sistema de um valor absoluto. Isto é, imaginamos que não seja possível que exista uma outra maneira de se educar dignamente um ser humano que não seja esta, um curso primário e secundário mais ou menos comum para todos, graduado em séries, que desemboca em um curso superior que se divide em muitas áreas específicas em que cada um aprende uma profissão de sua escolha, tudo isto ministrado em salas de aula em que se ensinam matérias que nós conhecemos por meio de um professor falando junto a um quadro negro transmitindo conhecimento para alunos que estejam anotando o que ele diz em um caderno. A impressão que todos tem, ademais, é que sempre foi assim em toda a história, com a única diferença é que na antiguidade, embora se fizesse essencialmente isto, deveria com certeza ser feito de alguma maneira mais primitiva.

É natural para o homem de hoje que se imagina que esta forma de educação esgote todas as possibilidades de formação do homem, porque este sistema existe atualmente em todo o mundo conhecido. Se formos aos Estados Unidos, à Itália, à França, à Inglaterra, à Arábia, à Índia ou à China, o ensino poderá ser mais ou menos perfeito, mas trata-se do mesmo método e da mesma concepção.

Esta difusão tão homogênea das idéias educacionais no mundo inteiro é que nos faz supor que esta seja a única forma possível de formação do homem, e que desde a época do Império Romano ou mesmo antes sempre assim tenha sido, com a vantagem para os dias modernos de que o método esteja mais aperfeiçoado. Tal suposição, porém, é um engano.