CAPÍTULO 60

Mas, além disso, depois do Renascimento houve um surto de descobertas científicas da mais elevada importância; com o desenvolvimento das ciências e da revolução comercial e industrial por elas desencadeado começou-se a questionar a validade do ensino baseado nas línguas e na literatura clássica e, pensamos nós, com razão porque, pelo menos nos princípios teóricos em que ela se baseia, esta foi a mais pobre de todas as concepções educacionais da história. Na prática, porém, este ensino, pelos menos quando era administrado pelos primeiros jesuítas, o era com uma excelência que compensava freqüentemente e fartamente toda a pobreza que continha em seus princípios. Com o desenvolvimento da revolução comercial e industrial chegou um momento em que começou a ficar claro para as autoridades públicas que a modificação dos métodos e fins do ensino, orientando-o não mais diretamente para o homem, mas para as necessidades da sociedade industrial, e o seu alastramento em todas as camadas da sociedade era de necessidade fundamental para a prosperidade das nações. Ao contrário do que acontecia antes, a sociedade que não se desse conta deste fato estaria condenada a entrar em colapso. Começaram assim a emergir não apenas as características psicológicas da nova educação, mas também as assim ditas sociológicas. Tal tendência parece que começou a entrar decisivamente na educação a partir dos “Discursos à Nação Alemã” de Fitche no início do século 19 e chegou a um de seus pontos culminantes com as obras do filósofo norte americano John Dewey, que foi o que levou mais longe a reflexão sobre as relações entre a democracia industrial moderna e a educação. A obra deste americano foi uma das principais fontes de inspiração da maioria dos reformadores educacionais do Brasil na década de 20. Anísio Teixeira chegou a ir pessoalmente aos Estados Unidos estudar com o famoso mestre.