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Depois disto foi-nos transmitido também que a alma, possuindo
substância e vida própria, ao abandonar este mundo, será remunerada
de acordo com os seus merecimentos, havendo de fruir a herança da vida
eterna e da bem aventurança, se a isto houver dirigido os seus atos,
ou de ser entregue ao fogo e suplício eternos, se a isto houver se
curvado pela culpa de seus crimes. Haverá também um tempo para a
ressurreição dos mortos, quando este corpo que agora
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"semeado na corrupção,
ressuscitará na incorrupção;
semeado na ignomínia,
ressuscitará na glória".
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Está também definido na pregação da Igreja que toda alma racional
possui vontade e livre arbítrio, e que há também para ela uma luta a
ser travada contra o demônio e seus anjos e forças adversas, já que
eles trabalham para onerá-la de pecados, enquanto que nós, se
vivermos retamente e com conselho, devemo-nos esforçar em nos
despojarmos deste jugo. Deve-se entender, por conseguinte, que
ninguém de nós está submetido à necessidade, de tal modo que,
ainda que não queiramos, sejamos a qualquer custo obrigados a fazer
coisas boas ou más. Se, de fato, temos nosso livre arbítrio,
talvez algumas forças poderão impugnar-nos ao pecado, assim como
outras também poderão ajudar-nos à salvação; certamente,
porém, não seremos obrigados por necessidade a fazer o bem ou o mal,
embora seja isto que julguem que aconteça aqueles que dizem que o curso
e o movimento das estrelas seja a causa dos atos humanos, não apenas
daqueles que ocorrem além da liberdade do arbítrio, mas também
daqueles submetidos ao nosso poder.
Se a alma, porém, no-la é transmitida pelo sêmen, de tal modo
que sua razão ou substância esteja contida no próprio sêmen
corporal, ou se tenha algum outro início, e se este início é gerado
ou não gerado, ou se é posto no corpo desde fora ou não, nenhuma
destas coisas é possível ser distingüida como suficientemente
manifesta pela pregação.
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