Capítulo 13

De Tales, sabe-se que era capaz de calcular e prever os eclipses solares. Ele deixou demonstrados alguns teoremas de Geometria que são estudados até hoje. De Tales de Mileto assim afirmou Aristóteles em seu Tratado de Política:

"Atribui-se a Tales de Mileto, por sua grande sabedoria, uma especulação lucrativa que, aliás, nada tem de extraordinário. Reprovava-se a sua pobreza, dizendo-se-lhe que a Filosofia para nada serve se é para ficar pobre. Aborrecendo-se Tales com estes comentários, ele previu, por seus conhecimentos de Astronomia, que iria haver uma extraordinária colheita de azeitonas. Estava-se, porém, ainda no inverno. Procurou Tales o dinheiro necessário e arrendou todas as prensas de óleo de Mileto e de Quio por um preço irrisório, pelo fato de ser inverno e de não ter concorrentes. Quando veio a colheita as prensas foram procuradas de repente por uma multidão de interessados. Alugou então Tales as prensas pelo preço que ele quis e, realizando assim grandes lucros, mostrou que é fácil aos filósofos enriquecerem quando querem, embora não seja este o fim de seus estudos. E assim é que se diz que Tales provou a sua habilidade".

O mesmo Tales é citado pelos historiadores antigos como grande amigo de Sólon, o grande reformador de Atenas, o que mostra que, apesar de sua pobreza, não era tido por qualquer um. O primeiro encontro havido entre Sólon e Tales é narrado por Plutarco ao biografar a história de Sólon no seu livro "As Vidas dos Homens Ilustres". Sólon vinha de Atenas e, ouvindo a fama de Tales, passando por Mileto, quis fazer-lhe uma visita pessoal. Diz então Plutarco:

"Na visita a Tales, em Mileto, Sólon estranhou seu completo desinteresse pelo matrimônio e pela procriação.

Tales ficou calado no momento; deixou passar alguns dias e arranjou um estrangeiro que se dissesse recém chegado de uma viagem de dez dias a Atenas.

Sólon perguntou-lhe quais as novidades de lá. O homem, instruído sobre o que responder, disse:

`Nada, senão o enterro de um moço, acompanhado pela cidade toda. Era, segundo diziam, o filho de um homem ilustre, o mais distinto dos cidadãos por suas virtudes. Este não se achava presente; constava que estava de viagem havia muito tempo'.

`Que homem desventurado', exclamou Sólon. `Como se chamava?'

`Ouvi o nome", respondeu o homem, "mas só me lembro que se comentava muito sobre sua sabedoria e eqüidade'.

Assim, cada resposta ia levando Sólon ao medo. Por fim, todo conturbado, declarou o seu nome ao estranho e perguntou se não diziam ser o morto filho de Sólon.

O homem respondeu que sim.

Então Sólon começou a dar murros na cabeça, e a fazer e dizer tudo o mais que nestes transes se costuma.

Tales, porém, tomou-o pelo braço, rindo, e disse:

`Aí está, Sólon, o que me afasta do casamento e da procriação; são estas coisas que transtornam até um homem inabalável como tu. Vamos, não te desalentes com esta notícia, pois ela é falsa'".