CAPÍTULO 149

Mas se Rodrigo Borgia foi administrador habilidoso e um brilhante diplomata, o mesmo não se pode dizer de sua conduta na vida particular. O cardeal Rodrigo Borgia não era capaz de praticar a castidade.

Em 1460 Pio II, tendo tido notícia de um escândalo que o cardeal havia provocado em Siena, escreveu-lhe a seguinte mensagem, reproduzido de um texto de F. Berence:

"Querido filho,

quando, há quatro dias, várias senhoras de Siena, entregues às vaidades mundanas, se reuniram nos jardins de Gianni de Bichis, tua dignidade, esquecida do cargo que ocupas, demorou-se junto delas das sete até as vinte e duas horas.

A tua atitude em nada diferiu daquela que teria sido se pertencesses ao grupo das jovens mundanas.

Nosso desprazer é indizível, porque tudo isto traz prejuízo não só ao estado sacerdotal, mas também ao cargo que dele decorre.

Daí os brocardos cotidianos dos leigos, e daí também que, quando desejamos censurá-los, lançarem-nos à face nossa própria existência e difamar até o Vigário de Cristo, porque se crê que ele fecha os olhos.

Embora leves a mocidade de maneira excusa, tens certamente bastante idade para compreenderes a dignidade de teu cargo. Um cardeal deve ser sem mácula, um verdadeiro espelho de vida íntegra, um modelo para todos.

Se não corrigires os teus costumes, ver-nos-emos constrangidos a publicar que todos estes fatos se deram sem o nosso consentimento, ou antes, com a nossa mais viva desaprovação.

Sempre foste por nós querido e, porque temos visto que és modelo de seriedade e modéstia, cremos que mereçais nossa proteção".