29. O aborto nos Estados Unidos entre 1967 e 1968.

No período em que toda a rede de agências do sistema nas Nações Unidas começava a se preocupar seriamente com a questão do controle da natalidade uma série de organizações profissionais de alto nível começou a exercer forte pressão pela revogação da lei do aborto apresentando cada qual sua própria proposta de revogação, de uma forma semelhante à feita pelo American Law Institute em 1959. Em junho de 1967 a American Medical Association aprovou uma resolução pedindo a revogação da lei contra o aborto em certos casos específicos. Em maio de 1968 foi a vez do American College of Obstetricians and Gynecologists. Outras entidades também se manifestaram, entre elas a American Civil Liberties Union, a Unitarian Universalist Association, a Planned Parenthood, a American Public Health Association.

Entre as características típicas deste período esteve também a inúmera quantidade de grandes conferências sobre o aborto. Em todas elas havia diversos proponentes da legalização do aborto a pedido. Em Washington D.C., no final de 1967, patrocinada pela Harvard Divinity School e pela Fundação Joseph P. Kennedy Jr., realizou-se uma conferência sobre aborto que embora não pretendesse a eliminação completa das restrições ao aborto, almejava alcançar alguma forma de compromisso. Em abril de 1968 realizou-se uma conferência sobre o tema na Universidade de Chicago. Em maio de 1968, embora não fosse em território americano, outro grande evento do gênero realizou-se na Universidade de Louvaina, na Bélgica. Em novembro de 1968, em Hot Springs, Estado de Virgínia, sob o patrocínio da Associação para o Estudo do Aborto (VII,11); John Rockfeller III foi um dos palestristas que mais se destacaram, apresentando a moralidade do aborto como um mal menor, particularmente como um mal menor do que uma criança indesejada. Em fevereiro de 1969, uma outra conferência foi realizada em Chicago, com o objetivo de organizar uma nova Associação Nacional para a Revogação das Leis contra o Aborto, a ser sediada em Nova York; quarenta organizações enviaram mais de trezentos representantes à Conferência, entre as quais a Planned Parenthood, a American Civil Liberties Union, a American Public Health Association, a American Baptist Conetion, a Unitarian Universalist Association; a resolução final deste Conferência argumentava partindo da premissa que "obrigar uma mulher a criar uma criança contra a sua vontade viola os seus direitos humanos básicos", chegando à conclusão de que o aborto deveria ser visto pela lei como qualquer outra operação médica.