3. A doutrina do Arianismo. II. A natureza do Verbo.

Como o mundo contingente não podia suportar o impacto direto da ação do Pai, este usou o Filho ou Verbo como um seu órgão de criação e atividade cósmica.

Em relação à natureza deste Verbo, Ário colocou o seguinte:

A. O Verbo é uma criatura.

B. Como criatura, o Verbo teve um início.

De fato, acerca do Verbo Ário afirmou que

"embora nascido fora do tempo, antes de sua geração Ele não existia".

A posição segundo a qual o Verbo seria co-eterno com o Pai parecia para Ário que implicaria na existência de

"dois princípios auto existentes",

o que significaria a destruição do monoteísmo.

C. O Filho não tem comunhão nem conhecimento direto de seu Pai.

Embora o Filho seja o Verbo e a Sabedoria de Deus, Ele é distinto daquele Verbo e daquela Sabedoria que pertencem à própria essência de Deus. O Filho é uma criatura pura e simples, e somente possui estes títulos porque Ele participa no Verbo e Sabedoria essenciais.

D. O Filho é sujeito à mudança e até ao pecado.

Um dos arianos, em uma conferência, surpreendido por uma questão súbita, admitiu que o Filho poderia ter caído como o demônio caíu, e isto era o que eles em seus corações acreditavam. Sua doutrina oficial, entretanto, foi uma modificação desta afirmação no sentido de que, enquanto a natureza do Filho em princípio estaria sujeita ao pecado, Deus em sua previdência previu que Ele permaneceria virtuoso por sua própria e firme resolução.

Referências:

Santo Atanásio : Contra Arianos 2,24; 1,5; 2,37;
Idem : De Decret. 8;
Idem : Epistola ad Alex. in op. De Synodis.
Alexandre : Epistola Encyc. 10.