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Às vésperas do Quarto Concílio de Latrão, convocado pelo Pontífice Inocêncio III,
temos um acontecimento conhecido por muitos quanto ao fato, nem sempre, porém,
quanto ao contexto.
Foi neste época que se deu em Assis a conversão de São Francisco.
Já perfeitamente convertido em seu coração, sem ter porém ainda entregue, como viria
a fazê-lo logo em seguida, todos os seus bens aos pobres, passando São Francisco
pelas ruínas da capelinha de São Damião, na época uma igrejinha nas redondezas de
Assis quase derrubada e abandonada por todos, o futuro Poverello entra nela e se
ajoelha para orar diante do crucifixo. A imagem do crucifixo, então, abrindo os seus
lábios, chama Francisco pelo nome e lhe diz:
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"Francisco,
não vês que a minha casa
está para desmoronar?
Vai,
e reconstrói-a".
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Pouco tempo depois Francisco se despojou de seus bens diante de seu pai Bernardone
e do bispo Guido de Assis e, lembrando-se da ordem que Cristo lhe havia dado na
igrejinha de São Damião, pensando que esta ordem se referisse à própria capelinha de
São Damião, dedicou-se durante um bom tempo ao trabalho de reconstruí-la
pessoalmente com o seu trabalho e com o dinheiro das esmolas pedidas em Assis.
Ocorre, porém, que a casa a que o crucifixo se referia não era a capelinha de São
Damião, mas a própria Igreja Católica, a qual, mesmo depois dos trabalhos do Papa
São Gregório VII e dos três primeiros Concílios de Latrão, ainda estava prestes a
desmoronar, devido às circunstâncias históricas que estivemos descrevendo. Cristo,
em São Damião, estava convidando São Francisco a reconstruí-la não com pedras e
esmolas, mas com a fundação da Ordem Franciscana que se faria dali em breve.
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