Capítulo 21

Fica-se a imaginar se não existe alguma relação não só entre este ideal de Pitágoras de instaurar a justiça através da Filosofia, mas também entre todo o ideal pedagógico pitagórico e alguns ensinamentos do profeta Daniel.

Pode ser uma coincidência, mas o fato é que, enquanto Pitágoras estudava na Pérsia, entre aqueles sábios das mais diversas nacionalidades, Daniel era um dos ministros do rei Persa e compunha o seu livro que depois passou para o cânon da Bíblia. Ora, este Daniel não era apenas uma pessoa que levava uma vida santa segundo a lei de Moisés, mas era o que chamaríamos também de um sábio. Várias de suas profecias haviam sido feitas diretamente aos reis mesopotâmicos, o que lhe havia granjeado a estima deles e provavelmente uma certa fama, que não dificilmente poderia ter chegado aos ouvidos de Pitágoras, ávido de conhecimento e que por ali vivia na época. Os milagres que consta terem sido realizados por Daniel nas cortes mesopotâmicas também podem ter contribuído para esta fama.

Ora, no décimo segundo capítulo de seu livro, em uma de suas profecias, Daniel se refere aos sábios enaltecendo conjuntamente com eles o ideal do ensino de um modo que, se considerarmos que ele não está fazendo uma poesia, mas antevendo algo que segundo ele pertence verdadeiramente à ordem dos fatos reais, não poderá deixar de parecer muito impressionante. O fim dos tempos, diz ali Daniel,

"será um tempo de angústia como jamais houve desde que as nações existem até aquele tempo.

Mas naquele tempo serão libertados todos os que se acharem inscritos no Livro.

E muitos dos que dormem debaixo da terra despertarão, uns para a vida eterna, outros para o vitupério, para a infâmia eterna".

Então, continua Daniel,

"os sábios resplandecerão
como o fulgor do firmamento,
e os que tiverem ensinado
a muitos para a justiça
serão como estrelas
para a perpétua eternidade".