CAPÍTULO 11

No mês de agosto seguinte ao regresso de Bernardo, toda a família se encontrava reunida na antiga residência. Era um período feliz. Certo dia, porém, em meados daquele mês, Aleth, então somente com quarenta anos de idade e aparentemente com saúde perfeita, anunciou serenamente que a invadira o pressentimento da aproximação de sua morte. Suas palavras, aparentemente destituídas de qualquer fundamento, provocaram o maior alarme na família. A idéia era insustentável, mas os seus filhos a conheciam muito bem para suporem que tivesse falado de ânimo leve e sem motivo plausível. Não voltou-se a falar mais no assunto, porém, até o dia 31 de agosto, véspera do patrono da Igreja de Fontaines. Naquele dia Aleth adoeceu com febre e foi forçada a recolher-se ao leito. Chamou os seus filhos à cabeceira da cama e solicitou que os sacerdotes lhe ministrassem o sagrado viático, pois a sua hora se aproximava. Concluída a cerimônia, a paciente rogou-lhes que recitassem a ladainha para os moribundos, pois sentia-se a extingüir-se. Proferiu os responsórios com o maior fervor até que, no esforço de persignar-se, expirou tranqüilamente.

Para Bernardo este foi o primeiro e, talvez, o maior desgosto de sua vida.