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O que se deverá dizer, também, do que é profetizado de Cristo nos
Salmos, principalmente naquele que levou o título de `Cântico pelo
Amado', onde se diz:
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"Sua língua é como a pena
de um escriba que escreve velozmente;
ultrapassa em formosura
aos filhos dos homens,
pois a graça derramou-se
sobre os seus lábios"?
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O sinal da graça derramada em seus lábios é que, passado tão breve
tempo, pois ensinou Ele por apenas um ano e alguns poucos meses, toda
a terra encheu-se com a doutrina e a fé da sua piedade. Floresceu,
portanto,
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"em seus dias a justiça,
e a abundância da paz",
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que durará até o fim, fim este que no salmo é designado como "até
que a lua deixe de existir" (Salmo 71, 7).
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"E dominará de mar a mar,
e desde o rio
até as extremidades da terra".
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Foi dado também este sinal à casa de Davi:
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"Uma virgem conceberá,
e dará à luz a um filho,
cujo nome será Emmanuel,
que quer dizer Deus conosco".
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"Ajuntai-vos, povos, e sereis vencidos" (Is. 8, 9). Fomos
vencidos e superados, nós que somos dos gentios, e somos como que
despojos de sua vitória, nós que dobramos nosso pescoço à sua
graça.
Mas também o lugar de seu nascimento foi predito pelo profeta
Miquéias, ao dizer:
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"E tu, Belém, terra de Judá,
não és a menor entre as cidades de Judá.
De ti, de fato, sairá o condutor
que regerá o meu povo de Israel".
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Completaram-se também as semanas de anos até o Cristo condutor que
haviam sido preditas pelo profeta Daniel. Está também presente
aquele que em Jó é dito que haveria de vencer a enorme besta, o qual
também deu poder aos seus discípulos de
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"calcar aos pés serpentes e escorpiões,
e todo o poder do inimigo,
sem que nada lhes fizesse dano".
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Se alguém considerar igualmente os discursos dos apóstolos de
Cristo, pelos quais estes pregaram o Evangelho de Cristo por cada um
dos lugares aos quais foram por Ele enviados, encontrará que o que
eles ousaram começar é algo sobrehumano e o que eles puderam realizar
provém de Deus. Se considerarmos como os homens os receberam, ao
ouvirem que eles lhes anunciavam uma nova doutrina; ou melhor, como
freqüentemente os homens, querendo fazer-lhes o mal, foram impedidos
por uma força divina que neles havia, veremos que nada nesta causa foi
realizado por forças humanas, mas tudo pelo poder e pela providência
divina, o que sem dúvida, por sinais e portentos evidentes,
testemunha em favor de sua palavra e de seus ensinamentos.
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