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Convém que agora se chame a atenção para a importância prática de
que se revestem os princípios até aqui enunciados. Hugo de São
Vitor quer conduzir o estudante ao aprendizado. Não se trata de
qualquer forma de aprendizado, mas do aprendizado daquelas pessoas que
buscam a Deus. Não se pode, porém, buscar a Deus senão pela
graça, da qual a fé é a sua primeira manifestação. A fé e a
graça, porém, se aproximam dos humildes, de onde que, para aqueles
que possuem esta virtude, abre-se com uma certa conaturalidade o
caminho daquele aprendizado que, segundo a expressão de Santo Tomás
de Aquino, conduz, em sua plenitude,
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"à profundidade dos mistérios da fé
e a perfeição da vida cristã".
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Summa Theologiae
IIIª Pars Q.71 a.4 ad3
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É difícil para as pessoas hoje conceberem uma escola organizada de tal
maneira que tivesse que depender, pela própria essência do modo como
tivesse sido organizada, da virtude da humildade como o primeiro e o
mais fundamental de seus requisitos. A humildade não é o exame mais
importante em nenhum concurso vestibular; nem é um exame importante;
nem sequer é algo a ser examinado, nem haveria motivos para ser
examinada, nem se concebe a própria possibilidade de um tal
pensamento. Não se fala disto nas escolas, e, se se falasse, não
poderia passar de retórica destituída de importância prática mais
significativa.
Nós, no entanto, que estamos participando destas aulas, não
estamos aqui em busca de uma alternativa de lazer, nem para adquirir
cultura geral sobre religião, ou para estudar apenas por estudar.
Estamos aqui, é de se presumir, para iniciarmos seriamente nossa
busca de Deus. Ainda que esta busca se revista sob a forma de um
aprendizado, ela não se realiza sem a graça e a graça não se
aproxima senão dos humildes. Será necessário, pois, entender o
que é a humildade, verificar se a possuímos e fazer o que for preciso
para possuí-la, ou muito brevemente alcançaremos um patamar em que
pararemos de entender o que a mensagem do Evangelho nos quer ensinar.
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