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O nominalismo pode ser visto, em uma primeira abordagem, como uma concepção
acerca da atividade da inteligência humana.
Neste sentido, ele não é propriamente uma invenção de Guilherme de Ockham, mas um
modo de conceber a natureza da atividade intelectual que surge sempre que ocorre uma
decadência desta própria atividade intelectual entre os homens.
Assim é que, embora tenha-se chamado de Nominalismo a esta concepção quando ela
surgiu no início dos anos 1300 DC, já na antiga Grécia, examinando os textos deixados
pelos homens da época, pode-se depreender que os sofistas eram nominalistas,
enquanto que os verdadeiros filósofos não o eram.
Pouco antes de Hugo de São Vitor, quando a sociedade começava a emergir do caos
do feudalismo e se iniciava um ressurgimento geral dos estudos, o cônego Roscelino
defendeu concepções nominalistas. Santo Anselmo argumentou contra a teoria de
Roscelino, mas logo em seguida as idéias de Roscelino foram abandonadas por todos
sem necessidade de se recorrer à argumentação desenvolvida por Santo Anselmo.
Quando, alguns séculos mais tarde, o ensino começou novamente a decair, surgiu outra
vez a teoria nominalista encontrando em Guilherme de Ockham, professor na
Universidade de Oxford na Inglaterra, seu principal expositor.
As idéias de Ockham a princípio tiveram uma péssima acolhida. Examinadas pelos
sábios da Universidade de Paris, foram condenadas em 1339 e novamente em 1340.
Mas, apesar deste julgamento desfavorável, a nova antiga doutrina foi conquistando
adeptos. Quase um século mais tarde, toda a Universidade de Paris tinha-se tornado
nominalista. Dali o Nominalismo passou aos demais centros universitários da Europa.
Próximo do início dos anos 1500, com o advento da imprensa, as obras de Ockham
eram impressas com entusiásticos elogios e tomaram conta de quase todas as
universidades da Europa e, algo que não pode passar aqui em silêncio pelo interesse
que este dado terá mais adiante, de um modo especial na Alemanha, onde naquela
época Martinho Lutero estudava Teologia. A formação que Lutero recebeu era toda de
influência nominalista e nas doutrinas religiosas que ele desenvolveu mais tarde há
muito mais do que apenas germens do nominalismo.
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