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Ora, na época em que Parmênides entrou em Atenas esta cidade era uma das grandes
potências econômicas, políticas e militares do mundo antigo, graças a uma frota muito
bem aparelhada e colônias comerciais espalhadas em todo o Mediterrâneo. Atenas
talvez fosse a segunda potência da época, depois do Império Persa.
É curioso observar como um Império do porte do ateniense pudesse ser administrado
por um sistema político baseado na democracia direta e, ao mesmo tempo, os
atenienses disporem de um sistema educacional tão primitivo como o que foi descrito
nas notas anteriores. O acerto das decisões da política ateniense dependia em última
análise da capacidade individual dos cidadãos de votarem corretamente as decisões a
serem tomadas e, mais ainda, da capacidade individual de outros cidadãos em
convencerem, em discurso público, a Assembléia Popular sobre como cada questão
deveria ser votada. Para preparar os cidadãos para semelhante tarefa, todo o ensino
disponível em Atenas era algo mais ou menos equivalente ao nosso curso primário.
Consistia, conforme vimos, em aulas administradas por professores independentes de
leitura, música e ginástica, a ginástica ocupando o primeiro lugar.
Num diálogo intitulado "Protágoras", escrito por Platão, em que Sócrates conversa
com um jovem chamado Hipócrates, o primeiro diz ao segundo, referindo-se a este
sistema de ensino:
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"Sei que quando eras mais jovem
estudaste com o professor de escrita,
com o professor de cítara
e com o professor de ginástica.
E, quando fizeste isto,
recebeste o ensino de cada um destes professores
não com o intuito de arranjar uma profissão,
mas para te cultivares,
como convém a um homem livre que tu és".
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Este ensino, conforme vimos, resultou do abrandamento progressivo do regime militar,
transformando-se em ginástica, ao que se acrescentou posteriormente o ensino da
música e da leitura.
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