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Foi então que o rei da França, Luíz XII, decidiu iniciar os preparativos para uma
invasão da Itália. Naquele tempo a França era a maior potência militar da Europa.
Também não era a primeira, nem seria a última vez que a França invadia a Itália
naquela época, devido a interesses políticos que ela possuía tanto no Reino de
Nápoles como no Ducado de Milão. Já no início do pontificado de Alexandre VI o
predecessor de Luiz XII, o rei Carlos VIII de França, havia invadido a Itália, e nesta
ocasião o Papa Borgia salvou a si e talvez a toda a Igreja de um novo cisma devido
exclusivamente à incomum habilidade diplomática que havia adquirido durante as
quase quatro décadas que havia passado na vice chancelaria da Cúria Romana.
Mas agora que se noticiavam os preparativos de uma segunda invasão o Duque de
Gandia havia morrido. César Borgia, o segundo filho mais velho de Alexandre VI,
pedia renúncia ao cardinalato para assumir as funções do irmão como comandante das
Forças Pontifícias. Ao contrário do irmão, que havia desempenhado o cargo apenas
mediocremente, César revelou-se um dos grandes gênios militares de seu tempo, e
soube seduzir o coração do pai no sentido de uma reconstrução político-militar dos
Estados Pontifícios para se conseguir o necessário suporte físico e financeiro diante de
qualquer rebelião ou invasão estrangeira.
Alexandre VI caíu no laço, ao mesmo tempo em que queria iniciar a Reforma da Igreja.
Os sucessos espetaculares que a genialidade do comando de César Borgia começou a
obter na área político militar foram cada vez mais entusiasmando Alexandre VI. Mas
para alcançar estes outros objetivos havia necessidade de dinheiro, e para se conseguir
todo este dinheiro não se poderia confiar os cargos da Igreja apenas aos mais
merecedores. Era necessário confiá-los também a pessoas ricas e influentes no canário
político da época. Era impossível seguir a César e à Reforma apontada pela Comissão
dos seis Cardeais ao mesmo tempo. As reformas foram sendo adiadas. As reformas
foram sendo esquecidas. No fim também a morte veio bater à porta de Alexandre VI.
Colhido e envolvido pela tempestade do mundo, em seu leito de morte o Pontífice
talvez mal percebesse que novamente não havia cumprido o que já por duas vezes no
passado havia tão decididamente prometido.
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