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"Agora, portanto, diz o Senhor,
convertei-vos a mim
de todo o vosso coração".
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Vós, portanto, que vos tínheis afastado de Deus pelo vício da negligência, afastados e
submersos no dilúvio da malícia, convertei-vos, diz, a mim "de todo o vosso coração". Há
a conversão do coração e há a conversão da obra. A conversão do coração pode ser de todo
o coração ou em parte. Aquela que consiste em todo o coração é a que o Senhor busca,
porque é suficiente para a salvação. A outra Ele a rejeita, a que é em parte, porque é fingida,
e está longe da salvação. Por isso está escrito:
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"O Espírito Santo foge
da disciplina fingida"".
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No coração, de fato, há três coisas: a razão, a vontade e a MEMÓRIA. A razão é das coisas
futuras, a vontade das presentes e a MEMÓRIA das passadas. A razão busca as futuras, a
vontade ama as presentes e a MEMÓRIA retém as passadas. A razão ilumina, a vontade
ama, a MEMÓRIA conserva. Quando, portanto, a razão busca o sumo bem e o encontra, a
vontade o recebe e o ama, e a MEMÓRIA o conserva solicitamente e mais fortemente o
estreita, então a alma se converte a Deus de todo o coração. Quando, porém, a razão
adormecida suspende a busca do que é celeste, ou a vontade morna não procura amar, ou a
MEMÓRIA entorpecida despreza a guarda, então a alma se torna fingida, incorrendo
primeiro no vício da ignorância, segundo no delito da negligência, terceiro no pecado da
malícia. A alma é manifestamente fingida em todas estas coisas, porque de outro modo
poderia pela luz da razão expulsar a ignorância, pela aplicação da vontade remover a
negligência e pela cuidadosa diligência da MEMÓRIA adormecer a malícia. A razão, de
fato, quando busca, faz nascer o conhecimento; a vontade, ao abraçar, gera o amor; e a
MEMÓRIA, ao estreitar, ergue o edifício. A primeira gera a luz da ciência, a segunda o
afeto da justiça, a terceira conserva o tesouro da graça. Esta é a conversão do coração que
Deus exige, Esta é aquela que é inteiramente suficiente para a salvação.
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