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A seguir foi a vez de Guido. O caso era um pouco delicado pois,
além de casado, possuía filhos, o mais novo dos quais ainda de
peito. O atentado para separar laços tão sagrados parece-nos hoje
extremamente cruel, se não mesmo criminoso, mas devemos recordar-nos
que Bernardo era um santo de Deus e agia por inspiração divina.
Guido, homem de caráter profundamente religioso, vencido pela sua
urgência, prometeu ingressar no convento com a condição que a sua
jovem esposa, Isabel, desse o seu consentimento. Era este um duro
sacrifício para pedir à pobre esposa e mãe. No entanto, Bernardo
não hesitou. Em sua opinião nenhum sacrifício era excessivo desde
que fosse dedicado a Deus e à eternidade. Porém Isabel rejeitou a
resposta com indignação. Consentir em renunciar ao marido que
adorava e ao pai dos seus desamparados filhos? Nunca. Bernardo
então assegurou-lhe que não haveria necessidade disso, pois antes da
próxima Páscoa Guido ficaria livre para seguir a sua vocação por
consentimento de sua esposa ou por sua morte.
E realmente assim sucedeu. Isabel adoeceu pouco depois e, prestes a
expirar, mandou chamar o seu inflexível cunhado. Quando este chegou
ela exprimiu-lhe o seu arrependimento por se haver oposto à vontade de
Deus. Guido agora tinha o seu consentimento para ingressar no
convento. Depois desta cena principiou a melhorar e não tardou a
ficar completamente restabelecida. Por volta de 1114 retirou-se
para o convento de Jully, uma casa beneditina dependente de
Molesmes, onde veio a tornar-se superiora.
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