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A contemplação pode assim ser definida:
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"Uma perspicácia livre da mente,
suspensa com admiração
no espetáculo da sabedoria".
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Ou então pode ser certamente definida do seguinte modo, conforme foi
do agrado ao principal teólogo de nossos tempos, que a explicou nestes
termos:
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"A contemplação é uma visão
livre e perspicaz da alma
que abarca as coisas que examina,
enquanto que a meditação
é uma aplicação perseverante da mente,
insistindo com diligência
em algo a ser investigado".
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Ou também:
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"A meditação é uma cuidadosa visão da mente
veementemente ocupada na investigação da verdade.
O pensamento é uma visão descuidada da alma,
e inclinada à divagação".
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Vemos, portanto, ser comum e quase que substancial a estas três
coisas o serem uma certa visão da alma. É comum, porém, tanto à
contemplação como à meditação, ocupar-se a respeito de coisas
úteis e principal e assiduamente entregar-se ao estudo da ciência e
da sabedoria. Nisto costumam diferir maximamente do pensamento, que
na maioria dos momentos costuma entregar-se a objetos frívolos e
inúteis, e sem nenhum freio do discernimento intrometer-se em tudo e
com precipitação.
Ocorre freqüentemente na divagação de nossos pensamentos que por
eles se desperte um desejo de conhecer e que nisto se insista com
fortaleza. Quando, porém, a mente, para satisfazer este seu
desejo, se entrega ao estudo, já excedeu, entretanto, pelo
pensamento, o próprio modo do pensamento, e o pensamento transita
para a meditação. Costuma também ocorrer algo semelhante com a
meditação. A verdade longamente buscada e às vezes encontrada é
tomada com avidez pela mente, que a admira com exultação e em sua
admiração permanece longamente. Isto já é exceder a meditação
pela própria meditação e transitar pela meditação à
contemplação; de fato, é próprio da contemplação permanecer com
admiração no espetáculo de sua alegria.
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