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As duas características fundamentais da
problemática do aborto durante a década de 1970 são, em
primeiro lugar, que todas as diversas correntes examinadas
neste texto passaram a trabalhar em conjunto no sentido da
legalização e difusão do aborto em todo o mundo, visto como
parte de um programa mais amplo de política demográfica. Em
segundo lugar, o movimento pelo aborto havia se desenvolvido,
até então, principalmente nos países do primeiro mundo; mas a
partir da década de 70, com este novo apoio e novo enfoque, o
aborto passa a ser levado também, em maior escala, aos países
subdesenvolvidos do mundo.
Quando se principiou a trabalhar formalmente pelo
aborto na Inglaterra, o movimento neo malthusiano teve que
dividir-se, ou pelo menos passar ao público a imagem de que
se dividia, para que a parte que trabalhasse com o aborto não
comprometesse a parte que trabalhasse com contracepção. Nos
Estados Unidos o movimento pelo controle da natalidade só
surgiu abertamente na questão do aborto, apesar de ter sido
ele próprio um dos principais responsáveis pelo apoio às
questões relacionadas com o tema aborto, quando não havia
mais este tipo de problema. Não seria mais necessária, a
partir daí, a divisão fictícia que houve na Inglaterra entre
ALRA e IPPF. Também não seria mais necessária uma divisão
acentuada entre os grupos de pressão, tais como a ALRA e a
IPPF, por um lado, e outros órgãos oficiais, por outro, tais
como o Conselho Populacional e a ONU. Da mesma forma, também
já não havia necessidade de uma divisão acentuada entre todos
estes órgãos, por um lado, e os governos, por outro, que já
haviam se comprometido consigo mesmos pela legalização do
aborto e pela sua utilização em seus programas e
planejamentos. Disto tudo teremos a seguir alguns exemplos.
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