11. O Population Council.

No mesmo ano que em Bombaim era criada a IPPF, John D. Rockfeller III fundava o Conselho Populacional em Nova York. O Conselho tinha sido criado para "tomar a iniciativa nos amplos campos que, no seu conjunto, constituem o problema populacional". Ao contrário da IPPF que, não sendo nada mais do que a continuação do antigo movimento neo malthusiano, se propunha a ser uma entidade para forçar mudanças de atitudes, mobilizar a opinião pública e pressionar os governos e autoridades locais, a origem e a natureza do Conselho Populacional produziram uma estratégia que evitava assumir o papel de defensor de causa. O Conselho começou a atuar fornecendo bolsas de estudo e financiamento para pesquisas e instituições, particularmente nas áreas menos desenvolvidas do mundo. Primeiramente estas atividades envolveram as áreas de demografia e aspectos médicos e biológicos da reprodução humana, mas subseqüentemente foi acrescentada uma terceira, a dos aspectos médicos e administrativos do planejamento familiar.

O Conselho auxiliou a organização da Conferência Mundial sobre População patrocinada pela ONU em 1954 e colaborou ativamente com ela na fundação dos centros de treinamento e pesquisa demográfica instalados em Bombaim, Santiago e Cairo. Foi este centro que chamou a atenção pública do Chile para o problema do aborto clandestino e deve-se em grande parte à sua influência o fato daquele país ser o expoente da América Latina em pesquisas sobre este assunto. Quando se desencadear o processo da legalização do aborto na América Latina, talvez o foco inicial mais propício para a primeira revogação será o Chile.

As atividades do Conselho no campo da pesquisa sobre a reprodução humana serão examinadas mais adiante. Foi a reputação do Conselho em matéria de demografia e reprodução humana que o lançaram subseqüentemente no campo do planejamento familiar. Em 1955 a Índia solicitou que o Conselho enviasse uma missão àquele país para auxiliá-la no desenvolvimento de um programa de planejamento familiar e estudos demográficos. Quatro anos depois o Paquistão requisitou ao Conselho a mesma coisa.

Em virtude da falta de pessoal qualificado para atender a pedidos de auxílio no campo da tecnologia dos contraceptivos, o Conselho Populacional decidiu revitalizar a National Comitee on Maternal Health, uma organização originalmente fundada por Margareth Sanger. O Comitê, agora sob a supervisão da Fundação Rockfeller, deveria realizar uma revisão de dados e evidências técnicas sobre os diversos métodos de contracepção de forma a permitir que os diversos governos interessados pudessem tomar suas próprias decisões.

Depois dos pedidos de missões para aconselhamento técnico, vieram também os pedidos de assistência técnica direta. Inicialmente estes pedidos foram atendidos através de convênios entre o Conselho e diversas universidades norte americanas. Os pedidos, entretanto, aumentaram em tal número que já no fim da década de 50 e início da de 60 foi necessário criar e manter uma divisão própria de assistência técnica, inicialmente distribuída pelo Paquistão, Coréia do Sul, Tailândia, China Nacionalista, Turquia, Ceilão, Tunísia, Marrocos e Quênia. Os programas de planejamento familiar da Coréia do Sul e da China Nacionalista foram conseqüência direta do trabalho do Conselho.

O orçamento do Conselho provinha das doações da família Rockfeller, do fundo Irmãos Rockfeller, da Fundação Rockfeller, da Fundação Ford, da família Scaife e do Fundo Commonwealth, para citar os maiores.