CAPÍTULO 51

Foi então que, cerca de uma década após o encerramento do Quinto Concílio de Latrão, iniciou-se na Alemanha com Martinho Lutero o movimento da Reforma Protestante. A rapidez com que se alastrou pelo Sacro Império Romano Germânico, passando depois à Inglaterra, fêz com que fosse convocado o maior de todos os Concílios Ecumênicos já havidos até a época, o Concílio de Trento.

O Concílio de Trento não foi apenas o maior na duração, mas também e principalmente o maior pela extensão e pela sistematicidade dos seus decretos, elaborados com uma profundidade incomum nas discussões que os precederam pois agora, além da reforma da Igreja, tinha-se que responder às teorias protestantes que questionavam uma grande extensão da doutrina cristã.

As resoluções do Concílio de Trento se parecem com uma Tratado de Teologia e de Direito Canônico. Antes de cada conjunto de cânones ou decisões, vem uma fundamentação teórica que justifica as decisões tomadas. No início do Concílio foram declarados, além disso, os pressupostos teóricos que fundamentariam todas as demais decisões que iriam ser tomadas posteriormente durante todo o Concílio; foram declaradas quais são as fontes da Revelação, quais são os livros inspirados que compõem as Sagradas Escrituras, quais são as suas versões confiáveis e quais são os modos pelos quais devem ser interpretados. Durante o Concílio, entre inúmeras outras coisas, foi também traçado como deveria ser a formação dos candidatos ao sacerdócio, modo este que foi tornado obrigatório para toda a Igreja, tendo sido para tanto prescrita a fundação se seminários em todas as dioceses.