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Na ordem cronológica, S. João Crisóstomo deveria ter sido
colocado nesta apresentação depois de Santo Agostinho. De fato,
ele nasceu na Síria por volta do ano 350 DC e morreu no ano
407 DC, exilado em uma longínqua cidade da margem oriental do
Mar Negro, embora fosse o bispo legítimo da cidade de
Constantinopla, então a capital do Império Romano.
Antes de ter sido bispo, João Crisóstomo foi padre, diácono e
monge. Provavelmente João foi o escritor mais prolífico do primeiro
milênio do Cristianismo, a maioria de seus escritos sendo cópias
taquigrafadas dos muitíssimos sermões que ele fazia, nos quais ele
comenta a maioria dos livros das Sagradas Escrituras. Dentre estes
sermões suas obras mais famosas são a série de 90 Sermões sobre o
Evangelho de São Mateus e a série dos 32 Sermões sobre a
Epístola aos Romanos.
Mas ele merece ser citado nesta lista por ter sido uma das pessoas que
mais profundamente entenderam a importância do preceito que Jesus
deixou à Igreja de ensinar. No livro que São João Crisóstomo
nos deixou intitulado Sobre o Sacerdócio, ele nos mostra claramente
que para Jesus ensinar é a maior prova de amor, e no livro Contra os
Adversários da Vida Monástica ele nos fala de modo especial sobre
as conseqüências benéficas que adviriam se aqueles que ensinam
tivessem consciência que mais do que a quaisquer outros é necessário
ensinar às crianças.
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"Se nós adotássemos este ponto de vista",
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diz S. João Crisóstomo,
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"e tratássemos antes de tudo o mais
de conduzir as crianças à virtude,
bem persuadidos de que isto é o importante
e que tudo o mais é acessório,
seriam tantos os bens que daí resultariam que,
se eu os tentasse descrever,
meus leitores pensariam
que eu não poderia estar falando sério;
mas eu tenho que lhes dizer que então
o gênero humano tocaria as próprias fronteiras
da natureza angélica".
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São Paulo, junho de 1994.
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