Quinto critério: Aceitabilidade Moral, Ética e Filosófica.

Além da aceitabilidade política, é a proposta considerada justa e apropriada pela população em mira, pelos representantes do governo, pelas elites profissionais ou intelectuais, pelas agências estrangeiras comprometidas com a assistência? Uma das razões pela qual a política de se tentar tornar a fertilidade voluntária universal é atraente, seja esta adequada ou não, é que esta prática é uma extensão natural dos valores democráticos tradicionais. Mas o que fazer se o `enfatizar o direito dos pais a terem o número de crianças que desejam esquiva-se da questão básica da política demográfica, que é como dar às sociedades o número de crianças de que elas precisam?' Assim o problema se situa no âmago da Filosofia Política: como melhor conciliar os interesses do indivíduo com os da coletividade.

Atualmente a maioria dos observadores reconheceriam que ter um filho é teoricamente uma livre escolha de cada casal, mas apenas do ponto de vista teórico, no sentido de que esta liberdade é um princípio e é legal. Para muitos casais, particularmente entre os pobres do mundo, não existe liberdade efetiva. Estes casais não dispõem de informações, serviços e subsídios para implementar um livre desejo neste sentido. Tais casais são impedidos pela ignorância, pela doutrina religiosa, mesmo se não aceitam esta doutrina. São impedidos legalmente, como ocorre com as pessoas que abortariam uma gravidez se este ato estivesse aberto para elas. São impedidas culturalmente, como ocorre com as mulheres sujeitas à subordinação que lhes reserva apenas o papel de dar à luz e de criar filhos.

Onde se situa a liberdade efetiva? A resposta de cada um pode depender não apenas de sua própria filosofia ética mas também da seriedade com a qual se encara o problema demográfico: quanto pior o problema, mais as pessoas estarão dispostas a `abandonar' as posições éticas para poderem alcançar `uma solução'. Em alguns países, por exemplo, as pessoas que estão tentando fornecer contraceptivos temporários como meio de controle populacional, nas presentes circunstâncias estão relutantes em estender a prática à esterilização e firmemente opostas ao aborto, embora novamente a roda da história pareça estar movendo o mundo naquela direção sob a pressão do crescimento populacional. Quanto em valores éticos estaria uma sociedade disposta a renunciar em favor da solução de um grande problema social? Estas não são perguntas simples, nem fáceis de se responder. É necessária uma orientação para tratar com tais questões éticas. Como uma proposta para considerações posteriores levantamos aqui sete propostas neste sentido", omitidas nesta resenha.