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No final de 1965 Bernard Berelson, presidente do
Comitê de Planejamento da Conferência Internacional
sobre Programas de Planejamento Familiar, realizada em
Genebra em agosto de 1965, patrocinada conjuntamente pela
Fundação Ford, Conselho Populacional e Fundação Rockfeller,
escrevia no prólogo de suas atas um apanhado de como estava a
situação no presente momento.
"Consideremos o que sucedeu nos últimos anos. Na
Coréia do Sul, Taiwan e Túnis se desenvolvem com êxito
programas de planejamento familiar e na Índia e no Paquistão
estão em plena expansão e intensificação. Na Turquia,
Malásia, Singapore, Ceilão e Egito já constituem um esforço
nacional. Na Tailândia o seminário de alto nível sobre
políticas demográficas foi seguido de um projeto piloto que
deu excelentes resultados e ao qual se sucedeu um novo
seminário para considerar a ampliação do programa. Nas
Filipinas o Departamento de Saúde e suas universidades mais
importantes começaram os trabalhos experimentais. Na América
Latina, no verão de 1965 reuniu-se na Colômbia a primeira
Assembléia Latino Americana sobre Problemas de
População. O Perú e a Venezuela criaram as divisões de
população anexas ao Ministério da Saúde e a Colômbia a
estabeleceu dentro da Associação das Faculdades de
Medicina. No Chile está sendo organizado um programa
nacional. O governo da Ilha de Maurício apoiou os esforços em
favor do planejamento familiar e no verão de 1965 uma missão
de assistência apresentou seu informe ao governo do Kenia, o
primeiro país africano da região abaixo do Saara que
solicitou este tipo de estudo.
Dentro das atividades das Nações Unidas, em maio
de 1965 a OMS autorizou o desenvolvimento de um programa de
assessoria. Em junho do mesmo ano o Conselho Diretor da
UNICEF deu instruções ao Diretor para a preparação de uma
declaração sobre as possíveis atividades neste campo e em
julho o Conselho Econômico e Social, ECOSOC, recomendou por
unanimidade "que se prestassem serviços de assessoria e
treinamento aos programas de população". Na primavera de
1965 a ONU enviou uma missão de peritos à Índia para
assessorar o programa de planejamento familiar. O Banco
Mundial fêz a mesma coisa.
A introdução e a subseqüente utilização
generalizada dos anticoncepcionais intra uterinos constituiu
uma grande avanço tecnológico.
Nos Estados Unidos, na primavera de 1965 a USAID
ampliou sua política para incluir uma disposição relacionada
com a assistência técnica em planejamento familiar. Várias
universidades criam Centros de Estudos Populacionais anexos
às escolas de saúde pública. Duas grandes fundações norte
americanas deram relevância a estes estudos em seus
programas. A Associação Médica Americana deu uma guinada
total em sua política, que datava da década de 1930-1940. A
Academia Nacional de Ciências publicou informes sobre os
problemas demográficos nos Estados Unidos e no resto do
mundo. A Corte Suprema declarou nula uma lei estadual contra
os anticoncepcionais por considerar que ia contra o direito à
privacidade. As Agências Federais, Estaduais e Municipais
ampliaram suas atividades de planejamento familiar e o
Presidente dos Estados Unidos se referiu à urgência de se
encontrar uma solução para o problema demográfico.
Todos estes acontecimentos tiveram lugar, não nos
vinte, nem nos dez anos passados, mas a partir de 1962 e
muitos no curso dos meses precedentes. Como disse alguém,
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`nada tem tanta força como uma
idéia que chega à sua idade
adulta'."
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Foi este o ambiente sobre o qual a Assembléia Geral da ONU
tomaria posição a respeito do problema populacional no final
de 1966.
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