CAPÍTULO 6

Demostradas previamente estas coisas, isto é, a deidade de Jesus Cristo e a realização de todas as coisas que dele foram profetizadas, julgo que com isto provamos também que as próprias Escrituras que sobre Ele profetizaram são divinamente inspiradas. Elas predisseram o seu advento, o poder de sua doutrina e a assunção de todos os povos.

Devemos acrescentar também que é principalmente pelo advento de Cristo ao mundo que ilumina-se e prova-se que tanto os vaticínios dos profetas como a Lei de Moisés são divinos e divinamente inspirados. Antes que se tivessem realizado as coisas que haviam sido por eles preditas por eles, embora estes fossem verdadeiros e inspirados por Deus, não podiam, todavia, ser mostrados como verdadeiros, pelo fato de que ainda não podiam ser provados realizados. O advento de Cristo, porém, manifestou serem verdadeiras e divinamente inspiradas as coisas que eles haviam dito, já que antes era incerto se as coisas que haviam sido preditas seriam realizadas com êxito.

Mesmo assim, porém, se alguém considerar os escritos proféticos com toda a aplicação e reverência de que são dignos, no próprio ato de lê-los e de examiná-los diligentemente, reconhecerá certamente, tocado por alguma inspiração divina em sua mente e em seus sentidos, que aquilo que lê não foi dito humanamente, mas que é palavra de Deus. Sentirá por si mesmo que estes livros foram escritos não por uma arte humana, nem por discurso de mortais, mas pela excelência de uma arte divina. O esplendor do advento de Cristo, iluminando pelo fulgor da verdade a lei de Moisés e retirando o véu que estava sobreposto à sua letra, descobriu a todos os que crêem nEle toda a multidão de bens que o invólucro da palavra escondia.