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As virtudes aperfeiçoam o homem aos atos pelos quais ele se ordena à
felicidade, como fica evidente pelo que já dissemos. Há, porém,
uma dupla felicidade ou fim último para o homem, como também já
antes expusemos.
A primeira é proporcionada à natureza humana, à qual o homem pode
chegar pelos princípios de sua natureza. A outra é a felicidade ou a
bem aventurança que excede a natureza do homem, à qual o homem pode
chegar somente pela virtude divina, segundo uma certa participação da
divindade, conforme diz o Apóstolo, ao afirmar que por meio de
Cristo nos tornamos
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"consortes da natureza divina".
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E porque esta bem aventurança excede a proporção da natureza
humana, os princípios naturais do homem, pelos quais ele passa a bem
agir segundo a sua proporção, não são suficientes para ordenar o
homem à esta felicidade.
De onde que é necessário que sejam divinamente sobre acrescentados ao
homem alguns princípios pelos quais ele se ordene de tal modo à
felicidade sobrenatural assim como pelos princípios naturais ele se
ordena ao fim que lhe é conatural, embora mesmo isto não seja
possível sem o auxílio divino. Tais princípios são chamados
virtudes teologais, seja porque tem a Deus por objeto, na medida em
que por eles nos ordenamos corretamente a Deus, seja porque são
infundidos em nós somente por Deus, seja porque estas virtudes nos
são conhecidas apenas pela divina revelação nas Sagradas
Escrituras.
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