6. Levanta-se a questão demográfica na ONU.

A primeira tentativa de se levantar a questão demográfica na ONU partiu de Julian Huxley, diretor geral da UNESCO, homem descrito pelos seus colegas como pessoa "brilhante, versátil, não diplomática, faiscando uma dúzia de novas idéias por dia".

No seu segundo relatório anual como Diretor Geral da UNESCO em 1948, ele declarava que um dos deveres da UNESCO era o de educar o povo a respeito dos perigos da situação demográfica, particularmente no que se referia à subnutrição da população mundial. Entretanto, acrescentava ele, o problema não poderia ser levantado seriamente no contexto internacional a menos que previamente não se tivesse tornado um problema de opinião pública. Por isso ele também propunha a realização de um congresso internacional sobre população. A acolhida desta proposta, porém, inclusive por parte de UNESCO, foi decepcionante para o seu autor.

Em resposta oficial, a FAO declarava ao Diretor Geral da UNESCO, em 10 de novembro de 1948, que

"é um intolerável pessimismo sustentar que o mundo não possa produzir suficiente alimento, e qualquer concentração de atenção sobre o controle populacional seria perigoso e desvantajoso para a organização internacional".

Entretanto, e de uma forma marcadamente gradativa, a opinião oficial da FAO a este respeito foi mudando. Isto pode ser constatado de modo muito claro através de sua publicação anual "The State of Food and Agriculture". Já em 1951 esta publicação declarava:

"Depois de cinco anos de existência da FAO, tinha-se a esperança de que haveria muito progresso a relatar, especialmente nas áreas de maiores dificuldades".

Mas uma combinação de fatores, incluindo o crescimento populacional,

"limitaram o atual progresso para muito menos do que tinha-se esperado".

No mesmo ano a Sexta Conferência Anual da FAO declarava que

"a produção de alimentos não está acompanhando o crescimento populacional",

e

"a expansão planejada para os próximos dois anos, mesmo que plenamente alcançada, será insuficiente para remediar esta situação".

Havia agora, dizia ainda o texto da Conferência,

"poucas perspectivas de se atingir em 1960 os níveis de produção e consumo almejados quando da fundação da FAO".