|
Que dizer então dos sintomáticos sistemas de segurança destes governantes?
Jacó Burckhardt, na "Civilização da Renascença na Itália", descreve como era
organizada a segurança de Filippo Maria, o último governante da dinastia dos Visconti
em Milão:
|
"O que pode a paixão do temor
fazer com um homem de talento incomum
e elevada posição
pode ser visto no caso de Filippo Maria
com perfeição matemática.
Todos os recursos do estado
foram devotados para o único fim
de promover a sua segurança pessoal,
embora felizmente seu cruel egoísmo
não tivesse degenerado
em uma sede de sangue
sem propósito.
Ele vivia na cidadela de Milão
cercado por magníficos jardins,
árvores e gramados.
Durante anos ele não pôs os pés na cidade,
fazendo suas excursões apenas no campo,
onde ficavam diversos
de seus esplêndidos castelos.
Quem quer que entrasse na cidadela
era vigiado por centenas de olhos.
Era proibido até permanecer
próximo às janelas,
pelo receio de que pudessem
ser dados sinais aos que estivessem
do lado de fora.
Os que eram admitidos
entre os acompanhantes do príncipe
eram submetidos a uma série
das mais rigorosas revistas.
Este era o homem que comandava
longas e difíceis guerras,
que lidava habitualmente
com afazeres políticos
de primeira importância,
que diariamente mandava
emissários plenipotentes
por todas as partes da Itália.
Sua segurança era construída
sobre o fato de que nenhum de seus servos
podia confiar em nenhum outro,
que todos os seus condottieri
eram constantemente vigiados
e enganados por espiões,
que os embaixadores e oficiais mais elevados
eram confinados e mantidos isolados
por intrigas artificialmente alimentadas e,
em particular,
sobre o artifício de associar
um homem honesto com um patife.
Seria interessante acrescentar que,
ao morrer,
Filippo Maria Visconti
foi sucedido no poder
pelo seu condottiere,
Francesco Sforza,
um general cuja fama militar
era tão grande
que várias vezes venceu batalhas
apenas fazendo saber ao inimigo
que quem estava no comando adversário
era ele próprio".
|
|
|
|