4. A processão do Espírito Santo.

Santo Agostinho também procurou explicar o que é a processão do Espírito Santo, ou em que ela difere da geração do Filho.

Ele considerou como certo que o Espírito Santo é o amor mútuo do Pai e do Filho:

"A caridade comum pela qual o Pai e o Filho se amam mutuamente".

Assim, Agostinho coloca que

"O Espírito Santo não é Espírito de um dEles, mas de ambos".

Desta maneira, em relação ao Espírito Santo o Pai e o Filho formam um único princípio, o que é inevitável, pois a relação de ambos para com o Espírito Santo é idêntica e onde não há diferença de relação sua operação é inseparável. Santo Agostinho, pois, mais inequivocamente do que qualquer dos Padres Ocidentais antes dele, ensinou a doutrina da dupla processão do Espírito Santo do Pai e do Filho, doutrina que, alguns séculos mais tarde, por questões circunstanciais, passaria a ser conhecida como o "Filioque", palavra latina que significa `e do Filho'. Segundo Agostinho,

"O Pai é autor da processão do Espírito Santo porque Ele gerou um tal Filho, e ao gerá-lo tornou-o também fonte a partir do qual o Espírito procede".

"Já que tudo o que o Filho tem, o tem do Pai, do Pai tem também que dEle proceda o Espírito Santo".

Daqui porém não se deve conclui, ele nos adverte, que o Espírito Santo tenha duas fontes ou princípios. Ao contrário, a ação do Pai e do Filho na processão do Espírito é comum, assim como é a ação de todas as três Pessoas na Criação.

Além disso, não obstante a dupla processão, o Pai permanece a fonte primordial, na medida em que é dEle que deriva a capacidade do Espírito Santo de proceder do Filho. Ainda segundo Agostinho,

"Do Pai de modo principal, ... , o Espírito Santo procede de ambos em comum".

Referências:

Santo Agostinho : De Trinitate 9,17; 15,45; 15,27; 5,12; 1,7; 5,15; 15,29; 15,45; 15,47;
Idem : Iohan. Tract. 99,6; 99,9;
Idem : Epistola 170,4;
Idem : Contra Maxim. 2,14,1; 2,14,7-9.