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Como na Encarnação o todo é dito Deus e o todo é dito homem, se
estas duas naturezas não são partes daquela pessoa?
SOLUÇÃO.
Diz-se isto por semelhança, porque as duas naturezas são unidas em
Cristo como partes no todo, mas diversamente. De fato, a pessoa de
Cristo não possui ser pela união da humanidade com a divindade, como
o todo possui ser pela conjunção das partes. A pessoa de Cristo
não possui novo ser pela união de ambas as naturezas. Estas
naturezas não são partes da pessoa, o que é manifesto por uma delas
poder ser predicada da pessoa, como quando se diz (vide Nota 1):
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"Cristo é a natureza divina".
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Da mesma forma, os nomes das naturezas se predicam entre si, como
quando se diz:
e também (vide Nota 2):
o que não ocorre no todo integral e em suas partes.
NOTA 1.
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Santo Tomás de Aquino escreve também o seguinte, a este respeito,
na Summa Theologiae:
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"Em Deus existe identidade
da pessoa com a natureza,
e por causa desta identidade
a natureza divina predica-se do Filho de Deus;
todavia, o modo da significação não é o mesmo,
e por isso algumas coisas
podem ser predicadas do Filho de Deus
que não podem ser ditas da natureza divina,
como quando dizemos
que o Filho de Deus é gerado,
e não podemos dizer
que a natureza divina seja gerada".
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Summa Theologiae
IIIª Parte
Q. 16 a. 5 ad. 1
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NOTA 2.
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Santo Tomás de Aquino também tratou deste mesmo tema da
predicação mútua das duas naturezas humana e divina de Cristo em
dois artigos sucessivos da terceira parte da Summa Theologiae, nos
quais ele se pergunta, respectivamente, se é verdade, no tocante ao
mistério da Encarnação, dizer que "Deus é homem" e que "O
homem é Deus" (cf. S. Tomás de Aquino: Summa Theologiae,
IIIª. P., Q. 16 a. 1-2).
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