2. As Hipóstases Divinas.

Para explicarem como uma única substância pode estar simultaneamente presente em três Pessoas os Capadócios fazem uso da analogia do universal e seus particulares.

São Basílio escreve que

"`Ousia' e `hipóstase' se diferenciam exatamente como universal e particular, isto é, como animal e um homem em particular".

Neste sentido, cada uma das Hipóstases divinas é a `ousia' ou a essência da Divindade determinada por suas características particularizantes apropriadas. Para Basílio estas características particularizantes são a "paternidade", a "filiação" e a "potência santificadora" ou "santificação". Os outros Capadócios as definem de uma maneira mais precisa como "não ser gerado", "geração" e "missão" ou "processão".

Assim, a distinção das Pessoas é baseada nas suas origens e relações mútuas.

Anfilóquio de Icônio, primo de São Gregório Nazianzeno e, por intervenção de São Basílio, bispo de Icônio, sugere que os nomes Pai, Filho e Espírito Santo não denotam essência ou ser, mas

"um modo de existência ou relação",

e o Pseudo Basílio argumenta que o termo "não gerado" não representa a essência divina, mas simplesmente o "modo de existência" do Pai.

Destas considerações pode-se perceber como os Padres Capadócios analisaram a concepção de hipóstase muito mais plenamente do que Santo Atanásio.

Referências:

São Basílio :Epistola 38,5; 214,4; 236,6;
Idem : Contra Eunomio 4 (PG 29, 681);
São Gregório Nazianzeno : Oratio 25,16; 26,19; 29,2;
Anfilóquio de Icônio : Frag. 15 (PG 39, 112).