CAPÍTULO 127

Foi assim que Nicolau V conseguiu reunir recursos para, em questão de pouquíssimos anos, não apenas empreender a reforma da cidade de Roma, um empreendimento que se estenderia pelos pontificados seguintes, como também para levantar uma biblioteca, a futura Biblioteca Vaticana, contendo três mil livros, número hoje em dia muitíssimo pequeno, mas que na época superava todas as maiores bibliotecas do mundo.

Na verdade, o catálogo oficial da Biblioteca declarava que havia naquela época aproximadamente mil e duzentos livros. Mas um testemunho do Papa Pio II, o segundo sucessor de Nicolau V, um homem que tinha um interesse por livros semelhante ao de Nicolau V e que provavelmente deve ter freqüentado a Biblioteca Vaticana já naquela época, garante que havia em torno de três mil livros.

Mesmo, porém, com 1200 livros, a Biblioteca Vaticana já com isso era a maior do mundo. Em 1450 só havia duas bibliotecas na Itália que possuíam quase mil livros. Uma delas pertencia a um particular na cidade de Florença, e continha 800 volumes. A outra estava instalada em um castelo nas proximidades de Milão pertencente à família Visconti, os governantes do ducado de Milão, a qual continha 988 volumes.

Todas as demais bibliotecas da Itália da época continham menos de trezentos volumes. Na biblioteca da família dos Médici, os governantes de Florença, homens ricos e patrocinadores da cultura, havia, em 1450, apenas 158 livros.