QUESTÃO TRICENTÉSIMA SEGUNDA.

Diz o Apóstolo:

"Aquele que ama o próximo, cumpriu a Lei".

Rom. 13, 8

Pergunta-se se o amor do próximo e o amor de Deus são o mesmo.

Se não são o mesmo, como o amor do próximo é a plenitude da Lei? Como toda a lei é restaurada no amor do próximo? Como os três preceitos da primeira tábua, que dizem respeito a Deus, se cumprem no amor do próximo?

Por outro lado, se um e outro são o mesmo, por que foram dados separadamente um preceito do amor a Deus e outro preceito do amor ao próximo?

SOLUÇÃO.

O amor é nome de uma virtude e assim pode ser dito que o mesmo é o amor pelo qual amamos a Deus e ao próximo. É também nome de um movimento da mente, e neste sentido um é o amor de Deus e outro é o amor do próximo, e o amor de Deus é maior do que o amor do próximo, porque o amor de Deus está contido no amor do próximo. Quem, de fato, ama a Deus, por conseqüência ama ao próximo e inversamente; por conseguinte, coloca-se um movimento pelo outro. O amor do próximo, de fato, é um movimento da mente ao próximo por causa de Deus; como, portanto, pode haver amor ao próximo sem amor de Deus? O amor do próximo é, de fato, uma certa matéria na qual se exerce o amor de Deus, o qual é mais escondido e cujo afeto se manifesta mais abertamente no amor do próximo. O amor de Deus é um movimento da mente para Deus por causa dEle mesmo.