CAPÍTULO XII

Seria coisa para nunca acabar se quiséssemos prosseguir esta matéria. Bastam os exemplos que mencionamos para entender os merecimentos, os dons e as excelências deste grande servo do Senhor, enviado por Deus ao mundo para que o iluminasse com seus raios como por um sol resplandecente, para que os papas, os reis, os imperadores, os príncipes e as repúblicas usufruíssem de sua luz e recorressem a ele nas questões mais obscuras e emaranhadas, e ele as ilustrasse e resolvesse. Não somente as províncias mais próximas aproveitaram com sua santidade, sua doutrina, seus conselhos e seus milagres, mas também as da Dácia, da Suécia e outras o reverenciaram e lhe escreveram cartas com extraordinária devoção. Qualquer coisa que tivesse trazido consigo era considerada como preciosa relíquia, e até um prato de barro, por nele haver comido certa vez São Bernardo, bastou para curar um bispo que havia comido uns bocados de pão e bebido um pouco de água que havia mandado deixar nele.

Seu cajado, colocado junto à cabeceira da cama de uma pobre mulher muito atormentada pelo demônio, bastou para espantá-lo e para que a deixasse em paz. O afluxo de pessoas, por onde quer que passasse, era tão grande que não há modo de o descrever. Em Roma não conseguia sair de casa sem que toda a corte e todo o povo fosse atrás dele. Em Milão e em outros lugares da Lombardia, devido à inumerável multidão que vinha vê-lo e receber a sua bênção, fazia-se necessário que se trancasse e aparecesse somente por uma janela para que dali desse a sua bênção. Quando passava pelos Alpes, vinham a ele pastores e homens selvagens em quantidade, os quais ficavam fazendo festa por terem-no visto.