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A Companhia de Jesus foi fundada sem uma finalidade específica em meados dos
anos 1500 por Santo Inácio de Loyola e mais oito companheiros, depois destes
haverem tentado, sem sucesso e por um brevíssimo período de tempo, um trabalho de
evangelização em terras islâmicas que sequer chegou a iniciar-se. Após esta tentativa
frustrada, o grupo dos clérigos fundadores da Companhia encaminhou-se para Roma e
colocou-se à total disponibilidade do Sumo Pontífice para quaisquer trabalhos que por
ele lhes fossem confiados, em qualquer parte do mundo.
Não tardou para que os jesuítas, em 1548, fossem convidados a abrir seu primeiro
colégio na cidade de Messina, no sul da Itália. Este colégio veio a ser o primeiro de
uma série de estabelecimentos do gênero cujo número chegou quase a mil, espalhados
em todo o mundo. Ao fundarem a Companhia de Jesus, porém, seus fundadores, tanto
quanto nos é registrado pela história, não transpareceram imaginar que um de seus
principais trabalhos, talvez o principal, viesse a ser na área educacional. A Companhia
de Jesus trazia muitas idéias novas para a Igreja, mas em matéria especificamente
educacional, em princípio, pouca coisa de especial tinha a dizer.
Santo Inácio de Loyola enviou para a fundação do Colégio de Messina vários de seus
melhores padres. Como todos estes padres, com uma única exceção, haviam estudado
na Universidade de Paris, e o próprio Santo Inácio de Loyola, juntamente com os oito
primeiros fundadores da Companhia, também lá haviam estudado, foi como que
naturalmente que se adotou em Messina o mesmo método que era utilizado naquela
Universidade.
Ora, o movimento renascentista a princípio havia-se confinado quase que
exclusivamente ao norte da Itália. Conforme haveremos ainda de comentar,
dificilmente teria se propagado para além desta região se não houvesse ocorrido, neste
interim, a invenção da imprensa, na década de 1440, por João Gutemberg. Graças a
esta invenção, a Renascença atravessou os Alpes e se difundiu gradualmente por toda a
Europa. Na década de 1520 conquistou a Universidade de Paris, e foi justamente no
final da década de 1520 e no início da seguinte que ali estudaram Santo Inácio de
Loyola e os primeiros jesuítas.
Ao adotarem, pois, os mesmos métodos de ensino que haviam visto em Paris, os
jesuítas nada mais estavam fazendo do que adotando a pedagogia renascentista. No ato
da fundação do primeiro colégio jesuíta em Messina podia-se ler a afirmação segundo
a qual
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"seguir-se-á o modo e a ordem
que se utiliza em Paris,
que é o melhor que se pode ter
para facil e perfeitamente
tornar-se douto na língua latina".
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"Os colégios jesuítas passaram a se multiplicar em número e avultar em
importância", comenta o Pe. Leonel Franca.
continua o mesmo autor,
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"no curto prazo de poucos anos,
tornavam-se os centros de cultura humanista
mais reputados
da cidade ou da região".
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Em duzentos anos a Companhia de Jesus mantinha 865 estabelecimentos de ensino no
mundo inteiro, grande parte dos quais tinha uma média de mil ou mais alunos.
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