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Desta maneira, no final de 1499, Alexandre VI pôde promulgar uma bula em que
elencava uma série de príncipes da região da Romanha e declarava que, por estes não
pagarem os impostos devidos, por terem alcançado o poder mediante usurpação de
terras, propriedades e direitos que pertenciam por lei à Igreja, e por serem de fato
tiranos que haviam abusado de seus poderes e explorado o povo a eles submisso, a
partir daquele momento deveriam renunciar ou ser depostos pela força.
Embora nenhum dos príncipes elencados tenha obedecido à Bula, a avaliação de
Alexandre VI parece correta. Em dois livros pelo menos Maquiavel, que na época era
assessor político do governo de Florença, se refere à Romanha com uma avaliação
semelhante.
Em "O Príncipe" Maquiavel diz que a Romanha
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"estava sujeita, no geral,
a fracos senhores,
que mais espoliavam do que governavam
os seus súditos,
dando-lhes apenas motivo de desunião,
tanto que aquela província estava
cheia de latrocínios,
tumultos e toda a sorte de violências".
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Nos "Discursos" o mesmo Maquiavel diz que a Romanha era
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"berço dos piores crimes,
o menor dos quais
dava ocasião aos governantes
para rapinas e assassinatos,
pois os príncipes da Romanha,
embora fossem pobres,
viviam como se fossem ricos,
e para tanto eram obrigados
a um sem número de crueldades.
Entre outras mais vergonhosas
para extorquir dinheiro,
faziam leis proibindo certos atos
dos quais eles eram os primeiros
a darem ocasiões para que os súditos
os praticassem;
quando muitos já estavam envolvidos
nas violações daquelas leis,
passavam a puní-los,
não pelo zelo das leis que haviam feito,
mas para poderem assim executarem
as penas previstas para tais crimes".
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