III. A LIBERDADE DA VERDADE.


1. Encontro entre Sócrates e um estudioso das fisionomias.

Certo dia surgiu em Atenas um homem que dizia possuir os conhecimentos necessários para descrever o caráter de um homem apenas pela observação de sua fisionomia. Levaram este homem até Sócrates, que estava dialogando, como de costume, com vários outros. Fêz-se silêncio entre todos, para que estudioso examinasse os traços da fisionomia de Sócrates. Terminado o exame, o fisionomista declarou:

"Eis aqui um homem estúpido,
orgulhoso e incapaz de controlar
seus instintos sexuais".

A afirmação, tão abrupta, fêz cair a todos na gargalhada, tal a diferença entre este julgamento e a realidade.

Mas houve alguém que não riu, e este foi o próprio Sócrates. Ao contrário, pareceu como que apanhado em flagrante e, para não maior surpresa dos presentes, dirigiu-lhes estas palavras:

"Não!
Ele está certo.
Este homem está certo!
São justamente estas as inclinações
que eu vejo existirem em mim,
e que tenho lutado para dominá-las".