17. Iniciativas governamentais: os Estados Unidos.

O interesse norte americano no crescimento dos países asiáticos começou a aflorar durante os anos da década de 20 por causa do desafio japonês à hegemonia americana no Pacífico. Vários escritores causaram impacto ao afirmarem que uma das causas fundamentais deste fato seria a pressão populacional. A derrota japonesa durante a guerra, entretanto, terminou com esta fonte de ansiedade. Ela foi, porém, substituída pelo medo de que os países pobres e densamente povoados da Àsia fornecessem um campo fértil para a propagação do comunismo. Escritores malthusianos protestavam que a superpopulação produzia descontentes facilmente seduzíveis pela propaganda comunista. A introdução das técnicas modernas da medicina teria contribuído para piorar a situação, acelerando ainda mais as taxas de crescimento. O controle da mortalidade deveria ser contrabalanceado pelo controle da natalidade; porém, conforme era notado, por muita ajuda externa que fosse dada, nenhuma era dada para estas finalidades. Embora nas universidades americanas esta posição fosse compartilhada pelos estudiosos da demografia, o mesmo não se podia dizer dos economistas envolvidos nos programas de ajuda externa norte americanos; para estes o problema era considerado apenas do ponto de vista de assegurar que o crescimento econômico fosse mantido num nível mais alto do que o crescimento populacional.

Quanto ao próprio governo norte americano, este evitava diplomaticamente assumir qualquer posição, principalmente devido ao caráter controverso que assumiam estas questões. Entretanto, após uma grande polêmica nacional a respeito, um comitê presidencial sobre programas de ajuda externa divulgava um relatório no qual se afirmava abertamente a relevância do assunto. O presidente Eisenhower então passou o relatório "sem comentários" para a Comissão de Relações Exteriores do Senado, numa tentativa de encerrar a discussão. A Comissão do Senado, porém, pediu parecer ao Stanford Research Institute, o qual acabou chegando às mesmas conclusões do relatório. Diante disto o presidente Eisenhower apressou-se a declarar publicamente:

"Enquanto eu estiver aqui, este governo não terá nenhuma doutrina política sobre controle de natalidade".

Mas o governo americano não conseguiria sustentar esta posição durante muito tempo. Na virada da década, conforme veremos, o problema do controle da natalidade já se teria tornado uma questão eleitoral.