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É importante notar que esta concepção é bastante diversa daquela que os homens de
hoje estão comumente dispostos a admitir. Os homens do século XX são propensos a
acreditar que as maiores forças que atuam sobre o homem , aquelas que o movem e que
movem a história, são as forças econômicas.
Em grande parte isto é decorrência de uma falta de intimidade com a verdade. Os
homens do século XX não conseguem em geral distinguir entre as informações
comumente veiculadas pelos homens e a verdade, como se não houvesse algo situado
em um plano mais alto além daquele em que comumente os homens intercambiam suas
idéias sobre o qual estas idéias precisariam apoiar-se para poderem ser verdadeiras e
dali haurirem a sua força.
Faltando-lhes esta intimidade com a verdade que lhes faria conhecer do que ele á
capaz, os homens acreditam sem dificuldade que o principal motor da história são as
forças econômicas. Não distingüindo entre verdade e ideologias que os homens
continuamente elaboram em um ritmo cada vez mais alucinante para os mais diversos
fins, julgam que todas estas têm a sua época e a sua utilidade dependendo da
oportunidade e do lugar, e que a força das idéias provém delas estarem em sintonia
com a direção das forças econômicas. Teriam sido elaboradas, em última análise, por
pessoas que tiveram a perspicácia de perceber melhor do que outras as circunstâncias
do momento. Nada possuem de perene ou atemporal, todas elas perdem com o tempo a
sua utilidade e são facilmente desatualizadas por outras que tomam o seu lugar.
É fácil, porém, perceber que uma concepção como esta está em flagrante contradição
com os pressupostos do Cristianismo. Cristo pouco se importou com forças
econômicas. Quando ele prometeu a liberdade aos homens, prometeu-a justamente
através da verdade dizendo, no Evangelho de São João, a alguns que nele haviam
crido, que
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"Se permanecerdes nas minhas palavras,
sereis verdadeiramente meus discípulos;
conhecereis a verdade,
e a verdade vos tornará livres".
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Quando, mais tarde, Cristo enviou os Apóstolos a todas as nações do mundo, decisão
da qual resultou a divisão da História em dois períodos, antes e depois de Cristo, não
lhes pediu para que assumissem o controle das forças econômicas. Ao contrário,
limitou-se apenas a dizer:
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"Ide, pois,
e ensinai a todas as gentes
tudo aquilo
que vos mandei",
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e nisto, simplesmente nisto, somado à presença de Cristo garantida à Igreja nesta
mesma passagem até o fim dos séculos, consistiu toda a força do Cristianismo.
Se for permitido à história de nossa civilização um desenrolar mais extenso, o tempo
se encarregará de tornar evidente qual é, de fato, a maior força capaz de agir sobre o
homem.
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