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Em sua Epístola aos Coríntios, São Paulo diz que no céu a fé
cessará, substituída pela visão face a face de Deus. Invertendo
os termos, podemos entender que na terra a fé substitui
provisoriamente o papel que a visão beatífica desempenha no céu.
Não é possível, portanto, haver na terra maior intimidade com
Deus do que aquela que provém do exercício da fé, senão este mesmo
exercício da fé quando se lhe acrescenta a caridade. Por isto é que
São Paulo diz também que os justos vivem da fé e que caminham da
fé para a fé (Rom. 1, 17): na terra devemos aprender a buscar
a fé assim como no céu se vive a visão beatífica, o que sem dúvida
não é possível de ser feito sem o amor. A prova de nossa intimidade
com Deus consistirá em que, já cumprindo os mandamentos, o amor que
temos para com Deus seja tal que exija o ato da fé profundo e
contínuo tal como desejamos a presença de quem amamos. Aquele que
tem a experiência do conhecimento íntimo da fé, tanto quanto é
possível nesta vida, conhece a Deus. É neste sentido que no
princípio do Cântico dos Cânticos se escreve:
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"Receba eu um beijo de tua boca,
porque os teus amores
são melhores do que o vinho".
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Quando, movidos pela caridade, vivenciamos profundamente o ato da
fé, tanto quanto é possível neste mundo, beijamos e abraçamos a
Deus.
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