CAPÍTULO 23

O problema, porém, relacionado com esta situação política da Europa e que motivou a série dos Concílios desde o nono ao décimo nono, isto é, desde o Primeiro de Latrão até o de Trento, surgiu quando, após a morte de Carlos Magno e a divisão do Império Carolíngeo, uma nova leva de bárbaros, muito mais selvagem do que os bárbaros anteriores, começou a assolar a Europa de modo quase que permanente.

Diante da ferocidade destes bárbaros, os soberanos destes reinos europeus, politica e militarmente muito mais fracos do que o antigo Imperador Carlos Magno, não foram capazes de oferecer nem de organizar resistência.

Os grandes proprietários de terras tiveram que se defender por conta própria.

Os camponeses e os pequenos proprietários de terra, vendo que não podiam depender dos reis para a manutenção de sua segurança constantemente ameaçada, acabaram por se associarem aos grandes proprietários, jurando-lhes fidelidade e tornando-se seus súditos. As pessoas comuns, portanto, acabaram dependendo em tudo dos senhores de terras que se tornaram os verdadeiros reis em seus próprios domínios. Embora nominalmente os grandes proprietários estivessem sujeitos ao rei, de fato não os obedeciam. Quanto às pessoas comuns, embora estas também estivessem nominalmente sujeitas ao rei, de fato obedeciam aos senhores das terras, terras que na época eram chamados de feudos. Daí o nome dado a esta época e a esta organização civil de feudalismo.