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Algumas citações tiradas de educadores brasileiros desta época
ilustram muito bem o que queremos dizer. Fernando de Azevedo, ao
comentar o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932
redigido por ele próprio e assinado pela elite dos educadores
brasileiros da época, escreve:
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“ Pode-se dizer que,
com o documento do Manifesto dos Pioneiros,
o problema da educação,
o maior e o mais difícil problema proposto ao homem,
se transportou entre nós
da atmosfera dominada pelo empirismo
para o domínio das cogitações científicas e filosóficas,
de que dependem os sistemas da organização escolar,
no seu sentido e na sua direção.
O documento suscitou
e não podia deixar de suscitar divergências,
no seu conteúdo ideológico francamente revolucionário,
as quais provém dos diferentes pontos de vista
de que pode ser apreciado o problema
fundamental dos fins da educação.
Onde surgem as discordâncias é justamente
na fixação deste ideal,
que varia em função da concepção de vida e,
portanto, de uma filosofia,
não podendo, pois, satisfazer
à variedade dos pontos de vista particulares
que nos dá a multidão das idéias aprioriisticas e dogmáticas.
As idéias e as instituições pedagógicas
são essencialmente o produto
de realidades sociais e políticas.
Não podia permanecer inalterável
um aparelho educacional,
a cuja base residia uma velha concepção de vida,
em uma época em que a indústria mecânica,
aumentando em intensidade,
transformou as maneiras de produção
e as condições de trabalho.
Era preciso, portanto,
examinar os problemas da educação
do ponto de vista não de uma estática social,
que não existe senão por abstração,
mas de uma sociedade em movimento.
É desse ponto de vista sociológico
que aí se estudou a posição atual
do problema dos fins da educação.
É ele que nos fez encarar a educação
como uma adaptação ao meio social”.
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