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Além dos trabalhos da Comissão Populacional, que
do ponto de vista histórico se constituíam apenas em uma
preparação de terreno e somente surtiriam maiores efeitos a
longo prazo, a única atitude concreta da ONU no que diz
respeito ao problema populacional foi a organização de uma
Conferência Mundial sobre População, em 1954, realizada em
Roma.
A Conferência foi organizada para ser um encontro
puramente científico. Não passaria resoluções nem faria
recomendações a governo algum. Esta decisão foi um reflexo da
preocupação de governos e indivíduos responsáveis pela
Conferência em evitarem que aflorassem assuntos indesejáveis,
essencialmente o mesmo tipo de atitude que tinha estado
presente um quarto de século antes e que tinha excluído
Margareth Sanger de participar da própria conferência que ela
havia organizado.
Entretanto, graças à influência dos que não
compartilhavam de tais pontos de vista, vários aspectos do
planejamento familiar foram introduzidos na Conferência. O
Dr. Abraham Stone, que havia sido enviado à Índia três anos
antes para assessoramento sobre o método do ritmo, foi
convidado a apresentar um trabalho sobre técnicas
contraceptivas mais modernas. Diversos outros trabalhos
apresentados à Conferência discutiram os efeitos da prática
contraceptiva sobre a taxa de natalidade.
Doze associados da recém fundada IPPF participaram
do Congresso, metade dos quais apresentaram trabalhos. Até
mesmo a própria IPPF já tinha sido convidada a participar
oficialmente da Conferência na condição de observadora. Da
Conferência participaram mais de 400 delegados de 80 países e
colônias, e foram apresentados no total mais de 400
trabalhos. Apesar da introdução imprevista de temas sobre o
controle da natalidade, estes trabalhos foram absorvidos pela
avalanche daqueles sobre demografia da França e Estados
Unidos, e a tônica da Conferência situou-se na pesquisa
demográfica, casos em estudo e identificação de lacunas no
conhecimento presente. O Papa Pio XII enviou uma mensagem da
Santa Sé à Conferência.
A Conferência realizou um trabalho semelhante, em
suas conseqüências, ao da Comissão Populacional, e não
representou o primeiro passo para uma tomada de uma atitude
concreta no ataque de um problema. Mas a Conferência foi
importante sob outros aspectos, principalmente quanto a ter
provado que era possível realizar uma conferência sobre
população sob os auspícios da ONU, coisa que se tinha
mostrado inviável em 1927.
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