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Fixados os livros do Nôvo Testamento, estava encerrada a Escritura
inspirada. Estavam lançadas as bases da literatura cristã e aí
encontrariam os homens verdadeira fonte de matéria inesgotável como o
cristianismo, donde surgiu o conjunto literário de volumes e mais
volumes de obras dos Padres da Igreja.
Num sentido mais estrito êste nome designa aquêles que fundaram o
pensamento cristão e que são os dois cinco primeiros séculos, até
à queda do Império Romano.
Exerceram êles grande influência em todos os tempos, e os escritores
eclesiásticos aí bebem os mais preciosos tesouros da teologia e
mística da Igreja.
O nome de Padres, que era dado inicialmente aos Chefes de Igreja,
como Bispos, estendeu-se a todos aquêles que através de suas obras
combatiam as heresias e os erros, defendendo a doutrina íntegra da
Igreja.
Para serem considerados Padres da Igreja, os escritores tinham que
apresentar certas condições, como antiguidade, ciência ortodoxa,
reconhecimento pela Igreja e santidade, pois os seus ensinos deviam
primar não só pelas palavras, mas sobretudo pelo exemplo de suas
vidas.
Num sentido mais largo são chamados Padres da Igreja os escritores
de grande inteligência, que floresceram na Igreja até à Idade
Média, como Santo Tomás, S. Bernardo e outros.
Entretanto, a opinião dos grandes historiadores e críticos reserva
tal designação apenas para os que se distinguiram nos primeiros
séculos, e outros conservam o nome de Padres da Igreja apenas para
os que foram discípulos dos apóstolos.
Aquêles que aliam à grande ciência uma santidade eminente e cuja
autoridade é reconhecida por todos, são chamados Doutores da
Igreja, título êste com que se honra um pequeno número de homens
escolhidos.
Citando os Padres Apostólicos, aquêles que foram dos primeiros
tempos, contemporâneos dos apóstolos, encontramos os romanos S.
Clemente e Hermes, o sírio Santo Inácio, os asiáticos S.,
Policarpo e Pápias, o autor desconhecido da Epístola de
Barnabé. Escreveram em geral cartas que são valiosos documentos
históricos, onde encontramos a vida da Igreja primitiva dos
Apóstolos e dos Mártires.
São todos preciosos tesouros que nos mostram a vida dos fiéis nos
primeiros tempos, os problemas surgidos com o desenvolvimento dos
cristãos, os Sacramentos da Igreja e os ritos de sua
administração.
Alguns documentos só foram encontrados séculos depois, como o
livrinho chamado Didaqué, tão usado pelos primeiros fiéis e que era
uma espécie de compêndio de tôdas as suas obrigações, com noções
de doutrina e mesmo liturgia. Não se conhece o autor de Didaqué, e
o da Epístola de Barnabé, o que não lhes tira a autoridade.
Muitos outros livros se perderam, e de alguns só nos restam
fragmentos, muitos preciosos, como os escritos por Pápias, bispo de
Hierópolis.
Papel importante exerceram os Padres Apostólicos, que se
constituíram um elo que ligaria para sempre os Apóstolos ás futuras
gerações, iniciando a valiosa tradição, cujos argumentos seriam
sempre de poderosa fôrça na exposição do dogma cristão.
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