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A época mais sublime da história de 20 séculos de cristianismo é
sem dúvida a Igreja dos Primeiros Tempos, a história dos três
primeiros séculos cristãos. Fundada por Nosso Senhor Jesus
Cristo, a Igreja desde a sua origem demonstrou a sua divindade.
Cristãos pela graça de Deus, membros do Corpo Místico de
Cristo, que é a Igreja, nos orgulhamos de nossos antepassados que
foram os primeiros cristãos, e na Igreja Primitiva vamos buscar os
mais belos exemplos que nos inspiram uma verdadeira vivência do
cristianismo.
O quadro que nos apresenta a Igreja nos primeiros dias de sua
existência é um programa para todos os tempos.
Os primeiros cristão, os convertidos dos primeiros dias, nos contam
os Atos dos Apóstolos, "perseveravam na doutrina dos Apóstolos,
na comum fração do pão e nas orações" (Atos, II, 42).
As instruções dos Apóstolos constituem o fundamento da jovem
comunidade: é a pregação da fé, o magistério, a fé na Igreja
docente, na Igreja Apostólica.
Assim é a Igreja ainda hoje, com os fiéis submissos ao Santo
Padre, Pontífice Romano, na pessoa de quem Pedro permanece vivo
na chefia da Igreja. É a Igreja "Una", que surge aos nossos
olhos, em gérmen, pequena semente que se tornou a gigantesca e
frondosa árvore da Igreja Católica.
A fração do pão e as orações demonstram a Igreja "Santa", a
que santifica os seus membros em seus ofícios divinos, e em sua vida
diária, especialmente pela celebração da Eucaristia, o sacrifício
da Nova Aliança, que fortalece os fiéis para quem a Eucaristia é
o centro da vida de comunidade.
A solicitude cordial animava a comunidade, manifestando um amor
fraterno, o mais autêntico. "E todos os que criam estavam unidos,
e tinham tudo em comum" (Atos, II, 44) .
Esta vida da primitiva comunidade era devida à plenitude do Espírito
Santo, que descera pouco antes sôbre os Apóstolos, infundindo, na
Igreja um alento de vida.
A alegria reinava em todos os corações, os milagres e prodígios
marcavam a presença de Cristo na vida da primitiva Igreja. Humildes
e firmes em sua fé, os cristãos eram por todos admirados, como
homens interiormente transformados, distintos dos demais.
Assim, Cristo comunicava á jovem Igreja extraordinária força de
expansão e conquista, e cada vez maior era o número dos cristãos.
Com as perseguições iniciadas em Jerusalém, as comunidades
começaram a se espalhar e o Evangelho de Cristo penetrava por tôda
parte.
Roma, a capital do Império Romano, foi escolhida para ser também
a capital do cristianismo. Mas a Igreja, antes da conquista
definitiva da Urbs e do Império, teve que travar tremenda
luta contra o paganismo, acabando por renovar a sociedade pagã,
tornando-a cristã. Não foi uma luta qualquer e de duração curta,
mas uma batalha de três séculos, cuja vitória engrandeceu o
heroísmo e a fé dos cristãos, que derramaram o seu sangue na mais
autêntica revolução que o mundo já presenciou e que culminou com a
vitória da Cruz que dobrou a espada dos tiranos e cruéis
perseguidores. Milhares e milhares de mártires se imolaram por
Cristo no testamento de sangue que confirmava o testemunho de suas
palavras e de sua fé, numa série consagradora que teve no Diácono
Estêvão o primeiro nome, protomártir do cristianismo.
Passadas as opressões e perseguições, o cristianismo conheceu a sua
vitória, quando o Imperador Constantino colocou a Cruz como brasão
de glória do exército romano.
Novas lutas surgiram, mas a Igreja estava definitivamente implantada
no coração da humanidade, cuja conquista o mundo reconheceu, e
sòlidamente fortalecida na fé e constância dos primeiros séculos.
É a Igreja dos Mártires que foram dignos e de seu fundador, o Rei
dos Mártires; a Igreja dos Santos que demonstram a vitalidade de
sua doutrina e moral; a Igreja dos Sábios, cujas páginas
belíssimas formaram a notável Literatura Cristã de todos os
tempos, fonte inesgotável de saber e inteligência em sua origem.
É a Igreja instituída por Jesus Cristo, e que desde a sua origem
demonstrou não ser obra humana, mas de Deus, que se assentou sobre a
rocha inabalável que é Pedro, na sucessão ininterrupta dos Papas
que a conduzem com sabedoria e santidade, traçando-lhe os luminosos
caminhos de salvação.
O estudo e meditação da vida da primitiva comunidade nos inspirem
autêntica vida cristã para os tempos de hoje, para que o mundo
cristão de nosso século se volte ao espírito da Igreja Primitiva,
ao espírito que logrou a vitória sôbre o mundo, à fé e heroísmo
daqueles dias, se volte para Cristo, Senhor da Igreja, ontem como
hoje, e por tôda a eternidade.
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