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Reprodução frequente da figura de Maria nas Catacumbas de Roma
testemunham a presença de Nossa Senhora no pensamento cristão.
Não obstante muitos monumentos terem sido destruídos, devastados
pelo tempo, muitos outros sepultados entre os escombros,
descobriram-se pinturas, em número considerável, nas quais se vê
representada a Virgem Maria, nas lápides sepulcrais, nas paredes e
galerias subterrâneas.
Em umas a Virgem aparece com o Filho nos braços ou sôbre os
joelhos, representada como Mãe. Em outras Jesus não aparece. Em
geral, a Virgem é apresentada de pé, com os braços estendidos,
sob a forma de uma Orante.
Impossível descrever tôdas estas imagens de Maria encontradas nas
Catacumbas. Nas de Santa Priscila há pinturas do século II com
cenas representativas da vida de Maria, e tantas são as imagens ou
figuras aí achadas, honrando a Nossa Senhora, que poderiam
chamar-se as Catacumbas de Maria.
A pintura mais notável representa a Virgem sustentando em seus
braços o Menino Jesus. Veste uma túnica, formando numerosas
pregas e sôbre a túnica o manto. Sua cabeça coberta por um véu
curto e transparente, costume entre as recém-cásadas e entre as
Virgens consagradas a Deus.
Ao lado de Maria, um homem de pé, representando talvez S.
José, ou algum dos profetas messiânicos.
A segunda pintura que aos nossos olhos oferece a Catacumba de Santa
Priscila é a Adoração dos Magos. É esta cena comum às várias
catacumbas .romanas, por representar o chamado dos gentios à
vocação da fé; em tôdas elas se sobressai a figura de Nossa
Senhora.
Existem outras pinturas igualmente dignas de atenção, como a do Bom
Pastor, carregando em seus ombros a ovelha perdida, tendo ao lado uma
imagem de orante. Muitos concordam que esta mulher de pé, ao lado do
Bom Pastor, orando com os braços estendidos e ligeiramente
levantados, é a Santíssima Virgem, a quem o Pastor apresenta a
ovelha transviada, é Maria, a nova Eva, a grande protetora das
almas.
Outras vêm nesta mulher a Igreja personificada na Virgem, modélo
da Igreja por sua maternidade virginal. Que esta orante represente a
Maria sòmente, ou a Virgem personificando a Igreja, é sempre a
Mãe do Salvador. Tais são as pinturas relativas à Santíssima
Virgem, encontradas nas Catacumbas de Santa Priscila, uma das mais
antigas, com criptas que remontam aos tempos apostólicos, e que
atestam e falam da grande devoção que tinha para com a Mãe de Deus
o cristianismo dos primeiros tempos.
Também se encontram outras lembranças da antiguidade, como vasos
dourados, que nos mostram várias representações de mulher em atitude
de oração, e aos pés das mesmas as inscrições do nome de
MARIA.
Em um baixo relêvo dum vaso encontrado nas Catacumbas de Santa
Inês, vê-se Maria com as mãos estendidas, entre S. Pedro e
S. Paulo, príncipes dos Apóstolos. Em cima dois rolos de
pergaminho. As figuras que estão de um e outro lado trazem o nome de
''Pedro'' e "Paulo". Por cima de tudo o nome de
"MARIA". Os pergaminhos são uma alusão à Sagrada
Escritura. E o fato de Maria estar colocada entre os Príncipes dos
Apóstolos nos dá a entender que ela se representa como Mãe da
Igreja.
Em outros vasos aparece Maria entre flores e árvores, cujos emblemas
seriam figuras do Paraíso, o Vergel Eterno. Representam Maria na
glória.
Assim pelos monumentos das Catacumbas deduzimos a antiguidade do culto
a Maria Santíssima. Sua devoção não é uma invenção posterior
ao Concílio de Éfeso, mas tem suas raízes na mais remota
antiguidade.
Na Biblioteca do Vaticano encontra-se também um singelo vaso que
nos atesta que já na primitiva Igreja tinha Maria um lugar especial
no Reino de Deus.
Maria tem à volta da cabeça um diadema ou auréola de Santa.
Tem as mãos estendidas e levantadas, na atitude de quem está a
orar. Tem de cada lado uma árvore e, sôbre cada uma, uma pomba,
que significam que também na mansão da paz, no paraíso, Maria
ora. Na parte superior está gravado o nome de "Maria", para
certificar que é Maria a pessoa aqui representada.
Tudo isto comprova a devoção que se tinha a Maria Santíssima no
início da Igreja. Como se explicaria a multiplicidade de símbolos e
figuras da Mãe de Deus, se os fiéis não tivessem em seus
corações, para com Ela, a mesma estima, veneração e o amor que
hoje sentimos?
Maria das Catacumbas é mais de uma vez a personificação da Igreja
e sobretudo da Igreja Triunfante; é o exemplar divino sôbre o qual
se modelou a Igreja.
Representada em atitude de oração, é a Medianeira de tôdas as
graças, a Medianeira glorificada e sempre invocada pelos fiéis
cristãos.
É o culto de honra a Marfa, representado nos monumentos que a
mostram. ao lado de Jesus. Culto de invocação, na Virgem Orante
ante o Bom Pastor e na glória do céu. Culto de imitação -
Maria modêlo perfeito de virgindade.
Nas Catacumbas, símbolo da fé da cristandade antiga, as marcas
perenes que a arte cristã primitiva gravou com singeleza, afirmando a
filial devoção a Nossa Senhora.
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