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A causa formal é aquela que faz cada coisa ser o que é, isto é, a
forma da coisa, por oposição à matéria.
Em uma estátua, por exemplo, quando ela é esculpida pelo homem, as
disposições introduzidas no mármore pelo escultor são causa da
estátua por modo de forma, sendo aquilo que fazem a estátua ser a
obra de arte que ela é; já o mármore é causa da estátua por modo
de matéria.
Este exemplo, porém, não passa de uma analogia para uma
compreensão inicial. Na verdade, antes da estátua ser esculpida, o
mármore já era alguma coisa: era uma pedra de mármore. Portanto,
já possuía uma causa formal que fazia com que fosse mármore; o
trabalho do escultor não acrescentou à forma já existente do mármore
senão uma forma acidental, por contraposição à forma substancial
que já existia.
A diferença entre a forma acidental e a forma substancial é que a
forma acidental sempre se acrescenta a um sujeito já existente; a
forma substancial, entretanto, isto é, a forma propriamente dita,
unindo-se com a matéria primeira de que todos os seres corpóreos são
feitos, não se acrescenta a um sujeito, mas forma o próprio
sujeito.
Na doutrina de Aristóteles, portanto, todos os seres corpóreos que
se observa na natureza são compostos de matéria e forma. As
transformações que se observam nos seres naturais são a passagem, na
matéria primeira, da privação de uma forma substancial a esta forma
substancial ou vice-versa; ou, em um sujeito já composto de matéria
e forma, da privação de uma forma acidental a esta forma acidental ou
vice versa.
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