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Conforme afirmamos, iremos nos basear ao longo deste trabalho nos
textos filosóficos de Santo Tomás de Aquino. Por textos
filosóficos não entenderemos aqui apenas as obras de S. Tomás
cujos títulos afirmem explicitamente tratar-se de um trabalho
filosófico; entenderemos por textos filosóficos todas aquelas
passagens das obras de Santo Tomás de Aquino, qualquer que seja o
seu título, em que haja algum argumento cuja validade não dependa
necessariamente de algum princípio que somente possa ser conhecido por
meio da Revelação.
Desta maneira, não serão apenas os Comentários de Santo Tomás
às obras de Aristóteles que serão considerados textos filosóficos;
todas as passagens, mesmo de uma obra como a Summa Theologiae, desde
que contenham argumentos cuja validade não dependa necessariamente de
um dado revelado, serão consideradas neste trabalho como textos
filosóficos.
Para julgar, portanto, se um texto deve ser tido como filosófico
não será relevante a presença ou a ausência de citações das
Sagradas Escrituras; se a citação das Sagradas Escrituras for
utilizada apenas como um exemplo, do qual independa o valor do
argumento, o texto será considerado filosófico. Por este
critério, a maior parte da Summa contra Gentiles, apesar das
copiosíssimas citações de passagens das Escrituras, será, não
obstante isso, uma obra filosófica. Já algumas passagens dos
comentários a Aristóteles, por outro lado, poderão pelos mesmos
critérios não ser considerados textos filosóficos.
Os principais textos de S. Tomás de que faremos uso serão, em
primeiro lugar, os comentários às obras de Aristóteles, isto é,
o Comentário aos Livros da Interpretação, o Comentário aos
Segundos Analíticos, o Comentário à Física, o Comentário ao
De Anima, o Comentário à Metafísica, o Comentário à Ética a
Nicômaco, o Comentário à Política, e o De Ente et Essentia,
que é como que um prolongamento do Comentário à Metafisica,
embora, na ordem cronológica, o De Ente et Essentia seja um dos
primeiros trabalhos de Tomás de Aquino, escrito muitos anos antes do
Comentário à Metafísica. Em segundo lugar, as Quaestiones
Disputatae e as duas Summae, a Summa contra Gentiles e a Summa
Theologiae. Este conjunto pode ser considerado, de uma certa
maneira, o próprio esqueleto da obra de S. Tomás de Aquino.
Mas, além destes, nos serviremos quando necessário de todas as suas
demais obras, qualquer que seja a sua natureza; por exemplo, o
Opúsculo sobre os Princípios da Natureza, as Quaestiones
Quodlibetales, o Comentário ao Símbolo dos Apóstolos, o
Comentário aos Livros das Sentenças, o Comentário ao Livro dos
Nomes Divinos, o Comentário ao Livro do Profeta Isaías, etc.
Para evitar prolixidade desnecessária, as citações das obras de
S. Tomás e de seus biógrafos originais serão dadas em forma
abreviada, contendo apenas o nome da obra e a localização da
passagem; na Bibliografia contida no final deste trabalho poderão ser
encontradas as referências quanto à edição utilizada.
O mesmo deve ser dito a respeito das citações da Patrologia de
Migne, uma obra de quase quinhentos volumes publicada no século
passado na França contendo a quase totalidade dos escritos de autores
cristãos desde o início do cristianismo até o início dos anos
1200 no Ocidente latino e até a queda de Constantinopla
(1453) no Oriente grego. A obra é bastante conhecida e
existente em todas as principais bibliotecas do mundo; será citada
neste trabalho apenas como PL, isto é, Patrologia Latina, ou
PG, isto é, Patrologia Grega.
Nas citações das Sagradas Escrituras, por existirem tantas e tão
boas traduções em todas as línguas, excelentes edições críticas
do original e até versões oficiais como as Vulgatas latinas, serão
mencionadas apenas as localizações das passagens.
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