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Em tudo quanto expusemos até o momento pressupomos haver uma
demonstração dada por Aristóteles e S. Tomás de Aquino sobre a
existência de um ser inteligente e imaterial que seria a causa do ser
de todas as coisas.
Ao iniciarmos este trabalho mostramos que a construção de um sistema
educacional se articula em torno da questão do fim último do homem e
que a contemplação é este fim último para o homem.
Chegamos a esta conclusão através de uma dedução baseada na
própria psicologia humana, mas aos poucos a existência desta causa
primeira pervadiu de tal maneira tudo quanto escrevemos que a
justificativa última do sistema educacional que viemos descrevendo
passou a transpor os dados iniciais de psicologia em que nos baseamos
inicialmente para lançar raízes mais profundas nesta causa primeira
que é a origem do ser e da ordem do cosmos.
Será pois nossa intenção no presente capítulo examinar quais são
os fundamentos sobre os quais se pode demonstrar a existência desta
causa primeira que tem tão profundas conseqüências sobre a própria
natureza da educação humana.
Não será possível, entretanto, desenvolver uma demonstração
integral da existência desta causa, muito menos examinar os vários
aspectos da demonstrabilidade da mesma; fazer isto, além de exigir a
apresentação de conhecimentos mais profundos de filosofia sobre os
quais não tratamos, exigiria também transformar este trabalho em um
tratado de Metafísica. Nosso objetivo, porém, não é escrever um
tratado de metafísica, mas tratar da questão da demonstração da
causa primeira na medida em que isto evidencie melhor em que sentido a
contemplação é o fim último do homem e como a Pedagogia pode ser
ordenada em torno a este fim. Vamos, portanto, desenvolver o
presente capítulo apenas até produzirmos alguma centelha da evidência
sobre que se fundamenta a certeza da existência desta causa primeira,
mais para termos um primeiro contato com a natureza desta certeza do que
propriamente para investigar o assunto de modo abrangente.
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