PRIMEIRA PARTE

Afirmar que um ente pode aperfeiçoar-se sem deixar de ser aquilo que é, supõe abandonar, já de entrada, qualquer postura essencialista, pondo o conteúdo do ente no domínio do ato de ser, e não da essêcia, e afirmando que um ente será tanto mais perfeito quanto mais ser tiver.

Esta é a perspectiva inicial da filosofia do ser. Dos dois coprincípios intrínsecos constitutivos do ente -a essência e o ato de ser- considera este último o mais perfeito. A essência, por si mesma, é mera possibilidade de ser. No ente real, já constituído, a essência se encontra atualizada pela atualidade do ato de ser, mas continua sendo possibilidade de ser. Se o ente real ainda não estiver constituído, então a possibilidade de ser da essência se encontrará ainda em potência. O ato de ser tem, pois, uma legítima primazia no ente real.