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A tentativa, iniciada por Tomás, de harmonizar aristotelismo e
neoplatonismo numa síntese que superasse ambas as perspectivas, foi
bem sucedida e deteve, embora temporariamente, a tendência formalista
que impregnava uma boa parte da filosofia medieval. Foi justamente o
paulatino abandono posterior da posição tomista que possibilitou o
trânsito para o racionalismo moderno, que também compartilha da mesma
visão essencialista do ente[22] característica do formalismo.
Embora na obra de Tomás de Aquino não se encontre um texto
explícito sobre a noção completa do esse, sem dúvida alguma ela é
um dos conceitos fundamentais e estruturadores de sua metafísica. Se
Tomás, na sua imensa obra, não lhe dedicou um texto exclusivo e
exaustivo, é porque, como diz Pieper[23], o conceito de esse era
uma dessas noções tão evidentes para seus autores que não acharam
necessário demorar-se na sua explicação: simplesmente as
utilizaram. Sobre o que é evidente, não se fala.
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