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[1] Digo "imensa maioria"porque, naturalmente, há algumas
exceções, que parecem justificar-se como concessões a uma
estratégia do momento. Pense-se, por exemplo, nas obras
parisienses dos anos 1309 - 1311, dedicadas a combater o
averroísmo. Das outras duas categorias - as citações bíblicas nos
sermões dos anos 1304 - 5, e os exemplis do Llibre de les
bèsties - trataremos mais adiante.
[2] Cf. a bibliografia citada em OS I, pp. 177-9, nn. 3 e
7.
[3] Cf. OS II, p. 205 n. 87 , e as obras e introduções
do ROL XV.
[4] É citado conforme a versão dada por Raimundo Lúlio no
Desconhort, XXV. O original diz Fides non habet meritum, cui
humana ratio praebet experimentum, e é de Gregório o Grande,
Homiliae in Evangelia, 26 (PL 76, 1197).
[5] Nisi credideritis, non intelligetis, Isaias, 7, 9.
[6] Citamos conforme o texto do Llibre de virtuts e de pecats,
NEORL I, 10. O original, Dilige dominum Deum tuum toto
corde tuo, et tota anima tua et tota mente tua ac totis viribus tuis,
encontra-se em Deut. 6, 5, e repetido em Marc. 12, 30 e
Luc. 10 27. Veja-se sobre este ponto o estudo importante de
Jordi Gayà, El conocimiento teológico, como precepto, según
Ramón Llull, EL 18 (1974), pp. 47-51.
[7] O próprio Lúlio parece consciente desta crítica. No Liber de
praedicatione (ROL IV, 11) diz: "Sed antequam ulterius
procedamus, volumus nos de aliquibus excusare, de quibus non
intendimus pertractare. Et ista sunt, de quibus nullam faciemus
mentionem, videlicet auctoritates, historiae, miracula sanctorum,
rogationes et etiam interpretationes. Ratio huius est, quia ista
possunt in divina pagina reperiri."
[8] Com base em passagens do Libre de contemplació, da Doctrina
pueril, do Blaquerna, do Fèlix, do Arbre de ciència, do
Phantasticus, e algumas poesias.
[9] Este lugar privilegiado era algo que a civilização ocidental não
tinha conhecido desde a época helenística. Com relação à
transição da cultura oral a uma escrita, mas que conserva um resíduo
oral, veja-se Walter J. Ong, "Orality, Literacy, and
Medieval Textualization," em New Literary History 16
(1984-5), 1-12, bem como também seu livro, Orality and
Literacy. The Technologizing of the Word (Londres, 1982).
[10] Cf. a obra clássica sobre o tema, Jacques Le Goff, Les
intellectuels au Moyen Age (Paris, 1957).
[11] M.-D. Chenu, La théologie au douzième siècle (Paris,
1976), p. 352. Cf. também The Cambridge History of
Later Medieval Philosophy (Cambridge, 1982), p. 17.
[12] Denominados scripta, expositiones, postillae, glossae, ou
sententiae. Cf. o catálogo das mesmas em A. Weisheipl, Friar
Thomas d'Aquino. His life, Thought and Work (Nova York,
11974), pp. 355 e ss.
[13] A. J. Minnis, Medieval Theory fo Authorship. Scholastic
literary attitudes in the later Middle Ages (Londres, 1984),
p.13.
[14] Minnis, op. cit. , p. 36, e M.-D. Chenu, op. cit.
na nota 11 acima, pp. 351 e ss.
[15] A discussão clássica da relação obra/autor na Idade Média
encontra-se em C. S. Lewis, The Discarded Image (Cambridge,
1964), pp. 210 e ss.
[16] Cf. os dois livros de Robert Chazan: Daggers of Faith.
Thirteenth-Century Christian Missionizing and Jewish Response
(Berkeley/Los Angeles, 1989), e Barcelona and Beyond.
The Disputation of 1263 and Its Aftermath (Berkeley/Los
Angeles, 1992).
[17] Cf. Eusebi Colomer, "El pensament de Ramon Llull i els
seus precedents històrics com a expressió medieval de la relació
fe-cultura", Fe i cultura en Ramon Llull, "Publicacions del
Centre d'Estudis Teològics de Mallorca" II (Mallorca,
1986), pp. 9-29, e meu trabalho, "L'apologètica de
Ramon Martí i Ramon Llull davant de l'Islam i del judaisme",
El debat intercultural als segles XIII i XIV. Actes de les I
Jornades de Filosofia Catalana, Girona 25-7 d'abril de
1988, "Estudi General" 9 (Girona: Col(legi
Universitari, 1989), pp. 171-185.
[18] Disputatio Raymundi christiani et Homeri saraceni (MOG
IV, 476 = Int. vii, 46).
[19] Disputació de cinc savis, ATCA 5 (1986),
33-34. "Muitos argumentos de autoridade de santos poderiam-se
aplicar a estes que nós damos. Todavia, como nenhuma verdadeira
autoridade pode ir contra as razões necessárias, não pretendemos
cuidar neste tratado delas, até mesmo porque os argumentos de
autoridade podem ser expostos de diversas maneiras e se podem ter deles
diversas opiniões, o que multiplica as palavras e o entendimento entra
em confusão quando os homens disputam uns com os outros baseando-se
nos argumentos de autoridade."
[20] Proverbis de Ramon, 248, 5 (ORL XIV, 271).
"Não existe descanso na disputa por argumentos de autoridade."
[21] São Tomás também afirma no começo da Summa contra gentiles
(cap. 2) que por falta de acordo entre muçulmanos, pagãos,
judeus e hereges sobre as autoridades, necesse est ad naturalem
rationem recurrere, cui omnes assentire coguntur, mas na continuação
põe centenas de citações no texto da obra.
[22] Cap. 187,10 e 12 (OE II, 548). Cf. Marcel
Salleras, "L'"art d'esputació de fe"en el Llibre de
contemplació en Déu", El debat intercultural als segles XIII i
XIV. Actes de les I Jornades de Filosofia Catalana, Girona
25-7 d'abril de 1988, "Estudi General" 9 (Girona:
Col.legi Universitari, 1989), pp. 187-197, e
especialmente p. 191. No capítulo sobre "disputar" na Art
demostrativa (OS I, 391) Lúlio chega a dizer que: "Em toda
disputa convém que se dispute por autoridades, se N (= vontade
amando o desamando, entendimento ignorando, memoria esquecendo!),
ou por razões, se E I (= vontade amando ou desamando,
entendimento entendendo, memória lembrando)."
[23] Cap. 83 (ed. Gret Schib, p. 197). "Nossos tempos
não são propícios aos milagres, pois a devoção por converter o
mundo era maior no tempo dos Apóstolos que nos de hoje; e o infiéis
não aceitam argumentos baseados na autoridade; portanto, para
converter os infiéis é conveniente o Livro de demonstrações e a
Arte de encontrar a verdade, que os deve ser mostrada a fim de que com
ela se lute contra a sua inteligência até que conheçam e amem a
Deus."
[24] ENC 50-51, p. 217. "Chegou o tempo em que [os
sarracenos] não aceitam a autoridade dos santos, nem os ignorantes de
minha [Fé] e de minha irmã [Verdade], a luz dos milagres. Por
isto, como as pessoas querem argumentos e demonstrações
necessárias, vou junto ao meu irmão [Entendimento], que é
poderoso, e com a ajuda de Deus, provarei os treze artigos.
Respondeu Blaquerna dizendo que a fé perderia o seu mérito se o
entendimento demonstrasse os artigos mediante os quais a fe ilumina para
que acreditemos contra razão. Contudo, a Fe disse a Blaquerna que
não era conveniente que o principal motivo pelo qual se quer converter
os infiéis, seja justamente que com fé haja major mérito. - É
melhor isso ser uma "intenção segunda", e que a principal
intenção consista em que Deus seja conhecido e amado..."
[25] Cf. a nota 4 acima. É a primeira das três citações que
Lúlio repete sempre.
[26] Trata-se da Disputatio eremitae et Raymundi super aliquibus
dubiis questionibus Sententiarum Petri Lombardi.
[27] MOG iv, 229 = Int. iv, 5. Afirmações semelhantes
encontram-se no Liber de demonstratione per aequiparantiam (ROL
IX, 221), e, mais amplamente argumentadas no Desconhort,
vv.25-6. Em Félix, cap.79 (OS, 261), refere-se a
um outro lado da questão, ao queixar-se de que, se for verdadeiro o
que diz um clérigo, "daí seguir-se-ia que o entendimento humano
não pode nem deve entender a Deus, justamente quando foi criado para
que o entenda. Como poderia entender estas coisas mundanas, se não
foi principalmente criado para entendê-las? E o mesmo poder-se-ia
dizer da memória e da vontade."
[28]V. 218 (ENC 74, p. 60). "[Disse o amigo ao
Amado]que muito se admirava de que tão poucos o amassem, o
conhecessem e o honrassem conforme merecia a sua dignidade. E o Amado
disse-lhe que ficou decepcionado com o homem que criara precisamente
para que o amasse, conhecesse e honrasse. Lamentou-se de que entre
mil homens apenas cem o temian ou amavam. Que dos cem, noventa o
temiam pelo castigo, e dez o amavam esperando, assim, receber
glória. E que ninguém o amava por sua bondade e nobreza." Cf.
Raimundo Lúlio, Livro do amigo e do Amado, «Introdução,
tradução e estudos de Esteve Jaulent», Edições Loyola, São
Paulo, 1989, nº 217 à p. 100.
( "... e que o entendimento possa elevar-se por sua força a fim
de que eu [é a Fe que ainda fala] seja mais poderosa e em um grau
mais elevado. Pois, tanto quanto o entendimento possa subir mais
acima para entender os artigos, poderei eu ultrapassar por cima o
entendimento e acreditar o que não pode entender."
[29] Ars generalis ultima, ROL XIV, 276, e Liber de
ascensu et descensu intellectus, ROL IX, citado por Eusebi
Colomer, "El pensament... "(cf. n. 17 acima), p. 28.
[30] Com respeito a esta segunda das três frases tão citadas, cf. a
nota n. 5 acima.
[31] É por isso que os atos das três potências da alma,
representados pela Figura S, têm tanta importância na etapa
quaternária da Arte.
[32] NEORL I, 10.
[33] Cf. a nota n. 6 acima. A introdução de Fernando
Domínguez Reboiras ao volume XV das ROL, que traz a versão
latina do Llibre de virtuts e de pecats, trata extensamente das
inovações lulianas no campo da pregação. Muitas das observações
e citações destes artigo provém daquela introdução.
[34] Como lembra Jordi Gayà no artigo citado na nota n. 6 acima,
pp. 47-48, o beato "no se limita a interpretar el pasaje como un
consejo", senão que também na Ars mystica (ROL V, 286) o
toma como um preceito. Mas mesmo assim, há uma boa distância entre
dizer que é um preceito e afirmar que foi a finalidade principal da
criação.
[35] Com isso, tendo comentado as três citações que, como dissemos
no início deste artigo, são as únicas que Lúlio repete com certa
freqüência, pode-se verificar que as utiliza para justificar a falta
de citações!
[36] Numa versão simplificada, como corresponde a um público não
necessariamente instruído. Cf. ROL XV, pp. lxxvi-lxxvii,
para uma descrição dos mecanismos utilizados, que têm uma certa
semelhança com a combinatória de virtudes utilizada no Llibre del
gentil e dels tres savis.
[37] Blaquerna, cap. 93 (ENC 58-59, 241), citado por
Domínguez em ROL XV, p. xliii. "É útil na pregação provar
por razões naturais o modo segundo o qual as virtudes e os vícios são
contrários, e como uma virtude concorda com outra, ou um vício com
outro; e por qual força pode-se mortificar um vício com uma ou duas
virtudes, e de que maneira uma virtude pode vivificar uma outra. E
estes procedimentos encontram-se na Arte abreviada de encontrar a
verdade."
[38] "Quaestio. Utrum praedicatio sit major per authoritates quam
per moralem philosophiam? Solutio. Duae sunt terrae in quibus
seminatur praedicatio: de una oritur intelligentia, et de altera
oritur credentia." Lectura super Artem inventivam et Tabulam
generalem (MOG V, 713 = Int. v, 355), citado por
Domínguez em ROL XV, p. xlvi.
[39]"Praedicator sic debet agere in praedicando, sicut facit
intellectus in inveniendo ea de quibus scientia est. (...) Nam
per talia intellectus audientium firmior est per intelligere quam per
credere auctoritates sactorum, eo quia in credendo intellectus agit
extra suum actum naturalem, qui est intelligere; nam unumquodque magis
gaudens et contentum est, quando suo proprio actu uti potest."ROL
XIV, 386.
[40] "Respondit Raymundus dicens, quod teologia sit scientia duobus
modis, scilicet appropriate et propie; appropiate, secundum fidem a
Deo datam (...) et est scientia proprie, quia intellectui no est
proprium credere, sed intelligere."Disputatio eremitae et Raymundi
super aliquibus dubiis quesionibus Sententiarum Petri Lombardi,
MOG IV, 226 = Int. iv, 2.
[41] O primeiro publicado em ROL III e IV, e o segundo em
ROL XII, pp. 1-78.
[42] Thomas E. Burman, "The influence of the "Apology of
Al-Kindi' and "Contrarietas alfolica"on Ramon Lull's Late
Religious Polemics, 1305-1313", Mediaeval Studies 53
(1991), pp. 197-228. À página 218 cita a passagem
do Liber de fine (ROL IX, 259) traduzido aqui.
[43] NEORL I, 10. "todos os sermões tirados da sagrada
Escritura podem ser reduzidos aos sermões contidos neste livro"
[44] PL 210, 595-618.
[45] Étienne Gilson, La philosophie au Moyen Age (Paris,
1947), p. 462.
[46] Ed. N. M. Häring, "Magister Alanus de Insulis,
Regulae caelestis iuris", Archives d'histoire doctrinale et
littéraire du moyen àge 48 (1981), pp. 97-226. Cf.
o fundamental trabalho de Charles Lohr, "The pseudo-Aristotelian
"Liber de causis" and Latin theories of science in the twelfth and
thirteenth centuries", Pseudo-Aristotle in the Middle Ages
(Londres: Warburg Institute, 1986), pp. 53-62, com
relação ao lugar destas obras na história do pensamento científico e
teológico.
[47] OS I, 30.
[48] Como observou com razão Ruiz Simon, nunca deixa de responder
às questões que colocam seus contemporâneos, todavia habitualmente o
faz de um modo algo escondido, não defrontando abertamente as
questiones disputatae do momento.
[49] Sobre as edições destas sete obras, cf. OS II,
559-561, ao qual deve-se acrescentar as edições novas do
Tractatus novus de astronomia e da Declaratio Raymundi per modum
dialogi edita, publicadas em ROL XVII; e uma tradução
francesa do De quadratura et triangulatura circuli obra da qual Armand
Llinarès publicou uma parte, "Version française de la première
partie de la 'Quadrature et triangulature du cercle'", EL
30(1990), pp. 121-138, e a restante em Raymond
Lulle, Principes et questions de Théologie, ed. Armand
Llinarès, trad. René Prevost, "Sagesse chrétiennes"
(Paris, 1989).
[50] "Raymundus Parisiis studens et considerans perversum statum
hujus mundi, multum doluit et potissime super hoc quod ipse per Artem
generalem, quam Dominus Deus illi dederat pro illustrandis tenebris
hujus mundi, rempublicam Ecclesiae Christi nondum potuerit
promovere, ut optabat. (...) [ O ermitão diz que ele]
Parisiis diu studuisset in Theologia, ut cum libris in quibus
studuerat melius posset cognoscere et amare Deum (...)
Veruntamen, inquit, quia in isto scripto edito super Libros
sententiarum, quod nunc lego, invenio quasdam dubias et difficiles
quaestiones, quarum veritatem non possum videre, sum valde afflictus
in tantum quod in aliis veritatibus, quas intelligo de Deo, no possum
quiescere. (...) Raymundus respondit: cogito de quadam Arte
generali quam Deus mihi ostendit in quodam monte, cum qua libenter ad
honorem Dei et tuam pacem tentabo solvere tuas quaestiones. " MOG
IV, 225 = Int. iv, 1.
[51] Cf. OS I, 23 n. 80, sobre os outros lugares da Vita
coetanea e de outras obras onde fala de sua iluminação divina. Sobre
a importância deste acontecimento, cf. Fernando Domínguez,
"Idea y estrutura de la "Vita Raymundi Lulii", EL 27
(1987), p.13. Cf. também Gabriel Seguí Vidal, "La
influencia cisterciense en el Beato Ramón Llull", EL 2
(1958), pp.249-250.
[52] "Subito Dominus illustravit mentem suam, dans eidem formam et
modum faciendi librum (...) contra errores infidelium." "Coepit
(...) ordinare et facere librum illum, vocans ipsum primo Artem
majorem, sed postea Artem generalem. Sub qua Arte postea plures
(...) fecit libros, in eisdem multum generalia principia ad magis
specifica (...) explicando." Vita coetanea, § 14 (ROL
VIII, 280-1; OS I, 23).
[53] "Ars ad honorem dei et salvationem multorum revelata."Vita
coetanea, § 24 (OS I, 33; ROL VIII, 288).
[54] Referimo-nos ao estudo de Minnis citado na nota n. 13 acima.
[55] Minnis, op. cit. , pp. 5 e 28-9. Nas pp. 14-15
relata que entre os estudantes da facultdade de artes, este prólogo
denominava-se accessus, entre os glosadores do direito romano
materia, enquanto que entre os exegetas das sagradas escrituras era
denominado introito ou ingressus.
[56] MOG III, 205-6 - Int. iv, 102; cf. OS I,
64-5. "Como as outras ciências, a Arte tem uma quádruple
causa, isto é, o autor, a forma, a matéria e o fim. Poderia
dizer-se que o autor é Deus, a cuja magnificência a Arte está
dedicada, enquanto que o autor imediato é um homem vil e pecador, que
não tem nenhuma importância. A matéria é constituída pelas
figuras e termos da própria Arte. A forma radica no descenso do
universal para os particulares, que consiste no discurso ordenado dos
atos da alma, realizado pela mistura dos triângulos da Figura T nos
termos das outras figuras. Esta mistura ordenada produz o resultado
desejado, que é a necessária afirmação da verdade ou a negação da
falsidade. Dizemos que esta é a finalidade de esta Arte."
[57] Cf. a nota 60 mais embaixo.
[58] Reproduzido em MOG I, 109-110. Cf. H. Riedlinger
em ROL V, 138-141, e J.N. Hillgarth, Ramon Lull and
Lullism in Fourteenth-Century France (Oxford, 1971), p.
155.
[59] Fernand van Steenberghen, "Raimundi Lulli Opera
Parisiensia."EL 13 (1969), p. 95.
[60] "Ait eremita: Raymunde, dixisti mihi plura bona et nova, quae
nunquam audiveram; sed quia habes alium modum extraneum quam habeant
moderni magistri, et ego sum habituatus in scientia secundum eorum
modum, et in aliquibis opinionibus sum nutritus contra tuas, adhuc non
bene assuevi nec habituavi tuas rationes; et ideo propono ipsas
diligenter habituare et secundum tuum modum per quem ipsas mihi
tradidisti, principiis tuae Artis concordare." MOG IV, 342
= Int. iv, 118. Cf. o comentário de V. Hösle a esta
passagem em Raimundus Lullus. Die neue Logik - Logica nova, ed.
Charles Lohr (Hamburg: Felix Meiner Verlag, 1985), p.
lx.
[61] OS I, 598, "mostre aos alunos o texto, seguindo os passos
racionais, e não se apegue à autoridade dos outros" (; ROL
XII, 253; um texto similar pode-se encontrar em Ars generalis
ultima, ROL XIV, 524.
[62] Cf. o seu Listening for the Text. On the uses of the past.
(Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1990),
principalmente os caps. 1 e 7, e também o seu "History,
Literature, and Medieval Textuality", Images of Power.
Medieval History/Discourse/Literature, "Yale French
Studies"70 (New Haven: Yale University Press,1986),
pp. 7-17.
[63] O fato de propôr uma interpretação alternativa à oficial da
Igreja, automaticamente marginalizou a missão de Pedro Valdo, o
que o diferenciava notavelmente de Raimundo Lúlio, famoso pelo seu
afã de unidade e de universalidade. Este afã, contudo, não foi
compartido por todos os seus seguidores - como por exemplo os
espirituais franciscanos valencianos do séc. XIV, cuja ânsia
inclinava-se mais para o choque e a marginalização.
[64] Sobre a expressão "mostrar ciência ao povo", que se origina
no Llibre de virtuts e de pecats, cf. NEORL I, P. 16,
ROL XV, p.123, e a análise de Fernando Domínguez na
introdução deste último tomo, pp. xlii e ss.
[65] A oposição do inquisidor Eimeric às "razões
necessárias"lulianas é bem conhecida. Outra figura importante da
época, o teólogo da cúria papal, Agustí Triomf, denunciou
fortemente sua presunção e incorreção (cf. Hillgartg, Ramon
Lull, citado na nota 58 acima, p. 56; e o seu Readers and
Books in Majorca, 1229-1550, 2 vols., Paris: Centre
National de la Recherche Scientifique, 1991, vol. I, p.
202).
[66] Era, como resulta evidente, a última coisa que teria desejado
Raimundo Lúlio, que desenvolveu um esforço enorme e sincero para
persuadir todos os estamentos da validez de sua missão. Mas este
suporte institucional que procurava nunca chegou com a força
necessária para contrarrestar tal oposição, ou, quando chegava,
era de setores de por si suspeitos - como foi o caso do ministro geral
dos franciscanos, Ramon Gaufredi, conhecido pela sua simpatia com os
espirituais. Hillgarth, Readears and Books, I, p. 202,
comenta que talvez os aliados lhe foram mais funestos que os inimigos.
[67] Cf. Stock "History" (n. 62 acima), p. 15.
[68] Hillgarth, Readears and Books, I, p. 198 e n. 48.
[69] Le Goff (cf. n. 10 acima).
[70] Stock "History" (n. 62 acima), p. 15.
[71] Hillgarth, Readears and Books, I, p. 198 e n. 49.
[72] Ibid. p. 201 e n. 65.
[73] O fato de que se acrescentem outros textos pseudo-lulianos, não
muda para nada esta situação. As obras espúrias sobre alquimia,
cabala o a Imaculada (dos lulistas valencianos) utilizavam o
vocabulário e operavam no mundo conceitual luliano, e podiam ser de
igual modo endoreferenciais.
[74] Giordano Bruno também o admirava como stultus et idiota (cf.
Michele Ciliberto, La ruota del tempo. Interpretazione di
Giordano Bruno, Roma, 1986, 84)
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