|
Alcuíno, o homem mais erudito de seu tempo, ensina por meio de
adivinhas, charadas e anedotas. E consubstancia formalmente seu
princípio pedagógico numa carta [16] dirigida ao Imperador
Carlos Magno: “Deve-se ensinar divertindo!”
Antológico, nesse sentido, é o diálogo entre Alcuíno [17] e
Pepino, então um garoto de 12 anos. Junto com a discussão dos
grandes temas existenciais - o que são a vida e a morte; o que é o
homem etc. - o mestre propõe divertidas charadas ao aprendiz:
“Psst, não conta para ninguém, quero ver se você sabe qual é a
caçada na qual o que apanhamos não trouxemos conosco e o que não
pudemos caçar, sim, trouxemos conosco”. O menino, prontamente,
responde - mostrando que sabe - que é a caçada feita pelo caipira
(os piolhos: os piolhos que “caçamos” não os trazemos conosco; os
que não conseguimos caçar, sim ,trazemos conosco! - p. 87)
Nas escolas monásticas, o lúdico e o jocoso tinham, além do
caráter motivacional, uma outra função pedagógica: aguçar a
inteligência dos jovens. Ad acuendos iuvenes [18] é o título de
diversas coletâneas de exercícios de Aritmética. Nelas encontramos
divertidos problemas como o seguinte: “Problema do boi. Um boi que
está arando todo o dia, quantas pegadas deixa ao fazer o último
sulco? R.: Nenhuma, em absoluto: as pegadas do boi, o arado as
apaga”. (p. 98)
|
|