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Afirmar que um ente pode aperfeiçoar-se sem deixar de ser aquilo que
é, supõe abandonar, já de entrada, qualquer postura
essencialista, pondo o conteúdo do ente no domínio do ato de ser, e
não da essêcia, e afirmando que um ente será tanto mais perfeito
quanto mais ser tiver.
Esta é a perspectiva inicial da filosofia do ser. Dos dois
coprincípios intrínsecos constitutivos do ente -a essência e o ato
de ser- considera este último o mais perfeito. A essência, por si
mesma, é mera possibilidade de ser. No ente real, já
constituído, a essência se encontra atualizada pela atualidade do ato
de ser, mas continua sendo possibilidade de ser. Se o ente real ainda
não estiver constituído, então a possibilidade de ser da essência
se encontrará ainda em potência. O ato de ser tem, pois, uma
legítima primazia no ente real.
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