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Explicamos ao longo deste livro, em primeiro lugar, que é através
da fé que se alcança a graça do Espírito Santo.
Dissemos depois, porém, que para crer é necessária esta mesma
graça que se alcança através da fé.
Estas duas afirmações não são contraditórias porque, conforme
explica Santo Tomás no Comentário à Epístola aos Romanos, a
graça do Espírito Santo não se alcança através da fé como se
pela fé estivéssemos merecendo a graça e a justificação que vem
juntamente com ela, mas, muito diferentemente, pela fé se alcança a
graça e a justificação porque a própria fé é o início da
justificação que em nós é operada pela graça:
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"Diz São Paulo na Epístola aos Romanos
que Abraão creu em Deus
e isto lhe foi tido em conta para a justiça,
e que a fé é imputada como justiça
não aos que operam,
mas aos que crêem em Deus
que justifica o ímpio (Rom. 8, 3-5).
Isto significa
que segundo o propósito da graça de Deus
a fé é imputada para justiça
aos que crêem em Deus que justifica o ímpio
não de tal modo que pela fé se mereça a justiça,
mas porque o próprio crer
é o primeiro ato da justiça
que Deus opera neles".
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Santo Tomás de Aquino
Com. a Romanos, C. 4, l. 1
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Também no início do Comentário ao Credo Santo Tomás de Aquino
fêz uma afirmação muito semelhante a esta, ao dizer que a fé já é
a própria vida eterna que se inicia em nós:
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"Pela fé se inicia em nós
a vida eterna",
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diz Tomás de Aquino,
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"pois a vida eterna nada mais é
do que conhecer a Deus.
De fato, diz o Senhor no Evangelho de São João:
`Esta é a vida eterna:
que te conheçam a ti,
único Deus verdadeiro'.
Ora, este conhecimento de Deus
se inicia em nós pela fé".
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