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Moisés olhava para a nuvem e ensinava o povo a seguir este fenômeno.
Então chegaram ao mar Vermelho. Ali, enquanto a nuvem dirigia a
marcha, as tropas dos egípcios cercaram completamente o povo por
traz, sem lhe deixar possibilidade de escapar por nenhuma parte,
encurralado entre seus terríveis inimigos e o mar. Foi então que
Moisés, reconfortado com a força divina, fez o mais incrível de
tudo. Tendo se aproximado da margem, golpeou o mar com seu bastão.
O mar se fendeu com o golpe. E, como costuma acontecer com o vidro
que começando a se rachar em uma parte a fenda chega diretamente até o
outro extremo, assim, fendido todo aquele mar em uma extremidade pelo
bastão, a fenda das ondas se estendeu até a margem oposta. Onde o
mar se havia dividido, Moisés desceu até o fundo; junto com todo o
povo, estava nas profundezas, com o corpo enxuto e iluminado pelo
sol. No fundo seco do mar, atravessou a pé os abismos, sem temer
aquela muralha de ondas que se haviam formado de um lado e de outro:
uma fortificação reta, feita dos lados deles, da solidificação do
mar (Ex 14, 19-22). Porem, quando o Faraó entrou com os
egípcios no mar pelo caminho aberto recentemente entre as ondas, as
águas se uniram novamente com as águas; o mar fechando-se sobre si
mesmo segundo sua forma primitiva, mostrou a superfície da água
novamente unida, enquanto os israelitas, na margem oposta, se
refaziam do grande esforço de sua marcha através do mar. Então
cantaram a Deus um canto de vitória por haver erguido para eles um
troféu sem derramamento de sangue, posto que os egípcios haviam sido
aniquilados sob as águas com todo seu exército, seus cavalos, seus
carros e suas armas (Ex 14, 26-15, 21). Depois disto,
Moisés continuou avançando e, após haver percorrido durante três
dias um caminho sem água, encontrou-se em grandes dificuldades ao
não ter como saciar a sede do exército. Havia uma lagoa de água
salobra, mais amarga que a água do mar, ao redor da qual acamparam.
Estavam ali sentados em torno da água, devorados pela ânsia de
água. Moisés, impelido por uma inspiração divina, tendo
encontrado um pedaço de pau naquele lugar, atirou-o na água que,
imediatamente, se converteu em potável pela própria força daquele
lenho, que transformou a natureza da água de salobra em doce (Ex
15, 22-25). Posto que a nuvem empreendesse novamente a marcha
para adiante, eles se puseram também em marcha seguindo o movimento de
seu guia. Faziam sempre o mesmo, parando onde a detenção da nuvem
lhes dava o sinal de descanso, e empreendendo a marcha precisamente
quando a nuvem recomeçava a guia- los. Seguindo este guia, chegaram
a um lugar regado por água potável, banhado generosamente por doze
fontes e que recebia a sombra de um bosque de palmeiras. As palmeiras
eram setenta. Apesar de número tão pequeno, bastavam para produzir
grande admiração a quem as olhava porque eram de excepcional beleza e
altura (Ex 15, 27). Tendo o guia se posto novamente em
movimento, isto é, a nuvem conduz o exército dali para outro lugar.
Este era um deserto de areia seca que queimava, sem uma única gota de
água que umedecesse aquele lugar. Aqui o povo foi atormentado
novamente pela sede. Uma pedra situada a uma certa altura, golpeada
com a vara por Moisés, deu água doce e potável mais que suficiente
para a necessidade do exército (Ex 17, 1-6). Ali mesmo se
acabou a provisão de alimentos que haviam trazido do Egito para o
caminho. O povo foi acossado pela fome e teve lugar o milagre maior de
todos: o alimento não lhes brotava da terra como seria natural, mas
vinha gotejado de cima, do céu, em forma de orvalho. Pois ao
amanhecer do dia caía para eles um orvalho. Este orvalho se convertia
em alimento para os que o recolhiam. O que caía não eram gotas
líquidas de água, como ocorre normalmente com o orvalho, mas em
lugar de gotas de água caíam grãos parecidos com gelo; sua forma era
redonda como semente de coentro, e seu sabor parecia a doçura do mel
(Ex 16, 14).
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