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Entre estes, o ouro, o mais abundante, revestia todo o perímetro
das colunas; a prata era utilizada junto com o ouro paras adornar os
capitéis e as bases das colunas com a finalidade – isto é o que penso
– de que com a diferença de cor em cada lado, o ouro brilhasse mais
ao ser contemplado. Havia também lugares em que se julgou útil o
material de bronze para que servisse de capitel e de base para a parte
de prata das colunas (Ex 25, 1-22). Os véus, os tapetes,
os arredores do templo e o toldo estendido sobre as colunas, todas
estas coisas estavam realizadas convenientemente, cada uma tecida com a
sabedoria da arte do tecelão e feita da matéria apropriada. Algumas
telas tinham a cor de jacinto e púrpura, o flamejar do rubro
vermelhão, o esplendor do algodão em sua forma natural e sem
artifício: outras eram feitas de linho, e outras de crinas, segundo
o uso dos tecidos. Em alguns lugares haviam sido colocadas, para
adorno das tendas, peles cuidadosamente tingidas de vermelho (Ex
26, 1 – 4). Após sua descida do monte, Moisés fez com que
alguns artesãos construíssem estas coisas conforme o modelo da
construção que lhe tinha sido mostrado. Também quando se encontrava
naquele templo não feito por mão de homem, lhe foi prescrito com que
ornamentos era necessário que o sacerdote estivesse ataviado ao entrar
no santuário; a palavra lhe deu instruções no que concerne tanto à
vestimenta interior como à exterior. As peças destes ornamentos
começam pelo que é mais exterior, não pelo que está oculto. O
peitoral era bordado de diversas cores, o mesmo para o véu, porem
tinha ainda um fio de ouro com broches de ambos os lados que prendiam o
peitoral e nos quais haviam esmeraldas engastadas em circulo por meio do
ouro. A beleza destas pedras provinha do esplendor próprio de sua
natureza – que reluzia com raios verde-mar que emanavam dela – e do
prodígio da arte com que haviam sido talhadas. Não se tratava dessa
arte que executa um talhado para reproduzir a imagem de alguns ídolos,
mas a beleza provinha dos nomes dos patriarcas gravados nas pedras,
seis em cada uma (Ex 28, 6-12). Haviam pendurado pequenos
escudos na parte da frente; as correntes se desdobravam entrelaçadas
entre si com certa alternância como um cordão, e desciam de cada lado
desde cima, desde os broches, com o fim – assim penso – de que
resplandecesse mais a beleza do trançado, realçado pelas coisas que
se encontravam abaixo (Ex 28, 13-14). Depois aquele
ornamento tecido de ouro era colocado diante do peito, no qual havia
pedras de diversas classes em número igual ao dos patriarcas,
ordenadas em quatro filas, com três pedras incrustadas em cada uma,
que levavam escritos os nomes das tribos. A túnica que havia em baixo
do peitoral descia do colo até as pontas dos pés, adornada nobremente
com franjas pendentes. A borda inferior não só era trabalhada
formosamente com variedade de tecido, como também com adornos de
ouro. Estes consistiam em campainhas de ouro e romãs colocadas
alternadamente ao longo da fímbria (Ex 28, 15-35). Logo a
mitra da cabeça era toda violeta; a lâmina da frente, de ouro puro,
gravada com um sinal inefável. E, alem disso, o cíngulo, que
cingia as pregas da túnica, e a finura das vestes íntimas, e tudo o
que por meio da beleza dos vestidos se ensinava simbolicamente sobre a
virtude sacerdotal (Ex 28, 36-40). Moisés, depois de
envolvido por aquelas trevas que o faziam invisível, foi instruído em
relação a estas coisas e a outras parecidas por inefável ensinamento
de Deus, chegando, pela aquisição de doutrinas secretas, a ser
maior que ele mesmo; então sai novamente das trevas e desce até sua
gente para faze-los partícipes das maravilhas que lhe haviam sido
mostradas na teofania, estabelecer as leis e instituir para o povo o
templo e o sacerdócio conforme o modelo que lhe havia sido mostrado no
monte. Levava também em suas mãos as tábuas sagradas, que eram
iniciativa e presente divino, cuja fabricação não tivera ajuda
humana, pois a matéria e o que havia escrito nelas eram igualmente
obra de Deus. O que estava escrito era a Lei. Porem o povo
resistiu à graça e se extraviou na idolatria antes que o Legislador
voltasse (Ex 32, 15-16).
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