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Os nomes dos patriarcas, gravados junto aos ombros, contribuem não
pouco a nosso ornamento, pois a vida dos homens se encontra enriquecida
com os exemplos de boas obras que eles nos deram. Sobre este ornamento
das peças de tela, ainda desce, desde cima, outro ornamento. Os
escudos de ouro fixados em cada lado dos ombros, sustentando entre eles
um objeto de ouro de forma quadrangular resplandecente com doze pedras
colocadas em fila. Quatro filas, cada uma com três pedras. Entre
elas não havia nenhuma igual à outra, mas cada uma brilhava com seus
resplendores especiais. Esta era a forma destes ornamentos. A
interpretação dos escudos pendentes dos ombros designa as duas partes
da armadura contra o inimigo. Da mesma forma que a virtude está
dirigida, como dissemos a pouco, pela fé e pela boa consciência,
uma parte e outra é protegida com a defesa dos escudos, e se faz
invulnerável ante os dardos do inimigo graças às armas da justiça a
direita e a esquerda (2Co 6, 7). O ornamento quadrado que pende
dos escudos de uma e outra parte e no qual, gravados em pedras, estão
os patriarcas que dão nome às tribos, designa o véu que protege o
coração. O relato nos ensina através das vestes que aquele que
afastou o perverso arqueiro com estes escudos, adorna a própria alma
com todas as virtudes dos patriarcas, cada um resplandecendo de forma
diferente no tecido da virtude. A forma quadrada significa a
estabilidade no bem, pois um objeto com esta forma é difícil de
desarticular, por estar apoiado uniformemente nos ângulos pela
retidão dos lados. As correntinhas com que estes ornamentos se aderem
aos braços, parece-me que ensinam que, no que se refere à vida
superior, é necessário unir a filosofia prática à que se realiza na
contemplação, de forma que o coração se converte em símbolo da
contemplação e os braços das obras. A cabeça adornada por diadema
significa a coroa destinada aos que viveram retamente. Ela é adornada
com o nome que está gravado na lâmina de ouro (Ex 28, 36) com
caracteres indizíveis. Quem está revestido com tais ornamentos não
leva calçado a fim de não estar sobrecarregado na estrada, nem ser
entorpecido com um revestimento de peles mortas, conforme a
interpretação que já fizemos na exegese do acontecimento da
montanha. Com efeito, como poderia o calçado ser ornamento dos
pés, se já na primeira iniciação do mistério foi afastado como
estorvo para a subida? Aquele que passou através das sucessivas
ascensões que consideramos, leva nas mãos as tábuas feitas por Deus
e que contêm a Lei divina. Estas se quebram ao chocar-se com a
dureza da resistência dos pecadores. A classe de pecado foi a
idolatria. Os idólatras haviam esculpido a imagem de um bezerro,
que, uma vez destruída por Moisés, foi dissolvida em água que se
fez beber os que haviam pecado até que desaparecesse totalmente a
matéria que havia sido posta ao serviço da impiedade dos homens (Ex
32, 15- 20). O relato anunciou então, profeticamente,
coisas que principalmente aconteceram agora entre nós, em nosso
tempo.
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