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Como era, pois, aquela tenda não feita por mão de homem, que foi
mostrada a Moisés no alto da montanha, recebendo ordem de tomá-la
como modelo para dar a conhecer, através de uma obra feita a mão, a
maravilha não feita por mão de homem? Olha - disse - farás todas
as coisas conforme o modelo que te foi mostrado na montanha (Ex 25,
40). Colunas de ouro apoiadas em bases de prata e adornadas também
com capitéis de prata. Depois outras colunas cujos capitéis e cujas
bases eram de bronze e o corpo do meio de prata. Todas tinham um
suporte de madeira incorruptível e em toda sua volta se espalhava o
resplendor próprio destes materiais de construção. Havia também
uma arca de ouro puríssimo, que resplandecia do mesmo modo; o apoio
do revestimento de ouro era também de madeira incorruptível. Alem
disso um candelabro: único em sua base, mas dividido no alto em sete
braços e sustentando em seus braços igual número de lâmpadas. Ouro
era a matéria do candelabro, e seu interior não era oco, nem estava
chapeado na madeira. Alem destas coisas, o altar, o expiatório e os
querubins cujas asas davam sombra à arca (Hb 9, 5). Todas estas
coisas eram de ouro; o ouro não só dava o brilho de ouro à
superfície, mas era ouro maciço que estava inclusive no interior dos
objetos. Havia ainda tapetes de diversas cores, tecidos com arte,
com flores diversas abrindo-se entrelaçadas entre si como adorno do
tecido. Com estes tapetes se separava o que, na tenda, era visível
e acessível para alguns ministros sagrados, e o que estava vedado e
era inacessível. O nome da parte anterior era o Santo, e o da parte
secreta Santo dos Santos (Ex 26, 33). Enfim havia pias,
incensários, a cobertura exterior das tendas, e tecidos de crinas e
peles tingidas de vermelho; e todas as outras coisas que Moisés
expôs com palavras (Ex 30, 18). Quem poderia compreende-las
com exatidão? Que realidades não feitas por mão de homem estas
coisas imitam? Que proveito recebem os que vêem a imitação material
daquelas coisas que foram contempladas ali por Moisés? Parece-me
oportuno deixar a interpretação exata destas coisas a quem tem o poder
de investigar as profundezas de Deus por meio do Espírito (1Co
2, 10), se há alguém que possa manifestar os mistérios no
Espírito, como diz o Apóstolo (1Co 14, 2). De nossa
parte, propomos hipoteticamente nossa interpretação destes assuntos,
e a submetemos ao bom sentido de quem a ouça, deixando sua aceitação
ou seu repúdio ao parecer de quem a examine.
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