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Isto é o mais paradoxal de tudo: como a quietude é o mesmo que o
movimento. Com efeito, quem corre não está quieto, e quem está
quieto não marcha para cima; aqui, ao contrário, o permanecer
estável se origina do caminhar para cima. Isto quer dizer que quanto
mais sólida e firmemente alguém se mantém no bem, tanto mais consuma
a corrida da virtude. Quem é instável e vacilante quanto à base de
suas convicções, por carecer de uma segura estabilidade no bem,
sacudido pelas ondas e levado de um lado a outro, como diz o Apóstolo
(Ef 4,14), ao estar agitado e duvidoso em sua concepção dos
seres, jamais alcançará a virtude. Os que sobem uma costa de
areia, ainda que dêem grandes passos, fadigam-se com pouco
resultado, pois seus pés se afundam sempre juntamente com a areia; se
esforçam no movimento, porem deste movimento não obtêm nenhum
avanço. Poré se alguém, como diz o salmo, tira seus pés do seio
do abismo (Sal 40, 3), e os coloca sobre a pedra, - e a pedra
é Cristo, virtude perfeita (1Co 10, 4) -, quanto mais firme
e imóvel se faz no bem conforme o conselho de São Paulo (1Co
15, 58), tanto mais veloz corre sua corrida, servindo-se da
estabilidade como de asas: em sua marcha para cima, o coração, por
sua segurança no bem, lhe serve de asas.
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