CAPÍTULO 13.

Avancemos com a continuação do texto, tendo bem presente o que já explicamos: que o mesmo Moisés ou aquele que a sua imitação se eleva na virtude, depois de haver fortalecido sua alma com uma prolongada vida elevada e reta, e com a iluminação recebida do alto, considera como uma injustiça de sua parte não guiar seus compatriotas a uma vida livre. Moisés saindo a seu encontro infunde-lhes um desejo mais forte de liberdade pondo diante deles a gravidade dos padecimentos. A quando está perto de libertar seu povo do mal, traz a morte a todo primogênito egípcio (Ex 12, 29), indicando-nos deste modo que é necessário destruir o mal em seu primeiro broto, pois do contrário é impossível escapar da vida egípcia. Parece-me importante não deixar passar este pensamento sem refletir sobre ele. Pois se alguém considerar só o sentido literal, como poderá manter uma interpretação digna de Deus nos acontecimentos narrados? É injusto o egípcio e em seu lugar é castigado seu filho recém nascido que por sua tenra idade não pode distinguir entre o bem e o mal. Sua vida é alheia à paixão malvada, pois a infância não dá lugar à paixão, nem estabelece diferença entre a direita e a esquerda; unicamente ergue os olhos ao peito de sua nutriz, para expressar sua dor só dispões de suas lágrimas e, se consegue o que deseja sua natureza, mostra sua alegria com um sorriso. Onde está a justiça, se este cumpre o castigo pela maldade paterna? Onde a piedade? Onde Ezequiel clamando que a alma que peca, esta morrerá e não será responsável o filho, mas o pai (Ez 18, 20)?