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Assim pois, que a fé ressoe com som puro e grande na pregação da
santa Trindade; que a vida imite a natureza do fruto da romã. Sua
aparência é de algo incomestível por estar recoberta com uma casca
dura e rugosa, porem seu interior é agradável de ver pela maneira
variada e formosa da localização do fruto. E é ainda mais
agradável de saborear, por seu doce paladar. O modo de vida sábio e
austero não é agradável nem suave aos sentidos, porem está cheio de
boas esperanças e amadureceno tempo oportuno. Quando nosso jardineiro
abrir a romã da vida no tempo oportuno e mostrar a beleza do que se
guarda nela, então a participação nos próprios frutos será doce
para quem os desfrute. Pois diz o divino Apóstolo que toda
disciplina no presente não parece trazer gozo, senão tristeza, essa
é a primeira impressão de quem toca a romã, porém depois dá um
fruto de paz (Hb 12, 11). Esta é a doçura do interior
comestível. No texto se ordena que a túnica esteja também com
franjas (Ex 28, 35). As franjas são pendentes esféricos
colocados no vestido para adorno e não por necessidade. Aprendemos
com isto que é necessário medir a virtude não só pelo preceito, mas
que devemos buscar também o que está alem do exigido, de forma que se
acrescenta ao vestido algo de adorno. Assim se comportava Paulo, que
unia de sua parte franjas formosas aos preceitos. Ainda que a Lei
prescreva que todos os que servem o altar vivam do altar (1Co 9,
13-14), e que todos os que anunciam o Evangelho vivam disso,
ele prega gratuitamente o Evangelho, passando fome, sede e estando nu
(2Co 11, 7 e 1Co 4, 11). Estas são as formosas
franjas, acrescentadas por nós, que embelezam a túnica dos
mandamentos. Ainda mais, em cima da túnica, colocam-se as peças
de tela que caem dos ombros e que cobrem até o peito e a espádua,
unidas entre si por dois broches em cada lado dos ombros. Estes
broches são de pedras que levam gravados os nomes dos patriarcas, seis
em cada um. O tecido destas peças de tela é de diversas cores: o
jacinto se entrelaça com a púrpura, e o vermelho carmim se mescla com
o linho fino; o fio de ouro está entremeado com todas estas cores a
ponto de fazer resplandecer uma única formosura em um tecido de tão
diversas cores. O que aprendemos com isto é o seguinte: a parte
superior do vestido, que se converte propriamente em adorno do
coração, é feita da mescla de muitas virtudes. O jacinto se
entrelaça com a púrpura, pois a dignidade real se une à pureza da
vida. O escarlate se mescla com o linho, porque o resplandecente e
límpido da vida cresce juntando-se com o vermelho do pudor. O ouro
que brilha entre estas cores designa o tesouro escondido em uma vida
assim.
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