CAPÍTULO 31.

Assim pois, que a fé ressoe com som puro e grande na pregação da santa Trindade; que a vida imite a natureza do fruto da romã. Sua aparência é de algo incomestível por estar recoberta com uma casca dura e rugosa, porem seu interior é agradável de ver pela maneira variada e formosa da localização do fruto. E é ainda mais agradável de saborear, por seu doce paladar. O modo de vida sábio e austero não é agradável nem suave aos sentidos, porem está cheio de boas esperanças e amadureceno tempo oportuno. Quando nosso jardineiro abrir a romã da vida no tempo oportuno e mostrar a beleza do que se guarda nela, então a participação nos próprios frutos será doce para quem os desfrute. Pois diz o divino Apóstolo que toda disciplina no presente não parece trazer gozo, senão tristeza, essa é a primeira impressão de quem toca a romã, porém depois dá um fruto de paz (Hb 12, 11). Esta é a doçura do interior comestível. No texto se ordena que a túnica esteja também com franjas (Ex 28, 35). As franjas são pendentes esféricos colocados no vestido para adorno e não por necessidade. Aprendemos com isto que é necessário medir a virtude não só pelo preceito, mas que devemos buscar também o que está alem do exigido, de forma que se acrescenta ao vestido algo de adorno. Assim se comportava Paulo, que unia de sua parte franjas formosas aos preceitos. Ainda que a Lei prescreva que todos os que servem o altar vivam do altar (1Co 9, 13-14), e que todos os que anunciam o Evangelho vivam disso, ele prega gratuitamente o Evangelho, passando fome, sede e estando nu (2Co 11, 7 e 1Co 4, 11). Estas são as formosas franjas, acrescentadas por nós, que embelezam a túnica dos mandamentos. Ainda mais, em cima da túnica, colocam-se as peças de tela que caem dos ombros e que cobrem até o peito e a espádua, unidas entre si por dois broches em cada lado dos ombros. Estes broches são de pedras que levam gravados os nomes dos patriarcas, seis em cada um. O tecido destas peças de tela é de diversas cores: o jacinto se entrelaça com a púrpura, e o vermelho carmim se mescla com o linho fino; o fio de ouro está entremeado com todas estas cores a ponto de fazer resplandecer uma única formosura em um tecido de tão diversas cores. O que aprendemos com isto é o seguinte: a parte superior do vestido, que se converte propriamente em adorno do coração, é feita da mescla de muitas virtudes. O jacinto se entrelaça com a púrpura, pois a dignidade real se une à pureza da vida. O escarlate se mescla com o linho, porque o resplandecente e límpido da vida cresce juntando-se com o vermelho do pudor. O ouro que brilha entre estas cores designa o tesouro escondido em uma vida assim.