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[1] Ignora-se o dia; o nome imposto no batismo a este menino
foi o de Ínigo, nome que mais tarde trocou no de Inácio.
[2] Esta antiga fortaleza, elevada numa altura que domina
todos os arredores, é dependente da freguesia de Azpeitia, a
doze quilômetros pouco mais ou menos de Tolosa, distrito da
província de Guipúzcoa, que outrora fazia parte da de
Biscaia. No meio do frontão, acima da porta de entrada. ainda
se vêem esculpidas as armas de Loiola, que são dois leões a
acometerem-se, e, entre os dois, um vaso preso duma cadeia
que cai tia extremidade do escudo. Este vaso, em forma de
marmita, encontra-se na maior parte das armas das antigas
famílias de Espanha; era sinal da hospitalidade hereditária
nessas famílias.
[3] Segundo informações do Padre Artola , Jesuíta espanhol,
com residência em Loiola (Janeiro de 1855), vê-se ainda hoje,
na igreja paroquia] de Azpeitia a pia batismal cm que o santo
recebeu o batismo.
[4] Inácio foi educado no palácio do amigo de seu pai, D.
João Velázquez de Cuéllar, contador-mor dos reis católicos.
Na sua casa de Arévalo, ou na corte, onde D. João demorava
freqüentemente, passou Inácio os anos da adolescência. Não
consta, porém, ao certo que chegasse a ser pajem dos reis,
embora não ofereça dúvidas a sua permanência na corte.
Só depois da morte do contador-mor D. João Velázquez é que
Inácio se alistou no exército do Duque de Nájera, D. Antonio
Manrique, vice-rei da Navarra. Retifique-se de harmonia com
estes dados o que vai escrito no texto.
[5] Talvez fosse aquela de quem recebia lições de bem viver e
de alta cortesia, segundo o uso daquele tempo cavaleiresco.
As princesas de sangue real não se desprezavam de dar esses
ensinos de urbanidade aos jovens pajens que tinham captado o
favor do soberano.
Narrando ao Padre Gonçalves da Câmara este episódio da sua
vida, Inácio não lhe deu outra explicação senão esta- "Ela
era mais que duquesa". Ora, não havia então na corte de
Espanha senão duas princesas de sangue real : Germana de
Foix, - sobrinha de Luis XII e viúva de Fernando o Católico
do qual era segunda esposa - e a jovem princesa Catarina do
Aragão filha da rainha Joana.
[6] Os historiadores de Santo Inácio acusam os navarros de
cobardia. Basta lançar uma vista de olhos para a situação
política da Navarra nesta época para justificar o seu
procedimento.
[7] Inácio de Loiola narrou este fato ao Padre Gonçalves da
Câmara.
[8] Tendo sido destruída esta fortaleza, erigiu-se, no local
por ela ocupado um santuário em honra de Santo Inácio de
Loiola. Uma inscrição lembra o heroísmo de que ele deu provas
naquele lugar antes de ser o herói evangélico a quem a Igreja
deve a santa Companhia de Jesus.
[9] Ribadeneira.
[10] Esta cor era reservada aos gentis-homens do rei.
[11] Era este o trajo de rigor dos fidalgos da corte, quando
não traziam a pesada armadura de guerra, que não usavam
nunca fora do campo de batalha.
[12] Chamava-se juízo de Deus, ao resultado duma prova ou dum
combate singular, cujo fim era reconhecer o culpado num
negócio duvidoso. Aquele que saía vitorioso sem acidente da
prova de fogo, da água ou das armas, era declarado inocente
do crime de que o acusavam.
[13] João Chanones era francês e vigário geral do Bispo de
Mirepoix, no Languedoc. Tendo tido a devoção de fazer uma
peregrinação a Nossa Senhora de Monserrate não pôde
resignar-se a abandonar aquele lugar bendito. Enviou a sua
demissão ao seu Bispo, abraçou a regra de S. Bento, fez-se
sempre notar pela sua eminente piedade e grandes virtudes, e
morreu em odor de santidade na idade de oitenta e oito anos,
no convento em que não tinha cessado de dar edificação
durante cinquenta e oito anos.
[14] Ribadeneira.
[15] Ribadeneira.
[16] Os antigos cavaleiros tinham uma só espora.
[17] Os candidatos comprometiam-se a defender à ponta da
espada as viúvas, os órfãos, os oprimidos e a reparar todos
os agravos, por toda a parte e sempre, para com e contra
todos, nas longas e numerosas peregrinações que empreendiam.
[18] A espada e o punhal de Santo Inácio foram durante muito
tempo religiosamente conservados na santa capela, onde os
religiosos com todo o prazer os mostravam aos peregrinos,
referindo sem se cansarem as minudências daquela vigília de
armas, cuja tradição se conservava preciosamente no seu
convento. Mais tarde, a Companhia de Jesus obteve a gloriosa
espada do seu santo fundador, e foi concedida ao colégio de
Barcelona. Em 1603, o abade de Monserrate mandou gravarem
mármore esta inscrição, destinada a perpetuar a recordação
desta comovente vigília: "Aqui, Inácio de Loiola misturando
as suas lágrimas com as suas orações, consagrou-se a Deus e à
Santíssima Virgem. Aqui velou uma noite inteira, vestido com
uma túnica como sendo as suas armas espirituais. Daqui
partiu, em 1522, para fundar a Companhia de Jesus. Esta pedra
foi-lhe erigida pelo abade F. Lourenço Vítor, no ano de
1603".
[19] Crétineau-Joly, História da Companhia de Jesus.
[20] Segundo o Padre Bartoli o Padre Bouhours e o Padre
Genelli, o enviado do alcaide perguntou a D. Inácio o seu
nome e a terra da sua naturalidade, perguntas a que o Santo
recusou responder. O Padre Ribadeneira, contemporâneo de
Santo Inácio e que soube do próprio Santo grande parte dos
factos que relata, diz: "O oficial não lhe perguntou nem quem
era, nem aonde ia, e Inácio não lho disse".
[21] Ribadeneira
[22] Bartoli.
[23] Ribadeneira.
[24] Bartoli.
[25] Ribadeneira.
[26] Em 1553 foi elevado à dignidade de doge, e depois de uma
santa vida, morreu em extrema velhice, durante a missa, a que
assistia com o maior fervor.
[27] O Padre Genelli crê que Santo Inácio comunicou o seu
pensamento íntimo aos religiosos franciscanos, mas confessa
não ter prova uma disso.
[28] O Padre Genelli não pode admitir que o navio dos
peregrinos se tenha dirigido ao porto da ilha de Chipre em
vez de ir diretamente a Veneza. Mas sendo a maior parte dos
peregrinos da ilha de Chipre é mais que provável que o navio,
no qual tinham tomado passagem, fosse um navio grego que
fizesse comércio com Veneza e com as principais cidades
marítimas de Itália, o que explica que tivesse tomado
passageiros em Veneza, reentrasse nas águas da ilha de Chipre
para deixar mercadorias e tomar os passageiros que o
esperavam, e que, no regresso, se fizesse a vela nessa
direção.
[29] A família Pascoal cedeu-o, em 1606, ao duque de
Mont-Leone, vice-rei da Catalunha, que instava com ela havia
muito tempo para obter esta preciosa relíquia.
[30] Miguel Rodez teve mais tarde um filho que entrou na
Companhia de Jesus, onde se distinguiu.
[31] O grande coração de Inácio de Loiola não esquecia nunca
um benefício e era para ele uma felicidade testemunhar o seu
reconhecimento. Depois da instituição da Companhia de Jesus,
Jerónimo de Arce, irmão ou filho de André, fez uma viagem a
Roma e chegou ali muito doente. Inácio, sabendo-o, foi vê-lo,
e, temendo que lhe não prodigalizassem todos os cuidados
desejáveis, deu-lhe para enfermeiro um irmão coadjutor,
sangrou-o por suas próprias mãos e quis que Jerónimo
encontrasse uma família na Companhia. Naquele momento os
doentes eram numerosos na casa professa, mas o amigo do santo
fundador não pôde suspeitar o incômodo que a sua doença
ocasionava, porque todos se julgavam felizes de contribuir
para pagar a dívida do Pai comum.
[32] O Padre Genelli dá a data de 6 de Março, e, mais adiante,
diz que o Santo saiu da prisão no dia 1 de junho, depois de
lá ter estado quarenta e dois dias; ora, há mais de quarenta
e dois dias de 6 de Março a 1 de Junho.
[33] O Padre Genelli chama-lhe Cardena.
[34] Depois Arcebispo de Burgos e Cardeal.
[35] O hospital Saint-Jacques, fundado por Carlos Magno para
os peregrinos, estava situado no local das ruas Saint-Jacques
de-L'Hôpital e dos Peregrinos, na rua Saint-Denis.
[36] O colégio de Montaigu, situado no ângulo da praça
Sainte-Geneviève e da rua dei Sept-Voies, em cujo edifício
está hoje a biblioteca Saint-Geneviève.
[37] Pedro Quadrado fundou um colégio da Companhia de Jesus em
Medina del Campo, e quis ser ele só a fazer as despesas
[38] Situado na rua Saint-Jean de Beauvais, no local da casa
que tem hoje o número 7.
[39] Era uma cláusula inserta por ordem de João III, rei de
Navarra no contrato de casamento de D. João de Jasso com D.
Maria de Azpilcueta. O último dos seus filhos devia tomar o
nome e as armas de Xavier e ser herdeiro deste feudo a fim de
o conservar na família e de o perpetuar por um dos seus
ramos..
[40] Nome do lugar do seu nascimento, perto de Palência.
[41] Este sobrinho era Antônio de Araoz.
[42] Os historiadores de Santo Inácio dizem que D. João de
Equibar o viu "por uma fenda da porta". É mais verosímil que
fosse como nós indicamos, pela entreaberta duma porta mal
fechada, como freqüentemente se vê nas vilas de Espanha e dos
Pirineus.
[43]O Padre Bartoli diz que eles renovaram os seus votos no
dia 24 de junho e só foram ordenados Sacerdotes mais tarde;
mas Ribadeneira, Bouhours, Crétineau-Joly e o Padre Genelli
são acordes em fixar a data desta ordenação em 24 de junho de
1537.
[44] O Padre Genelli diz que Santo Inácio soube esta notícia
em Veneza, mas o Padre Ribadeneria, que colheu estas
informações do Padre Laynez, afirma que foi no hospital de
Vicência. Bartoli e Bouhours também o afirmam.
[45] Era esta a maneira que o Santo usava quando falava aos
seus primeiros companheiros. Chamava-lhes sempre na
intimidade: Pedro, Francisco, etc.
[46] Os historiadores modernos demonstram que a tentação de
vida eremítica, sofrida por Simão Rodrigues em S. Vito, é uma
pura lenda a que deu fundamento um facto semelhante ocorrido
algum tempo antes no eremitério de Santo Nicolas-du-Port.
Cfr. F. Rodrigues, História da Companhia de Jesus na
Assistência de Portugal, tomo I, pág. 74, nota.
[47] Santo Inácio, fixado em Roma depois do estabelecimento da
Companhia de Jesus, quando recordava os anos decorridos entre
a sua conversão e a sua chegada a Roma, não falava nunca de
si senão na terceira pessoa chamando-se o peregrino.
[48] No santo encontramos o guerreiro. A palavra companhia, na
língua espanhola, significa uma companhia de homens de armar.
[49] Segundo Crétineau-Joly, foi no mês de Outubro de 1538,
mas todos os historiadores do ilustre fundador são acordes em
fixar a época desta viagem no ano de 1537. Além disso existe
uma carta do Santo, que não deixa dúvidas acerca deste ponto.
Nessa carta, dirigida a D. Isabel de Roselo e datada de Roma
aos 19 de Dezembro de 1538, Santo Inácio diz-lhe; "Há mais de
um ano que estamos em Roma três da Companhia. Mas ha de año,
que tres de la Compañia llegamos aqui en Roma. Este
testemunho é irrecusável.
[50] Segundo o Padre Bouhours, Santo Inácio foi habitar a casa
das Vinhas no momento da chegada dos Padres, para ter
alojamentos necessários para os receber. O Padre Bartoli diz,
ao contrário, que ele a abandonou naquela ocasião, e, mais
tarde falando da torre Melangolo diz: "Foi a nossa residência
em Roma". Além disso, o sobrescrito da primeira carta de S.
Francisco Xavier a Santo Inácio de Loiola não deixa dúvidas a
este respeito. Esta carta datada de Bolonha aos 31 de Março
de 1540, é dirigida a D. Inácio de Loiola, em Roma, na torre
Melangolo, em cara de D. Antônio Frangipani. Esta torre, foi
pois, a segunda residência da Companhia de Jesus em Roma, e a
casa das Vinhas, perto dos Mínimos da SS. Trindade do Monte,
foi a primeira.
[51] "É para nós evidente, - escrevia o seu secretário João de
Polanco-, que Inácio havia conhecido, por algumas revelações
do próprio Jesus, o nome que a sua Ordem devia ter; porque,
apesar das advertências ou censuras que recebeu sobre a nossa
pretendida usurpação deste santo nome, permaneceu sempre
firme em conservá-lo. Ouvi-lhe eu dizer que, ainda que todos
os homens lhe aconselhassem que tomasse outro nome, jamais a
isso se determinaria. Só exceptuava desta hipótese as pessoas
às quais devia obediência sob pena de pecado. Ora para quem
conhecia a humildade de Inácio e a sua disposição em
renunciar à sua própria vontade e a submeter-se à opinião dos
outros, tão grande firmeza, e_ melhor ainda, uma tal
tenacidade em recusar-se a atender a todas as advertências
que recebia a este respeito, davam a convicção de que ele não
considerava este negócio como puramente humano. Só procedia
assim nos casos em que as luzes de alto tinham fixado a sua
determinação."
"Deve observar-se também que nós nos não intitulamos
Companhia de Jesus como tendo a presunção de nos crer dignos
de ser verdadeiramente seus companheiros, mas somente no
sentido militar em que uma. companhia toma o nome daquele que
a comanda" (Bartoli).
[52] Escrito em língua espanhola e sem data; ao menos Bartoli
não a dá.
[53] No livro Da existência e do instituto dos Jesuítas, do
Padre Ravignan, há um capítulo que dá bastantes
esclarecimentos sobre estas Constituições. Há tradução
portuguesa deste livro, que é editado pela administração do
Novo Mensageiro do Coração de Jesus, de Lisboa.
[54] É o que dirige a administração temporal, sob as ordens do
superior..
[55] Esta condição não pôde ser cumprida senão depois da morte
de Santo Inácio, sob o generalato do Padre Laynez. Examinadas
e aprovadas então pela congregação geral da Ordem, em 1558,
foram apresentadas ao exame da autoridade apostólica, que as
aprovou sem lhes mudar uma só palavra.
[56] Bartoli eleva o número a vinte e quatro, mas Santo
Inácio, na carta em que Relata ao Cardeal Motoni os inícios
deste colégio, só fala em vinte.
[57] Era o Padre Martinho Olave, que, então de perfeita saúde,
morreu a 6 de Agosto seguinte.
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