|
Nos primeiros decênios do século XVII teve inicio na
Inglaterra também aquele movimento, que, muito tempo antes,
partira da Espanha e de Portugal: turbas de homens sedentos
de aventura embarcavam para o novo mundo, afim de trocar as
condições insatisfatórias da pátria com as grandes seduções
de uma terra virgem.
A principio foram emigrantes puritanos, que, tangidos
pela pressão de perseguições religiosas, puseram-se a caminho
de Norte América; em breve também nobres “ papistas”
seguiram-lhes o exemplo, pelos mesmos motivos. Sir George
Calvert, mais tarde Lord Baltimore, organizou a primeira
expedição católica desse gênero, e, desde o princípio,
encontrou ele na pessoa dos jesuítas Parsons e Blounti
ardorosos colaboradores.
Quando a pequena turba de colonos católicos, então, lá
pelo ano de l634 pôs-se realmente a caminho da América,
encontravam-se entre eles também alguns padres jesuítas.
Desembarcaram eles ao norte da Virgínia e denominaram a sua
primeira colônia Maryland. Com rude trabalho tratava-se agora
de construir casas, amanhar o solo, desbravar florestas e
cuidar de obter os alimentos necessários por meio da caça e
da pesca. Da mesma maneira que os demais colonos os jesuítas
também colaboravam em todos esses trabalhos e, em tudo e por
tudo, eram eles agricultores com os agricultores.
“ Junto à embocadura do Potomac” , escreve o padre , um
dos participantes dessa expedição, encontramos nós um pequeno
rio ao norte, tão grande quanto o Tamisa. Em uma das margens
estabelecemos as nossas plantações e a nossa cidade de Santa
Mary; na outra margem vive o rei Chitomachon.”
Esse príncipe índio, que aqui, ao sul da atual cidade de
Washington, montara a sua tenda, era uma espécie de imperador
índio, honrado pelos seus súditos como “ Tayac” , isto é, “
Chefe de todos os chefes”. Ele e suas tribos desconfiavam dos
imigrantes brancos, os quais, sedentos de terra, haviam
tomado posse de suas florestas e planícies; mas, no Deus
aquele, a respeito do qual os brancos falavam, os índios
tinham visto, durante longo tempo, um demônio mau, hostil a
eles. Por isso os Peles Vermelhas haviam massacrado, sem
misericórdia, também os primeiros missionários, que já no ano
de 1570 tinham feito a primeira tentativa de pregar a
evangelho nessas regiões.
Até então os colonos ingleses estabelecidos em terras
americanas haviam procurado se defender contra os ataques dos
índios recorrendo somente a um direito de Talião, vingando-se
em qualquer índio que lhes caísse nas mãos, os malfeitos de
outros membros da tribo. Os governadores das novas colônias
publicaram ordens, em virtude das quais os imigrantes tinham
autorização expressa para fuzilar sem mais delongas todo e
qualquer índio que lhes surgiram por diante.
Não obstante, nem mesmo com essas medidas cruéis
conseguiram fazer com que os Peles Vermelhas abrissem mão de
suas hostilidades contra os europeus; eis que então os
jesuítas se ofereceram para pacificar os índios, valendo-se
de outros métodos. Primeiramente afanaram-se eles, durante
muitos meses, com todo o ardor, por aprender a língua dos
índios, e, quando, por fim, partiram para a catequese dos
Peles Vermelhas, tomaram consigo como armas de guerra somente
um grande quantidade de anzóis de pesca, agulhas e doces.
Munidos de tal bagagem transpuseram o rio e, um belo dia,
encontraram-se à frente da barraca do temido Chitomacon.
Mas quando esse deu de olhos com os lindos anzóis e
agulhas, cujo uso os padres lhe explicaram num indiano
impecável, e quando ele, depois, saboreou os doces, resolveu
celebrar uma amizade rápida com os ádvenas. Dentro em breve
fez ele também com que lhe explicassem os princípios da
religião cristã e, algum tempo mais tarde, manifestou
espontaneamente o desejo de adotar o cristianismo. Separou-se
até, tal como os padres o aconselharam, de todas as suas
mulheres, conservando apenas uma, e, em companhia dessa e do
seu filho, seguido por uma escolta brilhante, pôs-se a
caminho da colônia Maryland, afim de ali se fazer batizar.
“A três de Julho de 1640” , consta no relatório dos
missionários, “ depois de ter sido suficientemente instruído
nos mistérios da religião, recebeu ele o sacramento.
Simultaneamente com ele sua mulher e seu filho, da mesma
maneira que um dos seus principais conselheiros, nasceram
para nova vida na pia batismal. O imperador, que até então se
tinha chamado Chitomacon, recebeu o nome de Carlos, sua
mulher o de Mary. Depois, à tarde, o imperador casou-se: com
a sua esposa segundo o rito cristão, e em seguida a isso foi
levantada uma santa cruz de dimensões respeitáveis; para
transportá-lo ao lugar que lhe estava destinado, o imperador,
o governador, seus secretários e os demais presentes
emprestaram suas mãos e ombros enquanto dois dos nossos,
nesse meio tempo, iam cantando a ladainha da Santa Virgem.”
Também entre as tribos índias vizinhas, os jesuítas
foram difundindo a religião cristã de idêntica maneira, e os
chefes afluíam para ali, afim de, da mesmo maneira que
“Tayac” , receber doces, anzóis e agulhas. Por mais
incompreensível que isso parecesse aos colonos cristãos os
quais, educados na crença de seus pais, até aquela época,
haviam se fiado apenas nas armas de fogo, mesmo assim,
tiveram eles de reconhecer, contrariados, o sucesso dos novos
métodos jesuíticos. Por isso, dentro em breve, rezou em uma
informação das autoridades coloniais “que os indígenas,
quando tratados amigavelmente e com justiça, mostravam
absolutamente pacíficos. Assim todo o homem atilado, a partir
daí deveria considerar acertado o tratar bem aos índios,
ensinar-lhes o uso de utensílios e, por meio disso, induzi-
los à lealdade e ao trabalho útil.”
A harmonia que, nos primeiros tempos, reinara entre os
colonos e os sacerdotes, não iria durar muito tempo. Quando
começaram a chegar novas e constantes levas de imigrantes, o
solo foi se tornando escasso, e agora começaram a lançar
olhares cúpidos para os terrenos que os índios agradecidos
haviam dado de presente aos missionários. As autoridades de
Maryland redigiram, por isso, uma lei, em virtude da qual a
propriedade fundiária do clero católico deveria ser
seqüestrada. Mas os atilados padres mostraram que eram
superiores, não apenas aos selvagens índios, e sim aos
próprios colonos civilizados também, pois, quando as
formalidades legais necessárias foram cumpridas, evidenciou-
se que os terrenos já, de há muito, não pertenciam aos
padres; que estes, pelo contrário, os tinham transferido em
tempo oportuno para as mãos fiéis de um prestigioso
fazendeiro e, por esse meio, haviam se garantido contra
qualquer investida.
A partir daí os missionários se viram obrigados, bem
freqüentemente, a se defender contra os ataques de seus
inimigos brancos, pois na colônia primitivamente católica
pura, nesse meio tempo, os puritanos haviam formado maioria,
e esses perseguiam por todos os meios os “sacerdotes
papistas.”
Banidos de Maryland, os padres desapareceram sem deixar
rasto, para, não obstante, logo depois disso, disfarçados em
fazendeiros, usando nomes seculares, surgirem de novo; alguns
abandonaram, realmente, Maryland e procuraram, em troca,
prosseguir a sua atividade em outras regiões da Nova
Inglaterra. Lá pelo fim do século XVII ofereceu-se-lhes em
Nova York também oportunidade para feliz atuação, pois o
então proprietário dessa colônia, o Duque de York simpatizava
abertamente com os católicos.
Nesses dias o provincial Warner, cheio de esperança,
escrevia ao Geral da Ordem: “Nesta colônia há uma cidade
importante, na qual seria possível a fundação de um colégio.
Para aí poderiam se retirar os nossos correligionários que
estão vivendo esparsos em Maryland, até que se lhes ofereça
de novo uma oportunidade de para lá voltarem!”
Depois que, logo em seguida a isso, o duque de York
subira ao trono inglês com o nome de Jacques II, os jesuítas
conseguiram durante o seu reinado poder e influencia na corte
de Whitehal; nesses dias floresceu também a missão em Nova
York, e o colégio jesuíta recém fundado nessa cidade
conquistou animada freqüência. Mas a “gloriosa revolução”
pôs um rápido fim ao governo do último rei da dinastia dos
Stuart; sob o reinado do seu sucessor, Guilherme de Orange, a
posição dos jesuítas em Nova York tornou-se insustentável,
razão pela qual os padres, dentro em breve, reapareceram em
sua totalidade na colônia Maryland e ali continuaram
exercendo o seu ministério entre a população católica.
Um meio simples permitiu-lhes fazer frente a todos os
contratempos oriundos das oscilantes condições políticas,
meio esse a que nem mesmo os seus inimigos puderam recusar
aprovação: por toda a parte em que houvesse uma perspectiva,
iam eles fundando escolas determinadas tanto aos brancos como
aos índios. Ainda no século XX um senador americano declarou
que os missionários jesuítas, na época da primeira
colonização da América, tinham tomado a seu cargo a obra de
educação e com isso “realizado uma fração do trabalho, que
nem o governo e nem qualquer outra pessoa teria sido capaz de
realizar.”
Em Georgetown, não longe da mais tarde capital federal
de Washington, instalaram eles um seminário, o primeiro
instituto de ensino católico no território dos Estados
Unidos; dali foram estendendo a rede da sua atividade
pedagógica para a Virgínia, Delaware, Nova Jersey e
Pensilvânia. A sua influencia deve ser atribuído e em não
pequena escala, o fato de que os Estados Unidos recém
fundados vieram a adotar em sua constituição o princípio da
liberdade religiosa geral.
Nessa época contava-se também um jesuíta entre o número
dos amigos de Benjamim Franklin; foi ele esse John Carrol, o
qual, crescido em Maryland, mais tarde, por especial
recomendação de Franklin, foi nomeado vigário apostólico e
depois primeiro bispo católico dos Estados Unidos. Quase
simultaneamente com os ingleses, também os franceses haviam
aportado na costa oriental da América do Norte, no século
.XVII para ali fundarem no solo do atual Canadá uma “ Nova-
França” . Com os primeiros funcionários da companhia
comercial francesa chegaram ao pais também alguns padres
jesuítas, e um dos primeiros edifícios da nova colônia de
Quebec.
“A origem de todas as cidades na América Francesa” ,
escreve Bancroft em sua história dos Estados Unidos, “ está
estreitamente ligada aos serviços prestados pelos
missionários; nenhum cabo que tivesse de ser contornado,
nenhum rio que tivesse de ser descoberto, te-lo-iam sido sem
que um jesuíta não houvesse mostrado o caminho.”
Metido nas suas singelas batinas negras, levando a
bagagem às costas, marcharam eles, infatigáveis, no meio da
neve e do gelo, por sobre rochas alcantiladas e por através
de florestas virgens, afim de alcançar também as mais remotas
tribos índias. Com tais viagens os padres Marquete e Joliet
foram os primeiros europeus que chegaram aquele famoso rio,
do qual os índios estavam sempre a lhes afalar, e
percorreram-no em canoas, corrente abaixo, até quase a altura
de Nova Orleans. Hoje ainda duas estatuas celebram no
Capitólio de Washington a glória d esses dois descobridores
do Mississipi.
Outros missionários, por sua vez, penetraram pelo
Missouri acima nas terras inraticáveis situadas além do Lago
Superior até o rio Yelowstone; o jesuíta Dolbeau explorou as
regiões montanhosas situadas ao norte do rio São Lourenço e o
padre Albanel foi o primeiro branco que atingiu a baía de
Hudson.
Os índios das florestas canadenses foram conquistados
com os mesmos meios enregados pelos irmãos da Ordem mais ao
sul : os padres falavam-lhes em sua própria língua e
cumulavam-nos de presentes. Qual o resultado que obtiveram
com essa política, é coisa .que se evidencia da melhor
maneira de uma informação do marques de Denonvile dirigida ao
governo parisiense: “ As tribos indias só podem ser
pacificadas por meio d esses missionários; os padres, tão
.somente, estão em condições de conquistá-los para os nossos
interesses e demove-los da rebelião que, do contrário,
explodiria todos os dias. Baseado nas minhas próprias
observações estou firmemente convencido de que os jesuítas
são as pessoas mais apropriadas, quando se trata de apaziguar
os índios.”
O padre Brébeuf mal penetrara na tribo dos Huroes, que
contava cerca de vinte e cinco mil pessoas, e logo os Peles
Vermelhas quiseram construir-lhe uma cabana de honra na mais
bela clareira e não desejaram mais deixá-lo partir. Com a
conversão ao cristianismo os missionários tinham, aqui,
defrontado maiores dificuldades do que com Chitomacon, o qual
fora conquistado por meio de alguns anzóis e doces. Na
verdade os huroe eram também um povo de boa índole, mas ao
mesmo tempo eram também sensuais, e embora os missionários
também sem grande esforço lhes tivessem feito compreender os
princípios da doutrina católica, mesmo assim eles não podiam
jamais compreender o motivo por que o deus dos brancos exigia
que tivessem de se separar de suas mulheres, conservando
apenas uma.
“ Sinto temor não pequeno” , escreveu nessa ocasião o
atilado padre Brébeuf, “ quando penso que agora chegou o
tempo de falar uma outra língua aos índios, que nós devemos
pregar ser um dever o refrear os desejos da carne e
santificar o casamento. guando nós lhes discernimos tudo isso
e lhes descrevermos o juízo de Deus sobre os pecadores,
então, eu bem o temo, hão de eles querer inugnar, essa
religião dura.”
Somente com “ doce astucia” esse difícil problema pode
ser resolvido também. Assim é que Brébeuf e seus confrades
tentaram induzir os índios à aceitação dos preceitos morais
cristãos estranhos e insólitos, fazendo a todo o índio que se
casasse com uma mulher segundo o rito católico, lindos
presentes de núpcias. Davam eles ao jovem par os vestidos de
gala, um couro de boi, que iria servir como leito, e a carne
necessária para a celebração cie um grande banquete. As
núpcias se realizavam com grande pona e os jesuítas
enfeitavam as suas capelas silvestres, nessas ocasiões, com
candelabros de metal luzente e com imagens de Maria de
tamanho natural. Esse luxo nunca visto pelos índios fez com
que os Peles Vermelhas, d aí em diante, considerassem, de
fato, a ligação com uma só mulher muito mais suportável do
que antes.
No ano de 1639 os jesuítas fundaram a estação
missionaria de Santa Maria dos Huroes no meio da região
habitada por essa tribo, na qual eles deram a conhecer a
doutrina cristã a mais de quinze mil índios; ao mesmo tempo
foram mandados para Quebec alguns rapazes huroes, afim de que
estudassem no Colégio Jesuíta. Incessantemente aumentava o
número dos conversos, de sorte que os jesuítas já esperavam,
em tempo relativamente curto, poder batizar a tribo inteira
dos huroes.
Mas os ingleses não estavam dispostos a assistir de
braços cruzados a permanente expansão da região de domínio
francês na Ame rica do Norte ; a rivalidade entre a
Inglaterra e a França levou, dentro em breve, no Novo Mundo
também a choques sangrentos, nos quais sobretudo os índios
foram mandados para a luta. Os colonos ingleses recrutaram
para o seu serviço os iroqueses que habitavam em sua região,
e esses, em seguida, caíram em cima dos huroes que brigaram
pela grandeza da França. Os iroqueses eram superiores em
número e mais bem armados e, assim, os huroes foram quase que
completamente destroçados.
Também agora, que se tratava de vida ou morte, os
jesuítas não abandonaram os seus huroes catequizados.
Assistiam-nos com seus conselhos, quando se tratava de
organizar planos de cananha, e mesmo no meio das mais
selvagens refregas encontravam-se eles juntos. Entre os
prisioneiros dos iroqueses foram encontrados muitas vezes
missionários também ; um deles, Jogues, durante muito tempo,
teve de servir como escravo aos iroqueses, prestando-lhes os
mais rudes serviços, ao passo que os padres Blébeuf,
Lalemant, Bressani e Daniel, foram escalpelados, assados no
poste de martírio, regados com água fervendo e mortos.
Apenas haviam os jesuítas d essa maneira renunciado às
suas esperanças de organização de um reino huronico-cristão,
quando já eles também com temerária resolução, puseram mãos à
obra de conquistar para Cristo os iroqueses também, saídos
vitoriosos da luta. O fato dos seus melhores confrades
haverem tombado vitimas da ira d essa tribo, parecia servir-
lhes apenas de incentivo para conduzir à Igreja esses
selvagens Peles Vermelhas também.
O padre Milet foi um dos primeiros que soube ganhar
influencia sobre os iroqueses. Fora feito prisioneiro por
eles, e já havia até sido designado o dia em que ele seria
solenemente escalpelado. Nas o’ missionário conseguiu pasmar
a sua sentinela por meio de habilidosas magicas, de toda a
espécie, feitas com o seu cíngulo, e de tal maneira que a
mesma estabeleceu uma longa conversação com ele e,
finalmente, se decidiu a adotá-lo como filho. Depois que o
padre houvera dado as melhores provas de suas magicas com o
cíngulo, diante do conselho de guerra dos iroqueses, foi ele
aceito na tribo, solenemente, e, em breve, conseguiu que os
iroqueses obedecessem cegamente aos seus conselhos e
instruções.
O então governador de Nova York teve que se inquietar
seriamente com essa estranha carreira de um sacerdote francês
junto aos iroqueses; ele viu nisso um perigo político e, de
imediato, fez tudo o que se poderia fazer em um caso assim;
mas os seus esforços foram baldados. “ Os iroqueses não
querem entregá-lo” , informou ele aos lordes do comercio e
navegação, muito embora eu lhes tenha oferecido em troca uma
inortância em dinheiro e um rapaz índio.” Mas os outros
padres também conquistaram em breve a confiança dos
iroqueses, assim como haviam conquistado antes a dos huroes.
O Padre Simon Le Moyne dirigiu-se um dia, mui
simplesmente, ao acampamento dos onondagas iroqueses e, em
nome das autoridades francesas, fez-lhes uma proposta de paz
minuciosa. “ Falei tal qual costumam fazer as chefes índios
e, além d isso, caminhei para baixo e para cima, como um ator
no palco, pois isso é muito usual entre eles.”
Depois de uma longa deliberação dos índios o missionário
foi colocado em um lugar de honra enfeitado com ramagens,
depois do que o chefe dos Onondagas lhe disse: “ Informa aos
brancos que nós estamos prontos a reconhecer o Deus, acerca
do qual acabaste de nos falar. Tu, pelo teu lado, podes te
instalar no coração do .nosso país. Cuida de nós como um pai,
e nós haveremos de te obedecer como filhos.”
Um outro missionário, por sua vez, esforçou-se com êxito
por aproveitar o seu talento de pintor em prol da
cristianização dos Peles Vermelhas. Com caixas de pintura e
palhetas apareceu ele junto aos “ wigwams” dos índios e aí,
rodeado de espectadores admirados, esboçou quadros do
inferno, do céu, dos anjos e demônios. Depois explicou ele
aos índios o sentido d aquilo que havia pintado, e por meio d
essas lições visuais induziu ele ao batismo um grande número
de iroqueses. Lord Belemont, o governador puritano da Nova
Inglaterra, já .não viu nessa ocasião nenhuma outra
possibilidade de eliminar a influencia dos jesuítas sobre os
Peles Vermelhas, senão estabelecendo prêmios pela entrega dos
missionários.
“ Eu quisera” , informou ele no ano de 1699 aos seus
chefes, “ induzir os caciques das tribos mohawk e onondaga a
que me entregassem os jesuítas que viviam entre eles, em
troca de dinheiro ou presentes valiosíssimos... Se eu puder
obter isso, então os jesuítas nunca mais ousarão se meter com
essas populações, pelo contrário, surgirá o ódio eterno e
inextinguível entre eles e os índios.” Sim, o governador
dirigiu-se mesmo em pessoa aos iroqueses e lhes disse em um
discurso impressionante: “ Em troca de cada sacerdote papista
ou jesuíta recebereis como recompensa l3 dólares a dinheiro à
vista, pois temos nesta província uma lei que nos autoriza a
prender esses perturbadores da ordem.”
|
|