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"As lágrimas que hoje verti pareceram-me diferentes das
outras. Eram doces, lentas, sem ruído nem grande comoção, e
tão íntimas que não encontro palavras para as explicar. Um
entretenimento, ao mesmo tempo interior e exterior,
arrastava-me ao amor de Deus e tinha uma harmonia cheia de
doçura que me é impossível exprimir.
"Hoje ainda, muitas lágrimas durante e depois da missa;
depois, uma profunda felicidade produzida por uma voz do
interior, que parecia uma palavra ou uma música descida do
céu. A devoção e o enternecimento cresciam em mim à medida
que eu observava a inteligência sobrenatural que me era
dada...
"Hoje mesmo abundância de lágrimas e uma palavra interior
verdadeiramente maravilhosa. Enquanto eu pedia à Santíssima
Virgem que me ajudasse junto de Deus, Pai de seu divino
Filho, e suplicava também ao Filho que me fosse favorável com
sua Mãe Santíssima junto de seu Pai, senti-me como levado à
sua presença. Os cabelos eriçaram-se-me na cabeça,
experimentei um abalo geral e um ardor candente em todo o
corpo; depois redobraram as lágrimas e tive mais ardente
devoção e um conhecimento sobrenatural da Santíssima
Trindade. Há tanta doura nestas luzes e nestas visões, que a
língua humana as não pode exprimir..."
"Sempre a mesma abundância de luzes sobrenaturais, de visões
celestes, de consolações indizíveis, de lágrimas
inestancáveis... Bastam os nomes de Deus e de Nosso Senhor
para me penetrarem dum respeito e duma humildade
inexprimíveis... Depois da oração, novos movimentos
interiores, completamente desacostumados, lágrimas e soluços,
grande amor para com Nosso Senhor Jesus Cristo, ardente
desejo de morrer por ele e com ele antes que viver com
qualquer outro."
" ...Ao aproximar-me do altar, vindo-me o nome de Jesus ao
pensamento, senti-me arrastado para ele, e compreendia que a
mais forte razão para nos dedicarmos à extrema pobreza, era
precisamente porque temos a Jesus por chefe da Companhia...
Recordo-me de que, no momento em que Deus me reuniu a seu
Filho, experimentei um ardente desejo de gravar no meu
coração o nome de Jesus, e este desejo era acompanhado de
grande cópia de lágrimas..."
"...Quando conversava com a divina Majestade, senti para com
ela uma afeição tão viva, que me parecia que ela correspondia
ao meu amor; nunca tinha recebido uma visita celeste tão
excelente; jamais tinha experimentado amor tão doce, tão
sensível... Na capela, novas lágrimas, nova devoção.
Paramentado e no altar, foi uma superabundância de lágrimas e
de soluços acompanhados de ardente amor para com a Santíssima
Trindade. Celebrando missa, as mesmas impressões, os mesmos
choros, apesar da dor que sentia num dos olhos; veio-me ao
pensamento que o perderia se as lágrimas não parassem. A
estas palavras: Placeat tibi, sancta Trinitas, experimentei
um aumento nessas inenarráveis comoções... Todas estas
delícias espirituais tinham por objecto a Santíssima
Trindade, que me atraía a si e ao seu amor."
"Depois da missa, pus-me em oração junto ao altar... sempre
lágrimas e soluços causados por esse atrativo para a
Santíssima Trindade. Experimentei delícias tão inefáveis que
me foi impossível distrair-me durante todo o dia, quer em
casa, quer na rua. Estes sentimentos impetuosos e esta
disposição para as lágrimas renovaram-se pensando na
Santíssima Trindade."
"...Fui dizer uma missa do Espírito Santo; dirigi-me
ternamente a esse Mestre divino: então pareceu-me senti-Lo e
vê-Lo no meio duma claridade singular, sob a forma duma chama
brilhante e duma maneira desacostumada, e isto enquanto se
preparava o altar e eu me revestia. Celebrei com grande
comoção interior; por momentos perdia a palavra... Senti e vi
em seguida que Nossa Senhora me era propícia junto do eterno
Pai. Durante as orações dirigidas, quer ao Pai, quer ao
Filho, e no momento da consagração, vi que ela era como a
porta da fonte das graças; mostrando-me a sagrada carne do
seu divino filho, mostrava assim a sua, e eu concebia estas
coisas em espírito, com uma inexplicável clareza..."
"...Na minha oração ordinária, tive muitas luzes e muita
devoção..."
"...Na igreja e mais tarde fora de casa, vislumbrei a Pátria.
celeste e no meio o seu soberano Senhor, como teria podido
antever três pessoas distintas, e no Pai, a segunda e a
terceira pessoa... "
"Quando entrei na capela para orar, senti, ou para falar com
mais exactidão, vi por uma virtude sobrenatural, a Santíssima
Trindade e Jesus Cristo Nosso Senhor, que me era. apresentado
como meu mediador junto dela, ou como o meio pelo qual esta
visão intelectual me era comunicada. Fez-me: verter rios de
lágrimas e experimentar uma superabundância. de amor."
"Dizendo a missa com muita devoção, tive um momento esta
mesma visão da Santíssima Trindade, e ela aumentou mais. o
meu amor para com a divina Majestade."
"Ao Te igitur, sentimento e visão, não obscuros, mas uma
percepção claríssima do próprio Ser ou da essência divina..
sob o aspecto dum sol. Dessa essência parecia sair o Pai, e,
quando eu disse estas palavras: Te igitur, clementissime
Pater, representava-se-me antes a essência divina que o Pai.
E, representando-se-me também o ser divino ou a essência da
Santíssima Trindade sem distinção das três Pessoas,
apoderou-se de mim uma profunda devoção por essa essência
divina assim figurada..."
Além disso, enternecimento, lágrimas e sentimento de amor
ardente.
"Depois da missa orava no altar quando a mesma essência
divina se me mostrou de novo sob uma forma esférica, e eu
via, de alguma sorte, as três Pessoas como a primeira, isto
é, que o Pai, o Filho e o Espirito Santo pareciam derivados
dessa essência divina, sem sair todavia dos limites dessa
visão esférica, a qual me levou a novas e brilhantes
aspirações e a abundantes lágrimas."
"...Estava na capela e cheio de piedade para com a Santíssima
Trindade: não vi, assim como nos dias precedentes, as três
Pessoas distintas, mas vi, como numa brilhante claridade, uma
essência que me abrasava de amor. No princípio da missa, o
ardor dos meus sentimentos impedira-me de pronunciar In
nomine Fratris..., e durante todo o Santo Sacrifício senti
essa devoção com as suas manifestações habituais. Essas vivas
comoções referiam-se à Santíssima Trindade. Por momentos
experimentava os mesmos sentimentos para com Nosso Senhor;
parecia-me estar sob a sua sombra e sob a sua direção, o que,
longe de diminuir a minha união com a divina Majestade, não
fizera senão aumentá-la..."
"...Preparava-me para celebrar a missa: de repente
apoderou-se de mim o pensamento de que, para o fazer
dignamente, devia ser um anjo, e doces lágrimas correram dos
meus olhos... Num outro momento, a visão da Santíssima
Trindade representou-se primeiro: após a do Ser, depois a do
Pai, indo assim do conjunto a cada uma das Pessoas. Noutros
momentos, esta percepção chegava-me doutra maneira e com
menos clareza..."
"Durante a missa frequentes interrupções, luzes concedidas
pela Santíssima Trindade esclareceram a minha inteligência...
Parece-me que os mais longos estudos nunca me poderiam
ensinar estas coisas..."
"Durante a missa, lágrimas abundantes detiveram-me a palavra;
depois, comunicações espirituais tão claras, que eu cria nada
mais ter a compreender a respeito da Santíssima 'Trindade.
Durante esta missa, conheci, senti que, falando do Pai, e
crendo que Ele era uma das pessoas da Santíssima Trindade,
empenhava-me tanto mais em amá-lo, que as outras pessoas
estavam encerradas nele. Experimentei um efeito semelhante
orando ao Filho e ao Espírito Santo, adorando cada uma das
Pessoas divinas, consagrando-me a elas, regozijando-me de
pertencer a todas três, o que era para mim uma grande
felicidade; não cessava de dizer a mim mesmo: Quem és tu? Que
mereces? Por que recebes tantas graças?"
"Ainda uma terna devoção, lágrimas na missa, perda da
palavra... Parecia-me, orando ao Pai, que o Salvador Jesus
lhe apresentou as minhas orações. Eu via-o e sentia-o duma
maneira que me é impossível explicar... Quer em casa, quer
fora, Jesus oferece-se de novo a mim... Então as minhas
lágrimas corriam de novo e as comoções exteriores faziam-se
vivamente sentir... Ouvir, ver Jesus Nosso Senhor abrasava-me
de tal amor, que nada no mundo me parecia capaz de me separar
dele...".
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