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Veneráveis Irmãos e caríssimos Filhos: Saúde e Bênção
Apostólica!
O Redentor do homem, Jesus Cristo, é o centro do cosmos e da
história. Para Ele se dirigem o meu pensamento e o meu coração
nesta hora solene da história, que a Igreja e a inteira família da
humanidade contemporânea estão a viver. Efectivamente, este tempo,
no qual, depois do predilecto Predecessor João Paulo I, por um
seu misterioso desígnio Deus me confiou o serviço universal ligado
com a Cátedra de São Pedro em Roma, está muito próximo já do
ano Dois Mil. É difícil dizer, neste momento, o que aquele ano
virá a marcar no quadrante da história humana, e como é que ele
virá a ser para cada um dos povos, nações, países e continentes,
muito embora se tente, já desde agora, prever alguns eventos. Para
a Igreja, para o Povo de Deus que se estendeu — se bem que de
maneira desigual — até aos mais longínquos confins da terra, esse
ano virá a ser o ano de um grande Jubileu. Estamos já, portanto,
a aproximar-nos de tal data que — respeitando embora todas as
correcções devidas à exactidão cronológica — nos recordará e
renovará em nós de uma maneira particular a consciência da
verdade-chave da fé, expressa por São João nos inícios do seu
Evangelho: «O Verbo fez-se carne e veio habitar entre nós»; e
numa outra passagem «Deus, de facto, amou de tal modo o mundo, que
lhe deu o Seu filho unigénito, para que todo o que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna».
Estamos também nós, de alguma maneira, no tempo de um novo
Advento, que é tempo de expectativa. «Deus, depois de ter falado
outrora aos nossos pais, muitas vezes e de muitos modos, pelos
Profetas, falou-nos nestes últimos tempos pelo Filho ...», por
meio do Filho-Verbo, que se fez homem e nasceu da Virgem Maria.
Com este acto redentor a história do homem atingiu, no desígnio de
amor de Deus, o seu vértice. Deus entrou na história da humanidade
e, enquanto homem, tornou-se sujeito à mesma, um dos milhares de
milhões e, ao mesmo tempo, Único! Deus, através da
Encarnação, deu à vida humana aquela dimensão, que intentava dar
ao homem já desde o seu primeiro início e deu-lha de maneira
definitiva — daquele modo a Ele somente peculiar, segundo o seu
eterno amor e a sua misericórdia, com toda a divina liberdade — e,
simultaneamente, com aquela munificência, que, perante o pecado
original e toda a história dos pecados da humanidade e perante os erros
da inteligência, da vontade e do coração humano, nos dá azo a
repetir com assombro as palavras da Sagrada Liturgia: «Ó ditosa
culpa, que tal e tão grande Redentor mereceu ter».
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