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Em relação com esta imagem da nossa geração, que não
pode deixar de despertar profunda inquietação, vêm à
minha mente as palavras que, por motivo da Encarnação
do Filho de Deus, ressoaram no Magnificat de Maria e
que cantam a «misericórdia... de geração em
geração». Conservando sempre no coração a
eloquência destas palavras inspiradas, e aplicando-as
às experiências e aos sofrimentos próprios da grande
família humana , é preciso que a Igreja do nosso tempo
tome consciência mais profunda e particular da necessidade
de dar testemunho da misericórdia de Deus em toda a sua
missão, em continuidade com a tradição da Antiga e da
Nova Aliança e, sobretudo, no seguimento do próprio
Cristo e dos seus Apóstolos. A Igreja deve dar
testemunho da misericórdia de Deus revelada em Cristo,
ao longo de toda a sua missão de Messias, professando-a
em primeiro lugar como verdade salvífica de fé
necessária para a vida em harmonia com a fé; depois,
procurando introduzi-la e encarná-la na vida tanto dos
fiéis, como, na medida do possível, na de todos os
homens de boa vontade. Finalmente professando a
misericórdia e permanecendo-lhe sempre fiel, a Igreja
tem o direito e o dever de apelar para a misericórdia de
Deus, implorando-a perante todas as formas do mal
físico ou moral, diante de todas as ameaças que tornam
carregado o horizonte da humanidade contemporânea.
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