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Esta Igreja — contra todas as aparências — está mais unida na
comunhão de serviço e na consciência do apostolado. Tal união
nasce daquele princípio de colegialidade, recordado pelo II
Concílio do Vaticano, que o próprio Cristo enxertou no Colégio
Apostólico dos Doze, com Pedro na chefia, e que renova
continuamente no Colégio dos Bispos, o qual cresce cada vez mais
sobre toda a terra, permanecendo unido com o Sucessor de São Pedro
e sob a sua orientação. O Concílio não se limitou a recordar este
princípio de colegialidade dos Bispos, mas vivificou-o imensamente,
além do mais, auspiciando a instituição de um órgão permanente,
que Paulo VI estabeleceu constituindo o Sínodo dos Bispos, cuja
actividade não somente deu uma nova dimensão ao seu Pontificado,
mas, em seguida, se reflectiu claramente logo desde os primeiros dias
no Pontificado de João Paulo I e no do seu indigno Sucessor.
O princípio de colegialidade demonstrou-se particularmente actual no
difícil período posconciliar, quando a comum e unânime posição do
Colégio dos Bispos — o qual manifestou a sua união ao Sucessor de
Pedro sobretudo através do Sínodo — contribuía para dissipar as
dúvidas e indicava ao mesmo tempo as justas vias da renovação da
Igreja, na sua dimensão universal. Do Sínodo, efectivamente, se
originou, entre outras coisas, aquele impulso essencial para a
evangelização que teve a sua expressão na Exortação Apostólica
Evangelii nuntiandi, acolhida com tanta alegria como programa da
renovação de carácter apostólico e conjuntamente pastoral. A mesma
linha foi seguida também nos trabalhos da última sessão ordinária do
Sínodo dos Bispos, aquela que se realizou cerca de um ano antes da
morte do Sumo Pontífice Paulo VI, a qual foi dedicada, como é
sabido, à Catequese. Os resultados daqueles trabalhos requerem
ainda uma sistematização e uma enunciação por parte da Sé
Apostólica.
E uma vez que estamos a tratar do manifesto desenvolvimento das formas
em que se exprime a Colegialidade episcopal, devemos pelo menos
recordar o processo de consolidação das Conferências Episcopais
Nacionais em toda a Igreja e de outras estruturas colegiais de
carácter internacional ou continental. Referindo-nos, depois, à
tradição secular da Igreja, convém salientar a actividade dos
diversos Sínodos locais. Foi de facto ideia do Concílio,
coerentemente actuada por Paulo VI, que as estruturas deste
género, de há séculos comprovadas pela Igreja, bem como as outras
formas de colaboração colegial dos Bispos — por exemplo a que se
centra nas metrópoles, para não falar já de cada uma das dioceses
singularmente tomadas — pulsassem em plena consciência da própria
identidade e conjuntamente da própria originalidade, na unidade
universal da Igreja.
Um idêntico espírito de colaboração e de corresponsabilidade se
está a difundir também entre os sacerdotes, o que é confirmado pelos
numerosos Conselhos Presbiterais que surgiram após o Concílio. O
mesmo espírito se difundiu também entre os leigos, não apenas
confirmando as organizações de apostolado laical já existentes, mas
criando outras novas, que não raro se apresentam com um perfil diverso
e uma dinâmica excepcional. Além disto, os leigos, conscientes da
sua responsabilidade pela Igreja, aplicaram-se de boa vontade na
colaboração com os Pastores e com os representantes dos Institutos
de vida consagrada, no âmbito dos Sínodos diocesanos, e dos
Conselhos pastorais nas paróquias e nas dioceses.
Para mim importa ter em mente tudo isto nos inícios do meu
Pontificado, para agradecer a Deus, para exprimir um vivo
encorajamento a todos os Irmãos e Irmãs e, além disto, para
recordar com sentida gratidão a obra do II Concílio do Vaticano e
os meus grandes Predecessores, que deram início a esta nova «vaga»
a animar a vida da Igreja, movimento muito mais forte do que os
sintomas de dúvida, de abalo e de crise.
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