|
Em capítulos posteriores, analisaremos os componentes do ato de
filosofar (análise que dará acesso à essência do homem e à da
Universidade), e este é o momento de discutir uma questão prévia de
decisiva importância: por que Josef Pieper distingue filosofar de
Filosofia?[47]
Com efeito, nem sempre Filosofia pode ser empregado no sentido de
filosofar. Pois "Filosofia" pode indicar meramente uma disciplina ao
lado de outras disciplinas (Matemática, Física, etc.), enquanto
"filosofar" é uma atitude interior, um "modo de olhar" para o mundo e
a realidade: "Filosofar é antes uma atitude humana fundamental diante
do mundo (...) Filosofar e estudar Filosofia são duas coisas
diferentes, e uma pode até ser obstáculo para a outra...[48]
E pode muito bem dar-se o caso de "a Filosofia enquanto 'matéria' ser
estudada de maneira bem pouco filosófica"[49] (naturalmente, pode
ocorrer também, que a disciplina "Filosofia" seja estudada,
pesquisada e lecionada com o genuíno espírito do filosofar. É nesse
sentido que falamos de "Filosofia da Educação" ou "Filosofia da
Universidade" de Pieper, etc.)
É nesse contexto que se compreende o episódio que Pieper recolhe em
sua autobiografia. Por ocasião das Bonner Hochschulwochen de 1947,
convidado para proferir quatro conferências (que constituem o livro
Was heisst Philosophieren?), quis denominá-las precisamente: "Que
significa filosofar?"; mas os organizadores acharam essa formulação
"insólita" e, a contragosto, teve de intitulá-las: "Introdução à
Filosofia"[50].
Esse filosofar constituirá o coração da Filosofia da Educação
pieperiana (o filosofar educacional de Pieper, naturalmente,
desemboca numa Filosofia da Educação) e mostrar isto é o objetivo
deste trabalho.
|
|