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Temos em primeiro lugar as cartas de Santo Inácio de Antioquia.
Foi o segundo sucessor de São Pedro Apóstolo como bispo de
Antioquia, de onde Pedro havia sido bispo antes de seguir para
Roma. Entre suas cartas temos uma dirigida e Policarpo, bispo de
Esmirna, o qual havia sido discípulo de São João Evangelista.
A correspondência atesta o grau de amizade que houve entre o
discípulo de São Pedro e o de São João. No início da carta de
Inácio a Policarpo, encontramos esta afirmação de Inácio:
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"Eu me rejubilo por ter sido julgado digno
de contemplar o teu rosto puro,
gozo este que gostaria de perpetuar em Deus.
Acelera o teu passo,
e exorta os outros para que se salvem:
fala a cada qual no estilo de Deus,
não te agrades apenas dos bons discípulos,
mas procura antes com doçura os contaminados.
Procura a todos, um por um".
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Após o martírio de Inácio, Policarpo escreveu outra carta aos
Filipenses, elogiando a doutrina contida nas cartas de Inácio:
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"Remeto-lhes, conforme pedistes,
as cartas de Inácio,
tanto as que nos mandou
como outras que tínhamos conosco.
Vão presas a esta carta.
Podeis tirar das mesmas grande proveito,
pois estão cheias de fé,
de paciência,
e dessa perfeita edificação
que leva a Nosso Senhor".
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Tratam-se, pois, de documentos de figuras importantes do
cristianismo primitivo, que haviam conhecido pessoalmente aos
apóstolos, e que gozavam de merecida fama de santidade, tendo ambos
dado a vida como mártires pela sua fé.
No fim do século I Santo Inácio foi aprisionado na Síria e
levado a Roma para ser jogado aos leões no Coliseu. Foi nesta
viagem que escreveu as sete cartas que temos dele, endereçadas a seis
Igrejas da época e uma última a São Policarpo.
Na carta à Igreja de Filadélfia escreve Inácio o seguinte:
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"Esforçai-vos por usar de uma só Eucaristia,
pois uma só é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo
e um só é o cálice para a união com seu sangue,
um só o altar, assim como um só o bispo
junto com o presbitério
e com os diáconos meus conservos".
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A importância desta passagem está em que, juntamente com a
Eucaristia, Santo Inácio menciona "um só altar", reconhecendo
com isto o caráter sacrificial da Eucaristia, porque um altar é o
local em que se oferecem sacrifícios, e não uma simples mesa.
Na carta aos Esmirnenses, Inácio afirma que o pão eucarístico
não é apenas símbolo do corpo de Cristo, mas o próprio corpo de
Cristo:
diz Santo Inácio,
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"se abstém da Eucaristia e da oração
porque não reconhecem que a Eucaristia
é a carne de Nosso Salvador Jesus Cristo,
a que padeceu por nossos pecados,
e que o Pai, em sua bondade, ressuscitou".
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