22. A verdade.

A verdade transcendental é idêntica ao ser. Não podemos por isso deixar de a atribuir, por analogia, a Deus, que diremos ser a Suprema Verdade.

Como há em Deus identidade entre a inteligência e o seu objeto, podemos dizer indiferentemente que a verdade de Deus consiste em conhecer-se tal como é, ou em ser tal como se conhece. Não há em Deus distinção entre a verdade lógica e a verdade ontológica.

E, como Deus conhece as coisas na sua vontade, e elas são como Deus as quer, o seu conhecimento das coisas é também eminentemente verdadeiro. Em Deus, o conhecimento não depende das coisas, como o nosso; são as coisas que dependem do conhecimento divino, idêntico à vontade de Deus. Por isso podemos definir a verdade das coisas, não, como tínhamos feito, a partir da possibilidade de serem conhecidas tais como são, mas a partir da sua conformidade com o conhecimento divino. A verdade ontológica ou transcendental dum ser será então esse ser encarado como conforme com o conhecimento que Deus dele tem.