7. A física de Aristóteles.

Aristóteles era enciclopédico. Mais ainda do que a filosofia, interessavam-no a física e as ciências naturais. Conseguiu exceder a ciência dos seus contemporâneos em todos os campos menos na matemática. No entanto, a sua física tem defeitos fundamentais, explicáveis pela deficiência dos instrumentos de que podia dispor. Supunha, por exemplo, que a Terra ocupava o centro do Universo, e que os astros, de matéria incorruptível diferente da dos corpos terrenos, estavam fixados em esferas concêntricas, cada uma das quais imprimia movimento à de ordem imediatamente inferior.

Admitia, ainda, que os corpos se dividiam em pesados e leves, os primeiros com tendência a aproximar-se do centro da Terra, os segundos com tendência a afastar-se dele. Em fisiologia, não conhecia a circulação do sangue, etc. Seja como for, a obra de Aristóteles como físico, e principalmente como naturalista, é notável para o tempo.

Não julgo obra do acaso que os dois maiores representantes da filosofia do ser, Aristóteles e S. Tomás, não tenham sido, unicamente, filósofos. O primeiro, como já disse, era acima de tudo físico e naturalista; isso deve tê-lo levado, mesmo em filosofia, a respeitar os fatos observados. O segundo foi discípulo dum físico e naturalista notável também, S. Alberto Magno, e, de intenção, era principalmente teólogo; por muito parodoxal que isso pareça, a sua formação teológica deve ter desenvolvido nele o sentido das realidades.