B. As faculdades.


7. As potências da alma ou faculdades.

As operações do homem são numerosas e variadas. Todas são atividades que concorrem para que a vida humana atinja a sua finalidade. Mas são exercidas de maneira variável com as circunstâncias, e, sem que cesse a vida, podem cessar, embora algumas por um tempo muito curto. Não diremos por isso que o homem exerce, por essência, essas operações, mas que, por essência, é capaz de as exercer. As várias atividades estão no homem em potência, e passam ao ato quando o homem quer, ou as circunstâncias o permitem.

A faculdade de exercer uma dada operação é o que, na lição sobre o ser, chamámos uma potência activa. Distinguem-se por isso no homem várias faculdades ou potências da alma. Várias, porque à diversidade das operações corresponde a das faculdades. Da alma, porque é a essência do homem que exige que ele possa exercer as operações que delas dependem, e, como já vimos, o que faz com que uma dada porção de matéria constitua um ser duma certa espécie, tenha uma certa essência, é a forma, a alma, Neste caso, o princípio comum que as une é portanto a alma.

As faculdades não são seres substancialmente distintos da alma; são acidentes próprios da alma, qualidades do homem, no sentido aristotélico; o que se exprime, na linguagem escolástica, com dizer que as potências da alma são princípios próximos de ações cujo primeiro princípio é a alma, ou atos segundos dum ser de que a alma é o ato primeiro. São inerentes ao homem, que é quem age por meio delas; não podemos dizer que é a vista que vê ou a vontade que quer, mas o homem que vê com a vista e quer pela vontade. É preciso não o perder de vista, em tudo o que se segue.