18. Morte de S. Tomás.

S. Tomás esteve em Itália de 1272 a 1274, ensinando em Nápoles. No último ano, era evidente o seu cansaço, esgotado como estava por tantas lutas. A contemplação, por outro lado, absorvia-o, a ponto de já pouco interesse lhe merecer a especulação filosófica. "Frei Reinaldo", dizia ele ao seu discípulo em seguida a um êxtase, "Frei Reinaldo, depois do que vi, tudo quanto tenho escrito me parece palha". No entanto, trabalhava.

Em Janeiro de 1274, recebeu do Papa a ordem de regressar a França, para assistir ao Concílio Ecumênico que se ia realizar em Lião.

É sabido que o cisma da Igreja grega, provocado por Fócio em 863, a pretexto das palavras Filioque acrescentadas ao Credo pelos latinos, foi interrompido por vários períodos de união dos gregos à Igreja católica. O primeiro, que foi o maior, durou da deposição de Fócio à ruptura com Roma do Patriarca Ecumênico Miguel Cerulário, em 1054. Durante a ocupação de Constantinopla pelos Cruzados, de 1204 a 1261, a Igreja grega foi governada por um Patriarca latino. Mais tarde, por influência do grande imperador bizantino Miguel Paleólogo, os Bispos gregos tomaram parte no segundo Concílio de Lião; a união restabeleceu-se, e durou oito anos, até à morte desse Imperador. Finalmente, pela quarta e última vez, fez-se a união no Concílio de Florença, em 1439. Mas a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453, com a cumplicidade dos cismáticos intransigentes, provocou nova ruptura. Em paga dos serviços prestados, os turcos impuseram como Patriarca o chefe dos intransigentes, Gennadios; e esta ruptura foi definitiva.

Era precisamente o segundo Concílio de Lião, o XIV Ecuménico, onde se havia de realizar a união das Igrejas, que ia reunir em 1271; a presença dum teólogo da categoria de S. Tomás, conhecedor como poucos dos grandes Doutores da Igreja grega, era considerada indispensável pelo Papa. S. Tomás pôs-se a caminho; mas adoeceu no trajeto, e teve de recolher-se no Mosteiro cisterciense de Fossa-Nova. Aí morreu cerca de um mês depois, a 7 de Março de 1274.

Nem durante a doença interrompeu o seu trabalho. É fama que se ocupou em ditar um comentário do "Cântico dos Cânticos".