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Por sua vez, o neoplatonismo influiu fortemente na formação de S.
Agostinho, primeiro grande filósofo cristão. Nascido no ano de
351, em Tagasta, na África, e educado no cristianismo por S.
Mônica, sua mãe, foi afastado dele pelo seu feitio sensual, e
pertenceu muitos anos à seita dos maniqueus, que admitiam dois
princípios criadores, um bom, outro mau. Mas aproximou-se de novo
do cristianismo devido à leitura dos livros de Plotino, conforme ele
mesmo conta nas "Confissões". Da sua conversão, em 387, até
à morte em 430, com 76 anos de idade, não deixou mais do
defender a religião cristã contra todos os seus adversários. Foi
padre, bispo de Hipona durante 35 anos, um dos maiores teólogos de
todos os tempos, mestre da vida ascética, um dos quatro grandes
"Doutores da Igreja do Ocidente".
S. Agostinho nunca pensou em fazer da filosofia uma ciência
autônoma, mesmo dentro dos limites da ortodoxia; absorvia-a na
teologia. Isso não o impediu de ser um filósofo profundo; mas as
suas idéias filosóficas não constituem propriamente um sistema, por
falta de unidade. Nas linhas gerais, aceitava as opiniões de
Platão e Plotino, mas entendidas num sentido absolutamente
cristão. As Idéias são para ele simples aspectos distintos segundo
os quais a perfeição divina pode ser participada pelas criaturas; às
emanações necessárias de Plotino substitui a Criação por livre
vontade de Deus, tal como o cristianismo a ensina; em vez da Alma
única, põe a multiplicidade das almas humanas, individuais; supõe
a matéria criada por Deus, não necessária; considera-a concreta,
e dotada de certas tendências ativas a que chama razões seminais.
Para ele, o nosso conhecimento provém das verdades eternas que Deus
comunica à alma no início da sua existência; nesse sentido, pensa
com Platão que aprender é recordar-se. São particularmente
profundas as idéias de S. Agostinho sobre a Criação, a
Providência, o mal.
S. Agostinho teve influência predominante sobre os filósofos
cristãos que precederam S. Tomás. E sobre este também, influiu
poderosamente.
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