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A força, também chamada fortaleza, é a subordinação habitual à
vontade das paixões do irascível. O seu principal efeito é dominar
o medo e tornar reflectida a audácia. Quanto à cólera, a força
refreia-a, mantendo-a submissa à vontade. Mas só a impede quando
é prejudicial; utiliza-a, pelo contrário, mas sempre regrada,
quando é preciso vigor para atacar. É a força que leva o soldado ao
combate, e dá ao perseguido a coragem de suportar violências por uma
causa justa.
Como virtudes subsidiárias da força, S. Tomás aponta a
paciência, a perseverança, a magnanimidade ou grandeza de alma
perante as honras, que se recebem sem desorientação nem
deslumbramento, e a magnificência perante as riquezas, que se aceitam
e gerem na mesma atitude de espírito. Como vícios opostos, aponta:
a cobardia e a temeridade, a ambição e a pusilanimidade, a
mesquinhez, a moleza e a teimosia.
A temperança é o hábito que subordina à vontade as paixões do
concupiscível. Refere-se, especialmente, à moderação nos
prazeres, limitados ao que é razoavelmente necessário. A
temperança manifesta-se pela sobriedade, pela castidade, pela
clemência, pela modéstia, pela mansidão. Há ainda a
liberalidade, a veracidade e a afabilidade, que, como disse atrás,
também dependem da justiça. S. Tomás nem se esquece de
mencionar, como virtude anexa da temperança, o que nós hoje
chamaríamos o espírito desportivo, que ele designa pelo nome grego de
eutrapelia.
É interessante ver que S. Tomás, entre os vícios contrários à
temperança, cita a insensibilidade, que despreza os bens sensíveis
em vez de os avaliar no seu justo valor. S. Tomás compreende e
aprova que alguém se prive dum bem menor para alcançar um maior; e
dá, entre outros, o exemplo do atleta que evita muita coisa lícita
quando se treina para uma prova; mas não admite o desprezo de nenhum
bem, por pequeno que seja.
A insensibilidade peca contra a temperança por defeito. A
intemperança peca por excesso, e manifesta-se principalmente pela
gula, pela embriaguez e pela luxúria. Como vício oposto à
temperança há ainda a crueldade.
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