|
O mestre escolhido para completar a formação de S. Tomás era o
mais notável do seu tempo: S. Alberto Magno. Tinha o estofo
dum sábio, pela sua erudição, pela sua curiosidade universal, pelo
seu espírito observador. Dedicou-se às ciências naturais; nesse
campo, estudou experimentalmente a química; observou a vida das
plantas e dos animais, tendo corrigido os livros de Aristóteles em
mais dum ponto; e não se poupou a viagens para poder ver,
pessoalmente, os efeitos de algum fenômeno meteorológico ou
sísmico, ou ouvir o testemunho das pessoas que a ele tinham
assistido. Em filosofia, seguia as idéias de Aristóteles; como os
livros deste eram então mal vistos pela igreja, as suas obras
filosóficas não tomam propriamente a forma de comentários de
Aristóteles, mas expõem as doutrinas aristotélicas, corrigidas do
que lhe parecia incompatível com o cristianismo, por uma ordem
paralela à que Aristóteles tinha adotado. Em teologia, publicou
uma "Summa Theologiae", que é uma primeira tentativa do que S.
Tomás veio a realizar depois dele.
Mas a grande obra da sua vida é a educação de S. Tomás, seu
discípulo predileto. De pouco tempo precisou para lhe reconhecer o
valor, apesar da modéstia proverbial de S. Tomás. Diz a
tradição, que acompanha sempre a memória dos grandes homens, que os
condiscípulos deste lhe tinham posto o nome de boi mudo, por ser
corpulento e de poucas palavras; o que S. Alberto teria comentado
dizendo: "Ele ainda há-de encher o mundo com os seus mugidos".
De 1245 a 1248, S. Alberto ensinou S. Tomás na
Universidade de Paris. Nesse último ano, tendo de partir para
Colónia onde ia fundar um "estudo geral" da Ordem, S. Alberto
fez-se acompanhar de S. Tomás, que de então até 1252 foi,
ao mesmo tempo, seu colaborador e seu discípulo. Mais tarde ainda,
por várias vezes, teve ocasião de colaborar com S. Tomás,
direta ou indiretamente, nas lutas em que este andou empenhado.
Sobreviveu-lhe, apesar de 19 anos mais velho. E um dos últimos
atos que se conhecem da sua vida é a viagem que fez a Paris, com 71
anos, em 1277, para defender a doutrina de S. Tomás, já
morto, contra os ataques do Bispo do Paris, Estêvão Tempier.
|
|