20. A Lição de S. Tomás.

S. Tomás deixou-nos, principalmente, a lição do seu exemplo. 49 anos de vida, dedicada a Deus desde os 5 anos, sem um desvio, sem uma hesitação. Entrou no Mosteiro do Monte Cassino por vontade dos pais; mas S. Tomás concordava com o ato deles. Lá está um artigo da Suma a dizê-lo: "Podem admitir-se crianças numa Ordem religiosa?" [4]; a conclusão é que, embora não possam fazer votos por causa da idade, devem receber-se para serem educadas na vida religiosa. Com o que ele não concordava era com os motivos que tinham guiado os pais; não procurava glória para si, nem riqueza ou influência para a família. Queria entrar em religião pelo único motivo aceitável: a intenção sincera de servir a Deus. Por isso lutou contra a família até vencer.

Depois, empregou todas as suas forças em bem cumprir os deveres que lhe traçava a obediência a que voluntariamente se tinha submetido. Obedeceu aos seus superiores dentro da Ordem dominicana; obedeceu ao Papa; com boa vontade, de todo o coração. E não recusava nenhum trabalho, mesmo pedido por quem não tinha autoridade para lhe mandar; é a Suma contra os Gentios escrita a pedido de S. Raimundo de Pegnafort; o Compêndio de Teologia a pedido de Reinaldo de Piperno; o "de Regno" feito a pedido do Rei de Chipre; e outras obras mais. Aceitava os trabalhos, mas recusava as honras. Chega a ser impressionante: Se quisermos dizer o que ele foi, e virmos as coisas pelo lado das grandezas deste mundo, temos de dizer que não foi nada.

Mas se as virmos como deve ser, teremos de confessar que foi um grande Santo; um frade exemplar; um Sábio na melhor acepção da palavra, sincero, de espírito aberto, apaixonadamente trabalhador; e um tipo perfeito da humanidade, pelo equilíbrio, pela saúde moral e física, pela largueza da inteligência e a força da vontade.