16. A questão dos Universais.

No Ocidente cristão, o renascimento começou com Carlos Magno, que fundou, no seu próprio palácio, uma escola em que se notabilizaram Alcuíno no século VIII, Rábano Mauro no fim do VIII e princípio do IX, e, neste último século, João Scot Erígena, que traduziu para latim as obras do pseudo-Dionísio, e seguia, no essencial, o sistema neoplatônico.

Os primeiros séculos da Escolástica, ou filosofia da Escola (subentenda-se, do conjunto das escolas monásticas e episcopais, e mais tarde das Universidades), foram dominados pela célebre questão dos universais. Esta questão, realmente fundamental, nasceu duma frase da Introdução de Porfírio à Lógica de Aristóteles: "Não discuto se os géneros e as espécies existem na realidade ou na inteligência, se a sua existência é corpórea ou incorpórea, se é separada das coisas sensíveis ou realizada nelas". Toda a luta se travou acerca da resposta a dar a esta pergunta.

Os realistas, Guilherme de Champeaux, Gilberto de la Porrée, David de Dinant, todos dos séculos XI e XII, atribuem aos universais (isto é, aos gêneros e às espécies), existência real separada da das coisas concretas. Tendem para o panteísmo, que não distingue Deus do mundo, e as obras de muitos foram condenadas pela Igreja.

Os nominalistas julgam os universais simples nomes coletivos, que nós damos a grupos de objetos entre os quais, na realidade, não há nada de comum. O mais notável foi Roscelin, do fim do século XI e princípio do XII. A sua teoria levou-o a ver, na SS. Trindade, três Deuses distintos, o que a Igreja, evidentemente, condenou.