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O repouso que se segue à plena posse dum fim que satisfaz todos os
impulsos naturais dum ser, de que falei ao tratar do bem deleitável,
chama-se, nas criaturas racionais, a sua felicidade, a sua
bem-aventurança. Ora o fim de Deus é a própria essência divina,
como já disse. Não podemos por isso recusar-lhe a
bem-aventurança, e bem-aventurança perfeita, visto que o fim é
perfeito, e possuído o mais perfeitamente possível: mais do que em
união, em identidade. Não há em Deus impulsos naturais, e por
isso também este termo só se lhe aplica por analogia; mas o seu ser
é a plena realização da sua natureza, de que, na realidade, não
se distingue. Podemos portanto dizer que a vida de Deus é felicidade
sem limites, na plena posse, no pleno amor, no pleno conhecimento,
da sua natureza perfeita, necessária, imutável, eterna.
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