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Os silogismos dividem-se em figuras. conforme o lugar ocupado nas
premissas pelo termo médio; e subdividem-se em modos, de acordo com
a qualidade e a quantidade das premissas. É costume dar às figuras
nomes compostos, em que o primeiro elemento é sub (de subjectum),
se o termo médio é o sujeito da maior, e prae (de praedicatum) se
é o predicado; o segundo elemento é também sub ou prae, mas segundo
a função do termo médio na menor. Há portanto quatro figuras, que
são (na ordem consagrada pelo uso) sub-prae, prae-prae, (também
chamada bis-prae), sub-sub (ou bis-sub), e prae-sub. A quarta
figura não passa duma conversão da primeira, e por isso não me ocupo
dela.
A primeira figura é a mais importante, por ser a que se baseia mais
diretamente no principio fundamental da dedução: O que é verdade de
todos é verdade de cada um. São válidos os modos em que a menor é
afirmativa e a maior universal. Com efeito, se a menor fosse
negativa, a conclusão teria de o ser também, e o grande termo, que
na conclusão é o predicado, seria nela tomado em toda á sua
extensão; dai resulta que deveria também ter extensão geral na
maior, e portanto, visto ser predicado desta, que a maior deveria ser
negativa; ora, de duas premissas negativas não se pode concluir
nada, como já disse. Por outro lado, se a maior fosse particular,
o termo médio, que é nela o sujeito, sê-lo-ia também; ora, na
menor, que é afirmativa, o termo médio, como predicado, é
particular; não teria portanto extensão geral em nenhuma das
premissas, como a regra exige.
No silogismo sub-prae, a maior deve portanto ser A ou E, e a menor
A ou I, o que dá quatro modos legítimos. Os modos têm nomes
convencionais, em que as três primeiras vogais indicam os tipos da
maior, da menor, e da conclusão, respectivamente; os da primeira
figura são: Barbara (AAA), Celarent (EAE), Darii
(AII), e Ferio (EIO).
O modo Barbara, modelo de todos, é o do silogismo que dei
primeiramente para exemplo: "O homem é mortal; Sócrates é
homem; logo, Sócrates é mortal". A menor e a conclusão são,
Neste exemplo, singulares; mas podem, como já disse, assimilar-se
a universais.
No fundo, a mecânica do silogismo sub-prae consiste em afirmar que,
se um dado objeto pertence a um grupo, que, por sua vez, faz parte,
em bloco, doutro grupo mais extenso, o objeto pertence a esse segundo
grupo.
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