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A terceira via considera a contingência das coisas. Como vimos, em
todas as coisas que conhecemos, a essência é distinta da
existência, o que quer dizer que, sem se contradizerem, elas podiam
não existir. E, de fato, a existência de muitas tem um princípio
e um fim que conhecemos. Se, nesse nascer e desaparecer das coisas,
não houvesse nada de permanente, algum momento haveria em que nada
existisse, e nada existiria também nos momentos posteriores, visto
que o nada não pode originar coisa nenhuma. Alguma coisa portanto
permanece, e se mantém, no seio da constante evolução.
Simplesmente, tudo o que se mantém, no mundo físico, seja a
massa, seja a energia, seja o que for, podia também, sem
contradição, não existir. É necessário por empréstimo, digamos.
No mundo, tal como é, é necessário; mas não é necessário por
si mesmo. Recebe doutro a sua necessidade. E como não podemos
remontar ao infinito na série dos seres necessários que recebem doutro
a sua necessidade, temos de chegar a um ser necessário por si mesmo,
por essência; a um Ser cuja essência seja ser, existir; a Deus.
Esta prova resume-se a dizer que o existirem coisas cuja essência é
distinta da existência pressupõe a existência dum Ser em que
essência e existência se identifiquem.
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