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As três escolas precedentes tinham, sobretudo, feição moral. O
neo-platonismo é, principalmente, místico. A sua doutrina
deve-se a Plotino, egípcio helenístico do século II D. C.,
que ensinava em Roma. Foram seus discípulos Porfírio, que
escreveu uma célebre introdução ao Organon de Arístóteles,
Jâmblico, que transportou a escola para Alexandria, e Próclus,
que a instalou em Atenas, na Academia.
Plotino concebe o Universo como uma série de emanações sucessivas,
que vão dando origem a seres cada vez mais imperfeitos. Na origem de
tudo, está o Ser necessário, o Uno, cuja existência não precisa
de ser demonstrada. Segue-se-lhe a Inteligência, depois a Alma,
depois a Matéria. O Uno é Deus, que só pode ser atingido pelo
êxtase; a Inteligência fragmenta-se em Idéias, à maneira de
Platão; a Alma é constituída pelas almas de todas as coisas,
vivas ou inertes; a Matéria é o vácuo puro, o não-ser, e
confunde-se com o espaço. Os quatros seres são todos igualmente
eternos; todas as emanações são igualmente necessárias.
A moral neoplatônica, fundada na ascensão da alma para Deus, dá
origem a uma ascese que, pelo recolhimento e pela purificação,
procura atingir o êxtase como fim supremo. Diga-se que Plotino,
posterior a Cristo, foi com certeza influenciado pelas idéias
cristãs; o seu mestre, segundo parece, foi um apóstata do
cristianismo.
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