19. S. Boaventura.

Todos os precedentes seguiam, nas grandes linhas, o sistema de Platão, entendido mais ou menos à maneira de Plotino e S. Agostinho. No princípio do século XIII, o augustinismo dominava em todas as escolas; e acolheu com a maior hostilidade, como já tive ocasião de dizer, o aparecimento dos livros de Aristóteles sobre metafísica.

O maior augustinista desse século, que, além do mais, se distinguia dos outros pela sua benevolência para com Aristóteles, foi S. Boaventura, franciscano, amigo pessoal e antigo condiscípulo de S. Tomás na Universidade de Paris. No seu sistema, essencialmente augustinista, admite no entanto algumas das teses aristotélicas, sem quebra de coerência; assim, entende como Aristóteles que provém dos sentidos o conhecimento intelectual das coisas sensíveis; mas quanto ao conhecimento de Deus, julga que vem, como pensava S. Agostinho, das verdades eternas, de que temos a intuição.

Mas a maior glória de S. Boaventura não é na filosofia; é na teologia mística, de que foi mestre.