27. A bem-aventurança.

O repouso que se segue à plena posse dum fim que satisfaz todos os impulsos naturais dum ser, de que falei ao tratar do bem deleitável, chama-se, nas criaturas racionais, a sua felicidade, a sua bem-aventurança. Ora o fim de Deus é a própria essência divina, como já disse. Não podemos por isso recusar-lhe a bem-aventurança, e bem-aventurança perfeita, visto que o fim é perfeito, e possuído o mais perfeitamente possível: mais do que em união, em identidade. Não há em Deus impulsos naturais, e por isso também este termo só se lhe aplica por analogia; mas o seu ser é a plena realização da sua natureza, de que, na realidade, não se distingue. Podemos portanto dizer que a vida de Deus é felicidade sem limites, na plena posse, no pleno amor, no pleno conhecimento, da sua natureza perfeita, necessária, imutável, eterna.