15. A bondade.

A bondade toma-se em metafísica no seu sentido geral de qualidade do que é bom, e não no restrito de qualidade do que é bondoso. E, como se disse na lição anterior, o bem ontológico é idêntico ao ser. É o ser considerado como fim, natural ou consciente, duma ação. Deus portanto, Ser Supremo, é também o supremo Bem.

Podemos distinguir no bem uma tríplice feição. O fim próximo duma ação, subordinado por sua vez a um fim mais geral, é bom, é desejável e desejado, como instrumento, pela sua utilidade. O fim remoto da ação é procurado por si mesmo; é ele, propriamente, o bem desejado. Finalmente, a obtenção do fim dá lugar ao repouso, e, nas ações conscientes, à alegria. É esse um novo bem, desejado na ação, mas não é propriamente o seu fim; é reflexão do agente sobre o bem possuído, e, precisamente por ser este último que a ação procurava, esta cessa uma vez que o atingiu.

A estas três modalidades do bem chamava a Escola o útil, o honesto e o deleitável.

O bem útil, forma imperfeita, relativa, não convém a Deus, que, para ser Deus, tem, como vimos, de ser independente em absoluto. Mas as outras duas formas devem-lhe ser atribuídas em grau eminente, confundidas na simplicidade de Deus, com cuja essência se identificam. Voltarei a este assunto quando falar da vontade e da felicidade de Deus.