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Todos os precedentes seguiam, nas grandes linhas, o sistema de
Platão, entendido mais ou menos à maneira de Plotino e S.
Agostinho. No princípio do século XIII, o augustinismo
dominava em todas as escolas; e acolheu com a maior hostilidade, como
já tive ocasião de dizer, o aparecimento dos livros de Aristóteles
sobre metafísica.
O maior augustinista desse século, que, além do mais, se
distinguia dos outros pela sua benevolência para com Aristóteles,
foi S. Boaventura, franciscano, amigo pessoal e antigo
condiscípulo de S. Tomás na Universidade de Paris. No seu
sistema, essencialmente augustinista, admite no entanto algumas das
teses aristotélicas, sem quebra de coerência; assim, entende como
Aristóteles que provém dos sentidos o conhecimento intelectual das
coisas sensíveis; mas quanto ao conhecimento de Deus, julga que
vem, como pensava S. Agostinho, das verdades eternas, de que temos
a intuição.
Mas a maior glória de S. Boaventura não é na filosofia; é na
teologia mística, de que foi mestre.
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