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A influência de Descartes sobre os seus contemporâneos foi imensa.
Mas não conseguiu convencer Pascal, grande matemático como ele.
Este, inteligência extraordinariamente lúcida e precoce, pode
dizer-se que se formou a si mesmo, independentemente de qualquer
escola. Com palavras certeiras, criticou Descartes, mostrando a
diferença entre o espírito matemático e o "esprit de finesse",
necessário para filosofar. Insistiu, por outro lado, no mistério
que nos envolve, e que nenhuma inteligência humana pode supor
dominar; mistério que não se encontra só no Universo exterior,
onde o homem está como que suspenso entre o infinitamente grande e o
infinitamente pequeno, mas existe na própria natureza humana, rica de
contrastes que, pensa Pascal, só o dogma cristão do pecado original
permite explicar.
Pascal fez uma análise penetrante de todas as dificuldades,
fundando-se em princípios sólidos. A sua morte prematura, com 39
anos de idade, em 1662, impediu-o de a coroar por uma obra
construtiva; é de supor que ela tivesse feição apologética, mas de
recear, por outro lado, que a eivassem os preconceitos jansenistas.
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