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A bondade toma-se em metafísica no seu sentido geral de qualidade do
que é bom, e não no restrito de qualidade do que é bondoso. E,
como se disse na lição anterior, o bem ontológico é idêntico ao
ser. É o ser considerado como fim, natural ou consciente, duma
ação. Deus portanto, Ser Supremo, é também o supremo Bem.
Podemos distinguir no bem uma tríplice feição. O fim próximo duma
ação, subordinado por sua vez a um fim mais geral, é bom, é
desejável e desejado, como instrumento, pela sua utilidade. O fim
remoto da ação é procurado por si mesmo; é ele, propriamente, o
bem desejado. Finalmente, a obtenção do fim dá lugar ao repouso,
e, nas ações conscientes, à alegria. É esse um novo bem,
desejado na ação, mas não é propriamente o seu fim; é reflexão
do agente sobre o bem possuído, e, precisamente por ser este último
que a ação procurava, esta cessa uma vez que o atingiu.
A estas três modalidades do bem chamava a Escola o útil, o honesto
e o deleitável.
O bem útil, forma imperfeita, relativa, não convém a Deus,
que, para ser Deus, tem, como vimos, de ser independente em
absoluto. Mas as outras duas formas devem-lhe ser atribuídas em grau
eminente, confundidas na simplicidade de Deus, com cuja essência se
identificam. Voltarei a este assunto quando falar da vontade e da
felicidade de Deus.
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