12. A "Suma contra os Gentios".

O grande esforço que representa o comentário de quase toda a obra de Aristóteles, feito em período tão curto, não impediu S. Tomás de escrever outros trabalhos notabilíssimos durante a sua estada em Itália. O principal é a "Suma contra os Gentios". Essa obra, escrita a pedido de S. Raimundo de Pegnafort, é uma exposição completa da doutrina cristã, destinada especialmente aos árabes e aos judeus. Por isso tem nela especial relevo a filosofia, que justifica a fé; o que lhe tem feito dar às vezes, impropriamente, o nome de "Suma filosófica".

Escreveu também, no mesmo espírito, o seu opúsculo "Contra os erros dos Gregos"; continuou as "Questões disputadas"; comentou o livro dos "Nomes Divinos" atribuído a S. Dionísio Areopagita, e vários livros da Bíblia; e começou, em 1265, a "Suma Teológica".

Também durante a sua estada em Itália, compôs o ofício para a festa do Corpo de Deus ainda hoje adotado pela Liturgia. Esse ofício foi escrito em 1264, a pedido do Papa Urbano IV, que instituiu a festa. Nos hinos, S. Tomás revela-se verdadeiro poeta, e mostra, no verso como na prosa, as qualidades que o caracterizam: clareza, simplicidade, concisão, riqueza de pensamento. Conta-se que o Papa tinha também pedido a S. Boaventura, antigo condiscípulo e amigo sincero de S. Tomás, que escrevesse um projeto de ofício para a nova festa: mas que S. Boaventura não chegou a apresentá-lo; ao ouvir ler o ofício composto por S. Tomás, comoveu-se até às lágrimas, e rasgou o que levava escrito.