4. Deus, Ser necessário.

A terceira via considera a contingência das coisas. Como vimos, em todas as coisas que conhecemos, a essência é distinta da existência, o que quer dizer que, sem se contradizerem, elas podiam não existir. E, de fato, a existência de muitas tem um princípio e um fim que conhecemos. Se, nesse nascer e desaparecer das coisas, não houvesse nada de permanente, algum momento haveria em que nada existisse, e nada existiria também nos momentos posteriores, visto que o nada não pode originar coisa nenhuma. Alguma coisa portanto permanece, e se mantém, no seio da constante evolução.

Simplesmente, tudo o que se mantém, no mundo físico, seja a massa, seja a energia, seja o que for, podia também, sem contradição, não existir. É necessário por empréstimo, digamos. No mundo, tal como é, é necessário; mas não é necessário por si mesmo. Recebe doutro a sua necessidade. E como não podemos remontar ao infinito na série dos seres necessários que recebem doutro a sua necessidade, temos de chegar a um ser necessário por si mesmo, por essência; a um Ser cuja essência seja ser, existir; a Deus.

Esta prova resume-se a dizer que o existirem coisas cuja essência é distinta da existência pressupõe a existência dum Ser em que essência e existência se identifiquem.