10. As traduções directas de Aristóteles.

S. Tomás, pela sua formação, era aristotélico. Tinha sido educado por S. Alberto Magno, que, como já disse, dentro do que a Igreja permitia, ensinava o aristotelismo sem utilizar os livros de Aristóteles, e corrigindo-o onde lhe parecia necessário. Mas o seu procedimento, nesta ocasião, é um modelo de imparcialidade. Antes de se manifestar, estudou a autenticidade dos livros atribuídos a Aristóteles; e conseguiu mostrar que o livro das "Causas", por exemplo, era apócrifo, e extraído da obra dum filósofo neoplatônico. Por não confiar suficientemente no seu conhecimento do grego, procurou obter traduções diretas de Aristóteles, tão fieis quanto possível. Encontrando, na corte pontifícia, o helenista Guilherme de Moerbeke, dominicano como ele, pediu-lhe que se encarregasse desse trabalho; e este, metendo mãos à obra com atividade inexcedível, fez em pouco tempo, dos principais livros de Aristóteles, traduções que ainda hoje se podem considerar clássicas, senão pela elegância do estilo, ao menos pela fidelidade ao original.