24. Os tomistas. Suarez.

Durante todo este período, a tradição tomista manteve-se sem interrupção.

Algumas Universidades mantiveram ou retomaram o ensino do tomismo. Entre as últimas, cita-se, como caso curioso, a de Paris, que em 1473, por decreto de Luís XI, teve de deixar o occamismo e regressar aos sistemas realistas de S. Tomás e Duns Scot. Em Bolonha, no princípio do século XVI, Silvestre de Ferrara comentou a "Suma contra os Gentios".

A Ordem dominicana ensinava oficialmente o tomismo, e a ela pertenceram muitos e bons discípulos de S. Tomás: Reinaldo de Piperno no século XIII, Chevreuil ou Capreolus no século XV, e, no século XVI, o grande comentador da "Suma Teológica", Tomás de Vio, natural de Gaeta (em latim Caieta), e bispo da mesma cidade, conhecido por isso pelo Caietano. Desde a sua fundação, a Companhia de Jesus adotou também o tomismo.

A última fase brilhante da Escolástica foi na Península, no século XVI, e o seu maior representante nesse período um jesuíta: o espanhol Suarez, formado em Salamanca, que ensinou, entre outras, na Universidade de Coimbra. Suarez era tomista; mas, do tomismo, antes adotava algumas teses dispersas do que a totalidade do sistema. Não aceitava, por exemplo, a distinção da essência e da existência, que é vital. Suarez guiava-se, sobretudo, pelas conveniências do estudo da teologia; o que mostra nele, apesar de tudo, um filósofo da decadência. De resto, em olhar a filosofia do ponto de vista teológico, já tinha sido precedido por Duns Scot. Suarez foi, além de filósofo, um teólogo de raro valor.