23. A decadência.

No período de decadência, que vai do século XIII ao século XVI, há, além dos já citados, outros nomes dignos de menção. Rogério Bacon, ainda no século XIII, foi notável como precursor da física experimental, mais do que como filósofo; era augustinista, como quase todos os doutores franciscanos do seu tempo. Raimundo Lulio, pouco posterior, inventou uma espécie de álgebra da lógica, a que chamou a "grande arte", e com a qual contava poder converter os muçulmanos.

No século XIV, Buridan estudou em especial o problema do livre arbítrio, e tornou-se célebre pelo exemplo (que aliás só conhecemos de tradição, porque não aparece nos seus escrito), do burro que morre de fome entre dois fardos de palha, por não saber escolher qual dos dois há-de comer primeiro. Do século XV, pode citar-se Pico de Mirândola, que morreu aos 31 anos depois de ter apresentado 900 teses intituladas "de omni re scibili", ao que os maliciosos do tempo acrescentaram "et quibusdam aliis": de tudo que há para saber, e outras coisas mais. No mesmo século, Nicolau de Cusa faz reviver o neoplatonismo; no seu "de docta ignorantia", conclui que a verdadeira ciência consiste em confessar a sua ignorância. Finalmente, do século XVI, devem mencionar-se Montaigne, que renovou o ceticismo; Giordano Bruno, continuador de Lulio e adversário da física aristotélica; e Francisco Bacon, que fez dar à lógica o primeiro passo importante desde o tempo de Aristóteles, formulando as regras da indução científica. Mas estes últimos filósofos já não pertencem à Escolástica. São precursores do período moderno, que se inicia com Descartes.