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A regra a observar para atingir o nosso fim natural é a lei do nosso
procedimento. Tem caráter obrigatório, porque o fim último das
nossas ações não é escolhido por nós, mas fixado pela Natureza.
Como seres livres, podemos escolher, em cada caso concreto, a ação
a praticar e o fim particular a obter; mas esse deve subordinar-se
sempre ao fim último natural. Utilizar faculdades naturais para fins
contrários aos da Natureza é uma desordem, que mutila o nosso ser,
privando-o da sua plena realização.
Há vários aspectos a distinguir na lei moral. Antes de mais,
sabemos que Deus ordenou todas as coisas para a harmonia do conjunto,
que é como que a forma do Universo e a razão justificativa da sua
existência. Em vista da ordem do todo, criou os diversos tipos de
seres, dotando cada um duma natureza apropriada à obtenção do fim
parcial que lhe compete. Proporcionou as naturezas aos fins; criou
entre estes e aquelas um laço intrínseco, de forma que há dum lado
tendência para um fim, do outro realização duma natureza. O plano
criador de Deus é por isso a regra suprema de toda a ação; tem
valor de lei: é a lei eterna. E, assim como Deus é a causa
primária de que dependem todas as outras causas, a lei eterna é o
princípio de que derivam todas as leis.
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