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Durante todo este período, a tradição tomista manteve-se sem
interrupção.
Algumas Universidades mantiveram ou retomaram o ensino do tomismo.
Entre as últimas, cita-se, como caso curioso, a de Paris, que em
1473, por decreto de Luís XI, teve de deixar o occamismo e
regressar aos sistemas realistas de S. Tomás e Duns Scot. Em
Bolonha, no princípio do século XVI, Silvestre de Ferrara
comentou a "Suma contra os Gentios".
A Ordem dominicana ensinava oficialmente o tomismo, e a ela
pertenceram muitos e bons discípulos de S. Tomás: Reinaldo de
Piperno no século XIII, Chevreuil ou Capreolus no século
XV, e, no século XVI, o grande comentador da "Suma
Teológica", Tomás de Vio, natural de Gaeta (em latim
Caieta), e bispo da mesma cidade, conhecido por isso pelo
Caietano. Desde a sua fundação, a Companhia de Jesus adotou
também o tomismo.
A última fase brilhante da Escolástica foi na Península, no
século XVI, e o seu maior representante nesse período um
jesuíta: o espanhol Suarez, formado em Salamanca, que ensinou,
entre outras, na Universidade de Coimbra. Suarez era tomista;
mas, do tomismo, antes adotava algumas teses dispersas do que a
totalidade do sistema. Não aceitava, por exemplo, a distinção da
essência e da existência, que é vital. Suarez guiava-se,
sobretudo, pelas conveniências do estudo da teologia; o que mostra
nele, apesar de tudo, um filósofo da decadência. De resto, em
olhar a filosofia do ponto de vista teológico, já tinha sido
precedido por Duns Scot. Suarez foi, além de filósofo, um
teólogo de raro valor.
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