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Platão foi autor dramático antes de se fazer discípulo de
Sócrates, e o seu talento de dramaturgo revela-se nos "Diálogos"
admiráveis que nos deixou. Neles, relata-nos as principais
discussões de Sócrates com os sofistas, aproveitando o ensejo para
expor a sua própria filosofia.
O platonismo caracteriza-se pela teoria das Idéias, protótipo das
coisas, eternos e perfeitos, que, segundo Platão, constituem um
mundo à parte, mais real do que o mundo concreto. Considera, por
exemplo, a humanidade ou o homem em si como Idéia ou exemplar do
homem em geral; da mesma maneira, considera uma Idéia para cada
espécie de coisas, e além disso as idéias abstratas de beleza,
verdade, etc. As coisas, segundo ele, existem por participação
das Idéias, de que são como que um reflexo. Os nossos
conhecimentos também são participação das Idéias; o que Platão
explica supondo que a alma é, não só imortal, mas eterna,
existindo no mundo das Idéias antes do nascimento como depois da
morte; ao unir-se a um corpo, traz consigo as idéias lá
adquiridas, de que só precisa de se recordar.
À filosofia de Platão tem-se chamado com igual justiça realismo
extremo e idealismo. É idealista no conhecimento, porque supõe as
idéias inatas, e independentes da experiência; é realista ao
último ponto em metafísica, porque atribui aos conceitos gerais
existência separada da das coisas.
Platão foi um dos maiores espíritos que se têm dedicado à
filosofia, tanto intelectual como moralmente. Era como que um
místico pagão; embora confusamente, soube elevar-se até à
contemplação do divino; veja-se, por exemplo, o discurso de
Sócrates no "Banquete". Mas a sua teoria das Idéias não está de
acordo com a experiência; e as suas opiniões políticas e sociais
são francamente utópicas.
Platão morreu com mais de 80 anos, em 348 A.C. A
escola que fundou, a "Academia", assim chamada por estar instalada
nos jardins do seu amigo Academos, durou perto de 900 anos; foi
definitivamente encerrada por decreto de Justiniano, em 529
D.C.
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