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Quanto ao agente de que falamos acima, é a causa eficiente, ou
simplesmente a causa, do efeito considerado. É a seu respeito que se
formula o principio de causalidade
todo o ser que não existe por essência tem uma causa eficiente. Este
princípio é um caso particular do de razão de ser; é o princípio
de razão de ser aplicado às coisas que, por essência, podem não
existir. A causa eficiente é uma causa extrínseca, isto é, que
permanece distinta do objeto que origina. Que é necessária vê-se
facilmente: a matéria, elemento potencial, não pode imprimir a si
mesma uma forma, visto que ninguém age senão na medida em que é
ato. Tem portanto um ser em ato de extrair essa forma da
potencialidade da matéria;
esse ser é a causa eficiente [42].
A causa eficiente é um ser, ou vários, não um príncipio ou
elemento de ser. Não se deve esquecer isto; porque, na linguagem
corrente, faz-se grande confusão a este respeito. Diz-se, por
exemplo, que os astros descrevem órbitas elípticas por causa da lei
da gravitação universal. Essa lei não é a causa eficiente; é a
causa formal. É o elemento formal do fenômeno que se considera; só
nesse sentido se pode entender a expressão. A causa eficiente são os
outros astros, cuja ação encurva a trajetória do primeiro.
A causa eficiente cuja forma é idêntica à que imprime no ser a que
dá origem diz-se unívoca; aquela em que essa forma existe
virtualmente, como que absorvida numa forma de ordem mais elevada,
chama-se análoga. Podemos dizer, por exemplo, que o Sol, pela
energia que irradia, é causa eficiente análoga de grande parte dos
fenômenos que se dão na Terra.
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