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As operações do homem são numerosas e variadas. Todas são
atividades que concorrem para que a vida humana atinja a sua
finalidade. Mas são exercidas de maneira variável com as
circunstâncias, e, sem que cesse a vida, podem cessar, embora
algumas por um tempo muito curto. Não diremos por isso que o homem
exerce, por essência, essas operações, mas que, por essência,
é capaz de as exercer. As várias atividades estão no homem em
potência, e passam ao ato quando o homem quer, ou as circunstâncias
o permitem.
A faculdade de exercer uma dada operação é o que, na lição sobre
o ser, chamámos uma potência activa. Distinguem-se por isso no
homem várias faculdades ou potências da alma. Várias, porque à
diversidade das operações corresponde a das faculdades. Da alma,
porque é a essência do homem que exige que ele possa exercer as
operações que delas dependem, e, como já vimos, o que faz com que
uma dada porção de matéria constitua um ser duma certa espécie,
tenha uma certa essência, é a forma, a alma, Neste caso, o
princípio comum que as une é portanto a alma.
As faculdades não são seres substancialmente distintos da alma; são
acidentes próprios da alma, qualidades do homem, no sentido
aristotélico; o que se exprime, na linguagem escolástica, com dizer
que as potências da alma são princípios próximos de ações cujo
primeiro princípio é a alma, ou atos segundos dum ser de que a alma
é o ato primeiro. São inerentes ao homem, que é quem age por meio
delas; não podemos dizer que é a vista que vê ou a vontade que
quer, mas o homem que vê com a vista e quer pela vontade. É preciso
não o perder de vista, em tudo o que se segue.
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