B. A Filosofia no sentido estrito.


7. O sentido estrito da palavra.

Mas da segunda vez que aparece na mesma frase, a palavra tem, rigorosamente, o seu sentido estrito. Rir-se da filosofia, de todos os erros, de todas as contradições, de todas as fraquezas, de todas as incoerências que se apresentam com esse nome, é, realmente, filosofar muito bem. Porque a filosofia, já o disse, é uma ciência; só deve compreender, a dizer bem, aquilo que, no esforço filosófico, corresponde a qualquer coisa existente na verdade. Consiste no conhecimento compreensivo do Universo, mas do Universo real, tal como é. Se não podemos conhecê-lo inteiramente, ao menos que não julguemos dele o que não é, de fato. Queremos, com a filosofia, aumentar o que sabemos do mundo; nunca, pôr de parte o que já sabemos para o substituir por uma especulação sem bases, obra só da fantasia. Pretendemos tratar das coisas que vemos, dos homens que nos cercam, de nós mesmos em tudo o que nos caracteriza, de Deus; e não duma utopia fabricada pelo nosso espírito. Só será filosofia, no sentido estrito, a que nos der, sobre tudo isso, conhecimentos verdadeiros, por muito limitados que sejam em relação ao que desejaríamos; a que corresponder, realmente, a uma ciência.

Para isso, é necessário que a filosofia apresente um certo número de características, que vou enumerar.