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Mas da segunda vez que aparece na mesma frase, a palavra tem,
rigorosamente, o seu sentido estrito. Rir-se da filosofia, de todos
os erros, de todas as contradições, de todas as fraquezas, de todas
as incoerências que se apresentam com esse nome, é, realmente,
filosofar muito bem. Porque a filosofia, já o disse, é uma
ciência; só deve compreender, a dizer bem, aquilo que, no esforço
filosófico, corresponde a qualquer coisa existente na verdade.
Consiste no conhecimento compreensivo do Universo, mas do Universo
real, tal como é. Se não podemos conhecê-lo inteiramente, ao
menos que não julguemos dele o que não é, de fato. Queremos, com
a filosofia, aumentar o que sabemos do mundo; nunca, pôr de parte o
que já sabemos para o substituir por uma especulação sem bases, obra
só da fantasia. Pretendemos tratar das coisas que vemos, dos homens
que nos cercam, de nós mesmos em tudo o que nos caracteriza, de
Deus; e não duma utopia fabricada pelo nosso espírito. Só será
filosofia, no sentido estrito, a que nos der, sobre tudo isso,
conhecimentos verdadeiros, por muito limitados que sejam em relação
ao que desejaríamos; a que corresponder, realmente, a uma ciência.
Para isso, é necessário que a filosofia apresente um certo número
de características, que vou enumerar.
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