4. Platão.

Platão foi autor dramático antes de se fazer discípulo de Sócrates, e o seu talento de dramaturgo revela-se nos "Diálogos" admiráveis que nos deixou. Neles, relata-nos as principais discussões de Sócrates com os sofistas, aproveitando o ensejo para expor a sua própria filosofia.

O platonismo caracteriza-se pela teoria das Idéias, protótipo das coisas, eternos e perfeitos, que, segundo Platão, constituem um mundo à parte, mais real do que o mundo concreto. Considera, por exemplo, a humanidade ou o homem em si como Idéia ou exemplar do homem em geral; da mesma maneira, considera uma Idéia para cada espécie de coisas, e além disso as idéias abstratas de beleza, verdade, etc. As coisas, segundo ele, existem por participação das Idéias, de que são como que um reflexo. Os nossos conhecimentos também são participação das Idéias; o que Platão explica supondo que a alma é, não só imortal, mas eterna, existindo no mundo das Idéias antes do nascimento como depois da morte; ao unir-se a um corpo, traz consigo as idéias lá adquiridas, de que só precisa de se recordar.

À filosofia de Platão tem-se chamado com igual justiça realismo extremo e idealismo. É idealista no conhecimento, porque supõe as idéias inatas, e independentes da experiência; é realista ao último ponto em metafísica, porque atribui aos conceitos gerais existência separada da das coisas.

Platão foi um dos maiores espíritos que se têm dedicado à filosofia, tanto intelectual como moralmente. Era como que um místico pagão; embora confusamente, soube elevar-se até à contemplação do divino; veja-se, por exemplo, o discurso de Sócrates no "Banquete". Mas a sua teoria das Idéias não está de acordo com a experiência; e as suas opiniões políticas e sociais são francamente utópicas.

Platão morreu com mais de 80 anos, em 348 A.C. A escola que fundou, a "Academia", assim chamada por estar instalada nos jardins do seu amigo Academos, durou perto de 900 anos; foi definitivamente encerrada por decreto de Justiniano, em 529 D.C.