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Mais afastado ainda, no couce de toda a tropa, ia o grande comboio
geral de munições, sob o mando direto do deputado do
Quartel-Mestre-General, coronel Campelo França, e guarnecido
com 432 praças, o 5º Corpo de Polícia Baiana — o único
entre todos que se talhara pelas condições da campanha.
Recém-formara-se com sertanejos engajados nas regiões ribeirinhas
do S. Francisco. Mas não era um batalhão de linha, como não era
um batalhão de polícia. Aqueles caboclos rijos e bravos, joviais e
bravateadores que mais tarde, nos dias angustiosos do assédio de
Canudos, descantariam, ao som dos machetes, modinhas folgazãs,
debaixo de fuzilarias rolantes — eram um batalhão de jagunços.
Entre as forças regulares de um e outro matiz, imprimiam o traço
original da velha bravura a um tempo romanesca e bruta, selvagem e
heróica, cavaleira e despiedada, dos primeiros mestiços, batedores
de bandeiras. Eram o temperamento primitivo de uma raça, guardado,
intacto, no insulamento das chapadas, fora da intrusão de outros
elementos e aparecendo, de chofre, com a sua feição original; misto
interessante de atributos antilógicos, em que uma ingenuidade
adorável e a lealdade levada até ao sacrifício e o heroísmo
distendido até à barbaridade, se confundem e se revezam,
indistintos. Vê-lo-emos ao diante.
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