EPISÓDIO TRÁGICO

Fora uma hecatombe. Cumulou-a um episódio trágico.

A algara tumultuária teve um desfecho teatral.

Foi no volver das últimas bicadas da serra...

Ali sobre barranca agreste, avergoada de algares, se alteava, oblíqua e mal tocando por um dos extremos o solo, imensa lajem presa entre duas outras que a sustinham pelo atrito, semelhando um dólmen abatido. Este abrigo coberto tinha, na frente, a barbacã de um muro de rocha viva. Nele se acoutaram muitos sertanejos — cerca de quarenta, segundo um espectador do quadro — provavelmente os que possuíam as derradeiras cargas dos trabucos. A terra protetora dava aos vencidos o último reduto.

Aproveitaram-no. Abriram sobre os perseguidores um tiroteio escasso, e fizeram-nos estacar um momento, fazendo parar, mais longe, a artilharia que se aprestou a bombardear o pequeno grupo de temerários. O bombardeio reduziu-se a um tiro. A granada partiu levemente desviada do alvo, e foi arrebentar numa das junturas em que se engastava a pedra. Dilatou-a. Abriu-a, de alto a baixo.

E o bloco despregado desceu pesadamente, em baque surdo, sobre os infelizes, sepultando-os... Reatou-se a marcha. Adiante, numa exaustão crescente, percebida no rarear dos tiros, os últimos defensores do Cambaio tocavam para Canudos. Desapareceram, por fim.