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Mais tarde, relatando o feito, o chefe expedicionário se confessou
impotente para descrever a imensa “chuva de balas que desciam dos
morros e subiam das planícies num sibilo horrível de notas”, que
atordoavam. Por sua vez o comandante da 1ª coluna afirmou, em ordem
do dia, que durante cinco anos, na guerra do Paraguai, jamais
presenciara cousa semelhante.
Realmente, os sertanejos revelaram uma firmeza de tiro
surpreendedora. As descargas, nutridas, rolantes e violentíssimas,
deflagrando pelos cerros como se as ateassem um rastilho único, depois
de abrangerem a tropa desabrigada bateram, convergentes, sobre a
artilharia. Dizimaram-na. Tombaram dezenas de soldados e a metade
dos oficiais. Sobre o cerro, varrido em minutos, permaneceu,
entretanto, firme, a guarnição rarefeita e no meio dela,
atravessando entre as baterias impassível como se desse instrução num
polígono de tiro, um velho de bravura serena e inamolgável, — um
valente tranqüilo, o coronel Olímpio da Silveira. Foi a
salvação. Em tal emergência o abandono dos canhões seria o
desbarato...
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