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O jagunço é menos teatralmente heróico; é mais tenaz; é mais
resistente; é mais perigoso; é mais forte; é mais duro.
Raro assume esta feição romanesca e gloriosa. Procura o adversário
com o propósito firme de o destruir, seja como for.
Está afeiçoado aos prélios obscuros e longos, sem expansões
entusiásticas. A sua vida é uma conquista arduamente feita, em
faina diuturna. Guarda-a como capital precioso. Não esperdiça a
mais ligeira contração muscular, a mais leve vibração nervosa sem a
certeza do resultado. Calcula friamente o pugilato. Ao riscar da
faca não dá um golpe em falso. Ao apontar a lazarina longa ou o
trabuco pesado, dorme na pontaria... Se ineficaz o arremesso
fulminante, o contrário enterreirado não baqueia, o gaúcho,
vencido ou pulseado, é fragílimo nas aperturas de uma situação
inferior ou indecisa.
O jagunço, não. Recua. Mas no recuar é mais temeroso ainda. É
um negacear demoníaco. O adversário tem, daquela hora em diante,
visando-o pelo cano da espingarda, um ódio inextinguível, oculto no
sombreado das tocaias...
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