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Firmara-se definitivamente um regime insustentável. A estadia na
Favela era sobremaneira inconveniente porque, além de acumular baixas
diárias sem efeito algum, desmoralizava dia a dia a expedição, lhe
malsinava o renome e tornar-se-ia em breve inaturável pelo
esgotamento completo das munições. Abandoná-la era deixar as
contingências de um cerco mais perigosas que as alternativas da batalha
franca. Alguns oficiais superiores sugeriram então a única medida —
forçada e urgente — a alvitrar-se: o assalto imediato ao arraial.
“Seja, porém, como for, no dia 30 de junho as forças estavam
bem dispostas; a artilharia podia continuar a bombardear Canudos
durante algumas horas ainda; em seguida era possível levar-se um
ataque à cidadela. Havia para isto a melhor disposição dos
comandantes das colunas, brigadas e corpos e dos oficiais subalternos e
dos soldados cuja aspiração predominante era atingir o Vaza-Barris
que lhes representava a abundância de que se achavam privados, numa
posição acanhada, enfiada por toda a parte, sem capacidade para dous
quanto mais para perto de seis mil homens.”
O general-em-chefe, porém, repeliu o alvitre “acreditando que de
Monte Santo chegasse, em breve, um comboio de gêneros alimentícios
como lhe afiançara o deputado do Quartel-Mestre-General e só
então, depois de três dias de ração completa, investiria sobre os
baluartes do Conselheiro”.
Mas esse comboio não existia. Enviada ao seu encontro, no dia
30, a brigada do coronel Medeiros, para o aguardar nas Baixas e
dali o proteger até ao acampamento, aquele comandante, nada
encontrando, prosseguiu na jornada para Monte Santo, onde também
nada existia. E o exército, que à sua partida já sofria os
primeiros aguilhões da fome, entrou num período de provações
indescritíveis.
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