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Tomou para Canudos onde era ansiosamente esperada, a 10 de agosto,
despida inteiramente do esplêndido aparato hierárquico com que
nascera. Dirigia-a o fiscal do 24º, Henrique de Magalhães,
estando os corpos comandados pelo major Lídio Porto e capitães
Afonso de Oliveira e Tio Escobar. A marcha foi difícil e morosa.
Desde Queimadas lutava-se com dificuldades sérias de transporte.
Os cargueiros, animais imprestáveis, velhos e cansados muares
refugados das carroças da Bahia e tropeiros improvisados —
rengueavam, tropeçando pelos caminhos, imobilizando os batalhões, e
remorando a avançada.
Chegou desse modo a Aracati, onde lhe foi entregue um comboio que
devia guarnecer até Canudos. Neste comenos dizimava-a a varíola.
Destacavam-se das suas fileiras, diariamente, dous ou três
enfermos, volvendo para o hospital, em Monte Santo. Outros,
estropiados, naquela repentina transição das ruas calçadas da
Capital Federal para aquelas ásperas veredas, distanciavam-se,
perdidos à retaguarda, confundindo-se com os feridos, que vinham em
direção oposta.
De sorte que ao passar em Juetê, no dia 14 de agosto, lhe foi
providencial o encontro com o 15º Batalhão de Infantaria, já
endurado na luta, e que viera de Canudos. Porque no dia seguinte,
depois de decampar das Baixas, onde parara na véspera para aguardar a
vinda de grande número de praças retardatárias, foi no Rancho do
Vigário violentamente atacada. Os jagunços aferraram-na de
flanco, pela direita, do alto de um cerro dominante, e quase de
frente, de uma trincheira marginal. Abrangeram-na toda numa descarga
única. Tombaram mortos na guarda da frente um alferes do 24º e,
na extrema retaguarda, outro, do 38º. Baquearam algumas praças
nas fileiras intermédias. Alguns pelotões se embaralharam
estonteadamente, surpresos, bisonhos ainda ante os guerrilheiros
ferozes. A maioria disparou desesperadamente as armas. Estrugiram
cornetas, vozes trêmulas, altas, entrecortadas, desencontradas, de
comando. Dispararam, espavoridos, os cargueiros. A boiada
estourou, mergulhando na caatinga...
O 15º Batalhão tomando a vanguarda guiou os lutadores vacilantes.
Não se repeliu o inimigo. A retaguarda, ao passar pelo mesmo ponto
foi, por sua vez, alvejada.
Depois deste revés, porque o foi, bastando dizer-se que de cento e
dous bois que comboiava restaram apenas onze, foi a brigada novamente
investida no Angico. Deu uma carga de baionetas platônica, em que
não perdeu um soldado, entrando afinal em Canudos, onde os enrijados
campeadores, que ali estavam sob a disciplina tirânica dos tiroteios
diuturnos, a acolheram com a denominação de Mimosa, nome que,
entretanto, mais tarde, os seus bravos oficiais fizeram que se
apagasse, a exemplo do primeiro título.
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