RETIRADA

Era o último empuxo no desânimo geral. Os aprestos da partida fizeram-se, então, no atropelo de um tumulto indescritível.

De sorte que, quando ao primeiro bruxulear da manhã, uma força constituída por praças de todos os corpos abalou fazendo a vanguarda, encalçada pelas ambulâncias, cargueiros, fardos, feridos e padiolas, entre as quais a que levantava o corpo do comandante malogrado, nada indicava naquele movimento a séria operação de guerra que ia realizar-se.

A retirada era a fuga. Avançando pelo espigão do morro no rumo da Favela e dali derivando pelas vertentes opostas, por onde descia a estrada, a expedição, espalhava-se longamente pelas encostas, dispersando-se sem ordem, sem formaturas.

Neste dar as costas ao adversário que, desperto, embaixo, não a perturbara ainda, parecia confiar apenas na celeridade do recuo, para se libertar. Não se dividira em escalões, dispondo-se à defesa-ofensiva característica desses momentos críticos da guerra. Precipitava-se, à toa, pelos caminhos fora. Não retirava, fugia. Apenas uma divisão de dous Krupps, sob o mando de um subalterno de valor e fortalecida por um contingente de infantaria, permanecera firme por algum tempo no alto do Mário, como uma barreira anteposta à perseguição inevitável.