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O 5º Corpo e o comboio, partindo por último, de Monte Santo,
à reçaga da expedição, quando deviam centralizá-la, seguiam, ao
cabo, completamente isolados. E isto acontecia aos demais
batalhões. A despeito da formatura estatuída, verificara-se logo a
impossibilidade de uma concentração imediata, na emergência da
batalha. Adstrito ao trabalho dos sapadores, todo o trem da
artilharia ficava, por vezes, longamente separado do resto da coluna,
como um trambolho obstruente entre a vanguarda e o comboio geral. De
sorte que se, por um golpe de ousadia, os jagunços, em trechos
adrede escolhidos, houvessem salteado o último, o refluxo da
primeira, correndo em auxílio, estacaria de encontro às baterias
engasgadas nas veredas estreitas.
Revela-o o roteiro pormenorizado da marcha. Enquanto o grosso da
coluna decampava, no alvorecer de 21, do Rio Pequeno, pouco mais
de uma légua além de Monte Santo, e chegava, seriam nove horas da
manhã, ao Caldeirão Grande, depois de caminhar duas léguas, já
desta escala largara à retaguarda da artilharia o canhão 32,
protegido pela Brigada Medeiros. Na mesma ocasião, mais
avantajada, a Brigada Gouveia atingia a Gitirana, à noite, onde
já se achavam a comissão de engenheiros e o general Artur Oscar,
que até lá fora, escoteiro, seguido de um piquete de vinte praças
de cavalaria e do 9º de Infantaria. Considerando-se que o comboio
dirigido pelo coronel Campelo França e protegido pelo 5º de
Polícia ficara à retaguarda, vê-se que a tropa se espalhara em
longura de quase quatro léguas, violando-se inteiramente as
instruções preestabelecidas.
No amanhecer do dia 22, enquanto o general Barbosa, que
permanecera o resto do dia anterior em Caldeirão, levantava
acampamento seguindo para Gitirana, daí partia o comandante-geral
com a 1ª Brigada, o 9º Batalhão da 3ª e 25º da 2ª, a ala
de cavalaria do major Carlos de Alencar e a artilharia, levando o
dispositivo prefixado: na frente o 14º e 30º Batalhões, no
centro a cavalaria e a artilharia; depois dous outros corpos, o 9º e
o 25º. Ora, enquanto o comandante-geral seguia rapidamente
naquele dia chegando em pouco tempo com a vanguarda a Juá, 7.600
metros além de Gitirana, a artilharia imobilizava-se nesta última
escala aguardando que a comissão de engenheiros ultimasse a abertura de
picadas e trabalhos de sapa; e como o grosso das forças vinha ainda
pela estrada do Caldeirão, estas mais uma vez se subdividiam
forçadamente, ficando em condições desvantajosas na emergência de
um assalto, porque não vinham adrede dispostas a afastamentos tão
largos, que deviam ter sido de antemão estabelecidos, realizando-se
não como um vício de mobilidade mas como requisito tático
indispensável. As brigadas reuniram-se, por fim, na noite daquele
dia, em Juá. Ali chegou, às 6 horas, logo após a artilharia,
o resto da coluna composta dos 5º, 7º, 15º, 16º e 27º
corpos de infantaria. Excetuava-se o comboio, retardado num trecho
qualquer dos caminhos.
Daquele ponto seguiram os dous generais, na manhã de 23, para
Aracati, 12.800 metros na frente, fazendo a vanguarda os
batalhões do coronel Gouveia. Mas a artilharia, protegida pelos do
coronel Medeiros, só se moveu ao meio-dia, depois que os
engenheiros, apoiados pela brigada Flores, executaram penosíssimos
trabalhos de reparos. Pormenorizamos, miudeando-a aos menores
incidentes, esta marcha, para que se revelem as condições
excepcionais que a rodearam.
Depois da partida de Juá e atingida a velha fazenda do Poço,
totalmente em ruínas, sobreveio incidente indicador do quanto era
conhecido o terreno em que se avançava.
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