SOBRE AS MURADAS DA IGREJA NOVA

Não raro, quando toda a linha de sítio, ao norte, estrugia os ares em descargas compactas, sem que se distinguissem os tiros singulares, num ressoar intenso lembrando o de represas repentinamente abertas, e o bombardeio as completava, tombando dos morros — os combatentes da linha central do acampamento, arriscando- se aos projetis perdidos, borrifados pela refrega, faziam-se espectadores de uma cena extraordinária. Em muitos despontou, ao cabo, irreprimível e sincero entusiasmo pelos valentes martirizados. Não o encobriam. O quadro que se lhes oferecia imortalizava os vencidos. Cada vez que os contemplavam tinham, crescente, o assombro:

A igreja sinistra bojava, em relevo, sobre o casario em ruínas; e impávidos ante as balas que sobre ela convergiam, viam-se, no resplendor fugaz das fuzilarias, deslizando-lhes pelas paredes e entulhos, subindo-lhes pelas torres derrocadas ou caindo por elas abaixo, de borco, presos aos blocos disjungidos, como titãs fulminados, vistos de relance num coriscar de raios, aqueles rudes patrícios indomáveis...