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Mas antes que ela sobreviesse, começou o recuo. Apareceram sobre a
ribanceira esquerda, esparsos, em grupos estonteadamente correndo, os
primeiros contingentes repelidos. Em breve outros se lhes aliaram no
mesmo desalinho, rompendo dos cunhais das igrejas e dentre os casebres
marginais: soldados e oficiais de mistura, chamuscados e poentos,
fardas em tiras, correndo, disparando ao acaso as espingardas,
vociferando, alarmados, tontos, titubeantes, em fuga...
Este refluxo que começara à esquerda propagou-se logo à extrema
direita. De sorte que, rebatia às posições primitivas, toda a
linha do combate rolou torcida e despedaçada a tiros pela borda do rio
abaixo. Sem comando, cada um lutava a seu modo. Destacaram-se
ainda diminutos grupos para queimarem as casas mais próximas ou
travarem breves tiroteios. Outros, sem armas e feridos, principiaram
a repassar o rio. Era o desenlace.
Repentinamente, largando as últimas posições, os pelotões, de
mistura, numa balbúrdia indefinível, sob a hipnose do pânico,
enxurraram na corrente rasa das águas!
Repelindo-se; apisoando os malferidos, que tombavam; afastando
rudemente os extenuados trôpegos; derrubando-os, afogando-os, os
primeiros grupos bateram contra a margem direita. Aí, ansiando por
vingá-la, agarrando-se às gramíneas escassas, especando-se nas
armas, filando-se às pernas dos felizes que conseguiam vencê-las,
se embaralharam outra vez em congérie ruidosa. Era um fervilhar de
corpos transudando vozear estrídulo, e discordante, e longo, dando a
ilusão de alguma enchente repentina, em que o Vaza-Barris,
engrossado, saltasse, de improviso, fora do leito, borbulhando,
acachoando, estrugindo...
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