NOS FLANCOS DE CANUDOS

A noite de 18 de julho, contra a expectativa geral, passou em relativa calma. Os sertanejos, por sua vez, claudicavam. No ânimo do chefe expedicionário pairava o temor de um assalto noturno para o qual não havia reação possível. As frágeis linhas de defesa, ainda quando não fossem rotas por qualquer de seus pontos, podiam ser envolvidas pelos lados e, postas entre dous fogos e contidas na frente pelo arraial impenetrável, seriam facilmente destruídas. A situação, porém, resolvera-se pela inércia dos adversários. No dia subseqüente uma linha de bandeirolas vermelhas, feitas de cobertores reiúnos, demarcava um segmento de cerco diminutíssimo: um quinto da periferia enorme do arraial. Mal o fechava pelo levante. Nesta banda mesmo estava em claro a extrema direita; do mesmo modo que à esquerda entre as vertentes da Favela e os primeiros sulcos do arroio da Providência, onde jazia o corpo policial, se via um largo espaço livre. Para se ultimar a circunferência fazia-se mister um traçado que, prolongando-se para a direita em cheio ao norte, inflectindo depois para oeste, ladeando o rio e acompanhando-o na sua curvatura para o sul, galgando as ondulações maiores do solo no primeiro socalco das serras do Calumbi e Cambaio, volvesse finalmente a leste pelo esporão dos Pelados. — Um circuito de seis quilômetros, aproximadamente. Ora, a expedição reduzida a pouco mais de três mil homens válidos, centenares dos quais se removiam à guarda da Favela, não poderia ajustar-se a tão ampla cercadura, mesmo que lha permitisse o adversário. A paralisação temporária das operações impunha-se inevitável, resumindo-se na defesa da posição ocupada, até que maiores reforços facultassem novos esforços.