MOREIRA CÉSAR FORA DE COMBATE

E descia. A meio caminho, porém, refreou o cavalo. Inclinou-se, abandonando as rédeas, sobre o alção dianteiro do selim. Fora atingido no ventre por uma bala.

Rodeou-o logo o estado-maior.

— Não foi nada; um ferimento leve, disse, tranqüilizando os companheiros dedicados. Estava mortalmente ferido.

Não descavalgou. Volvia amparado pelo tenente Àvila, para o lugar que deixara, quando foi novamente atingido por outro projetil. Estava fora de combate.

Devia substituí-lo o coronel Tamarindo, a quem foi logo comunicado o desastroso incidente. Mas aquele nada podia deliberar recebendo o comando quando desanimava de salvar o seu próprio batalhão, na outra margem do rio. Era um homem simples, bom e jovial, avesso a bizarrear façanhas. Chegara aos sessenta anos candidato a uma reforma tranqüila. Fora, ademais, incluído contra a vontade na empresa. E ainda quando tivesse envergadura para aquela crise não havia mais remediá-la.

A polícia, investindo, copiara afinal o modo de agir dos outros assaltantes — varejando casas e ateando incêndios.

Não se rastreava na desordem o mais leve traço de combinação tática; ou não se podia mesmo imaginá-la. Aquilo não era um assalto. Era um combater temerário contra barricada monstruosa, que se tornava cada vez mais impenetrável à medida que a arruinavam e carbonizavam, porque sob os escombros, que atravancavam as ruas, sob os tetos abatidos e entre os esteios fumegantes, deslizavam melhor, a salvo, ou tinham mais invioláveis esconderijos, os sertanejos emboscados.

Além disto, despontava, inevitável, contratempo maior: a noite prestes a confundir os combatentes exaustos de cinco horas de peleja.