DEPREDAÇÕES

E aquele caminho, até então povoado, ermou-se. Os bandos revoltos rompiam-no espalhando estragos, como se foram restos de uma caravana de bárbaros claudicantes. Doentes e feridos, em magotes ameaçadores, de onde transudavam alaridos, imprecações e frases arrepiadores de angústias e revoltas irrefreáveis, abeiravam-se das choupanas, apelando para a hospitalidade incondicional dos tabaréus. Fizeram a princípio pedidos coléricos, mais irritantes que intimações. Depois o assalto franco. Repruía-lhes o ânimo, escandalizando-lhes a vida tormentosa, o quadro tranqüilo daqueles lares pobres, onde deriva, quieta, a existência dos matutos. E varejavam-nos — impulsivamente, numa irreprimível hipnose de destruição — fazendo saltar as portas a couce d’armas, enquanto a família sertaneja, apavorada, fugia para os recessos das macegas.