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Queimadas, povoado desde o começo deste século, mas em plena
decadência, fez-me um acampamento ruidoso. O casario pobre,
desajeitadamente arrumado aos lados da praça irregular, fundamente
arada pelos enxurros — um claro no matagal bravio que o rodeia — e,
principalmente, a monotonia das chapadas que se desatam em volta,
entre os morros desnudos, dão-lhe um ar tristonho completando-lhe o
aspecto de vilarejo morto, em franco descambar para tapera em ruínas.
Prendiam-se-lhe, ademais, recordações penosas. Ali tinham
parado todas as forças anteriormente envolvidas na luta, no mesmo
prolongamento do largo aberto para a caatinga cujos tons pardos e
brancacentos, de folhas requeimadas, sugeriram a denominação da
vila. Acervos repugnantes de farrapos e molambos; trapos multicores e
imundos, de fardamentos velhos; botinas e coturnos acalcanhados;
quepes e bonés; cantis estrondados; todos rebotalhos de caserna,
esparsos em área extensa, em que branqueavam restos de fogueiras
delatavam a passagem dos lutadores, que lá armaram as tendas, a
partir da expedição Febrônio. Naquele chão batido dos rastros de
dez mil homens, haviam turbilhonado na vozeria dos bivaques —
paixões, ansiedades, esperanças, desalentos indescritíveis.
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