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Por ali enveredou, ao anoitecer, a testa da coluna e uma bateria de
Krupp, seguidas do resto da 2ª Brigada e da 3ª, ficando a 1ª e
o grosso da tropa retardados à retaguarda. Mas deram poucos passos
mais. O tiroteio frouxo, que até então acompanhara os
expedicionários, progredira num crescendo contínuo, à medida que se
realizava a ascensão, transmudando-se ao cabo, no alto, em
fuzilaria furiosa.
E desencadeou-se uma refrega original e cruenta.
Não se via o inimigo — encafurnado em todas as socavas, metido
dentro das trincheiras-abrigos, que minavam as encostas laterais, e
encoberto nas primeiras sombras da noite que descia.
As duas companhias do 25º Batalhão suportaram valentemente o
choque. Desenvolvendo-se em atiradores avançaram, disparando, ao
acaso, as armas — enquanto as duas brigadas, que as precediam, se
abriram para que passasse a bateria. Esta, jogada violentamente para
a frente, arrastada mais a pulso que pelos muares exaustos e
espantados, passou entre elas, em acelerado, ruidosamente. Subiu o
cômoro fronteiro. Alinhou-se em batalha, no alto. Desenrolou-se
no ar a bandeira nacional. Uma salva de vinte e um tiros de granadas
atroou sobre Canudos... O general Artur Oscar, a cavalo junto
aos canhões, observou pela primeira vez, embaixo, esbatido no
clarão do luar deslumbrante, a misteriosa cidade sertaneja; e teve o
mais fugaz dos triunfos na eminência varejada em que se expusera
temerariamente.
Porque a situação era desesperadora. A sua tropa, batida por todos
os flancos, envolta pelo inimigo a cavaleiro, comprimia-se numa
flexura estreita que lhe impedia as manobras.
Se estivesse toda reunida era possível uma solução: prosseguir
logo, vencendo a perigosa travessia, e juntar-se ao general Savaget
que, depois de uma marcha entrecortada de combates, fizera alto três
quilômetros adiante. Não havia, porém, chegado a 1ª Brigada,
que ficara protegendo a bateria de tiro rápido e o 32; e mais moroso
ainda, o comboio ficara no Angico, distanciado de duas léguas.
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