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Volvamos ao ponto de partida.
Convindo em que o meio não forma as raças, no nosso caso especial
variou demais nos diversos pontos do território as dosagens de três
elementos essenciais. Preparou o advento de sub-raças diferentes
pela própria diversidade das condições de adaptação. Além disto
(é hoje fato inegável) as condições exteriores atuam gravemente
sobre as próprias sociedades constituídas, que se deslocam em
migrações seculares aparelhadas embora pelos recursos de uma cultura
superior. Se isto se verifica nas raças de todo definidas abordando
outros climas, protegidas pelo ambiente de uma civilização, que é
como o plasma sanguíneo desses grandes organismos coletivos, que não
diremos da nossa situação muito diversa? Neste caso — é evidente
— a justaposição dos caracteres coincide com íntima transfusão de
tendências e a longa fase de transformação correspondente erige-se
como período de fraqueza, nas capacidades das raças que se cruzam,
alteando o valor relativo da influência do meio. Este como que
estampa, então, melhor, no corpo em fusão, os seus traços
característicos. Sem nos arriscarmos demais a paralelo ousado,
podemos dizer que para essas reações biológicas complexas, ele tem
agentes mais enérgicos que para as reações químicas da matéria.
Ao calor e à luz, que se exercitam em ambas, adicionam-se,
então, a disposição da terra, as modalidades do clima e essa ação
de presença inegável, essa espécie de força catalítica misteriosa
que difundem os vários aspectos da natureza.
Entre nós, vimo-lo, a intensidade destes últimos está longe da
uniformidade proclamada. Distribuíram, como o indica a história,
de modo diverso as nossas camadas étnicas, originando uma mestiçagem
dissímil. Não há um tipo antropológico brasileiro.
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