OS VAQUEIROS

Esta oposição de caracteres acentua-se nas quadras normais.

Assim todo sertanejo é vaqueiro. À parte a agricultura rudimentar das plantações da vazante pela beira dos rios, para a aquisição de cereais de primeira necessidade, a criação de gado é, ali, a sorte de trabalho menos impropriada ao homem e à terra.

Entretanto não há vislumbrar nas fazendas do sertão a azáfama festiva das estâncias do Sul. Parar o rodeio é para o gaúcho uma festa diária, de que as cavalhadas espetaculosas são ampliação apenas. No âmbito estreito das mangueiras ou em pleno campo, ajuntando o gado costeado ou encalçando os bois esquivos, pelas sangas e banhados, os pealadores, capatazes e peões, preando à ilhapa dos laços o potro bravio, ou fazendo tombar, fulminando pelas bolas silvantes, o touro alçado, nas evoluções rápidas das carreiras, como se tirassem argolinhas, seguem no alarido e na alacridade de uma diversão tumultuosa. Nos trabalhos mais calmos, quando nos rodeios marcam o gado, curam-lhe as feridas, apartam os que se destinam às charqueadas, separam os novilhos tambeiros ou escolhem os baguais condenados às chilenas do domador, — o mesmo fogo que encandesce as marcas dá as brasas para os ágapes rudes de assados com couro ou ferve a água para o chimarrão amargo. Decorre-lhes a vida variada e farta.