27 DE DEZEMBRO DE 1967. AUDIÊNCIA GERAL.

É bom que lembremos o grande princípio, reafirmado pelo Concílio e já enunciado - não nos esquecemos - por nosso grande predecessor Pio XI, de venerável memória: "Por natureza, a vocação cristã é igualmente vocação ao apostolado". No corpo do Cristo, que é a Igreja - diz o Concílio - "todo o corpo trabalha pelo seu crescimento, conforme a tarefa de cada membro" (Ef 4,16). Importante princípio, cuja aplicação deve provocar a renovação e expansão da Igreja. Verdade belíssima, mas arriscada, em particular para vós, os leigos, que vos vedes honrados, ao sentir assim reafirmado este critério constitucional da Igreja.

Ninguém é inútil, ninguém poderá ficar absolutamente passivo, ninguém poderá permanecer inativo e insensível à vida da Igreja. Todos e cada um devem fazer algo por ela, em função da dupla finalidade pela qual foi instituída: a salvação das almas (sendo a glória de Deus sua primeira meta) e o bem, mesmo temporal da sociedade, sempre em harmonia com os princípios cristãos.

Trata-se ao mesmo tempo de um dever e de um direito: todo leigo católico, todo filho fiel da Igreja pode e deve ser ativo no seio dela. Refleti bem nisso. Este princípio do apostolado dos leigos, de todos os leigos fiéis à Igreja, pode ter importantes conseqüências em cada alma, nas comunidades paroquais, na sociedade, no mundo. Entre muitas pessoas, até entre os que "vão à Igreja", está enraizada a idéia de que não têm nenhuma responsabilidade para com a Igreja. "Isto não é meu trabalho", dizem muitos. "Não quero cuidados nem obrigações. Procuro manter minhas idéias e ficar livre em meus atos". Não é verdade.