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Gostaríamos de perguntar-vos: quais são os traços
característicos, ressaltados pelos documentos do recente Concílio,
na figura típica e ideal do bispo em nossos dias? Que incidência,
por exemplo, pode ter a colegialidade na espiritualidade interior e na
atitude do bispo, tão luminosamente ressaltada pela constituição
dogmática Lumen Gentium? Que conseqüências pode tirar do decreto
Christus Dominus, sobre o múnus pastoral dos bispos, e da
constituição Gaudium et Spes, em particular da constituição sobre
a liturgia Sacrosanctum Concilium e assim por diante?
Pensamos que esta pesquisa pode oferecer uma fonte de longa e
proveitosa meditação, e aperfeiçoar em nós o conceito da dignidade
e da missão, do serviço e da caridade, específicos de quem tem a
tremenda e inefável ventura de qualificar-se como sucessor dos
apóstolos. Ninguém há de negar que a "cura de almas",
precisamente depois do tridentino, se torne o caráter saliente da
tarefa episcopal, com tudo o que acarreta de autenticidade
evangélica, de pobreza e simplicidade, de interioridade e
sacralidade, de atividade pastoral e missionária, de inventividade e
aproximação, quanto ao mundo moderno. Que urgência não assume
hoje no bispo o seu primário e pessoal dever de anunciar a palavra de
Deus, ou seja, o seu dever de catequista e pregador? Gostaríamos
de ressaltar uma nota, dentre as demais: o bispo de ontem podia ser
preservado e defendido pela sua autoridade. É verdade que devia fazer
a visita pastoral e estava obrigado a uma residência, mas podia
tutelar o exercício de sua missão, com certa distância de seu clero
e de seu povo. Hoje não é mais assim.
Hoje o bispo torna-se de novo pai e pastor, irmão, amigo,
conselheiro e consolador no meio do Povo de Deus. Sua presença se
faz habitual e popular. Sua autoridade é ao mesmo tempo firme e
suave. Torna-se até possível uma conversação com ele bastante
familiar. Seu trabalho carros irmãos, se multiplica e sua paciência
é posta em prova. Mas a eficácia de seu ministério aumentará, e
sua pessoa sempre venerada como convém, tornar-se-á amada.
Lembremos o conselho de são Paulo: Praedica verbum, insta
opportune, importune. Argue, obsecra, increpa in omni patientia et
doctrina. Prega a palavra, insiste a tempo e a contratempo.
Refuta, ameaça, exorta com infatigável paciência e desejo de
instruir (2 Tim 4,2).
Não é verdade que tudo isto e o que se segue é dito para nós? E
nos perece que o exercício deste ministério pastoral (poderíamos
dizer autêntica ascese pastoral), é muito mais necessário nas
relações com os sacerdotes e seminaristas.
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