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Para descrever a face atual da Igreja duas grandes linhas se impõem,
provenientes do Concílio, que são manifestamente reconfortantes. A
primeira é a de sua renovação moral e espiritual, a da procura de
sua autenticidade na fé e na caridade, no seguimento e mesmo na
presença do próprio Cristo, seu fundador, mestre e redentor. Esta
primeira linha é, por conseguinte, sua vitalidade, santidade, no
penoso cumprimento de sua missão, e na expectativa amorosa de sua
consumação escatológica no feliz encontro com o muito amado Senhor
Jesus.
A segunda linha característica é a de um novo contato com o mundo
atual, contato mais estreito, mais exemplar, mais benéfico, mais
apostólico, ao mesmo tempo mais discreto e espiritual. Vemos o
esforço de uma aproximação apostólica, que se estende desde os
irmãos, que tentamos conduzir à reconciliação e à comunhão, até
todos os homens de nosso tempo, seja quais forem, vizinhos ou
afastados, pequenos ou grandes. Uns, entusiasmados pelo seu domínio
crescente sobre o mundo exterior, outros, desiludidos ou desesperados
por não serem senhores de si mesmos, e por não poderem possuir a vida
em toda sua verdade e plenitude. Os primeiros, absorvidos pelos
trabalhos e ingentes problemas sociais, que derivam desta busca
constante. Os outros, esmagados pelos sofrimentos e tentações da
existência humana. Todos hoje, graças a um novo desejo de amar e de
servir, estão no coração aberto e vivo da Igreja, bem consciente
de seus limites, mas não menos certa dei saia vocação para a
salvação de toda a humanidade.
Não podemos defender-nos, diante de tal visão, de uma impressão
inebriante e entusiasta de beleza: a Igreja católica, esta Igreja
à qual temos a honra e a sorte de pertencer e o devei- de servir,
esta Igreja que, precisamente pelo motivo de estar consagrada a uma
perfeição inatingível pelas forças humanas, é hoje e de toda a
parte objeto de toda a espécie de críticas, desconfianças e
aversão, esta Igreja estruturada historicamente e canonicamente como
é, nos revela hoje mais do que nunca algo de sua beleza espiritual.
Os sinais, os frêmitos, os dons do Espírito Santo, são ainda
visíveis na sua face humana, para aqueles que observam esta face
sempre sulcada de rugas, banhada de suor, de lágrimas de sangue, mas
radiante de graça e de verdade, e nos deixam entrever como será um
dia sua beleza total, na claridade e na santidade. Convidam-nos a
celebrar nossa muito querida Igreja, como a humanidade nova, que o
Cristo fundou em seu nascimento.
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