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Parece-nos inteiramente de acordo com o espírito do Concílio, e
útil à renovação atualmente em curso na Igreja, que se estabeleça
entre nós e vós um frutuoso diálogo.
Este diálogo muito útil, parece-nos mais necessário do que nunca
nas atuais circunstâncias, marcadas, como todos sabem, por amplos
questionamentos, por contestações múltiplas que podem, em medida
justa, auxiliar a Igreja a renovar-se, mas que por vezes ameaçam
perturbar a fé do povo cristão ao invés de confirmá-la e
vivificá-la.
Sois testemunhas diretas em vossos diversos países destes movimentos
de ação e pensamento, de suas manifestações várias, dos
sentimentos profundos que os inspiram. Podeis apreciar os elementos
preciosos e positivos que comportam, e a esse respeito trazer-nos a
nós mesmos importantes elementos para avaliá-los. É o que esperamos
do vosso Conselho. Foi esse um dos motivos que presidiram à sua
instituição.
Mas o intercâmbio deve efetuar-se nos dois sentidos. Esperamos
também de vós, que o vosso senso da Igreja, vossa dedicação
àquele que embora indigno - é hoje sua cabeça visível, vos
inspirem ao mesmo tempo fazer-vos seus intérpretes junto aos vossos
irmãos, levando-lhes o eco de suas preocupações pastorais, suas
ordens, e também as diretrizes que lhe cabe dar para o apostolado.
Em suma, é preciso que se estabeleça uma corrente de vós para
nós, e de nós para vós. É de máxima importância que Igreja,
como em qualquer organismo vivo, a cabeça e os membros estejam
intimamente ligados, num mesmo amor a Cristo Salvador, que as
preocupações dos filhos sejam conhecidas pelo Pai e por ele
compartilhadas. Mas também deve a palavra do Pai ser ouvida por
todos os filhos, compreendida e posta em prática. Para isso
igualmente contamos convosco. Pois bem o sabeis, esta palavra não
deseja senão repetir a mensagem do Evangelho, mas é também a
mensagem total que ela quer repetir, em sua plenitude. Disso podeis
assegurar ao voltardes de Roma, todos aqueles que agora representais
junto a nós.
A grande preocupação do papa é que todos os cristãos sejam fiéis a
Cristo, levem generosamente a boa-nova da salvação pelo mundo, e
onde quer que estejam, nas famílias, nas cidades e aldeias, nas
usinas e escritórios; nos laboratórios e secretarias, nos negócios
e fazendas, por todo o mundo, enfim, sejam testemunhas vivas,
ardentes, generosas, alegres e comunicativas, do amor do Senhor.
Na atual crise que abala o mundo, na mudança que sacode as
instituições, mesmo as mais bem estabelecidas, há como que uma
vertigem apoderando-se das almas mais seguras, no seio mesmo da
Igreja e até dos que se haviam generosamente dedicado ao seu serviço
exclusivo.
Todos nesta hora de perturbação devem refletir, escutar e
compreender as interrogações e contestações que dizem respeito a
todos nós, e nos obrigam a um salutar exame de consciência: seremos
nós bons servos da Igreja, autênticas testemunhas do Evangelho,
oons mensageiros do Cristo? Poderemos nós, como são Paulo, que
recebeu do Cristo a divina certeza: "Basta-te a minha graça, pois
a torça alcança perfeição na fraqueza", poderemos digo, responder
com o brado da fé e esperança, que brotou do peito do grande
Apóstolo: "De bom grado prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas,
para que repouse sobre mim a força de Cristo"? (2 Cor
12,9).
Sim, queridos filhos, sede sempre mais disponíveis à graça de
Cristo e dóceis às suas inspirações, a todas elas: às que vos
são mais familiares, certo, mas também àquelas que animam outras
famílias espirituais, outros movimentos de apostolado, diversos dos
vossos.
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