31 DE MAIO DE 1969. DISCURSO DIRIGIDO ÀS ALUNAS E ÀS RELIGIOSAS DO INSTITUTO "REGINA MUNDI".

Aproveitando da ocasião que se nos oferece por vossa visita, desejamos reafirmar-vos nossa estima e confiança, no valor e na beleza de vossa vocação é de vossa profissão religiosa. Desejamos em nome. do Cristo vos assegurar o seguinte: O conceito que a Igreja sempre teve da vida religiosa, e que foi reafirmado pelo II Concílio Ecumênico do Vaticano, não é nem vazio nem superado. Sempre vale a pena segui-lo, para quem tem a graça da vocação. Supomos, com efeito, que estejam presentes em vosso espírito, as reconfortantes promessas do Senhor, ao apóstolo Pedro que em nome de seus companheiros, lhe tinha declarado com toda a sinceridade e com intrépida esperança: "Ecce nos reliquimus omnia et secuti sumus te, quid ergo erit nobis? Eis que deixamos tudo para te seguir, que será pois de nós?" (Mt 19,27). Deveis também ter presentes em vosso espírito as declarações nas quais o Concílio em sua Constituião dogmática Lumén Gentium e no seu decreto Perfectae Caritatis exaltou, em face do mundo moderno e da Igreja, a grandeza da consagração religiosa, acentuando os princípios gerais de uma oportuna renovação, em vista de um reflorescimento mais intenso e mais amplo, no seio do jardim místico da Igreja.

Permiti-me, para vosso reconforto e edificação, que vos lembre as declarações mais significativas da Constituição Lumen Gentium: "A santidade da Igreja, lê-se no capítulo V, que trata da vocação universal para a santidade, aparece de maneira característica na prática dos conselhos, que costumamos chamar de evangélicos" (nº39). "A santidade da Igreja, acrescenta a Constituição, é mantida especialmente pelos múltiplos conselhos, que o Senhor propôs no Evangelho para a observação de seus discípulos" (nº42). Não somente a prática dos votos, mas o ambiente mesmo, no qual se desenrola vossa vida cotidiana, é de grande ajuda a atingir a perfeição, como se lê no capítulo VI, consagrado aos religiosos: "Estas famílias [religiosas] asseguram a seus membros o apoio de maior estabilidade em sua forma de vida, de uma doutrina provada para atingirem a perfeição, de uma comunhão fraterna na milícia do Cristo, e enfim de uma liberdade fortificada pela obediência, a fim de poderem os membros cumprir com fidelidade e guardar com segurança sua profissão religiosa, progredindo na alegria espiritual na senda da caridade" (nº43).

Assegurados com tantos subsídios particulares, dons inestimáveis da munificência divina, os religiosos (e religiosas) deverão usar deles com sempre maior consciência. É somente desta maneira que poderão responder plenamente ao que os padres do Concílio lhes dirigiram: "Os religiosos devem tender, com todas as suas forças, a que a Igreja por meio deles manifeste, cada dia melhor, o Cristo aos fiéis e infiéis" (nº46).

Que a luz da revelação divina, o exemplo de vossos santos fundadores, a voz do Magistério vivo e legislativo da Igreja, sejam, queridas filhas, vossa salvaguarda, vossa guia e vosso contínuo incentivo no caminho da perfeição religiosa. Que haja em vossa doação o amor, e no amor o encontro com a caridade de Deus, e nesta caridade o sacrifício, no sacrifício a cruz, na cruz do Cristo, não a morte espiritual, mas a salvação e a vida.

Não creiais que vossa total e perpétua consagração a Deus e às diferentes obras de apostolado, unicamente contribua para a glória de Deus, para o proveito e honra de vossas famílias religiosas, ou de pessoas que se beneficiarão diretamente dos frutos de vossa vida de santificação e de vosso ministério caritativo. Mas, ao contrário, estai sempre persuadidas de que vossa vida de amor, de sacrifício, de crucifixão vivificante com o Cristo, repercutirão de maneira benéfica sobre toda a Igreja, porque os membros dos institutos religiosos e seculares são no corpo místico da Igreja, uma fração privilegiada, como plena realização da doação da Igreja com o Cristo, como "esposa", como sinal e testemunho. As virgens são, com efeito, exemplo para toda a comunidade e para o mundo, ao qual renunciaram, não por falta de sensibilidade ou por desprezo dos autênticos valores humanos, mas em vista de se consagrarem mais eficazmente a serviços multiformes, conforme a gama eminentemente evangélica das obras de caridade espiritual e corporal, a exemplo do divino Salvador que "passava fazendo o bem e curando, pertransiit benefaciendo et sanando omnes" (At 10,38).