|
Veneráveis Irmãos e diletos filhos,
saúde e bênção apostólica.
O celibato consagrado nos dias de hoje
1. O celibato sacerdotal, que a Igreja guarda desde há séculos
como brilhante pedra preciosa, conserva todo o seu valor mesmo nos
nossos tempos, caracterizados por transformação profunda na
mentalidade e nas estruturas.
Mas no clima atual de novos fermentos, manifestou-se também a
tendência, e até a vontade expressa, de pedir à Igreja que torne a
examinar esta sua instituição característica, cuja observância,
segundo alguns, se tornou problemática e quase impossível no nosso
tempo e no nosso mundo.
Uma promessa
2. Este estado de coisas, que agita a consciência e provoca
perplexidades nalguns sacerdotes e jovens aspirantes ao sacerdócio, e
atemoriza muitos fiéis, obriga-nos a não dilatar o cumprimento da
promessa, feita aos Veneráveis Padres do Concílio, a quem
declaramos o nosso propósito de imprimir novo lustre e novo vigor ao
celibato sacerdotal nas circunstâncias atuais. [1] Desde então,
invocamos longa e ardentemente as necessárias luzes e auxílios do
Espírito Santo e examinamos diante de Deus os pareceres e
solicitações que de toda a parte chegaram às nossas mãos, sobretudo
de vários Pastores da Igreja de Deus.
Amplitude e gravidade da questão
3. A importante questão do celibato do Clero, na Igreja, foi-se
apresentando demoradamente ao nosso espírito em toda a sua amplidão e
gravidade. Deve ainda hoje subsistir essa severa e transcendente
obrigação para aqueles que desejam receber as sacras ordens maiores?
Será hoje possível e conveniente a observância de tal obrigação?
Não terá chegado o momento de quebrar o vínculo que, na Igreja,
une celibato e sacerdócio? Não poderia tornar-se facultativa esta
difícil observância? Não ficaria assim favorecido o ministério
sacerdotal e facilitada a aproximação ecumênica? Se a áurea lei do
celibato consagrado deve ainda manter-se, quais são os motivos que
provam que ela é santa e conveniente? Quais são os meios que tornam
possível essa observância, e como se pode ela transformar de peso em
auxílio, para a vida sacerdotal?
Realidade e problemas
4. Fixou-se a nossa atenção, de modo particular, nas objeções
que, em formas diversas, foram e continuam a ser expressas contra a
manutenção do celibato. Com efeito, tema de tão grande
importância e complexidade obriga-nos, em virtude do nosso serviço
apostólico, a considerar lealmente a realidade e os problemas que essa
implica mas, como é nosso dever e nosso encargo, havemos de fazer
essa consideração à luz da verdade que é Cristo, propondo-nos
cumprir em tudo a vontade daquele que nos entregou a nossa missão e
propondo-nos também mostrar aquilo que somos diante da Igreja, isto
é, Servo dos servos de Deus.
|
|