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23. Nós queremos dizer aos governantes, que são os principais
responsáveis pelo bem comum e que dispõem de tantas possibilidades
para salvaguardar os costumes morais: não permitais que se degrade a
moralidade das vossas populações; não admitais que se introduzam
legalmente, naquela célula fundamental que é a família, práticas
contrárias à lei natural e divina. Existe uma outra via, pela qual
os Poderes públicos podem e devem contribuir para a solução do
problema demográfico: é a via de uma política familiar providente,
de uma sábia educação das populações, que respeite a lei moral e a
liberdade dos cidadãos.
Estamos absolutamente cônscios das graves dificuldades em que se
encontram os Poderes públicos a este respeito, especialmente nos
países em vias de desenvolvimento. Dedicamos mesmo às suas
preocupações legítimas a nossa Encíclica "Populorum
Progressio". Mas, com o nosso predecessor João XXIII,
repetimos: "...Estas dificuldades não se podem vencer recorrendo
a métodos e meios que são indignos do homem e que só encontram a sua
explicação num conceito estritamente materialista do mesmo homem e da
vida. A verdadeira solução encontra-se somente num progresso
econômico e social que respeite e fomente os genuínos valores
humanos, individuais e sociais".[26] Nem se poderá, ainda,
sem injustiça grave, tornar a Providência divina responsável por
aquilo que, bem ao contrário, depende de menos sensatez de governo,
de um insuficiente sentido da justiça social, de monopólios
egoístas, ou também de reprovável indolência no enfrentar os
esforços e os sacrifícios necessários para garantir a elevação do
nível de vida de uma população e de todos os seus membros. [27]
Que todos os poderes responsáveis, como alguns louvavelmente já vem
fazendo, reavivem os seus esforços, que não se deixe de ampliar o
auxílio mútuo entre todos os membros da grande família humana: é um
campo ilimitado este que se abre assim à atividade das grandes
organizações internacionais.
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