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11. Coisa semelhante poderíamos dizer a propósito dos erros que se
espalham mesmo no interior da Igreja e fazem vítimas naqueles que só
em parte conhecem a natureza e a missão da mesma, sem terem na devida
conta os documentos da revelação divina e do magistério instituído
pelo próprio Cristo.
Aliás, esta necessidade de refletir sobre coisas já conhecidas,
para as contemplar no espelho interior do próprio espírito, é
caraterística do homem moderno; o pensamento deste curva-se
facilmente sobre si mesmo e só confere certeza e plenitude quando se
apresenta em plena luz à própria consciência. Não quer dizer que
este hábito se encontre imune de perigos graves. Correntes
filosóficas muito conhecidas exploraram e exaltaram esta forma de
atividade espiritual, apresentando-a como definitiva e suprema, e
até como medida e fonte da realidade, fazendo chegar o pensamento a
conclusões abstrusas, desoladas, paradoxais e radicalmente falazes.
Mas habituar-se a buscar a verdade, que se reflete na própria
consciência, não deixa de ser muito apreciável e hoje muito
praticado como expressão requintada da cultura moderna. Nem estes
transvios impedem que o ato de reflexão, quando bem fundado na
apreensão objetiva da realidade, revele cada vez melhor, a quem se
dá ao trabalho de o realizar, algo do fato da existência do próprio
ser, da própria dignidade espiritual, e da própria capacidade de
conhecer e agir.
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