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1. A todos parecerá, portanto, natural que nós, dirigindo ao
mundo esta nossa primeira Encíclica depois de, por imperscrutável
desígnio de Deus, termos sido chamado ao Sólio Pontifício,
volvamos com afeto e reverência o nosso pensamento à santa Igreja.
Por esses motivos, propomo-nos nesta Encíclica esclarecer o melhor
possível aos olhos de todos, quanto importa à salvação da sociedade
humana e, ao mesmo tempo, quanto a Igreja tem a peito que ambas se
encontrem, conheçam e amem.
Quando, por ocasião da abertura da segunda sessão do Concílio
Ecumênico Vaticano II, na festa de São Miguel Arcanjo do ano
passado, tivemos a ventura de vos falar diretamente a todos vós
reunidos na basílica de São Pedro, manifestamos o propósito de vos
dirigir também por escrito, como é costume no princípio de cada
pontificado, as nossas palavras de irmão e pai, para vos
manifestarmos alguns pensamentos, mais freqüentes no nosso espírito,
que nos pareceram úteis como orientação prática, ao iniciar-se o
nosso ministério pontifício.
É-nos bem difícil concretizar esses pensamentos, porque temos de os
recolher na meditação mais atenta da doutrina sagrada, uma vez que
também a nós se aplicam as palavras de Cristo: "A minha doutrina
não é minha, mas daquele que me enviou" (Jo 7,16); porque
devemos, além disso, adaptá-los às condições atuais da Igreja,
numa hora de vida intensa e de prova, tanto da sua experiência
espiritual interior como do seu esforço apostólico externo; e
porque, finalmente precisamos não ignorar o estado em que se encontra
hoje a humanidade, no meio da qual exercemos o nosso cargo.
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