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47. O colóquio é, portanto, modo de exercer a missão
apostólica, arte de comunicação espiritual. Os seus caracteres
são os seguintes: l) Primeiro que tudo, a clareza. O diálogo
supõe e exige compreensibilidade, é transfusão do pensamento, é
estímulo do exercício das faculdades superiores do homem. Bastaria
este seu título para o classificar entre os mais altos fenômenos da
atividade e da cultura humana; e basta, esta sua exigência inicial,
para levar o nosso zelo apostólico a rever todas as formas da nossa
linguagem: para examinar se ela é compreensível, popular e digna.
2) Outro caráter é a mansidão, aprendida na escola de Cristo,
como Ele nos recomendou: "aprendei de mim que sou manso e humilde de
coração" (Mt 11,29). O diálogo não é orgulhoso, não é
pungente, não é ofensivo. A autoridade vem-lhe da verdade que
expõe, da caridade que difunde, do exemplo que propõe; não é
comando, não é imposiço. O diálogo é pacífico, evita os modos
violentos, é paciente e é generoso. 3) Outra característica é a
confiança, tanto na eficácia da palavra-convite, como na
receptividade do interlocutor. Produz confidências e amizade,
enlaça os espíritos numa adesão mútua ao Bem, que exclui qualquer
interesse egoísta. 4) E o último caráter é a prudência
pedagógica, que atende muito às condições psicológicas e morais de
quem ouve (cf: Mt 7,6): se criança, se inculto, indisposto,
desconfiado e mesmo hostil. Essa prudência leva a tomarmos o pulso à
sensibilidade alheia e a modificarmos as nossas pessoas e modos, para
não sermos desagradáveis nem incompreensíveis.
No diálogo, assim entabulado, realiza-se a união da verdade e da
caridade, da inteligência e do amor.
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