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32. A segunda alusão, que desejamos fazer, é ao espírito de
caridade. Mas este tema não o tendes vós já muito presente? Não
constitui a caridade o ponto focal da economia religiosa do Antigo e do
Novo Testamento? Não se dirigem à caridade os passos da
experiência espiritual da Igreja? Não é a caridade a descoberta
constante, mas cada vez mais luminosa e agradável, que a teologia e a
piedade vão fazendo, na meditação incessante dos tesouros
escriturísticos e sacramentais, de que a Igreja é herdeira,
guarda, mestra e distribuidora? Com os nossos predecessores, com a
coroa de Santos que o nosso tempo deu à Igreja celeste e terrestre,
e com o pressentimento devoto do povo fiel, nós julgamos que é
necessário dar finalmente à caridade o lugar que lhe compete: o
primeiro, o mais alto na escala dos valores religiosos e morais, não
só na estimativa mas também na prática da vida cristã. Isto vale
tanto da caridade para com Deus, que o seu Amor derramou sobre nós,
como da caridade, que, por reflexo, nós devemos efundir sobre o
nosso próximo, isto é, sobre todo o gênero humano. A caridade
tudo explica, tudo inspira, tudo torna possível e tudo renova. A
caridade "tudo sofre, tudo acredita, tudo espera, tudo suporta"
(lCor 13,7). Quem dentre nós ignora estas coisas? E se as
conhecemos, não é esta a hora da caridade?
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