Zelo assíduo e ilimitado pela paz

6. Notareis certamente que este sumário da nossa Encíclica não inclui alguns temas urgentes e graves que interessam não só a Igreja mas a humanidade, como: a paz entre os povos e entre as classes sociais; a miséria e a fome que ainda afligem povos inteiros; o acesso das nações novas à independência e ao progresso civil; as relações entre o pensamento moderno e a cultura cristã; as condições infelizes de tanta gente e de tantas partes da Igreja a que são contestados os direitos próprios de cidadãos livres e de pessoas humanas, os problemas morais da natalidade, e outros semelhantes.

À grande e universal questão da paz no mundo, digamo-lo desde já, sentir-nos-erros particularmente obrigado a dirigir não só a nossa atenção vigilante e cordial, mas também o interesse mais assíduo e eficaz. Limita-se, é certo, ao âmbito do nosso ministério e está por isso alheio a qualquer interesse puramente temporal e não opta por formas propriamente políticas. Desejamos, sim, contribuir para inculcar à humanidade sentimentos e atitudes que se oponham, por um lado, a quaisquer conflitos violentos e mortíferos, mas que, por outro, favoreçam todos os ajustes corteses, razoáveis e pacíficos das relações entre os povos. E teremos igualmente cuidado de ajudar a convivência harmônica e a colaboração frutuosa entre as nações, proclamando princípios humanos superiores, que possam ajudar a moderar egoísmos e paixões, que originam os conflitos bélicos. Procuraremos também intervir, quando se nos ofereça oportunidade, para ajudar as partes contendentes a chegarem a soluções honrosas e fraternas. Não nos esquecemos de que este serviço benévolo é um dever que a maturação, não só das doutrinas mas também das instituições internacionais, torna hoje mais necessário na consciência da nossa missão cristã no mundo, cujo objeto inclui tornar os homens irmãos, porque é reino de justiça e de paz o inaugurado pela vinda de Cristo ao mundo.

Mas se por agora nos limitamos a considerações de caráter metodológico para a vida da Igreja, não esquecemos os problemas graves mencionados. A alguns deles vai o Concílio dedicar a sua atenção. E nós reservamo-nos tomá-los como objeto do nosso estudo e atividade, no exercício futuro do ministério apostólico, conforme o Senhor se dignar conceder-nos inspiração e força.