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35. Muito útil será que também o cristão de hoje tenha sempre
presente esta sua forma de vida, original e admirável, que o manterá
no gozo da sua dignidade e o imunizará do contágio da miséria humana
ou da sedução do brilho humano que o rodeiam.
Eis como São Paulo educava os fiéis da primeira geração: "Não
formeis parelha incoerente com os incrédulos. Que afinidade pode
haver entre a justiça e a impiedade? Que comunhão pode haver entre a
luz e as trevas? ...Que relação entre o fiel e o incrédulo?
(2Cor 6,14-15). A pedagogia cristã deverá recordar sempre
ao discípulo dos nossos tempos, esta sua condição privilegiada e o
conseqüente dever de estar no mundo sem ser do mundo, segundo a
oração de Jesus pelos seus discípulos, acima recordada: "Não
peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles
não são do mundo como Eu não sou do mundo" (Jo
17,15-16). É voto que a Igreja faz seu.
36. Mas distinção não é separação. Nem é indiferença,
temor ou desprezo. Quando a Igreja afirma a sua distinção da
humanidade, não se opõe, aproxima-se dela. Como o médico, ao
ver as ameaças da epidemia, procura preservar-se da infecção a si e
aos outros, sem deixar de atender aos já contagiados, assim a Igreja
não considera privilégio exclusivo a misericórdia, que lhe concede a
bondade divina, não faz da própria felicidade razão para
desinteressar-se de quem a não conseguiu ainda; bem ao contrário,
esse mesmo tesouro de salvação, que possui, é para ela fonte de
interesse e de amor por todos os que lhe esto perto. O mesmo faz com
todos que pode abranger num esforço comunicativo universal.
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