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10. Ela precisa refletir sobre si mesma; precisa sentir-se viver.
Deve aprender a conhecer-se melhor, se quer realizar a própria
vocação e oferecer ao mundo a sua mensagem de fraternidade e
salvação. Precisa experimentar Cristo em si mesma, segundo a
palavra do Apóstolo São Paulo: "Habite Cristo pela fé nos
vossos corações" (Ef 3,17).
Todos sabem que a Igreja está mergulhada na humanidade, dela faz
parte, a ela vai buscar os seus membros, dela extrai tesouros
preciosos de cultura, dela sofre as vicissitudes históricas e pelo bem
dela trabalha. Ora é sabido igualmente que a humanidade no tempo
atual está em vias de grandes transformações, abalos e progressos,
que lhe modificam profundamente não só o estilo de vida no exterior,
mas também o modo de pensar. O pensamento, a cultura e o espírito
sofrem modificação profunda, originada no progresso científico,
técnico e social, como também nas correntes do pensamento filosófico
e político, que a invadem e penetram. Tudo isto, como ondas do
mar, envolve e sacode a Igreja. As almas, que a ela se confiam,
são muito influenciadas pelo clima do mundo temporal; de maneira que
um perigo quase de vertigem, de aturdimento, de extravio pode abalar a
solidez dos seus membros e levar muitos a admitir os pensamentos mais
desvairados, como se a Igreja houvesse de negar-se a si mesma e
adotar formas novíssimas e nunca imaginadas de viver. Não foi, por
exemplo, o fenômeno modernista que ainda se manifesta em várias
tentativas de expressão heterogêneas à realidade autêntica do
catolicismo, não foi ele um episódio duma exaltação semelhante das
tendências psicológico-culturais, próprias do mundo profano, que
pretendiam suplantar a expressão fiel e genuína da doutrina e das
normas da Igreja de Cristo? Ora, para nos imunizarmos desse perigo
ameaçador e múltiplo, que vem de várias partes, parece-nos que é
remédio bom e óbvio aprofundarmos o conhecimento que temos da
Igreja, daquilo que ela é na verdade, segundo o plano de Cristo,
que nos é conservado na Sagrada Escritura e na Tradição, e depois
interpretado e desenvolvido pela genuína tradiço eclesiástica. Esta
é, como sabemos, iluminada e guiada pelo Espírito Santo, sempre
pronto, todas as vezes que o imploremos e ouçamos, a dar cumprimento
indefectível à promessa de Cristo: "O Espírito Santo, que o
Pai enviará no meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos
recordará tudo o que Eu vos tiver dito" (Jo 14,26).
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