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25. E agora a nossa palavra dirige-se mais diretamente aos nossos
filhos, particularmente àqueles que Deus chamou para servi-lo no
matrimônio. A Igreja, ao mesmo tempo que ensina as exigências
imprescritíveis da lei divina, anuncia a salvação e abre, com os
sacramentos, os caminhos da graça, a qual faz do homem uma nova
criatura, capaz de corresponder, no amor e na verdadeira liberdade,
aos desígnios do seu Criador e Salvador e de achar suave o jugo de
Cristo. [31]
Os esposos cristãos, portanto, dóceis à sua voz, lembrem-se de
que a sua vocação cristã, iniciada com o Batismo, se especificou
ulteriormente e se reforçou com o sacramento do Matrimônio. Por ele
os cônjuges são fortalecidos e como que consagrados para o cumprimento
fiel dos próprios deveres e para a atuação da própria vocação para
a perfeição e para o testemunho cristão próprio deles, que têm de
dar frente ao mundo.[32] Foi a eles que o Senhor confiou a
missão de tornarem visível aos homens a santidade e a suavidade da lei
que une o amor mútuo dos esposos com a sua cooperação com o amor de
Deus, autor da vida humana.
Não pretendemos, evidentemente, esconder as dificuldades, por vezes
graves, inerentes à vida dos cônjuges cristãos: para eles, como
para todos, de resto, "é estreita a porta e apertado o caminho que
conduz à vida".[33] Mas, a esperança desta vida,
precisamente, deve iluminar o seu caminho, enquanto eles corajosamente
se esforçam por "viver com sabedoria, justiça e piedade no tempo
presente",[34] sabendo que "a figura deste mundo
passa".[35]
Os esposos, pois, envidem os esforços necessários, apoiados na fé
e na esperança que "não desilude, porque o amor de Deus foi
derramado nos nossos corações, pelo Espírito que nos foi dado";
[36] implorem com oração perseverante o auxílio divino;
abeirem-se, sobretudo pela Santíssima Eucaristia, da fonte de
graça e da caridade. E se, porventura, o pecado vier a
vencê-los, não desanimem, mas recorram com perseverança humilde à
misericórdia divina, que é outorgada no sacramento da Penitência.
Assim, poderão realizar a plenitude da vida conjugal, descrita pelo
Apóstolo: "Maridos, amai as vossas mulheres tal como Cristo amou
a Igreja (...) Os maridos devem amar as suas mulheres como os
seus próprios corpos. Aquele que ama a sua mulher, ama-se a si
mesmo. Porque ninguém aborreceu jamais a própria carne, mas
nutre-a e cuida dela, como também Cristo o faz com a sua Igreja
(...) Este mistério é grande, mas eu digo isto quanto a Cristo
e à Igreja. Mas, por aquilo que vos diz respeito, cada um de vós
ame a sua mulher como a si mesmo; a mulher, por sua vez, reverencie o
seu marido".[37]
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