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25. Urge confirmarmo-nos nestas convicções, para fugir a outro
perigo que o desejo de reforma poderia originar, não tanto em nós,
Pastores, defendidos por um vigilante sentido de responsabilidade,
quanto na opinião de muitos fiéis. Pensam estes que a renovação da
Igreja deve consistir principalmente na adaptação dos seus
sentimentos e costumes aos do mundo. A fascinação da vida profana é
hoje violentíssima. O conformismo parece a muitos necessário e
justificado. Quem não está bem firme na fé e na prática da lei
eclesiástica, facilmente pensará ter chegado o momento de nos
adaptarmos à concepção profana da vida, como se esta fosse a
melhor, a que o cristão pode e deve tomar para si. Fenômeno de
adaptação que se manifesta no campo filosófico (qual é a força da
moda, até mesmo no reino do pensamento, que deveria ser autônomo e
livre, apenas receptivo e dócil perante a verdade e a autoridade de
mestres provados!), e que se apresenta também no campo prático, em
que se torna cada dia mais incerto e difícil marcar a linha da retidão
moral.
26. O naturalismo ameaça esvaziar a noção original da mensagem
cristã. O relativismo, tudo justificando, e afirmando que tudo é
do mesmo valor, impugna o caráter absoluto dos princípios cristãos.
O hábito de excluir qualquer esforço, qualquer incômodo, da
prática ordinária da vida, acusa de inutilidade enfadonha a
disciplina e a ascese cristã. Às vezes, até o desejo apostólico de
entrar em ambientes profanos e de conseguir boa aceitação nos
espíritos modernos sobretudo juvenis, traduz-se em renúncia às
formas próprias da vida cristã e mesmo àquele estilo de domínio
próprio, que deve dar sentido e vigor ao desejo de aproximação e de
influxo para o bem. Não é verdade, porventura, que muitas vezes o
Clero novo, ou até alguns Religiosos zelantes, guiados pela boa
intenção de penetrar nas massas populares e noutros meios, procuram
confundir-se em vez de distinguir-se, renunciando assim com inútil
mimetismo à eficácia genuína do seu apostolado? O grande
princípio, enunciado por Cristo, volta a apresentar-se na sua
atualidade e também na sua dificuldade: estar no mundo, mas não ser
do mundo. Felizes de nós porque a altíssima e oportuníssima
oração, daquele "que sempre vive para interceder por nós" (Hb
7,25), ainda hoje é repetida diante do Pai do céu: "Não
peço que os tires do mundo, mas que os defendas do mal" (Jo
17,15).
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