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51. Julgamos que a voz do Concílio, ao tratar das questões
relativas à ação da Igreja no mundo moderno, indicará alguns
critérios teóricos e práticos, que servirão de guia para bem
orientarmos o diálogo com os homens do nosso tempo. Tratando-se de
questão que diz respeito, por um lado, à missão propriamente
apostólica da Igreja e, por outro, às circunstâncias várias e
mutáveis em que ela se exerce, julgamos igualmente que o prudente e
operante governo da Igreja traçará vez por vez limites, formas e
caminhos, para manter animado um diálogo benéfico.
Deixamos por isso este tema para nos limitarmos a recordar, uma vez
mais, a suma importância, que a pregação cristã conserva, e hoje
desempenha de maneira especial no quadro do apostolado católico e do
diálogo, que é o que nos interessa por agora. Nenhuma forma
difusora do pensamento a substitui, nem mesmo às dotadas tecnicamente
de extraordinária potência, como são a imprensa e os meios
audiovisivos. Apostolado e pregação, equivalem-se em certo
sentido. A pregação é o primeiro apostolado. O nosso,
Veneráveis Irmãos, é, primeiro que tudo, ministério da
Palavra. Sabemos muito bem estas coisas, mas parece-nos conveniente
recordá-las agora, para a nossa ação pastoral tomar a direção
justa. Devemos voltar ao estudo, não já da eloqüência humana ou
da retórica vã, mas sim da arte genuína da palavra sagrada.
52. Devemos procurar as leis da sua simplicidade, limpidez e
força, e também da sua autoridade para vencermos a imperícia natural
no emprego de tão alto e misterioso instrumento espiritual como é a
palavra, e para emularmos nobremente todos os que hoje exercem por meio
dela notável influxo, subindo às tribunas da opinião pública.
Devemos pedir ao Senhor este carisma essencial e inebriante (cf. Jr
1,6), para sermos dignos de dar à fé o seu princípio prático e
eficaz (cf. Rm 10,17) e dignos de fazer chegar a nossa mensagem
aos últimos confins da terra (cf. Sl 18,5; Rm 10,18).
As prescrições da Constituição conciliar "De Sacra Liturgia"
sobre o ministério da palavra encontrem em nós zelosos e hábeis
executores. A catequese ao povo cristão, e a toda a demais gente que
seja possível atingir, use sempre linguagem oportuna e método
acomodado, seja freqüente, recomende-se pelo testemunho de virtudes
pessoais e tenda sempre a novos progressos. Deste modo, levará os
ouvintes à firmeza da fé, à descoberta de a Palavra divina ser
vida, e ainda ao antegozo do Deus vivo.
Deveremos aludir por fim aos ouvintes do nosso diálogo. Mas,
também neste particular, não queremos antecipar-nos à voz do
Concílio, que em breve se fará ouvir, se Deus quiser.
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