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53. Falando em geral desta posição de diálogo, que a Igreja
católica deve hoje assumir com renovado fervor, queremos simplesmente
indicar de fugida que ela deve estar pronta a manter contacto com todos
os homens de boa vontade, dentro e fora do seu âmbito próprio.
Ninguém é estranho ao seu coração materno. Ninguém é
indiferente ao seu ministério. Ninguém, se não quer, é seu
inimigo. Não é em vão que a Igreja se diz católica. Não é em
vão que está encarregada de promover no mundo a unidade, o amor e a
paz.
A Igreja não ignora as dimensões formidáveis da sua missão;
conhece a desproporção estatística dos seus membros com a totalidade
dos habitantes da terra; conhece o limite das suas forças; conhece
até as suas fraquezas humanas, os seus erros; sabe também que a
aceitação do Evangelho não depende, em última análise, de algum
esforço apostólico seu, de alguma circunstância favorável de ordem
temporal. A fé é dom de Deus, e só Deus marca no mundo os
caminhos e as horas da salvação. Mas ela sabe, por outro lado, que
é semente, fermento, sal e luz do mundo. Dá-se conta da
surpreendente novidade dos tempos modernos; mas com ingênua confiança
debruça-se sobre os caminhos da história, e diz aos homens: eu
tenho aquilo que vós procurais, aquilo de que sentis falta. Não
promete a felicidade na terra, mas oferece alguma coisa, a sua luz e a
sua graça, para a conseguirmos, no que é possível.
Depois, aponta aos homens o destino transcendente, ao lhes falar de
verdade, justiça, liberdade, progresso, concórdia, paz e
civilização. Palavras estas, de que a Igreja conhece o segredo;
confiou-lho Cristo. Por isso a Igreja tem uma mensagem especial
para cada categoria de homens: para as crianças, a juventude, os
homens de ciência e de pensamento, o mundo do trabalho e as várias
classes sociais, os artistas, os políticos e os governantes;
especialmente para os pobres, os deserdados, os que sofrem, e até
para os moribundos; para todos.
Poderá parecer que, falando assim, nos deixamos transportar de
entusiasmo pela nossa missão e que não consideramos as posições
concretas, que a humanidade toma diante da Igreja Católica. Mas
não é verdade, porque vemos muito bem quais são essas posições
concretas; e para as descrevermos de maneira sumária, parece-nos que
as devemos classificar à maneira de círculos concêntricos, em que a
mão de Deus nos colocou.
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