12. Ainda os cinco degraus.

Dos cinco degraus de que falamos, o primeiro, isto é, a leitura, pertence aos principiantes; o supremo, isto é, a contemplação, aos perfeitos. Quanto aos intermediários, será mais perfeito aquele que os tiver subido em maior número. Em outras palavras, o primeiro, isto é, a leitura, dá a inteligência; o segundo, a meditação, fornece o conselho; o terceiro, a oração, pede; o quarto, a operação, busca; o quinto, a contemplação, encontra.

Se, portanto, lês, e tens a inteligência, e conheceste o que se deve fazer, isto já é o princípio do bem, mas ainda não te será suficiente, não és perfeito ainda. Sobe, pois, na arca do conselho, e medita como poderás realizar aquilo que aprendeste que deve ser feito. De fato, há muitos que possuem a ciência, mas poucos foram aqueles que souberam de que modo era importante saber.

O conselho do homem, porém, sem o auxílio divino é enfermo e ineficiente; é necessário, pois, levantar-se à oração, e pedir o seu auxílio sem o qual nenhum bem pode ser feito; isto é, a sua graça, a qual, antes que tivesses chegado até aqui para pedi-la já te iluminava, e daqui para a frente será quem haverá de dirigir os teus passos para o caminho da paz, e de cuja única vontade depende que sejas conduzido ao efeito da boa operação.

Resta agora para ti que te prepares para a boa obra, de tal maneira que aquilo que pedes pela oração, mereças receber pela obra, se Deus contigo quiser operar. Não serás obrigado, serás ajudado. Se apenas tu operares, nada realizarás; se apenas Deus operar, nada merecerás. Opere Deus para que tu possas; opera tu para que algo mereças. O caminho pelo qual se vai à vida é a boa obra; aquele que corre por este caminho, busca a vida. Conforta-te e age virilmente. Esta via tem o seu prêmio; quantas vezes, fatigados pelos seus trabalhos, não somos ilustrados do alto pela graça, saboreando e vendo

"quão suave é o Senhor".

Salmo 33

E assim se realiza o que dissemos acima, que aquilo que a oração busca, a contemplação encontra.