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Três são as visões da alma racional: o pensamento, a meditação e
a contemplação.
O pensamento ocorre quando a mente é tocada transitoriamente pela
noção das coisas, quando a própria coisa se apresenta subitamente à
alma pela sua imagem, seja entrando pelo sentido, seja surgindo da
memória.
A meditação é um assíduo e sagaz reconduzir do pensamento em que
nos esforçamos por explicar algo obscuro ou procuramos penetrar no que
é oculto.
A contemplação é uma visão livre e perspicaz da alma de coisas
amplamente esparsas.
Entre a meditação e a contemplação o que parece ser relevante é
que a meditação é sempre das coisas ocultas à nossa inteligência;
a contemplação, porém é de coisas que segundo a sua natureza ou
segundo a nossa capacidade são manifestas; e que a meditação sempre
se ocupa em buscar alguma coisa única, enquanto que a contemplação
se estende à compreensão de muitas ou também de todas as coisas.
A meditação é, portanto, um certo vagar curioso da mente, um
investigar sagaz do obscuro, um desatar do que é intrincado. A
contemplação é aquela vivacidade da inteligência que, possuindo
todas as coisas, as abarca em uma visão plenamente manifesta, e isto
de tal maneira que aquilo que a meditação busca, a contemplação
possui.
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