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Uma terceira característica da espiritualidade vitorina está no papel
que a escola e o estudo desempenham na ascese cristã. Hugo de São
Vitor foi provavelmente, entre os grandes teólogos da tradição
cristã, aquele que mais profundamente se preocupou com o problema
pedagógico. Pode-se dizer que ele desenvolveu os princípios de uma
pedagogia em que o estudante é como que naturalmente conduzido a uma
busca consciente e eficaz da santidade e em que o estudo, conduzido
segundo certos critérios ao mesmo templo amplos e claros, não existe
apenas para desenvolver determinadas habilidades, fornecer
conhecimentos gerais ou mesmo o conhecimento da ascese cristã, mas ele
próprio se torna um dos instrumentos desta ascese. Fora dos vitorinos
houve na Igreja muitos santos que por um carisma pessoal seguiram em
suas vidas estes mesmos princípios; entre eles são muito nítidos os
exemplos que nos foram deixados neste sentido por Santo Tomás de
Aquino e Santo Antônio de Pádua. Os vitorinos, porém, foram
aqueles que procuraram, ademais disso, investigar explicitamente os
próprios princípios pelos quais isto se torna possível, para assim
não apenas darem o exemplo como também ensinarem como se fazia. Já
tivemos a oportunidade de comentar que todo este esforço dispendido por
estes que assim procederam não se deveu a um capricho pessoal ou a uma
paixão desenfreada pelo estudo; tratavam-se, ao contrário, de
homens santos motivados para tanto pelo desejo de serem fiéis ao
mandamento de ensinar que nos foi deixado por Cristo, e que Ele mesmo
no-lo pediu como prova de amor.
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