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Consideremos primeiramente o que se deve abraçar nas Escrituras para
a formação das virtudes.
Quem no discurso sagrado busca a notícia das virtudes e uma forma de
vida deve dedicar-se mais aos livros que aconselham o desprezo do
mundo, que acendem a alma ao amor do Criador, que ensinam o caminho
do reto viver e mostram como as virtudes podem ser adquiridas e os
vícios abandonados.
É a própria Escritura que diz:
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"Buscai em primeiro lugar
o Reino de Deus e a sua justiça",
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como se dissesse abertamente:
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"Desejai as alegrias da pátria celeste
e buscai cuidadosamente tudo aquilo
por cujos méritos de justiça se chega a ela".
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Ambos são bens e ambos são necessários: amai-os e buscai-os.
Quando o amor existe, não pode ficar ocioso. Quando se deseja
ardentemente chegar, aprende-se como se alcança aquilo ao qual se
anela.
Esta ciência se adquire por dois modos: pelo exemplo e pela
doutrina. Adquire-se pelo exemplo quando lemos os feitos dos santos;
adquire-se pela doutrina quando estudamos os seus ensinamentos no que
diz respeito à nossa disciplina, entre os quais se destacam os
escritos do muito bem aventurado S. Gregório Magno, que
resplandecem entre todos os escritos dos santos padres pela doçura de
sua doutrina e pela plenitude de amor pela vida eterna de que estão
repletos.
Aquele que tiver iniciado este caminho deve procurar aprender nestes
livros não apenas pela beleza do fraseado, mas também pelo estímulo
que eles oferecem à prática das virtudes. Procure neles não tanto a
pomposidade ou a arte das palavras, mas a beleza da verdade.
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