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Certamente una é a mente racional, a qual gera, em sua unidade, a
partir de si, uma inteligência una. Quão sutil, quão verdadeira,
quão conveniente, quão formosa é esta inteligência é coisa algumas
vezes visível para a mente, que então passa a amá- la e a
comprazer-se nela. A visão da inteligência é causa de admiração
para a mente, constituindo-se-lhe uma maravilha ter podido encontrar
algo que lhe seja tão semelhante. Quereria sempre admirá-la,
sempre possuí-la, sempre fruí-la, sempre nela deleitar-se.
Agrada-lhe por si e por causa de si, nada buscando fora dela, porque
nela tudo ama. Nela a contemplação da verdade é deleitável em sua
visão, suave em sua posse, doce em sua fruição. Com ela a mente
repousa consigo mesmo, sendo que neste retiro nunca lhe molesta o
tédio, pela felicidade que lhe advém de seu íntimo, porém não
único, consorte.
Considera agora estes três, a mente, a inteligência e o amor. Da
mente nasce a inteligência, da mente assim como da inteligência tem
origem o amor. A inteligência somente da mente, porque a mente gera
de si própria a inteligência. O amor, porém, não apenas da
mente, porque não apenas da inteligência, mas de ambas procede.
Primeiro, pois, a mente; depois, a mente e a inteligência;
finalmente, a mente, a inteligência e o amor.
E isto, na verdade, é assim que se dá em nós.
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