6. O significado das diversas escolas de espiritualidade.

Antes de prosseguirmos no nosso assunto, será necessário explicar qual a razão para a existência destas e de outras escolas de espiritualidade. O nome de correntes ou escolas não são os termos ideais para expressar a realidade que se quer designar com eles. Infelizmente, porém, parece não haver outros. Não se tratam de correntes divergentes, nem de escolas que defendem princípios fundamentais opostos. Na verdade, os princípios fundamentais que todas elas supõem não apenas não são opostos como nem sequer são diversos. Todas elas partem, de fato, não apenas dos mesmos princípios fundamentais, como todas também concordam na mesma doutrina cristã e cada uma almeja alcançar os mesmos e idênticos objetivos que todas as demais.

As diversas linhas de espiritualidade podem ser consideradas como modos diversos de conduzir a vida humana, com o auxílio da graça, àquela realidade a que se chama de contemplação. Pode-se dizer que o objetivo de todas as escolas de espiritualidade, assim como o de todos os homens santos, foi o de alcançar a contemplação. E pode-se dizer também que a contemplação, em sua forma mais plena, não difere em sua natureza de uma escola para outra. A contemplação é não apenas um objetivo final comum para todas, como também é uma mesma, única e precisa realidade para qualquer uma destas escolas de espiritualidade. Cada um destes modos diversos de se dispor a vida espiritual difere dos demais apenas pelo modo como se realiza em cada um a aproximação gradual desta realidade a que chamamos de contemplação; uma vez, porém, alcançada esta realidade em toda a sua plenitude, cessam quaisquer aparentes diferenças entre os diversos modos como pôde ter-se iniciado a vida espiritual.