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Na meditação acerca de uma leitura devem se fazer três
considerações: segundo a história, segundo a alegoria, e segundo a
tropologia.
A consideração é segundo a história quando buscamos a razão das
coisas que se fizeram, ou as admiramos em sua perfeição de acordo com
os tempos, os lugares ou os modos convenientes com que se realizaram.
A consideração dos julgamentos divinos exercita quem medita que em
nenhum tempo faltou o que foi reto e justo, em todos os quais foi feito
o que importava e foi recompensado o que foi justo.
A consideração é segundo a alegoria quando a meditação se ocupa
sobre as disposições dos fatos passados, considerando- lhes a
significação dos futuros. Considera também a admirável razão e
providência com que foram adaptados à inteligência e à forma da fé
a ser edificada.
Na tropologia a meditação se ocupa do fruto que podem trazer as
coisas que foram ditas, indagando o que insinuam que se deve fazer, ou
o que ensinam que deva ser evitado; o que a leitura da escritura
propõe para ser aprendido, o que para ser exortado, o que para
consolar, o que para se temer, o que para iluminar o vigor da
inteligência, o que para alimentar o afeto, e qual a forma de viver
para o caminho da virtude.
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