|
A filosofia é o amor da sabedoria que, não necessitando de nada, é
uma mente viva e a única e primeira razão de todas as coisas. Esta
definição diz respeito mais à etimologia do nome. De fato, filos
em grego significa amor em latim, e sofos sabedoria, de onde que
filosofia é o amor da sabedoria. Acrescentando esta definição que
|
"não necessitando de nada,
é uma mente viva
e a única e primeira razão
de todas as coisas",
|
|
quer ela com isto designar a sabedoria divina que não necessita de
nada, porque nada contém a menos, mas simultaneamente contempla o
passado, o presente e o futuro. É uma mente viva porque aquilo que
alguma vez esteve na razão divina nunca é objeto de esquecimento. É
a razão primeira de todas as coisas porque à sua semelhança foram
feitas todas as coisas. Dizem, de fato, alguns, que aquilo de onde
as artes tiram o seu agir, sempre permanece; todas as artes, porém,
agem e pretendem reparar em nós a divina semelhança, a qual é para
nós apenas uma forma, enquanto que para Deus é a sua natureza, à
qual quanto mais nos conformamos, tanto mais nos tornamos sábios. É
então que começa a brilhar em nós aquilo que na razão divina sempre
existiu, transitando em nós aquilo que nEle existe incomutavelmente.
Segundo uma outra definição, a filosofia é a arte das artes, e a
disciplina das disciplinas, isto é, à qual todas as artes e
disciplinas dizem respeito.
A filosofia também é a meditação da morte, definição que mais
convém aos cristãos, os quais, tendo desprezado as ambições deste
mundo, pelo exercício desta disciplina vivem já à semelhança da
pátria futura.
A filosofia também é a disciplina que investiga as razões prováveis
de todas as coisas divinas e humanas. Neste sentido a razão de todos
os estudos pertence à filosofia, e, embora nem toda administração
seja filosofia, a filosofia de alguma maneira parece pertencer a todas
as coisas.
|
|