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Na continuação destas notas vamos mostrar, com maior detalhe, a
natureza da necessidade da humildade como princípio do aprendizado.
Na medida em que o verdadeiro aprendizado se ordena à contemplação
como a seu fim último, mostraremos, de modo especial, que a
impossibilidade de se alcançar a contemplação sem a humildade não se
deve a uma simples dificuldade, nem tampouco a uma dificuldade tão
grande que se tornasse humanamente insuperável, mas ao fato de
pretender-se, com isto, duas coisas simultaneamente contraditórias.
Deste modo, qualquer pessoa que afirmasse estar em busca da
contemplação sem possuir a humildade estaria apenas mostrando, com
isto, o quanto é equivocada e ilusória a noção que ela possui sobre
a natureza da contemplação, uma realidade que, não obstante o
quanto esta pessoa possa dizer o contrário, ela efetivamente não
deseja.
Assim, para não corrermos o risco de empreendermos uma caminhada tão
absurda, uma caminhada na qual não se anda, apesar de sonhar-se que
se anda, devemos examinar primeiro com verdadeira sinceridade o quanto
possuímos desta virtude que estamos descrevendo. De modo especial,
devemos examinar o grau de respeito que, independentemente de
circunstâncias e de pessoas, estamos dispostos a dar a nosso
semelhante. Não se pode dizer que alguém seja humilde se não se
está verdadeiramente disposto a que este grau de respeito seja
simplesmente total, absoluto e incondicional.
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