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Não se conhece a história do Opúsculo sobre o Modo de Aprender,
sobre como foi escrito ou como foi utilizado. Ele simplesmente nos foi
transmitido como constando entre as obras de Hugo de São Vitor.
Seu nome, conforme impresso na Patrologia Latina de Migne, é
"De Modo Dicendi et Meditandi", o que significa: "Sobre o
Modo de Dizer e de Meditar". Entretanto, considerando o seu
conteúdo, e considerando que na língua latina entre as palavras que
traduzem os verbos dizer e aprender existe apenas a diferença de um
"s", cremos que provavelmente em algum momento esta pequena letra foi
suprimida por engano, não necessariamente por parte dos editores da
Patrologia, mas talvez até mesmo por algum dos primeiros copistas
medievais, e que o verdadeiro nome do opúsculo seja "De Modo
Discendi", ou "Sobre o Modo de Aprender".
Seja como for, é o título "Sobre o Modo de Aprender" aquele que
nos apresenta de modo mais fiel o conteúdo deste opúsculo. O pequeno
trabalho se inicia com uma declaração sobre qual é o "princípio do
aprendizado", para logo em seguida versar em sua quase totalidade
sobre o estudo e o aprendizado.
No final do trabalho o autor anuncia que irá tratar do tema da
eloqüência e das obrigações que a acompanham. Estes últimos
parágrafos poderiam justificar, aparentemente, o título tal como se
encontra impresso na Patrologia. Observada mais atentamente,
porém, esta décima segunda e última subdivisão do opúsculo trata
na realidade daqueles que desejam "conhecer e ensinar", e daqueles
que desejam "ensinar o bem". Seu verdadeiro tema é, portanto, o
ensino, o outro lado do aprendizado. Este tema parece aí ter entrado
disfarçado sob as aparências da eloqüência porque na antigüidade a
eloqüência era uma qualidade tida por todos em elevadíssimo apreço,
e mesmo por muitos quase que compulsivamente procurada como uma
obrigação e como um bem que tivesse valor por si mesmo. Hugo de
São Vitor, como sábio professor, reconhecia a presença desta
visão distorcida em muitos dos alunos que se lhe apresentavam e assim
quis, no final deste opúsculo, inserir o bem da eloqüência no
contexto da atividade de ensinar, mostrando que sem isto ela se torna
algo destituído de valor. Na realidade, todo o valor perene de
qualquer ensino está quase que inteiramente concentrado no seu
conteúdo de verdade, e só muito secundariamente na sua eloqüência.
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