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Antes de prosseguirmos no nosso assunto, será necessário explicar
qual a razão para a existência destas e de outras escolas de
espiritualidade. O nome de correntes ou escolas não são os termos
ideais para expressar a realidade que se quer designar com eles.
Infelizmente, porém, parece não haver outros. Não se tratam de
correntes divergentes, nem de escolas que defendem princípios
fundamentais opostos. Na verdade, os princípios fundamentais que
todas elas supõem não apenas não são opostos como nem sequer são
diversos. Todas elas partem, de fato, não apenas dos mesmos
princípios fundamentais, como todas também concordam na mesma
doutrina cristã e cada uma almeja alcançar os mesmos e idênticos
objetivos que todas as demais.
As diversas linhas de espiritualidade podem ser consideradas como modos
diversos de conduzir a vida humana, com o auxílio da graça, àquela
realidade a que se chama de contemplação. Pode-se dizer que o
objetivo de todas as escolas de espiritualidade, assim como o de todos
os homens santos, foi o de alcançar a contemplação. E pode-se
dizer também que a contemplação, em sua forma mais plena, não
difere em sua natureza de uma escola para outra. A contemplação é
não apenas um objetivo final comum para todas, como também é uma
mesma, única e precisa realidade para qualquer uma destas escolas de
espiritualidade. Cada um destes modos diversos de se dispor a vida
espiritual difere dos demais apenas pelo modo como se realiza em cada um
a aproximação gradual desta realidade a que chamamos de
contemplação; uma vez, porém, alcançada esta realidade em toda a
sua plenitude, cessam quaisquer aparentes diferenças entre os diversos
modos como pôde ter-se iniciado a vida espiritual.
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