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A composição de todas as coisas é, pois, apta e conveniente, mas
de que modo ela é também firme? Quem não o vê? Quem não o
admira?
Eis os céus em sua solidez: em seu âmbito incluem todas as coisas,
como se tivessem sido fundidos em bronze para serem derramados e fixados
em torno de todas as coisas. A terra, no centro pelo seu peso,
sempre persevera imóvel. As demais coisas, em movimento na região
intermediária, são reunidas e obrigadas a formarem um só todo de um
lado pela solidez dos céus, de outro pela estabilidade da Terra, só
podendo romper a concórdia que se difunde por toda a parte dentro de
legítimos limites.
Eis a água que corre espalhada pelo interior da terra, e em seu
exterior sobre os mais diversos leitos. Internamente aglutina as
terras fundidas para que não se desagreguem; externamente rega as
terras secas para que não se fendam.
Eis como na construção do corpo humano os vínculos nervosos ligam as
junturas dos ossos; como os canais da medula interna à porosidade dos
ossos conduzem por todo o corpo o sangue vital das veias; como o
segmento da pele envolve a carne desprotegida. O rigor dos ossos
sustenta o corpo internamente, a proteção da pele o defende
externamente.
Quem poderá enumerar a dureza das pedras, a solidez dos metais, a
força das junturas, a tenacidade das aglutinações e outros tantos
inumeráveis que existem na natureza?
De tudo isto fica claro quão firmes são os vínculos das coisas,
como cada uma delas com tanto empenho defende sua natureza e seu ser,
não sendo possível que todos simultâneamente dissolvam por completo a
concórdia de sua sociedade.
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