4. Origem da escola de São Vítor.

Ao se retirar para São Vítor, a crônica de Morigny não nos apresenta Guilherme de Champeaux simplesmente como um homem bastante versado nas Sagradas Escrituras, mas também como um homem

"cheio de zelo, de piedade e de religião".

Retirando-se para São Vítor, Guilherme renunciou ao ensinamento e aos aplausos da escola; quis viver somente com Deus na meditação das verdades eternas.

Seus antigos alunos, porém, não puderam consentir com o seu silêncio. Solicitaram-lhe que continuasse suas aulas mesmo no retiro que havia escolhido, e o bispo de Mans achou por bem unir suas instâncias àquelas de tantos amigos, escrevendo ao novo solitário uma carta de que possuímos o texto inteiro:

"Vossa vida e vossa conversão",

diz o bispo,

"encheram nossa alma de alegria e a fizeram estremecer de felicidade".

Ele o felicita em seguida por ter abraçado a verdadeira filosofia. Mais adiante acrescenta:

"Mas de que serve uma sabedoria encoberta e um tesouro enterrado? O ouro melhor brilha ao dia do que nas trevas, e as pérolas não diferem de pedras vis se não são expostas aos olhos. A ciência que se comunica aumenta; não estanqueis, pois, o regato de vossa doutrina, mas segui o conselho de Salomão, e que vossas águas se dividam sobre as praças públicas".

Guilherme não pôde resistir a pedidos tão amáveis e tão insistentes. Retomando suas lições, deu origem à célebre Escola de São Vítor de Paris.