32. Relação entre humildade e contemplação. Necessidade da humildade e do respeito ao semelhante para a contemplação.

Na continuação destas notas vamos mostrar, com maior detalhe, a natureza da necessidade da humildade como princípio do aprendizado. Na medida em que o verdadeiro aprendizado se ordena à contemplação como a seu fim último, mostraremos, de modo especial, que a impossibilidade de se alcançar a contemplação sem a humildade não se deve a uma simples dificuldade, nem tampouco a uma dificuldade tão grande que se tornasse humanamente insuperável, mas ao fato de pretender-se, com isto, duas coisas simultaneamente contraditórias. Deste modo, qualquer pessoa que afirmasse estar em busca da contemplação sem possuir a humildade estaria apenas mostrando, com isto, o quanto é equivocada e ilusória a noção que ela possui sobre a natureza da contemplação, uma realidade que, não obstante o quanto esta pessoa possa dizer o contrário, ela efetivamente não deseja.

Assim, para não corrermos o risco de empreendermos uma caminhada tão absurda, uma caminhada na qual não se anda, apesar de sonhar-se que se anda, devemos examinar primeiro com verdadeira sinceridade o quanto possuímos desta virtude que estamos descrevendo. De modo especial, devemos examinar o grau de respeito que, independentemente de circunstâncias e de pessoas, estamos dispostos a dar a nosso semelhante. Não se pode dizer que alguém seja humilde se não se está verdadeiramente disposto a que este grau de respeito seja simplesmente total, absoluto e incondicional.