20. Terceira característica.

Uma terceira característica da espiritualidade vitorina está no papel que a escola e o estudo desempenham na ascese cristã. Hugo de São Vitor foi provavelmente, entre os grandes teólogos da tradição cristã, aquele que mais profundamente se preocupou com o problema pedagógico. Pode-se dizer que ele desenvolveu os princípios de uma pedagogia em que o estudante é como que naturalmente conduzido a uma busca consciente e eficaz da santidade e em que o estudo, conduzido segundo certos critérios ao mesmo templo amplos e claros, não existe apenas para desenvolver determinadas habilidades, fornecer conhecimentos gerais ou mesmo o conhecimento da ascese cristã, mas ele próprio se torna um dos instrumentos desta ascese. Fora dos vitorinos houve na Igreja muitos santos que por um carisma pessoal seguiram em suas vidas estes mesmos princípios; entre eles são muito nítidos os exemplos que nos foram deixados neste sentido por Santo Tomás de Aquino e Santo Antônio de Pádua. Os vitorinos, porém, foram aqueles que procuraram, ademais disso, investigar explicitamente os próprios princípios pelos quais isto se torna possível, para assim não apenas darem o exemplo como também ensinarem como se fazia. Já tivemos a oportunidade de comentar que todo este esforço dispendido por estes que assim procederam não se deveu a um capricho pessoal ou a uma paixão desenfreada pelo estudo; tratavam-se, ao contrário, de homens santos motivados para tanto pelo desejo de serem fiéis ao mandamento de ensinar que nos foi deixado por Cristo, e que Ele mesmo no-lo pediu como prova de amor.