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Há, porém, dois gêneros de contemplação. Um deles, que é o
primeiro e que pertence aos principiantes, consiste na consideração
das criaturas. O outro, que é o último e que pertence aos
perfeitos, consiste na contemplação do Criador.
No livro dos Provérbios, Salomão principiou como que meditando;
no Eclesiastes elevou-se ao primeiro grau da contemplação;
finalmente, no Cântico dos Cânticos transportou-se ao supremo.
Para que, portanto, possamos distinguir estas três coisas pelos seus
próprios nomes, diremos que a primeira é meditação; a segunda,
especulação; a terceira, contemplação.
Na meditação a perturbação das paixões carnais, surgindo
importunamente, obscurece a mente inflamada por uma piedosa devoção;
na especulação a novidade da insólita visão a levanta à
admiração; na contemplação o gosto de uma extraordinária doçura a
transforma toda em alegria e contentamento.
Portanto, na meditação temos solicitude; na especulação,
admiração; na contemplação, doçura.
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