2. Os três dias na história da salvação.

Os homens compreenderam, em primeiro lugar, terem caído sob o jugo do pecado ao ter-lhes sido dada a Lei, tendo daí começado a temer a Deus como juiz por conhecerem suas iniqüidades. Temê-lo já era conhecê-lo, porque de maneira alguma poderiam temê-Lo se dEle nada conhecessem. Este conhecimento já era alguma luz; já era dia, mas não era dia claro, escurecido que estava pelas trevas do pecado.

Veio então o dia da verdade, o dia da salvação, que destruiria o pecado, iluminaria a claridade do dia anterior, e não tiraria o temor, mas o mudaria para melhor.

Mas esta claridade não seria ainda plena até que a caridade não se acrescentasse à verdade. De fato, foi a própria Verdade que disse:

"Muito tenho ainda para vos dizer,
mas não o poderíeis suportar.
Quando vier o Espírito da verdade,
vos ensinará toda a verdade".

Jo. 14

Toda a verdade, pois, para que removesse o mal e restaurasse o bem.

Eis o que são os três dias: o dia do temor, que manifesta o mal; o dia da verdade, que remove o mal; o dia da caridade, que restitui o bem.

O dia da verdade clarifica o dia do temor; o dia da caridade clarifica o dia do temor e o dia da verdade; até que a caridade se torne perfeita e toda verdade seja perfeitamente manifestada e o temor da pena se transforme no temor da reverência.