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Entretanto, a unidade pode ser entendida de diversas maneiras.
Devemos considerar, por conseguinte, segundo qual delas deverá o
Criador ser dito uno.
Existe a unidade por ajuntamento, a unidade por composição, a
unidade por semelhança, a unidade por essência e a unidade por
identidade.
A unidade por ajuntamento se dá quando dizemos haver um só rebanho em
que, entretanto, temos muitos animais.
A unidade por composição se dá quando dizemos haver um só corpo,
em que todavia, existem muitos membros.
A unidade por semelhança se dá quando dizemos ser uma só voz aquela
que, não obstante, pode ser proferida por muitas pessoas.
Nenhuma destas unidades é, porém, a verdadeira unidade. São
ditas unidades apenas por se aproximarem, de alguma forma, daquela
unidade que o é de fato. Não seria correto julgarmos o Criador das
coisas uno por ajuntamento do diverso, pela composição das partes ou
pela semelhança da multidão, se aquilo que em nós é racional já
não possui mais em si próprio nenhum destes modos de unidade. Pela
nossa própria razão podemos comprovar que tudo o que em nós é
composto por uma multidão de partes não é racional, mas apenas
adjunto ao racional. Se, pois, o nosso racional já possui uma
verdadeira unidade, quanto mais não deveremos crer possuí-la aquele
que é o seu Criador?
Só possui verdadeira unidade aquele que é uno por essência, para
quem o seu todo é ser um só, sendo simples naquilo que é. Tudo o
que é verdadeiramente uno é simples, não podendo ser dividido em
partes por não possuir composição de partes.
O Criador de todas as coisas, portanto, possui unidade naquilo que
é por ser inteiramente uno e simples.
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