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A meditação é uma cogitação frequente com conselho, que investiga
prudentemente a causa e a origem, o modo e a utilidade de cada coisa.
A meditação toma o seu princípio da leitura, todavia não se
realiza por nenhuma das regras ou dos preceitos da leitura. Na
meditação, de fato, nos deleitamos discorrendo como que por um
espaço aberto, no qual dirigimos a vista para a verdade a ser
contemplada, admirando ora esta, ora aquelas causas das coisas, ora
também penetrando no que nelas há de profundo, nada deixando de
duvidoso ou de obscuro.
O princípio da doutrina, portanto, está na leitura; a sua
consumação, na meditação.
Quem aprender a amá-la com familiaridade e a ela se dedicar
frequentemente tornará a vida imensamente agradável e terá na
tribulação a maior das consolações. A meditação é o que mais do
que todas as coisas segrega a alma do estrépito dos atos terrenos;
pela doçura de sua tranquilidade já nesta vida nos oferece de algum
modo um gosto antecipado da eterna; fazendo-nos buscar e inteligir,
pelas coisas que foram feitas, àquele que as fez, ensina a alma pela
ciência e a aprofunda na alegria, fazendo com que nela encontre o
maior dos deleites.
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