3. Diversas definições de filosofia.

A filosofia é o amor da sabedoria que, não necessitando de nada, é uma mente viva e a única e primeira razão de todas as coisas. Esta definição diz respeito mais à etimologia do nome. De fato, filos em grego significa amor em latim, e sofos sabedoria, de onde que filosofia é o amor da sabedoria. Acrescentando esta definição que

"não necessitando de nada,
é uma mente viva
e a única e primeira razão
de todas as coisas",

quer ela com isto designar a sabedoria divina que não necessita de nada, porque nada contém a menos, mas simultaneamente contempla o passado, o presente e o futuro. É uma mente viva porque aquilo que alguma vez esteve na razão divina nunca é objeto de esquecimento. É a razão primeira de todas as coisas porque à sua semelhança foram feitas todas as coisas. Dizem, de fato, alguns, que aquilo de onde as artes tiram o seu agir, sempre permanece; todas as artes, porém, agem e pretendem reparar em nós a divina semelhança, a qual é para nós apenas uma forma, enquanto que para Deus é a sua natureza, à qual quanto mais nos conformamos, tanto mais nos tornamos sábios. É então que começa a brilhar em nós aquilo que na razão divina sempre existiu, transitando em nós aquilo que nEle existe incomutavelmente.

Segundo uma outra definição, a filosofia é a arte das artes, e a disciplina das disciplinas, isto é, à qual todas as artes e disciplinas dizem respeito.

A filosofia também é a meditação da morte, definição que mais convém aos cristãos, os quais, tendo desprezado as ambições deste mundo, pelo exercício desta disciplina vivem já à semelhança da pátria futura.

A filosofia também é a disciplina que investiga as razões prováveis de todas as coisas divinas e humanas. Neste sentido a razão de todos os estudos pertence à filosofia, e, embora nem toda administração seja filosofia, a filosofia de alguma maneira parece pertencer a todas as coisas.