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42. Com o desejo de permanecer estreitamente unidos e fiéis à
obrigatória imparcialidade do Nosso múnus pastoral, manifestamos o
desejo de que os Nossos amados Filhos nada omitam para fazer triunfar
uma inteligente e equânime justiça e fraternidade em questões tão
fundamentais para a salvação dos Estados. Efetivamente, é virtude
própria dos espíritos prudentes e dos verdadeiros amigos da
Humanidade compreender que uma paz conforme com a dignidade do homem e
a consciência cristã não é possível que em tempo algum seja uma
dura imposição da espada, mas sim o fruto duma justiça previdente e
duma responsável equidade para com todos.
43. E se, enquanto aguardais que uma paz assim traga a
tranqüilidade ao mundo, continuais, amados filhos e filhas, a sofrer
amargamente nas almas e nos corpos os golpes do desconforto e da
injustiça, não deveis manchar essa paz no futuro pagando injustiça
com injustiça, ou cometendo uma injustiça ainda maior.
44. Nesta vigília do Natal, que os vossos corações e espíritos
se voltem para o Divino Infante no seu presépio! Olhai e refleti
como nesta Gruta abandonada, exposto ao frio e ao vento, Ele
compartilhou da vossa pobreza e miséria - Ele, o Senhor do céu e
da terra, e de todas as riquezas pelas quais os homens contendem.
Tudo é d'Ele. Contudo, quantas vezes nestes tempos Ele teve de
abandonar igrejas e capelas destruídas e queimadas, devastadas ou
ameaçando ruína! Talvez em lugares onde a devoção de vossos
antepassados lhe dedicou suntuosos templos, com delicados arcos e
esplêndidos tetos, vós não possais oferecer-lhe agora mais do que
uma pobre habitação no meio das ruínas, nalguma capela de refúgio
ou casa particular. Nós vos agradecemos e louvamos, sacerdotes e
leigos, homens e mulheres, que não raras vezes arrostando com todos
os perigos, acolhestes e guardastes nalgum lugar seguro o Senhor e
Salvador Eucarístico. O vosso zelo não quis que se dissesse, pela
segunda vez, o que uma vez se disse de Cristo: "In propria venit,
et sui cum non receperunt": ("veio para o meio dos seus e os seus
não o receberam"). E o Senhor não se recusou a ir para o meio de
vós na vossa pobreza: Ele, que uma vez escolheu Belém de
preferência a Jerusalém, um estábulo e um presépio de preferência
ao Templo magnífico de seu Pai. A pobreza e a miséria são
amargas, mas tornam-se doces, se retém Deus, o Filho do Homem,
Cristo Jesus, com a sua graça e verdade. Ele permanecerá convosco
enquanto os vossos corações conservarem fé e esperança, amor,
obediência e devoção.
45. Juntamente convosco, amados filhos e filhas, depomos as nossas
orações aos pés de Cristo Menino, e imploramos-lhe que este seja
o último Natal em tempo de guerra, e que, no ano que vem, a
Humanidade possa celebrar o aniversário do Natal de Cristo,
iluminada pela luz e alegria de uma verdadeira paz cristã.
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