Pio XII

RADIOMENSAGEM DE NATAL DE 1949

O JUBILEU DE 1950


EXPECTATIVA DOS POVOS

1. Nunca talvez como nesta vigília que abre o fausto acontecimento do novo Ano jubilar, o Nosso coração de Pai e de Pastor vos sentiu tão estreita e intimamente junto de si, queridos filhos e filhas do Universo: Parece-Nos ver e ouvir - e o Nosso coração não Nos engana - o palpitar de milhões e milhões de fiéis a uníssono conosco, qual coro imenso de férvidas ações de graças, de vivos desejos, de humildes invocações ao Pai, dador de todo o bem, ao Filho, expiador de toda a culpa, ao Espírito Santo, dispensador de toda a graça.

2. Movidos de profundo desejo de libertação espiritual, atraídos pela fascinação dos bens celestes, esquecidos por algum tempo das agruras da terra, dirigis-vos a Nós e como que repetis, .mas em bom sentido e com reta intenção, o pedido já outrora feito ao Redentor (Mc 8, 11-12; Lc li, 16): "dai-nos um prodígio do céu".

3. Pois bem, hodie scietis quia veniet Dominus, et mane videbitis gloriam eius; o prodígio que esperais ser-vos-á hoje anunciado; o sinal, melhor, o meio de remissão e de santificação amanhã mesmo vos será dado, no momento em que, por Nossas mãos, a mística Porta será uma vez mais removida. patenteando a entrada ao maior templo da Cristandade, símbolo do Redentor Jesus, que nos foi dado par Maria para que todos incorporados n'Ele, encontremos a salvação: "Ego sura ostium. Per me si quis introierit, sal(Jo 10, 9).

4. De toda a Igreja de Cristo, que estendeu os seus membros a todas as plagas do mundo, se olha nestes dias para Roma, para esta Sé Apostólica, manancial perene de verdade, de salvação e de bem.

5. Sabemos quantas esperanças fundais sobre este Ano Santo. Em Nosso coração há firme confiança de que a Providência divina há de operar nele e por ele as maravilhas da sua misericórdia para com a família humana. Sustém-Nos a esperança de que o Anjo do Senhor não encontre obstáculos no seu caminho, antes ache aplanadas as vias e abertos os corações por aquela boa vontade que faz inclinar o céu para a terra.

6. Nós mesmos, a quem a Providência divina reservou o privilégio de anunciá-lo e concedê-lo ao mundo inteiro, sentimos o presságio da sua importância para o próximo meio século.

7. Parece-Nos que o Ano Santo de 1950 há de ser decisivo sobretudo para a auspiciada renovação religiosa do mundo moderno, e portador da solução da crise espiritual que angustia os espíritos do nosso tempo. A desejada harmonia dos valores celestes e terrenos, divinos e humanos, ofício e dever da nossa geração, será realizada ou ao menos apressurada, se os fiéis de Cristo mantiverem firmes os propósitos concebidos, prosseguirem com tenacidade nas obras empreendidas, e não se deixarem seduzir por vãs utopias nem desviar por interesses e egoísmos partidaristas ou parcialistas.

8. Decisiva também para o futuro da Igreja, internamente empenhada no esforço de tornar mais sincera e mais difundida entre o povo a santidade dos seus membros, enquanto externamente se esforça por transfundir e alargar o seu espírito de justiça e de amor às próprias instituições civis.