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21. Sempre em vista deste fim, Nós exortamos igualmente os
políticos cristãos a atuarem no interior dos próprios países. Se a
ordem não reina na vida interna dos povos, é inútil esperar a união
da Europa e a segurança da paz no mundo. Num tempo como o nosso, em
que os erros se transformam facilmente em catástrofe, um político
cristão não pode - hoje menos que nunca - aumentar as tensões
sociais internas, dramatizando-as, transcurando o que há de positivo
e deitando a perder a reta visão do que é razoavelmente possível.
Dele se esfera tenacidade na aplicação da doutrina social cristã,
tenacidade e confiança, mais do que mostram os adversários nos seus
erros. Se a doutrina social, desde há mais de cem anos, se
desenvolveu e se tornou fecunda na prática política de muitos povos,
- infelizmente não de todos, - aqueles que chegaram demasiado tarde
não têm hoje motivo de lamentar que o Cristianismo deixe rio campo
social uma lacuna, que, segundo eles, se deve preencher mediante a
chamada revolução das consciências cristãs. A lacuna não está no
Cristianismo, mas na mente de seus acusadores.
22. Sendo assim, o político cristão não presta serviço à paz
interna, nem, por conseguinte à paz externa, quando abandona a bise
sólida da experiência objetiva e dos princípios claros, e se
transforma numa espécie de propagandista carismático duna nova terra
social, contribuindo para agravar a desorientação dos espíritos já
incertos. Disto se torna culpável quem julga que pode empreender
experiências na ordem social e principalmente quem não está resolvido
a fazer predominar em todos os grupos a legítima autoridade do Estado
e a observância das justas leis. Será acaso necessário demonstrar
que a fraqueza da autoridade solapa a solidez dum país, mais que todas
as outras dificuldades, e que a fraqueza dum país traz consigo o
enfraquecimento da Europa e põe em perigo a paz geral?
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