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32. E agora, finalmente, depois de volvermos a vista em
observação, apenas de relance, pela situação atual do mundo, não
podemos deixar de contemplar mais uma vez as legiões ainda ingentes de
prisioneiros de guerra.
33. Com efeito, ao prepararmo-nos para passar com devota e interna
alegria e em fervorosa oração a festa do santo Natal, que confirma e
enobrece com harmonia secular e sempre viva os vínculos da família
humana e atrai ao lar doméstico, como a lugar sagrado até aos que
vivem habitualmente afastados dele, Nós recordamo-nos com profunda
tristeza de todos aqueles que, não obstante haver-se declarado o fim
da guerra, terão ainda este ano de passar em terra estrangeira tão
evocadora festividade e sentir, na noite da alegria, o tormento da
incerteza da sua situação e do afastamento dos pais, das esposas,
dos filhos, dos irmãos, das irmãs, de todos aqueles que lhes são
queridos.
34. Conquanto desejemos tributar justo reconhecimento e louvor
àquelas Autoridades, obras ou pessoas, que hão procurado e procuram
aliviar ou tornar menos dura a sua penosa situação, não podemos
ocultar Nossa dor ao ter notícia dos sofrimentos, a que quase
deliberadamente foram submetidos os prisioneiros e deportados, além
dos que inevitavelmente traz consigo a guerra; ao ver que em alguns
casos se vai prolongando sem razão suficiente o tempo de cativeiro; ao
ver que o jugo do cativeiro, já de si angustiante, se agravou com o
peso de fatigantes ou indevidos trabalhos; ou ao ver que se nega, com
modos inumanos, o tratamento devido aos vencidos, desprezando
levianamente normas sancionadas em convenções internacionais e ainda
outras mais invioláveis da consciência cristã e civil.
35. Que os anjos do Natal de Cristo levem sobre as suas asas a
Nossa mensagem paternal, portadora de alentos, de esperança e de
luz, a esses filhos ainda prisioneiros, e que a eles chegue Nosso
voto, acompanhado com o de quantos sentem vivamente a fraternidade
humana, para que sejam restituídos rapidamente às suas ansiosas
famílias e às suas ordinárias e pacíficas ocupações.
36. E Nós interpretamos certamente a aspiração de todos os bem
intencionados se tornarmos extensivo este Nosso voto aos homens,
mulheres e adolescentes, presos políticos, expostos talvez a duros
sofrimentos, a esses, a quem acaso unicamente se pode reprovar a sua
passada atitude política e não uma ação criminosa nem alguma
violação da lei. Mencionaremos também aqui com emocionante
solicitude os missionários e civis no Extremo-Oriente, os quais,
devido aos recentes e graves acontecimentos, vivem em -aflição e
perigo. E' um manifesto dever natural que todos estes infelizes sejam
tratados com humanidade, já que a ambicionada pacificação e
concórdia nos povos e entre os povos não poderia iniciar-se melhor do
que com a sua libertação e, em quanto seja factível, com a devida,
conveniente e justa reabilitação.
37. Com estes sentimentos e desejos nos lábios e no coração,
Nós invocamos sobre vós, Veneráveis Irmãos e amados filhos,
como também sobre todos os Nossos amados filhos e filhas dispersos
pela terra, a abundância das graças do Salvador divino, das quais
é penhor a bênção apostólica que vos damos com paternal afeto.
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