NO CAMPO INTERNACIONAL

38. Esperamos enfim para este Ano Santo o retorno da sociedade internacional aos desígnios de Deus. Segundo eles, todos os povos na paz e não na guerra, na colaboração e não no isolamento, na justiça e não no egoísmo nacional, são destinados a formar a grande família humana, encaminhada para a perfeição comum, em auxilio mútuo e eqüitativa distribuição de bens os quais são tesouro de Deus confiado à guarda dos homens.

39. Queridos filhos, se houve alguma hora ocasião que Nos parecesse propícia para exortar os que governam os povos a pensamentos de paz, esta do Ano Santo parece-nos mais que todas oportuna. Ela é e quer significar também um poderoso apelo e simultaneamente um contributo à confraternização das gentes.

40. Para esta Mãe de povos que é Roma, convergirão inumeráveis grupes de peregrinos, de diversa estirpe, nação, língua, costumes e sentimentos. E dentro destes mesmos muros conviverão, encontrar-se-ão pelas mesmas ruas, descansarão nas mesmas pousadas, participarão nos mesmos ritos, matarão sedes de alma nas mesmas fontes-do espírito, gozarão dos mesmos confortos, aqueles que tiveram por encargo semear a morte e aqueles que lhe sofreram os espantosos efeitos, o que invadiu e o que lhes ficou sujeito, o que rodeou os campos de arame farpado e o que neles sofreu dura prisão. Não temos Nós, pois, razão de crer que estes milhares e milhares dos Nossos devotos filhos e filhas virão a ser a vanguarda fiel na cruzada em favor da paz, e que com a Nossa bênção levarão consigo para as suas pátrias o pensamento e a força da paz de Cristo, a fim de lá ganharem novos soldados para tão santa causa?

41. Não permita o Senhor que esta "trégua de Deus", auspiciosa inspiradora de pacíficos intentos, venha a ser perturbada ou violada por insanos propósitos não só entre as nações, mas entre os diversos partidos de um mesmo pais. A mão sacrílega que tal fizesse condenar-se-ia por si mesma aos castigos da justa ira de Deus, e não poderia deixar de atrair sobre ai a execração de toda a humanidade.

42. Nós, pois, neste Ano Santo de graças extraordinárias, acalentamos em Nós a esperança de um grande retorno: grande pelo número de filhos, para os quais reservamos o mais afetuoso amplexo, grande pelas longínquas paragens de onde alguns deles virão, grande pelas vastas e benéficas repercussões, que necessariamente dele hão de derivar. Que os Nossos filhos, que todos os homens de boa vontade, tomem a peito, com carinho, não desiludir as esperanças do Pai comum, que de contínuo ergue os braços ao céu para que a nova efusão de misericórdia divina sobre o mundo vá além de toda a medida.