NATUREZA E CONDIÇÕES DE UMA ORGANIZAÇÃO EFICAZ PARA A PAZ: A UNIÃO DO GÊNERO HUMANO E A SOCIEDADE DOS POVOS

30. Nós quisemos, diletos filhos e filhas, colher a ocasião da festa do Natal para indicar os caminhos por que uma democracia que corresponda à dignidade humana possa, em harmonia com a lei natural e com os desígnios de Deus manifestados na revelação, chegar a resultados benéficos. Com efeito, Nós sentimos a suprema importância deste problema para o, progresso pacifico da família humana; mas ao mesmo tempo somos conscientes das profundas exigências que esta forma de governo impõe à maturidade moral de cada cidadão; maturidade moral que em vão se poderia esperar atingir plenamente e com segurança, se a luz da gruta de Belém não iluminasse o caminho escuro por que os povos transitam de um presente tempestuoso para um futuro que almejam mais sereno.

31. Até que ponto, porém, os representantes e os pioneiros da democracia serão possuídos, em suas deliberações, da convicção de que a ordem suprema dos seres e dos fins, por Nós repetidas vezes lembrada, inclui ainda, como exigência moral e coroa do desenvolvimento social, a união do gênero humano e da família dos povos? Do reconhecimento deste principio depende o futuro da paz. Nenhuma reforma mundial, nenhuma garantia de paz pode abstrair dele sem debilitar-se e renegar-se a si mesma. Se, porém, essa mesma exigência moral encontrasse sua realização numa sociedade dos povos, que soubesse evitar os defeitos estruturais e as falhas das soluções que precederam, então a majestade daquela ordem regularia e dominaria igualmente as deliberações desta sociedade e a aplicação dos seus meios de sanção.

32. Pelo mesmo motivo se compreende como a autoridade de tal sociedade dos povos deverá ser verdadeira e efetiva sobre os Estados-membros, de forma, porém, que cada qual conserve igual direito à sua relativa soberania. Somente assim o espírito de uma democracia sadia poderá penetrar também no vasto e escabroso campo da política externa.