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1. Nunca talvez como nesta vigília que abre o fausto acontecimento
do novo Ano jubilar, o Nosso coração de Pai e de Pastor vos
sentiu tão estreita e intimamente junto de si, queridos filhos e
filhas do Universo: Parece-Nos ver e ouvir - e o Nosso coração
não Nos engana - o palpitar de milhões e milhões de fiéis a
uníssono conosco, qual coro imenso de férvidas ações de graças,
de vivos desejos, de humildes invocações ao Pai, dador de todo o
bem, ao Filho, expiador de toda a culpa, ao Espírito Santo,
dispensador de toda a graça.
2. Movidos de profundo desejo de libertação espiritual, atraídos
pela fascinação dos bens celestes, esquecidos por algum tempo das
agruras da terra, dirigis-vos a Nós e como que repetis, .mas em
bom sentido e com reta intenção, o pedido já outrora feito ao
Redentor (Mc 8, 11-12; Lc li, 16): "dai-nos um
prodígio do céu".
3. Pois bem, hodie scietis quia veniet Dominus, et mane videbitis
gloriam eius; o prodígio que esperais ser-vos-á hoje anunciado; o
sinal, melhor, o meio de remissão e de santificação amanhã mesmo
vos será dado, no momento em que, por Nossas mãos, a mística
Porta será uma vez mais removida. patenteando a entrada ao maior
templo da Cristandade, símbolo do Redentor Jesus, que nos foi dado
par Maria para que todos incorporados n'Ele, encontremos a
salvação: "Ego sura ostium. Per me si quis introierit, sal(Jo
10, 9).
4. De toda a Igreja de Cristo, que estendeu os seus membros a
todas as plagas do mundo, se olha nestes dias para Roma, para esta
Sé Apostólica, manancial perene de verdade, de salvação e de
bem.
5. Sabemos quantas esperanças fundais sobre este Ano Santo. Em
Nosso coração há firme confiança de que a Providência divina há
de operar nele e por ele as maravilhas da sua misericórdia para com a
família humana. Sustém-Nos a esperança de que o Anjo do Senhor
não encontre obstáculos no seu caminho, antes ache aplanadas as vias
e abertos os corações por aquela boa vontade que faz inclinar o céu
para a terra.
6. Nós mesmos, a quem a Providência divina
reservou o privilégio de anunciá-lo e concedê-lo ao mundo inteiro,
sentimos o presságio da sua importância para o próximo meio século.
7. Parece-Nos que o Ano Santo de 1950 há de ser decisivo
sobretudo para a auspiciada renovação religiosa do mundo moderno, e
portador da solução da crise espiritual que angustia os espíritos do
nosso tempo. A desejada harmonia dos valores celestes e terrenos,
divinos e humanos, ofício e dever da nossa geração, será realizada
ou ao menos apressurada, se os fiéis de Cristo mantiverem firmes os
propósitos concebidos, prosseguirem com tenacidade nas obras
empreendidas, e não se deixarem seduzir por vãs utopias nem desviar
por interesses e egoísmos partidaristas ou parcialistas.
8. Decisiva também para o futuro da Igreja, internamente empenhada
no esforço de tornar mais sincera e mais difundida entre o povo a
santidade dos seus membros, enquanto externamente se esforça por
transfundir e alargar o seu espírito de justiça e de amor às
próprias instituições civis.
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