A SOCIEDADE DOS ESTADOS.

25. Estas sociedades são, em primeiro lugar, a família, o Estado e também a Sociedade dos Estados, porque o bem comum, fim essencial de cada um destes, não pode existir nem conceber-se sem relação intrínca deles com a unidade de gênero humano. Sob este aspecto, a inião indisolúvel dos Estados é postulado natural, um fato que aos mesmos se impõe e ao qual eles, embora alguma vez com hesitações, se submetem como a voz da natureza, esforçando-se outrossim por dar a essa união mútua um regulamento exterior estável ou seja uma organização.

26. Por sua natureza, devido à índole social do homem, e não obstante todas as sobras como ensina a história, o Estado e a Sociedade dos Estados, com a sua estrutura orgânica são formas da unidade e ordem que deve reinar entre os homens, formas necessárias para a própria vida humana e eficaz fator do seu aperfeiçoamento. O próprio conceito dessas organizações diz tranqüilidade na ordem, aquela "tranquillitas ordinis", que é a definição da paz dada por santo Agostinho, pois são essencialmente organizações de paz.

27. Com elas assim concebidas Jesus Cristo, Príncipe da Paz, entrou em nova e intima relação que vitalmente as eleva e consolida. E esta nova relação persevera na Igreja na qual Ele continua a viver. Nisto está o fundamento do singular contributo em favor da paz oferecida pela Igreja em virtude da sua natureza, quer dizer, quando a sua existência e ação entre os homens tem o lugar que lhes compete.

28. E como se efetua tudo isto senão mediante o continuo, luminoso e confortante influxo da graça de Cristo sobre a inteligência e a vontade dos cidadãos e dos seus Chefes? Leva-os, com efeito, a reconhecerem e procurarem realizar as finalidades estabelecidas pelo criador em todos os campos da convivência humana, a esforçarem-se por dirigir a esses objetivos a colaboração dos indivíduos e dos povos, e a exercerem a justiça e a caridade social no interior dos Estados e nas mutuas relações que os unem.

29. Se a humanidade, conformando-se com a vontade divina, lançar mão deste meio seguro de salvação que é a perfeita ordem cristã do mundo vera bem cedo desfazer-se praticamente até a possibilidade da guerra mesmo justa, que deixara de ter razão de ser desde que esteja garantido o funcionamento da Sociedade dos Estados, como genuína organização de paz.