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17. A fidelidade do cristão católico ao divino patrimônio de
verdade, entregue por Cristo ao magistério da Igreja, não o
condena de modo algum como não poucos crêem ou parece crerem - a uma
desconfiada reserva ou a uma fria indiferença em face dos graves e
urgentes deveres da hora presente.
18. Ao contrário; o espirito e o exemplo do Senhor, que veio
procurar e salvar o que se havia perdido; o preceito do amor, e em
geral o senso -social que se irradia da boa nova; a história da
Igreja, que evidencia que esta foi sempre o mais firme e constante
sustentáculo de todas as forças do bem e da paz; os ensinamentos e
exortações dos Romanos Pontífices, especialmente no curso dos
últimos decênios, sobre a conduta dos cristãos para com seus
semelhantes, a sociedade e o Estado; -tudo isto proclama a
obrigação do crente de ocupar-se, segundo a sua condição e suas
possibilidades, com desinteresse e coragem, das questões que um mundo
atribulado e agitado deve resolver no campo da justiça social, não
menos que na ordem internacional do direito e da paz.
19. Um cristão convicto não pode confinar-se num cômodo e
egoístico "isolacionismo", quando é testemunha das necessidades e
misérias de seus irmãos; quando a ele chegam as implorações de
socorro dos economicamente enfraquecidos; quando conhece as
aspirações das classes trabalhadoras por condições de vida mais
normais e justas; quando é conhecedor dos abusos de uma concepção
econômica, que sobrepõe o dinheiro às obrigações sociais; quando
não ignora os descomedimentos de um intransigente nacionalismo, que
nega ou conculca a solidariedade entre os povos, solidariedade que a
cada um impõe múltiplos deveres para com a grande família das
Nações.
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