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29. 4º A verdadeira vontade cristã de paz é força, não
fraqueza ou cansada resignação. Ela é a mesma coisa que a vontade
de paz do eterno e onipotente Deus. Toda guerra de agressão contra
aqueles bens que a ordem divina de paz obriga incondicionalmente a
respeitar e garantir, e portanto também a proteger e defender, é
pecado, delito, atentado contra a majestade de Deus, criador e
ordenador do mundo. Um povo ameaçado ou vítima já de uma injusta
agressão, se quiser pensar e agir cristãmente, não pode
permanecer numa indiferença passiva; tanto mais a solidariedade da
família dos povos interdiz aos demais o comportar-se como simples
espectadores, numa atitude de impassível neutralidade. Quem poderá
sequer avaliar os danos já causados no passado por uma tal
indiferença, bem estranha ao sentimento cristão, para com a guerra
de agressão? Como essa indiferença fez provar agudamente o
sentimento da falta de segurança entre os "grandes" e sobretudo entre
os "pequenos"! E em compensação trouxe ela qualquer vantagem? Ao
contrário; ela não serviu senão para reafirmar e encorajar os
autores e fautores de agressões, coagindo os povos, abandonados a si
mesmos, à necessidade de aumentar indefinidamente seus armamentos.
30. Apoiada em Deus e sobre a ordem por Ele estabelecida, a
vontade cristã de paz é portanto torre como o aço. Ela é de
tempera bem diversa que o simples sentimento de humanidade, assaz
freqüentemente feito de pura impressionabilidade, que não detesta a
guerra senão devido aos seus horrores e às suas atrocidades, as suas
destruições e as suas conseqüências e não pela sua injustiça. A
semelhante sentimento, de cunho demoníaco e utilitário, e de origem
materialistica, falta a sólida base de uma estreita e incondicional
obrigação. Isto cria um terreno, no qual se enfileiram o engano do
compromisso estéril, a tentativa de salvar-se à custa de outrem, e
em todo caso a fortuna do agressor.
31. Isto é tão verdadeiro, que nem a só consideração das dores
e males derivados da guerra, nem a cuidadosa dosagem da ação e das
vantagens, servem finalmente para determinar se é moralmente lícito,
ou talvez em qualquer situação concreta obrigatório (sempre que
exista possibilidade fundada de bom êxito) rechaçar pela força o
agressor.
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