O PRECEITO DIVINO DE PAZ

32. Uma coisa, porém, é certa: o preceito da paz é de direito divino. O seu fim é a proteção dos bens da humanidade, enquanto bens do Criador. Ora, entre esses bens alguns são de tanta importância para a convivência humana, que a sua defesa contra a agressão injusta é sem dúvida plenamente legítima. Para esta defesa deve haver a solidariedade das nações, que têm o dever de não deixar abandonado o povo agredido. A segurança de que tal dever não deixará de ser cumprido, servirá para desencorajar o agressor e até para evitar a guerra, ou ao menos, na pior das hipóteses, para abreviar os sofrimentos.

33. Fica assim melhorado o axioma: "si vis pacem, para bellum", como também a fórmula "paz a toda custa". De qualquer modo, é a sincera e cristã vontade de paz. Para tê-la, movem-nos sem dúvida a vista das ruínas da última guerra, a silenciosa condenação que sai dos grandes cemitérios, onde se alinham as intermináveis filas de suas vítimas, a ainda inapagada nostalgia dos prisioneiros e dos prófugos, a angústia e o abandono de não poucos presos políticos, cansados de ser injustamente perseguidos. Mas também mais nos deve estimular a voz poderosa do preceito divino de paz, o olhar docemente penetrante do divino Menino do presépio.

34. Ouvi, ressoando na noite como os sinos de Natal, as admiráveis palavras do Apóstolo das gentes, ele também inicialmente escravo dos mesquinhos prejuízos do orgulho nacional e racista, com ele derrubados sobre o caminho de Damasco: "Ele (Jesus Cristo) é a nossa paz, Ele que de dois povos fez um só..., matando as inimizades em si mesmo... E vindo, evangelizou a paz a vós que estáveis longe, e a paz àqueles que estavam perto" (Ef 2, 14, 16, 17).

35. Por isto, Nós, nesta hora, com toda a força de Nossa voz, vos esconjuramos, diletos filhos e filhas do mundo inteiro: trabalhai pela paz segundo o coração do Redentor. juntamente com todas as almas retas, que, mesmo sem militarem nas vossas fileiras, estão a vós unidas pela comunidade deste ideal, cooperai para difundir e fazer triunfar a vontade cristã de paz.