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1. Com sempre nova frescura de alegria e de piedade, diletos filhos
do universo inteiro, cada ano, ao ocorrer o Santo Natal, ressoa do
Presépio de Belém aos ouvidos dos cristãos, repercutindo-se
docemente nos seus corações, a mensagem de Jesus, que é luz no
meio das trevas: uma mensagem que ilumina, com o esplendor de
celestial verdade, um mundo obscurecido por erros trágicos, que
infunde alegria exuberante e esperançosa à humanidade angustiada por
profunda e amarga tristeza, proclama a liberdade aos filhos de Adão,
constrangidos pelas cadeias do pecado e do erro, e promete
misericórdia, amor e paz às multidões infinitas dos padecentes e
atribulados, que vêem dissipada a sua felicidade e quebradas as suas
energias sob a rajada das lutas e dos ódios, dos nossos dias
borrascosos.
2. Os bronzes sagrados, anunciadores dessa mensagem em todos os
continentes, não somente recordam o dom divino outorgado a toda a
humanidade, no começo da era cristã, mas também anunciam e
proclamam a consoladora realidade presente, realidade eternamente
nova, por isso sempre viva e vivificante, realidade da "luz
verdadeira que ilumina todo o homem vindo a este mundo" e não conhece
ocaso. O Verbo Eterno, caminho, verdade e vida, nascendo na
desolação de uma gruta e de tal modo nobilitando e santificando a
pobreza, dava assim inicio à sua missão de doutrina, de salvação,
de resgate do gênero humano, e dizia e consagrava uma palavra que
ainda hoje é a palavra de vida eterna, com força para resolver os
problemas mais tormentosos, não resolvidos e insolúveis por quem só
tem vistas e meios puramente humanos: problemas que se apresentam
sangrando, exigindo imperiosamente uma resposta ao pensamento e ao
sentimento da humanidade amargurada e exacerbada.
3. A frase "Misereor super turbam" (compadeço-me da multidão)
é para nós senha sagrada, inviolável, válida e impulsionadora em
todos os tempos e em todas as situações humanas, como era a divisa de
Jesus; e a Igreja renegar-se-ia a si mesma, deixando de ser mãe,
se tornasse surda ao grito angustioso e filial que todas as classes da
humanidade fazem chegar aos seus ouvidos. Ela não intenta tomar
partido por uma ou por outra das formas particulares e concretas com as
quais cada povoe Estado tendem a resolver os gigantescos problemas de
sistematização interna e de colaboração internacional, quando "
elas respeitam a lei divina; mas, por outra parte, coluna e base da
verdade" (1 Tim 3, 15), guarda, pela a vontade de Deus por
missão de Cristo, da ordem natural e sobrenatural, a igreja não
pode renunciar a proclamar diante dos seus filhos e diante do universo
inteiro, as irrefragáveis normas fundamentais, preservando-os de
todo descaminho, caligem, inquinamento, falsa interpretação e
erro; tanto mais que da sua observância, e não simplesmente do
esforço duma vontade nobre e ousada, depende a segurança definitiva
de qualquer nova ordens nacional e internacional, instada por todos os
povos com veemente anelo. Povos dos quais conhecemos os dotes de
fortaleza e de sacrifício e também as dores e angústias, a todos,
sem exceção alguma, nesta hora de indizíveis provas e
contrariedades, Nos sentimos ligado não só por profundo, imparcial
e imperturbável amor, mas também pelo imenso desejo de lhes levar
todo o conforto e socorro que de qualquer modo esteja em Nosso poder.
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