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1. Mais uma vez, a quinta, amados filhos a filhas de todo o mundo,
a grande família cristã se prepara para celebrar a magnífica
solenidade da paz a do amor que redime a irmana, numa sombria atmosfera
de morte e de ódio; também neste ano sente a experimenta a amargura e
o horror de uma oposição irreconciliável entre a suave mensagem de
Belém e o encarniçamento feroz com que a humanidade se dilacera.
2. Dolorosos eram os anos passados, agitados pelo atroz tumultuar
das armas; mas os sinos do Natal, elevando os espíritos,
despertavam a faziam surgir tímidas esperanças, suscitavam veementes
a poderosos anelos de paz.
3. Desgraçadamente o mundo, olhando em redor, deve ainda
contemplar com espanto uma realidade de luta a ruína que, tornando-se
cada dia mais extensa e cruel, quebranta as suas esperanças e, com
glacial e dura experiência, oprime a sufoca os mais ardentes
impulsos.
4. Que vemos, realmente, senão que a contenda degenera naquela
forma de guerra que exclui qualquer restrição a consideração, como
se fosse um produto apocalíptico engendrado por uma civilização em
que o Progresso sempre crescente da técnica é acompanhado de mingua
cada vez mais profunda de espirito a moralidade; uma forma de guerra
que avança sem se deter pelo seu horroroso caminho, a consuma tais
estragos que, comparadas com ela, empalidecem as mais ensangüentadas
a espantosas páginas das épocas passadas? Os povos tiveram de
assistir corn terror a um novo a imenso aperfeiçoamento de meios e
modos de destruição, a de ser ao mesmo tempo espectadores de uma
decadência interior que, desde o resfriamento e o desvio da
sensibilidade moral, se vai precipitando cada vez mais para o abismo da
sufocação de todo o sentimento de humanidade a do ofuscamento da
razão a do espirito, que tornam realidade as palavras da Sabedoria:
"todos ficavam presos por uma mesma cadeia de trevas" (Sab 17,
17).
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