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1. No dia que refulgente precede a festa do santo Natal, esperada
sempre com vivo anélito de alegria suave e penetrante, quando toda a
fronte está prestes a inclinar-se e todo o joelho a dobrar-se em
adoração diante do inefável mistério da misericordiosa bondade de
Deus, que na sua caridade infinita quis dar à humanidade o maior e
mais augusto de todos os dons, o seu Filho Unigênito; - o Nosso
coração, amados filhos e filhas, espalhados sobre a face da terra,
dilata-se até vós, e, sem esquecer a terra, remonta-se às
alturas e se profunda no céu.
2. A estrela, que, há vinte séculos, indica o berço do
recém-nascido Redentor, resplandece ainda maravilhosa no céu da
cristandade. Revoltem-se as gentes, conjurem embora as nações
contra Deus e contra o seu Cristo (S1 2, 1-2) ; através das
tempestades do mundo humano a estrela não conheceu, não conhece,
não conhecerá jamais ocaso: o passado, o presente e o futuro são
seus. Ela exorta a não desesperar nunca: resplandece sobre os
povos, mesmo quando na terra, como sobre o oceano a bramir
encapelado, se adensam negros bulcões, geradores de destruições e
misérias. A sua luz é luz de conforto, de esperança, de fé
inabalável, de vida e certeza no triunfo final do Redentor, que
transbordará, como torrente de salvação, na paz interior e na
glória para todos os que, elevados à ordem sobrenatural da graça,
tiverem recebido o poder de se tornarem filhos de Deus, porque
nascidos de Deus.
3. Por isso Nós, que nestes acerbos tempos de cataclismos bélicos
sofremos com vossos sofrimentos e penamos com vossas dores, Nós que
vivemos, como vós, sob o gravíssimo pesadelo de um flagelo que
dilacera, vai já em três anos, a humanidade, na vigília de tão
grande solenidade queremos com comovido coração de pai dirigir-vos a
palavra, para vos exortar a permanecerdes firmes na fé, e para vos
comunicar o conforto daquela verdadeira, exuberante e sobrenatural
esperança e certeza, que irradiam do berço do recém-nascido
Salvador.
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