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1. Decorreu já um ano, Veneráveis irmãos e queridos filhos, a
contar da última vigília do Natal, dia memorando em que, no meio da
vibrante expectativa do mundo católico, promulgamos e iniciamos o
grande jubileu, que veio imprimir sulco tão profundo na vida da
Igreja e superou as previsões mais otimistas.
2. Parece-Nos ainda ouvir, como eco de ontem, as marteladas que
abriram aquela santa passagem e a tornaram porto espiritual de todas as
gentes; e parece-Nos sentir ainda o júbilo com que os fiéis
acolheram a boa nova.
3. Daquele limiar sagrado voou nesse momento o Anjo do Senhor para
os quatro ângulos da terra, como a reunir e a acompanhar até à
Pátria comum dos crentes os inumeráveis esquadrões de romeiros,
desejosos de se purificarem nas águas salutares da penitência e
ansiosos de realizar o grande regresso e de merecer o grande perdão.
4. Hoje o mesmo Anjo parece dizer, como naquele dia longínquo o
Arcanjo Rafael a Tobias: "Bendizei na terra ao Senhor e dai
graças a Deus. Eu volto Aquele que me enviou. Escrevei tudo o que
sucedeu" (Tob 12, 20).
5. A palavra fim - que as leis da vida presente impõem a todas as
coisas, por mais queridas e santas que sejam, e a todos os
acontecimentos, até aos mais agradáveis e fecundos - será também
marcada nas Portas Santas jubilares, deixando nos corações um
sentimento ao mesmo tempo de alegria e de pesar saudoso, semelhante ao
dos três Apóstolos na descida do Tabor.
6. Se é digno e justo, em todo tempo e em toda parte, dar graças
ao Pai, doador de todo o bem perfeito, com mais razão se levantará
amanhã do Nosso coração e dos Nossos lábios o hino do
reconhecimento, depois de pormos o selo na Porta Santa. Com ele se
harmonizarão com particular entusiasmo, em mil línguas diversas mas
num sentimento só, as vozes do Mundo católico.
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