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16. Ao Nosso olhar - constantemente ansioso por descobrir no
horizonte sinais de estável claridade (se não daquela luz plena de
que falou o Profeta) - eis que se oferece pelo contrário a visão
caliginosa duma Europa inquieta, onde o materialismo de que falamos,
em vez de resolver, lhe exaspera os problemas fundamentais,
intimamente ligados com a paz e ordem do mundo inteiro.
17. E' verdade que ele não ameaça este continente mais seriamente
do que as outras regiões da terra. Julgamos até que estão mais
expostos aos referidos perigos, e mais abalados no equilíbrio moral e
psicológico, os povos que tarde e de improviso foram atingidos pelo
rápido progresso da técnica. Com efeito a evolução importada,
seguindo não com movimento constante mas por saltos descontínuos,
não encontra nem na neutralidade de cada indivíduo nem na cultura
tradicional fortes diques de resistência, de correção e de
nivelamento.
18. Todavia as Nossas graves apreensões a respeito da Europa são
motivadas pelas incessantes desilusões em que vão naufragando, de há
anos para cá, os sinceros desejos de paz e de alivio sonhados por
estes povos, e isto por culpa, ainda, da maneira materialística de
pôr o problema da paz. Nós pensamos em modo particular naqueles que
julgam a questão da paz como de natureza técnica, e olham a vida dos
indivíduos e das nações sob o aspecto técnico-econômico. Esta
concepção materialística da vida ameaça tornar-se a regra de
proceder de afadigados agentes de paz e a receita da sua política
pacifista. Julgam eles que o segredo da solução está em dar a todos
os povos a prosperidade material, mediante a constante subida da
produtividade do trabalho e do nível de vida, assim como, há cem
anos, merecia a absoluta confiança dos Estadistas esta fórmula
semelhante: Peto livre comércio a eterna paz.
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