JESUS E OS POBRES.

46. Diante de tudo isto, surge a pergunta: que coisa ensinou aos homens o exemplo de Cristo? de que modo se comportou Jesus a respeito da pobreza e da miséria, durante a sua vida terrena? É bem verdade que a sua missão de Redentor foi libertar os homens da escravidão do pecado, suma miséria. Todavia a magnanimidade do seu coração sensibilíssimo não podia consentir-lhe fechar os olhos ao sofrimento e aos que sofrem, no meio dos quais escolhera viver. Filho de Deus e arauto do seu Reino celestial, julgou delícia inclinar-se comovido sobre as chagas da carne humana e os andrajos da pobreza. Não se contentou com proclamar alei da justiça e da caridade, nem com censurar com ardentes anátemas os duros, os desumanos, os egoístas, nem com advertir que a sentença definitiva do juízo final terá como norma e expressão a prática da caridade, como prova do amor de Deus; mas pessoalmente se desvelou em ajudar, sarar e alimentar.

47. Certamente não perguntou, se e até que ponto, a miséria que tinha diante de si se devia a um defeito ou falta da ordem política e econômica do seu tempo. Não porque isto lhe fosse indiferente. Ao contrário Ele é o Senhor do mundo e da sua ordem. Mas assim como a sua intervenção de Salvador foi pessoal, assim quis ir ao encontro das outras misérias com o sei amor que operava de pessoa a pessoa. O exemplo de Jesus é hoje como sempre um estrito dever para todos.