Pio XII

RADIOMENSAGEM DE NATAL DE 1950

O FIM DO ANO SANTO


INTRODUÇÃO

1. Decorreu já um ano, Veneráveis irmãos e queridos filhos, a contar da última vigília do Natal, dia memorando em que, no meio da vibrante expectativa do mundo católico, promulgamos e iniciamos o grande jubileu, que veio imprimir sulco tão profundo na vida da Igreja e superou as previsões mais otimistas.

2. Parece-Nos ainda ouvir, como eco de ontem, as marteladas que abriram aquela santa passagem e a tornaram porto espiritual de todas as gentes; e parece-Nos sentir ainda o júbilo com que os fiéis acolheram a boa nova.

3. Daquele limiar sagrado voou nesse momento o Anjo do Senhor para os quatro ângulos da terra, como a reunir e a acompanhar até à Pátria comum dos crentes os inumeráveis esquadrões de romeiros, desejosos de se purificarem nas águas salutares da penitência e ansiosos de realizar o grande regresso e de merecer o grande perdão.

4. Hoje o mesmo Anjo parece dizer, como naquele dia longínquo o Arcanjo Rafael a Tobias: "Bendizei na terra ao Senhor e dai graças a Deus. Eu volto Aquele que me enviou. Escrevei tudo o que sucedeu" (Tob 12, 20).

5. A palavra fim - que as leis da vida presente impõem a todas as coisas, por mais queridas e santas que sejam, e a todos os acontecimentos, até aos mais agradáveis e fecundos - será também marcada nas Portas Santas jubilares, deixando nos corações um sentimento ao mesmo tempo de alegria e de pesar saudoso, semelhante ao dos três Apóstolos na descida do Tabor.

6. Se é digno e justo, em todo tempo e em toda parte, dar graças ao Pai, doador de todo o bem perfeito, com mais razão se levantará amanhã do Nosso coração e dos Nossos lábios o hino do reconhecimento, depois de pormos o selo na Porta Santa. Com ele se harmonizarão com particular entusiasmo, em mil línguas diversas mas num sentimento só, as vozes do Mundo católico.