OS FRUTOS DO ANO SANTO

16. Mas agora esses milhões de homens - vindos dos quatro pontos cardeais até ao centro da catolicidade a fim de tomarem parte no acontecimento mundial do Ano Santo, de ganharem ó jubileu, de se retemperarem num banho de purificação e de santificação, e de alcançarem, com alegria e o mais perto possível da nascente, as graças das fontes do Salvador (cf. Is 12, 3) - contentar-se-ão porventura com regressar às próprias terras como privilegiados entre centenas de milhões que não puderam gozar tal favor? Contentar-se-ão com repetir-lhes belas coisas, de que foram testemunhas, e com descansar, nestas recordações, das tristes e cotidianas realidades algum tempo esquecidas? Não, de maneira nenhuma. Devem convencer-se agora da missão que lhes toca, ao mesmo tempo honrosa e cheia de responsabilidades: a de se tornarem, por meio da palavra e do exemplo, mensageiros e propagadores desse espirito, que continua a palpitar-lhes no coração.

17. Como árvore no jardim do pai de família, o Ano Santo floriu esplendidamente; e se vemos as suas flores, ao murcharem, cobrir a chão de pétalas, é apenas para deixarem agora crescer e amadurecer os frutos. E bem preciso se torna que estes cresçam e amadureçam! Deles tem o Mundo fome e sede, enquanto as condições de vida e as misérias materiais e espirituais estão bem longe de dar-lhe a legítima satisfação que espera. As necessidades e os cuidados diários ocupam e absorvem todas as energias de tantos corações, que já não encontram nem tempo nem disposição nem gosto para dar aos interesses da alma aquele mínimo, que é dever essencial de todo o cristão.

18. Mesmo onde, com trabalho assíduo, o clero secular e regular, ajudado pela fervorosa colaboração dos, leigos, faz prosperar a vida religiosa, o número dos cristãos espiritualmente pouco alimentados, enfraquecidos ou vacilantes na fé, é ainda tão grande que não pode deixar de preocupar a solicitude maternal da Igreja.

19. Arrancar do estado de letargia, cômoda mas perigosa, esses filhos da Igreja, é dever urgente que se impõe ao apostolado católico.