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12. Dir-se-ia que a Humanidade de hoje não é capaz,
especialmente no caso de misérias bastante extensas, de realizar esta
dualidade na unidade, esta - necessária adaptação da ordem geral
às condições concretas e sempre diversas, não só de cada
indivíduo, mas dos povos que se deseja socorrer.
13. Umas vezes, espera-se que a salvação venha de certo plano
rigorosamente uniforme e inflexível, extensivo a todo o mundo; de
determinado sistema que deveria agir com a segurança dum medicamento
comprovado; de uma fórmula social, redigida em frios artigos
abstratos. Outras vezes, afastando essas receitas gerais, confia-se
a salvação às forças espontâneas do instinto vital, e na melhor
hipótese, aos impulsos afetivos dos indivíduos e dos povos, sem
preocupação de que .dai resulte a subversão da ordem existente,
embora seja por demais claro que a ordem não pode nascer do caos.
Estes dois caminhos são falsos, e de modo nenhum espelham a sabedoria
de Deus, vimeiro e exemplar socorredor da miséria. V superstição
esperar a salvação de fórmulas rígidas, aplicadas materialmente à
ordem social, pois se lhes atribui um poder quase prodigioso, que elas
não podem ter. Por outro lado, colocar a esperança exclusivamente
nas forças criadoras da ação vital de cada indivíduo - é
contrário aos desígnios de Deus, Senhor da ordem.
14. Para uma e outra deformação desejamos chamar a atenção dos
que se prestam a socorrer os povos, mas especialmente para a
superstição de ter por certo que a salvação brotará da
organização dos homens e das coisas numa estreita unidade, por esta
ser capaz do mais alto rendimento.
15. Se, julgam eles, - mediante uma organização estudada e
posta em prática com os cuidados mais minuciosos, tanto nas grandes
linhas como nos mínimos pormenores -, se consegue coordenar as
forças dos homens e os recursos da natureza num só complexo
orgânico, capaz de assegurar a máxima e sempre crescente capacidade
de produção, derivará desse complexo toda a espécie de bens
desejáveis: a abastança, a segurança de cada um, e a paz.
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