AUSTERAS LIÇÕES DA DOR

39. Não queremos renunciar à confiança de que os povos - que passaram todos pela escola da dor tenham sabido aprender as lições austeras. E nesta esperança Nos sentimos confortados com as palavras de homens que têm provado mais os sofrimentos da guerra e têm achado acentos generosos para exprimir, juntamente com a afirmação das próprias exigências de segurança contra qualquer agressão futura, o seu respeito pelos direitos vitais dos outros povos, e a sua aversão contra toda usurpação dos mesmos direitos. Seria vão esperar que esta sábia posição, ditada pela experiência da historia e por um alto senso político, seja - enquanto os ânimos ainda se encontram incandescentes - comumente aceita pela opinião pública, ou mesmo apenas pela maioria. O ódio, a incapacidade de se compreenderem mutuamente, fez surgir, entre os povos que se vêm combatendo, uma nuvem demasiado densa para que se possa esperar ter já chegado a hora em que um facho de luz desponte a iluminar o trágico panorama dos dois lados da escura muralha. Mas de uma coisa sabemos: chegará o momento (e talvez antes que se pense) em que uns e outros reconhecerão como, tudo bem considerado, não há senão um caminho para sair da maranha em que a luta e o ódio envolveram o mundo, e é a volta a uma solidariedade há muito esquecida, solidariedade não restringida a estes ou aqueles povos, mas universal, fundada na íntima conexão de sua sorte e sobre os direitos que igualmente lhes compete.