PARA GANHAR A PAZ, DEVEMOS ESTAR PREPARADOS PARA TODOS OS SACRIFÍCIOS

21. Aqueles que absolutamente desejavam ganhar a guerra, mostraram-se prontos a todos os sacrifícios, mesmo ao da vida. Quem deseja sinceramente ganhara paz, deve estar pronto a sacrifícios não menos generosos, porque nada custa mais, a uma humanidade batida, amargurada, que renunciar a represálias e a rancores implacáveis.

22. As injustiças e crueldades, cometidas por aqueles que desencadearam a segunda guerra mundial, levantaram ondas de justa indignação, mas ao mesmo tempo fizeram amadurecer imediatamente os germes de uma instintiva inclinação à vingança.

23. A fração mais sã da humanidade - mesmo nos países maiormente empenhados no conflito - reprovava unanimemente os excessos e atrocidades que uma política tombada no niilismo moral não só praticava na guerra por ela provocada, mas até procurava justificar tetricamente. Os fatos e documentos alusivos, vindos a. lume, puderam somente confirmar que os autores e executores dessa política são os principais responsáveis pela miséria que o mundo hoje sofre.

24. Os homens do após-guerra teriam podido facilmente opor a essa decadência a própria superioridade moral; mas desventuradamente em não poucos casos deixaram escapar-se-lhes uma tão oportuna ocasião. E' preciso reconhecer que a. história da humanidade durante os dias, semanas e meses que se sucederam ao fim da guerra, está bem longe de ser gloriosa em tudo.

25. Os merecidos castigos, infligidos aos grandes culpados, teriam podido inspirar cenas infernais à pena de, Dante; mas o sumo Poeta teria recuado diante das represálias exercidas contra inocentes.

26. As deportações forçadas, o assujeitamento a pesados trabalhos, pareceram a seu tempo como que uma repulsa aos mais elementares princípios de humanidade, à letra e ao espirito do direito das gentes. E então, quem se poderia admirar de que a mesma consciência, que se indignara justamente ao ver tais atos realizados por uns, haja reagido com igual veemência, ao vê-los cometidos por outros?

27. Quem poderá avaliar que novas misérias morais familiares, sociais, que danos ao equilíbrio cultura! e econômico da Europa, e não somente dela, poderão ocasionar as forçadas e indiscriminadas transferências de povos? Que tristeza para o presente! Que angústias para o futuro! Somente uma maior largueza de vistas, uma mais sábia e avisada política por parte dos Homens que em suas mãos detém o destino do mundo, poderão alcançar uma solução tolerável a um problema insolúvel por qualquer outro meio!

28. Honra, portanto, àqueles que, em todas as Nações, não se poupam a nenhuma privação ou fadiga para atingir a consecução de tão nobre escopo! Que eles não se deixem turbar pelas contradições e resistências que -lhes não poderão faltar, e que -precisamente nestes dias parece crescerem de intensidade para suscitar uma nova guerra de nervos, para atiçar a discórdia, para arrasar os esforços dos campeões da união e da pacificação! Aguardem eles que esteja próxima a hora, na qual - como Nós confiamos e impetramos em Nossas orações - o Rei da paz concederá a vitória àqueles que com intenção pura e com armas pacíficas combatem pela sua causa.