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14. Nem procederam e pensaram diversamente outros desenganados do
passado, que colocavam a felicidade e o bem-estar unicamente num
gênero de ciência e de cultura que não reconheciam o Criador do
universo; esses promotores e esses sequazes não da verdadeira
ciência, admirável reflexo da luz de Deus, mas de uma ciência
soberba que, não dando lugar algum à obra de um Deus pessoal,
independente de qualquer limitação e superior a tudo o que é
terreno, se jactava de poder explicar os acontecimentos do mundo só
com o encadeamento rígido e determinístico de férreas leis naturais.
15. Mas semelhante ciência não pode dar nem a felicidade nem o
bem-estar. O ter apostatado do Verbo divino, por meio do qual foram
feitas todas as coisas, levou o homem à apostasia do espírito,
tornando-lhe árdua a consecução de ideais e de fins intelectuais e
morais em alto grau. Deste modo, a ciência apóstata da vida
espiritual, que vivia na ilusão de ter conseguido plena liberdade e
autonomia, renegando a Deus, vê-se hoje condenada à servidão mais
humilhante, tendo-se convertido em escrava e quase executora
automática de orientações e ordens que não têm consideração
nenhuma pelos direitos da verdade e da pessoa humana. O que àquela
ciência pareceu liberdade foi cadeia de humilhação e envilecimento;
e, destronada como está, nunca adquirirá a primitiva dignidade,
senão regressando de novo ao Verbo eterno, fonte de sabedoria tão
loucamente abandonada e esquecida.
16. A este regresso convida precisamente o Filho de Deus, que é
caminho, verdade e vida, caminho de felicidade, verdade que sublima,
vida que imortaliza o homem; em muda e penetrante linguagem, com a sua
própria vinda ao mundo. Ele convida esses desenganados, porque
Ele, longe de defraudar a alma humana, imprime-lhe o ímpeto que a
ergue até a Si.
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