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30. As últimas palavras mostraram claramente o Nosso pensamento.
Hoje ainda, como outras vezes o fizemos, ante o presépio do divino
Príncipe da Paz, vemo-Nos na necessidade de declarar: o mundo
está bem longe da ordem querida por Deus em Cristo, ordem que é
garantia da paz real e duradoura.
31. Dir-se-á talvez que, sendo assim, não vale a pena traçar
as grandes linhas de tal ordem do mundo e realçar o contributo
fundamental da Igreja para a consolidação da paz. Objetar-se-á,
em segundo lugar, que deste modo não fazemos senão estimular o
cinismo dos cépticos e aumentar o desânimo dos amigos da paz, não
podendo esta ser defendida senão com o recurso aos valores eternos do
homem e da humanidade. Opor-se-nos-á, enfim, que damos
efetivamente razão, na causa da paz, aos que vêem a última e
definitiva palavra na "paz armada", solução deprimente para as
forças econômicas dos povos e exasperante para os nervos.
32. Se se quiser, porém, ver o centro do problema tal como se
apresenta no momento atual; se se quiser, não só na teoria mas
também na prática, fazer idéia do contributo que todos, e em
primeiro lugar a Igreja, podem verdadeiramente prestar, ainda em
conjunturas desfavoráveis e a despeito dos céticos e dos pessimistas,
julgamos indispensável fixar os olhos na ordem cristã, perdida de
vista por muitos hoje em dia.
33. Este olhar convencerá principalmente todo 0 observador
imparcial que o centro do problema da paz é hoje de ordem espiritual,
é falta ou defeito espiritual. Escasseiam sobremaneira no mundo de
hoje as convicções profundamente cristãs; são muito poucos os
verdadeiros e perfeitos cristãos. E assim, são os próprios homens
que põem obstáculos à realização da ordem querida por Deus.
34. Mas é preciso que cada um se persuada desse caráter espiritual
inerente ao perigo duma guerra. Inspirar esta persuasão é dever em
primeiro lugar da Igreja, e é este hoje o seu primeiro contributo
para a paz.
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