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6. A ordem, base da vida consociada dos homens, isto é, de seres
intelectuais e morais que tendem a realizar um fim adequado à sua
natureza, não é mera conexão extrínseca de partes numericamente
diversas: é antes, e há de ser, tendência e atuação sempre mais
perfeita da unidade interior, o que não exclui as diferenças,
realmente fundadas e sancionadas pela vontade do Criador ou pelas
normas sobrenaturais.
7. Uma clara inteligência dos fundamentos genuínos de toda a vida
social tem importância suprema, hoje mais do que nunca, ante o
espetáculo de uma humanidade que, intoxicada pela virulência de erros
e desvarios sociais, atormentada pela febre da discórdia de cobiças,
doutrinas e ambições, se debate angustiosamente na desordem, por ela
mesma criada, e se ressente dos efeitos da foiça destrutiva das
idéias sociais errôneas que esquecem as leis de Deus ou lhes são
contrárias. E já que a desordem não pode ser sobrepujada senão com
uma ordem, que não seja meramente forçada e fictícia (assim como a
escuridão com os seus efeitos deprimentes e medonhos não pode ser
banida senão péla luz e não por fogos fátuos); a salvação, o
renascimento e um progressivo melhoramento não se pode esperar nem
originar-se senão pelo regresso de generosas e influentes classes à
reta concepção social, regresso este que exige extraordinária graça
de Deus, vontade inquebrantável, pronta e aprestada ao sacrifício,
ânimos bons e de vistas largas. Por estas classes, mais influentes e
mais abertas para penetrar e ponderar a beleza atraente das justas
normas sociais, passará e entrará, depois, nas multidões a
convicção da origem verdadeira, divina e espiritual da vida social,
aplanando desta forma o caminho ao despertar, ao incremento e à
consolidação daqueles conceitos morais, sem os quais ainda as mais
enfatuadas realizações semelharão uma Babel, cujos habitantes,
embora tenham muros comuns, falam línguas diversas e discrepantes.
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