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23. Quando nasceu este celeste Menino, outro príncipe da paz
estava sentado nas margens do Tibre e tinha solenemente erguido um
"Altar da Paz de Augusto", cujas maravilhosas relíquias ainda que
fragmentadas, sepultadas sob as ruínas de Roma, se descobriram em
nossos dias. Sobre aquele altar Augusto sacrificou aos deuses que
não salvam. Mas é lícito pensar que o verdadeiro Deus e eterno
príncipe da paz que, alguns anos depois, descia ao meio dos homens,
tenha ouvido os suspiros daquela época pela paz, e que a paz de
Augusto fosse como que figura daquela paz sobrenatural, que só Ele
pode dar, e em que toda a verdadeira paz terrestre necessariamente
está compreendida, daquela paz conquistada, não como ferro, mas com
o lenho do presépio deste Infante, Senhor da paz, e com o lenho da
sua futura Cruz, onde morreu banhando-a com o seu sangue, não
sangue de ódio e de rancor, unas de amor e de perdão.
24. Vamos, portanto, a Belém, à gruta do recém-nascido Rei
da paz, cantada por cima do presépio por legiões de anjos; e de
joelhos, diante dele, em nome desta humanidade inquieta e convulsa,
em nome dos numerosos seres, sem distinção de povos e nações, que
vertem o seu sangue e morrem, ou caíram na dor e na miséria, ou
perderam a pátria, dirijamos a nossa invocação de paz e concórdia,
de socorro e de salvação, com as palavras que a Igreja põe nestes
dias nos lábios de seus filhos: O Emmanuel, rex et legifer noster,
exspectatio gentium et salvator earum, veni ad salvandum nos,
Domine, Deus noster (Breu. Rom.).
25. Enquanto mesta oração derramamos a Nossa insaciável
aspiração para uma paz entre o céu e a terra, que ata sua
benignidade e humanidade apareceu no meio de nós, e exortamos
fervorosamente os fiéis cristãos a oferecer pelas Nossas intenções
os seus sacrifícios e as suas orações, damos, Veneráveis Irmãos
e queridos filhos, a vós e a todos aqueles que trazeis no vosso
coração, a todos os homens de boa vontade, que se encontram sobre a
face da terra, especialmente aos que sofrem, aos atormentados,
perseguidos, encarcerados, aos oprimidos em todas as regiões e
países, a Bênção Apostólica, como penhor de graças e de
consolações e de conforto celeste.
26. No fim deste Nosso discurso não queremos privar-Nos da
alegria de vos anunciar, Veneráveis Irmãos e queridos Filhos, que
Nos chegou esta manhã da delegação apostólica de Washington um
telegrama, de que vamos ler a introdução e a parte essencial: "O
Senhor Presidente chamou esta manhã Mons. Spellmam, Arcebispo de
Nova York; depois de conferenciar com ele, enviou-o à minha casa
juntamente com o senhor Berle, Assistent Secretary of State,
remetendo uma carta para Sua Santidade que aqui transcrevo
literalmente, segundo o desejo do mesmo Senhor Presidente. Nela o
Senhor Presidente declara nomear um representante do Presidente com
função de embaixador extraordinário, mas sem titulo formal, junto
da Santa Sé. Este representante será Sua Excelência o Senhor
Myror Taylor, que partirá para Roma dentro dum mês. A noticia
será publicada oficialmente amanhã".
27. Segue o texto da carta em língua inglesa que será publicado no
"Osservatore Romano". Nenhuma notícia se Nos podia dar mais
agradável no Natal, porque ela representa, da parte do - Chefe
eminente de tão grande e poderosa nação, uma contribuição
importante e prometedora, quer para o estabelecimento duma paz justa e
honrosa, quer para uma ação mais eficaz e extensa, com o fim de
aliviar os sofrimentos das vitimas da guerra. Por isso, queremos
exprimir também aqui as Nossas felicitações e o Nosso
reconhecimento por este nobre e generoso ato do Senhor Presidente
Roosevelt.
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