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32. Quando os esposos querem permanecer fiéis ás leis intangíveis
da vida estabelecidas pelo Criador, ou quando, para salvaguardar essa
fidelidade, procuram libertar-se das estreitezas, que os , oprimem
dentro da pátria, e não encontram outro remédio senão a emigração
- outras vezes sugerida pelo desejo de lucro, hoje muitas vezes
imposta pela séria, - ei-los a esbarrar, como em frente duma lei
inexorável, contra as determinações da sociedade organizada, contra
o frio cálculo que estabeleceu antecipadamente quantas pessoas em
determinadas circunstâncias um pais pode ou deve alimentar no presente
ou no futuro. E, seguindo nesses cálculos preventivos, tenta-se
mecanizar as próprias consciências: surgem as medidas oficiais para a
limitação da natalidade; a pressão da máquina administrativa da
chamada segurança social, servida pelo influxo exercido na opinião
pública no mesmo sentido; e finalmente a negação ou a anulação
prática do direito natural da pessoa a não ser impedida na
emigração. Nega-se-lhe porém sob pretexto do bem comum,
entendido aliás falsamente ou falsamente aplicado, sancionado por
determinações legislativas ou administrativas.
33. Tal regulamentação inspira-se no cálculo frio, na tentativa
de comprimir a vida entre moldes estreitos de tabelas fixas, como se
ela fosse um fenômeno estático. Os exemplos apresentados são
suficientes para demonstrar como essa regulamentação se torna
negação e ofensa da própria vida e do seu caráter essencial, que é
o dinamismo incessante recebido da natureza e manifestado na
variadíssima escala das circunstâncias individuais. Bem graves
são as conseqüências que daí resultam. Numerosas cartas, que Nos
são endereçadas, revelam a angústia de cristãos dignos e honestos,
que sentem a consciência atormentada pela rígida incompreensão duma
sociedade inflexível nas suas determinações. Esta move-se como
máquina segundo os cálculos, aras ao mesmo tempo comprime sem piedade
e despreza os problemas que pessoal e profundamente atingem os
indivíduos na sua vida moral.
34. Não seremos certamente Nós quem vá negar que esta ou aquela
região se encontre, no momento presente, sobrecarregada com
relativa superpopulação. Mas querer sair da dificuldade formulando o
princípio da que o número dos homens deve ser regulado segundo a
economia pública eqüivale a subverter a ordem da natureza e todo o
mundo psicológico e moral que lhe está conexo. Grande erro seria
responsabilizar as leis naturais pelas presentes angústias, quando é
claro que estas são conseqüência da falta de solidariedade dos homens
e dos povos entre si!
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