VEM DE DEUS E CONDUZ POR SI A DEUS

5. No entanto não se devia verificar tal extravio; e estas Nossas censuras não hão de ser entendidas como reprovação do progresso técnico em si mesmo. A Igreja ama e favorece os progressos humanos. E inegável que o progresso técnico vem de Deus; pode e deve, portanto, conduzir a Deus. O crente admira as conquistas da técnica, serve-se delas para penetrar mais profundamente no conhecimento da criação e das forças da natureza, que procura dominar com máquinas e instrumentos, a fim de reduzi-las ao serviço do homem e ao enriquecimento da vida terrena. Ao fazer isto sente-se como arrastado a adorar o Dador daqueles bens que admira e utiliza, sabendo bem que o Filho eterno de Deus é o "primogênito de todas as criaturas, pois nele foram feitas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis" (Col 1, 15-16). Muito longe, portanto, de sentir-se inclinado a negar as maravilhas da técnica e o seu legítimo emprego, o crente encontra-se talvez, por conhecer esse progresso, mais disposto a dobrar o joelho diante do celeste Menino do presépio. Tem maior consciência da sua dívida de gratidão Aquele que é origem da inteligência e das coisas; está mais disposto a inserir as mesmas obras da técnica no coro dos anjos de Belém: "Glória a Deus no mais alto dos Céus" (Lc 2, 14). Ao lado do ouro, do incenso e da mirra, oferecidos pelos Magos ao Deus Menino, ele achará até natural pôr as modernas conquistas da técnica: máquinas e números, laboratórios e descobertas, energia e recursos. Ainda mais, fazer-lhe o crente essa oferta é como apresentar-lhe a obra por Ele mesmo mandada um dia e agora felizmente executada, se bem que não até ao fim. "Povoai a terra e submetei-a" (Gên 1, 28) disse Deus ao homem ao entregar-lhe a criação como herança provisória. Que longo e áspero caminho desde então até aos nossos tempos, em que os homens podem de algum modo dizer terem cumprido o divino preceito!