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27. E sobre a base desta solidariedade, e não sobre sistemas vãos
e instáveis, que Nós convidamos os homens a edificar a sociedade.
Aquela exige que desapareçam as desigualdades clamorosas e irritantes
no nível de vida dos diversos grupos de um povo. Na consecução
desse objetivo, prefira-se à coação externa a ação eficaz da
consciência, que saberá impor limites às despesas de luxo e
impelirá igualmente os menos ricos a cuidar antes de tudo do
necessário útil, e a economizar o .restante, quando o houver.
28. A solidariedade dos homens entre si exige, não somente em nome
do sentimento fraterno mas também da própria conveniência
recíproca, utilizar todas as possibilidades na conservação dos
empregos existentes e na criação doutros novos. Por isso, aqueles
que são capazes de aplicar capitais, considerem, à luz do bem
comum, se poderão conciliar com a sua consciência pô-los de lado
com vã cautela, deixando de fazer tais investimentos dentro dos
limites das possibilidades econômicas, nas proporções e no momento
oportuno. Por outro lado, procedem contra a consciência aqueles
que, usufruindo egoisticamente os próprios empregos, impedem que
outros encontrem trabalho, permanecendo assim desocupados. E quando a
iniciativa privada se mostra inoperosa ou insuficiente, os ,poderes
públicos são obrigados a proporcionar, na maior medida possível,
meios de trabalho, empreendendo obras de utilidade geral, e a
facilitar, com a orientação e outros auxílios, a colocação dos
que procuram trabalho.
29. O nosso convite, para tornar eficaz este' sentimento e esta
obrigação de solidariedade, estende-se também aos povos como tais:
cada povo, no concernente ao nível de vida e à ocupação da mão de
obra, desenvolva as suas possibilidades e contribua para o progresso
correspondente de outros povos menos favorecidos. Se bem que ainda a
reais perfeita realização da solidariedade internacional dificilmente
possa conseguir a igualdade absoluta dos povos, urge todavia que ela
seja praticada ao menos em medida tal que chegue a modificar
sensivelmente as condições atuais, que estão bem longe de
representar uma proporção. harmoniosa. Noutros termos, a
solidariedade dos povos exige, a cessação das enormes diferenças no
nível de vida e simultaneamente nos investimentos no grau de
produtividade do trabalho humano. Esse resultado não se obterá
mediante uma regulamentação mecânica. A sociedade humana não é
uma máquina, nem se pode tornar tal, mesmo no campo econômico. Ao
contrário, é .preciso ter sempre em conta o contributo da pessoa
humana e da individualidade dos povos, como base natural e primordial,
de que será sempre necessário partir para chegar ao fim da economia
pública, isto é, para assegurar a suficiência permanente de bens e
serviços materiais, ordenados por sua vez a melhorar as condições
morais, culturais e religiosas. Esta solidariedade e a desejada
melhor proporção de vida e de trabalho, deveriam portanto efetuar-se
nas várias regiões, mesmo relativamente grandes, onde a natureza e o
desenvolvimento histórico dos .povos interessados .mais facilmente
podem oferecer para isso ama base comum.
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