NOTAS


Notas

[1] Aznar, conde de Vascónia, descendia de Hunald duque d'Aquitânia, príncipe descendente da raça merovíngia. Em 824, Pepino, rei da Aquitânia, encarregou o conde de Vascónia, seu parente de marchar contra a Navarra e de a submeter à sua autoridade. Aznar obedeceu, fez a conquista desta bela e importante província, tratou os vencidos com toda a moderação, e ganhando assim a sua confiança e estima, viu-se aclamado rei deste povo, não obstante ser ainda seu inimigo.

Aznar, por consideração a Pepino, recusou a coroa de rei e não aceitou senão o título de conde de Navarra. Quando ele morreu em 837, sucedeu-lhe seu filho no titulo; porém Fortun, seu filho mais novo, proclamado rei de Navarra em 880, aceitou a coroa e foi deste ramo que vieram os soberanos que seguiram até à conquista deste país por Fernando o Católico. Os filhos de Aznar (de que os Navarreses fizeram Aznarez) formaram muitos ramos e aliaram-se por consórcios às casas soberanas da Espanha.

[2] Os historiadores, em geral, não reconhecem João III como rei de Navarra. Aquele que deu causa a esta questão chamava-se João d'Albert, segundo do nome, rei de Navarra por sua mulher Catarina de Foix que sucedeu a seu irmão Gastão

João d'Albert governou a Navarra desde 1483 até 1513. João I, rei de Aragão e de Navarra, usurpara esta última coroa que pertencia a seu filho D. Carlos pelo lado de sua mãe, de quem era o único herdeiro legítimo. Os reis de Castela e de Leão nunca reconheceram o rei de Aragão, João I, como rei de Navarra, e fizeram-lhe uma tal guerra que só terminou com a sua morte. Assim se explica porque os historiadores de S. Francisco Xavier designam o soberano de Navarra que reinava na época do seu nascimento sob o nome de João III, enquanto os que escreveram a história da Espanha não admitem João d'Albert senão como segundo do nome.

[3] Sabe-se que a grande Isabel não tendo consentido em sacrificar os seus direitos a favor de Fernando tomaram ambas o título de rei, a fim de que em igualdade de poder fosse reconhecido tudo que dimanasse da sua autoridade.

[4] P. Bártoli dá a este príncipe o nome de Theobald.Depois de Fortun I, que foi o primeiro rei de Navarra, em 880, até à conquista deste reino por Fernando, o Católico, em 1512, a história não apresenta nenhum soberano deste nome sobre os diversos tronos de Espanha. Além disto, está provado que Tibaud, conde de Campanha, herdeiro da coroa de Navarra por sua mãe, reinou efetivamente de 1234 a 1253, e que Thibaud seu filho, lhe sucedeu. É verdade que em algumas cartas da Idade Média se encontra o nome de Theobald pelo de Thibaud, conde de Campanha; porém nenhuma história o adotou.

[5] Afonso VI, rei de Leão e de Castela, tinha por primeiro ministro, pelos fins do século XI, o senhor de Aznares, chamado pelos antigos historiadores Assurez, Assarez, Ansarez e, finalmente, Bosarez, Afonso VI, na hora de sua morte, confiara-lhe os negócios da coroa e lhe recomendou sua filha a infanta Urraca, que lhe ia suceder. A infanta esposou Afonso I, rei de Aragão e de Navarra cognominado o Batalhador, que se desgraçou pelos desregramentos da sua vida. Enquanto o rei combatia os mouros Urraca, querendo desembaraçar-se dum censor importuno, exilou o primeiro ministro e Aznarez retirou-se em 1110, com toda a sua família para o condado de Urgel. Na volta aos seus estados, Afonso chamou-o, e para recompensar os seus leais serviços, assim como para o compensar da injustiça de Urraca e da perda de consideráveis propriedades que havia sido forçado a abandonar em Castela, encheu-o de bens e honras, e deu-lhe terras e fortalezas ao norte de Aragão. Este reino estendia-se por um lado até ao Ebro, e por outro até ao rio Aragão, que lhe deu o seu nome. A fortaleza de Xavier achava-se necessariamente, então no reino de Aragão, pois que está situada à esquerda do rio, o que nos leva a crer que entraria no número daquelas que Afonso o Batalhador dera ao senhor Aznares como indenização e recompensa. Esta suposição combina-se com a opinião daqueles que asseguram que a família de S. Francisco Xavier possuía, desde mais de trezentos anos, o castelo em que ele nasceu.

[6] Hoje rua de S. Jacques. O nome de S. Bento-te-Bestournét vinha-lhe então, da igreja de S. Paulo, cujo altar-mor voltado para o poente, contrariamente ao costume estabelecido, lhe havia feito chamar, desde os fins do século XIII, S. Bento-le-Bestourné, por détourné ou mal tourné. No começo do século XVI, tendo Francisco I mandado ampliar a nave, foi colocado o altar no sentido exigido, e a igreja ficou desde então a chamar-se S. Bento-le-Bestourné, por bistourné (duas vezes voltado) e por corrupção, bestournet. A rua sofreu também a mesma alteração de nome, e acabou por tomar o da igreja dos Dominicanos. Por ser esta igreja da invocação de S. Jacques, o povo chamou aos religiosos, a quem o rei a havia cedido, Jacobinos, e porque a sua casa ocupava uma área considerável, ficou também a rua que eles habitavam, coar o nome de S. Jacques que se conservou. Estas duas igrejas foram suprimidas em 1790. A de S. Bento passou a ser uma armazém de ferragens e foi mais tarde demolida com grande pesar dos arqueólogos.

[7] Erigida pelos alunas da Universidade, em honra de santo Ivo, que cursara os seus estudos em Paris e ali merecera o cognome de advogado dos pobres.

[8] Fundado em 1370, por João de Dormans, bispo de Beauvais. Em 1764 foram os seus estabelecimentos adjudicados ao colégio de Usieux, que para ali se transferira, reunindo-se assim as duas fundações Estes colégios foram suprimidos em 1790.

[9] Depois de S. João de Latrão, esta torre, denominada ultimamente Torre Bichat, datava do século XII, veio a cair, finalmente, sob o camartelo dos destruidores.

[10] Quando foi trazido para França o primeiro fragmento da verdadeira Cruz c depositado na abadia de S. Dinis, o arcebispo de Paris fixou o dia em que o clero, o Parlamento e o povo deveriam ir, em cada ano, verterá-1o solenemente; daqui veio o chamar-se àquela peregrinação a festa do Indicto (La fête de l'Indict).

Mais tarde, por corrupção, se chamou de Landi e finalmente du Landi. Com o tempo, tornou-se ali tão considerável o concurso do povo que trouxe logo o estabelecimento de uma grande feira na planície de S. Dinis.

No século imediato a Universidade uniu-se ao Parlamento para fazerem corpo na solenização da festa, e os mercadores de pergaminho estabeleceram grandes vendas na feira, que o reitor da Universidade lhes proibiu que vendessem a alguém, antes que ele fizesse a provisão necessária para os colégios; porque o papel não entrou em uso na França senão no século XIV, no reinado de Filipe de Valois. Algum tempo depois, o reitor concedeu férias aos alunos para irem divertir-se no largo da feira, por ocasião da festa do Landi, e tendo sido a feira :prolongada por causa deles, fixou-se o começo dos divertimentos para a primeira segunda-feira depois de S. Barnaé.

Reitores, professores e estudantes reuniam-se no monte de Santa Genoveva, e dali partiam a cavalo para a feira. Os estudantes deram-se a. tais excessos, que se seguiram várias questões e desordens violentas com efusão de sangue.

Em vão tomou o Parlamento várias medidas para coibir tão deploráveis cenas; estas grandes desordens terminaram quando se fez transferir a feira para a cidade de S. Dinis.

Mas se os estudantes não se entregavam aos mesmos excessos, se as suas lutas não faziam derramar sangue, havia, contudo, ainda grandes perigos para eles nos seus divertimentos.

[11] L. Ranke, História do Pontificado.

[12] O P. Bouhours dá como causa desta intenção de fazer regressar Francisco, as despesas que trazia a sua permanência em Paris, que ele supunha superiores aos meios de fortuna de D. João de Jasso. É bem difícil admitir-se esta suposição

Uma família favorecida nas duas cortes de Navarra e de Castela-Aragão, e que havia sempre ocupado altos cargos; uma família que possuía muitos feudos por parte de D. Maria, independentemente dos que foram levados por D. João,-conselheiro e favorito de João III que o preferira, dentre todos os fidalgos da sua corte, para esposo duma rica herdeira cujos antepassados tinham o seu sangue real, - esta família podia não ser rica em proporção do numero de filhos, mas não devia ser "pobre".

Xavier não era porcionista em Santa Bárbara; mantinha-se no colégio á sua custa, e sua família, sabendo que o curso de filosofia durava três anos e meio, devia ter calculado os seus meios antes de o enviar a Paris. Não se interrompe assim, por um cálculo falso e impossível, um curso tão brilhantemente sustentado. De outro lado, o P. Bouhours diz, na sua Vida de Santo Inácio, que Miguel Navarro "vivia a expensas de Xavier"; o que prova que D. João dava a seu filho uma pensão suficiente para dois. O P. Bártoli assegura-o igualmente.

O que torna ainda mais inadmissível a opinião do P. Bouhours, é uma carta de Xavier a D. João de Azpilcueta, seu irmão mais velha, - senhor de Obanos, pela casa de sua mulher, - carta pela qual ele se queixa da demora que tem havido na remessa das suas pensões. O coração de Francisco era bastante delicado e muito elevado para expressar uma tal queixa, se não tivesse a certeza de que sua família se achava em circunstâncias de satisfazer o que ele pedia. Mais adiante reproduzimos aquela carta.

[13] Fundado em 1314, por Aycelin de Montaigu, arcebispo de Rouen, este colégio teve os seus estatutos alterados no século imediato, pelo reitor João Standoncht, que transmitiu a austeridade das suas idéias para o regime dos estudantes.

Estabeleceu que a carne fosse absolutamente proibida era todo o ano aos alunos; que só lhes seria concedido uma mui ligeira quantidade de pão ao almoço, um bocado de queijo ou uma fruta para a colação da tarde, e que a ceia seria também de todo proibida. Foi sustentado este regímen por três séculos, até que foi abolido por um decreto do Parlamento em 1744, sendo o colégio extinto em 1790.

[14] A Universidade tinha mensageiros em seu serviço exclusivo para percorrer as províncias e irem aos castelos receber as pensões dos alunos, que entregavam aos reitores; os estudantes e os professores aproveitavam estas ocasiões para escrever às famílias, que também lhes encarregavam, na volta, suas comissões. Estes eram os correios da Universidade

[15] O P. Bártoli, na História de Santo Inácio, diz que Miguel ouviu esta aterradora voz quando subia a escada. O P. Bouliours e M. A. Fature afirmam que ele subiu por uma escada de mão e entrou pela janela. Esta última versão parece-nos a mais verosímil; teria sido muito difícil ao assassino penetrar no colégio, alta noite, a não ser escalando os muros, porque não tinha cúmplices no interior.

[16] A abadia e a sua igreja tinham então o nome de Nossa Senhora do Monte dos Mártires, nome que por corrupção popular passou a ser Monte-Mártir, e depois Montmartre.

[17] D. O. M. Siste, spectator, atque in hac Martyrum sepulcro, probati ordinis tunas lege, societatis Iesu, quae S. Ignatium Loyolam patrem agnoscit, Lutetiam Matrem. Ano salutis MDXXXIV, Augusti IV, hic nata est: cum Ignatius et Socii, votis sub soeram synaxim religiosa conceptis, se Deo in perpetuum consecrarunt. Ad maiorem Dei gloriam.

"A Deus todo poderoso. Suspendei, espectador, e lede neste túmulo dos mártires a origem duma ordem célebre, a Companhia de Jesus, que reconhece Santo Inácio de Loiola por pai e Lutécia por mãe. Ela nasceu neste lugar, a 15 de Agosto de 1534, quando Inácio e seus companheiros, por votos religiosos, e depois de terem recebido o sacramento eucarístico, se consagraram para sempre à glória de Deus".

[18] Esta reclamação, está tão clara, que não deixa dúvida alguma sobre a causa dos dias de mortificações por falta de dinheiro, que o nosso Santo experimentava várias vezes. Esta carta não era, talvez, conhecida quando o P. Bouhours escrevia.

[19] Os partidários da doutrina de Lutero, afluíam então às Universidades da Europa.

[20] O capitão D. João -de Azpilcueta era casado com uma sua prima paterna.

[21] História de Santo Inácio de Loiola e da origem da Companhia de Jesus, pelo R. P. Daniel Bártoli. Trad. da 2ª edição italiana, 1855, Paris.

[22] Na História de Santo Inácio de Loiola encontram-se todos os pormenores deste singular processo.

[23] Dava-se então aos reis de Portugal o tratamento de Alteza.

[24] Ou, como se dizia então, o doutor Navarra.

[25] Paulo de Camerini, italiano.

[26] Francisco Mancias.

[27] A tradição local é que ele desembarcou primeiramente em Mormugão, fortaleza portuguesa situada a três léguas de Goa. Com o fim de perpetuar esta memória erigiram as portugueses uma capela, à margem do rio, no mesmo local em que o santo apóstolo havia, pela primeira vez, posto o pé no solo indiano, e este santuário foi-lhe dedicado.

Conta-se que quando os holandeses vieram, mais tarde, atacar a fortaleza de Mormugão, vendo um soldado que os canhões inimigos estavam apontados para a porta, e não duvidando que ela caísse ao choque 'da metralha, invocou em alta voz S. Francisco Xavier, e que no mesmo instante os projéteis ricochetearam, deixando os seus. vestígios impressos na parta em prova do milagre.

(O. P. L. de Gad, Narração da Expulsão das Jesuítas de Macau a 5 de Novembro de 1762. Publicada gelo R. P. de Ravignan no seu Clemente XIII e Clemente XIV. Tomo 2.o).

Não existe já a capela a que o autor se refere e só sim, sobre o portão que dá ingresso à fortaleza real, denominada Porta do Cais, um nicho com uma magnífica imagem do Santo, talhada em pedra e que é ali muito venerada porque é tida como muito milagrosa.

Dentro da fortaleza real existe, porém, uma bonita capelinha da invocação do Santo, construída há bem poucos anos. Consta também que existiu outrora uma outra cate a mesma invocação, mas não sabemos se será a primitiva, nem tão-pouco podemos dizer se a atual foi levantada no mesmo local da antiga, o que nas não parece por que está algum tanto distante do rio e na raiz da montanha afastada da margem sobranceira.

[28] É realmente digna de se ler a descrição dá antiga cidade de Goa, que. nos dá o curioso viajante francês Francisco Pyrard, na 2ª parte da sua Viagem às Índias Orientais, traduzida em português, e publicada aqui pelo mui erudito secretário geral do governo deste estado, o Sr. conselheiro Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara, há pouco falecido em Portugal, para onde regressou depois de mais de 20 anos de relevantes serviços prestados ao governo e às letras no cargo que tão dignamente desempenhou.

[29] Não é a atual a igreja catedral a que se refere S. Francisco Xavier, mas sim a antiga, denominada Catedral do Bispo, cuja notícia nos dá, o distinto falecido oficial-maior da secretaria deste governo Sr. Felipe Nery Xavier, no seu Resumo Histórico dm Maravilhosa Vida, Conversões e Milagres de S. Francisco Xavier, publicada no ano de 1859, referindo-se ao que escrevera sobre o mesmo assunto, no n. 4 do Jornal da Santa Igreja Lusitana do Oriente de 1846, o falecido governador deste arcebispado Padre Caetano João Pores, e adicionando alguns documentos e apontamentos colhidos dos arquivos da mesma secretaria.

[30] A nau São Diogo.

[31] Deve ser o Hospital Real o que habitava o Santo, porque na data desta carta, só existiam na cidade de Goa dois hospitais, o Real e o de S. Lázaro; mas este ficava distante, nos subúrbios da cidade e era destinado aos leprosos, aos quais, diz ele, que só visitava todos os domingos. O de Todos-os-Santos consta que foi construído em 1547 cinco anos mais tarde. Sobre o Hospital Real, recomendamos a magnífica descrição que dele dá Francisco Pyrard, na 2.a parte da sua Viagem.

[32] Sobre esta igreja veja-se o que diz o sr. Felipe Nery Xavier, na sua Tida de S. Francisco Xavier, já citada.

[33] Contam-se perto de duzentas.

[34] É notável que esta profecia foi feita a 31 de julho, que devia ser o dia da morte de Santo Inácio, e aquele em que a Igreja devia celebrar a sua festa.

[35] Fr. João de Albuquerque foi o primeiro Bispo de Goa Veio a este Estado em 1538 e faleceu em 23 de Fevereiro d 1553. A igreja de Goa foi elevada à categoria de bispado em 1534, pela Bula de 3 de Novembro daquele ano.

[36] Ele ia quase sempre a pé, revestido de sobrepeliz e estada, e precedido da cruz, a não ser que as distâncias fossem muito consideráveis.

[37] O Santo apóstolo das Índias consagrava a mais terna devoção a Maria, e morto particularmente à sua Imaculada Conceição, que fizera voto de defender por toda a sua vida contra aqueles que a atacassem em sua presença.

[38] Ele escreveu efetivamente para a Universidade de Paris, mas esta carta não foi encontrada. O doutor João de Rada, navarrês, assegura ter tido uma cópia. A família do nosso Santo teve, sem dúvida, conhecimento dela, porque um de seus sobrinhos, Jerónimo Xavier, filiava-se na Companhia de Jesus trinta unas depois da morte do grande Apóstolo, e em 1595, chegara até à corte do Grão-Mogol, cuja afeição soubera ganhar, e pregava abertamente o Evangelho nas seus Estados.

[39] Este seminário era também conhecido, e mais geralmente, pela denominação de Colégio de S. Paulo, por se achar estabelecido no Convento cuja igreja tinha aquela invocação, e donde as jesuítas se chamaram também Padres de S. Paulo ou Paulistas.

[40] Aguardente.

[41] Chefes do distrito.

[42] Barcos do país.

[43] Ou coilão.

[44] Tesoureiro do rei das Índias.

[45] Francisco Vicente de Lagos, religioso franciscano.

[46] O rei de Portugal concedeu tudo quanto Xavier pedia, e até substituiu o vice-rei, cuja integridade, deixava muito a desejar.

[47] Pequenos barcos indianos.

[48] Teremos ocasião de tornar a faiar sobre este caranguejo, e sobre a tradição conservada entre os índios com respeito a este milagre.

[49] Gilolo e as ilhas que a cercam.

[50] Aquela predição cumpriu-se como todas as outras do ilustre Xavier. João de Eiro era já religioso da Ordem de S. Francisco e nela vivia mui santamente, na época em que se colheram informações na índia para a canonização do grande apóstolo, informações nas quais ele concorreu com o seu testemunho, e prestou, sob juramento, todos os esclarecimentos sobre os factos que lhe diziam respeito e que, já de nós são conhecidas.

[51] O Padre Fabro morrera em Roma a 1 de Agosto de 1564. É a primeira vez que encontramos o seu nome nas cartas de Xavier.

[52] O P. Banhours fixa a data desta chegada a Cochim a 21 de Janeiro. O tradutor das cartas de S. Francisco Xavier, A. Faire, a reproduz fazendo observar que não pode deixar de ser errada. A carta do santo apóstolo ao rei de Portugal corta mui claramente a dificuldade, dizendo que ele desembarcou a 13. É de admirar, pois, que o tradutor não se tenha baseado numa indicação tão positiva e não tenha considerado que as cartas par ele escritas de Cochim em 1548, tem todas a data de 20.

[53] Tinha-se espalhado a boato de que ele fora envenenado pelos pagãos.

[54] O rei D. João III morreu em 1557.

[55] Ou Malaia.

[56] Há erro nesta data. A visita às cristandades das costas da Pescaria, a demora em Manapar, a viagem à ilha de Ceylão, onde a Santo negocia um tratado com o rei de Jafanapatão e converte o de Candia, no centro da ilha, a viagem da ilha de Ceylão a Goa e a Baçaim, tudo isto não podia ser feito em quatro ou cinco dias Nós preferimos a data indicada pelo P. Bouhours e reproduzida pelo tradutor nas cartas que fixa aquela chegada a 20 de Março. Além disto, achamos igualmente a mesma data de 20 de Março numa carta de Cosme de Torres à Companhia de Jesus.

[57] É de supor que o oratório ou capela, a que o autor se refere, seja a mesma que ainda hoje existe, sem teto, junto das ruínas do colégio de S. Paulo, e que por tradição é conhecida por- Capela de S. Francisco Xavier - e muito visitada desde a exposição do Santo do ano de 1859. Por um mal entendido descuido foi ela abandonada ao vandalismo público, a ponto de ter servido, por algum tempo, de estábulo de gado! Na última exposição de Dezembro de 1878, fizeram-se algumas reparações no seu interior, mas recaiu de novo no abandono em que se acha atualmente. Próximo desta capela e também no terreno da horta, ou cerca do colégio de S. Paulo, existe um grande poço, com uma escada em dois lanços que desce até ao fundo, cujas águas tidas como bentas, são levadas com empenho pelo povo, coma remédio aos doentes.

[58] Estas instruções, escritas e assinadas pelo punho do ilustre Xavier, não trazem data; mas sendo a carta ao rei de 20 de Janeiro de 1549, indica aproximadamente a data deste precioso documento autógrafo, conservado em Paris.

[59] "Primeira semana" é a parte dos "Exercícios Espirituais" de Santo Inácio de Loiola em que se medita sobre a origem e fim do homem e das criaturas, o pecado, e os castigos do pecado.

[60] Nos climas quentes é uso oferecer-se água fresca para beber.

[61] Hoje o Tibet.

[62] São mais de mil e setecentas léguas.

[63] É Provável que S Francisco Xavier só tenha indicado essas distâncias aproximadamente, porque elas foram conhecidas depois como muito mais consideráveis.

[64] Espanhol da Província de Biscaia.

[65] D. Pedro da Silva Gama era filho terceiro do almirante e célebre navegador Vasco da Gama.

[66] Foi isto que trouxe ao príncipe desejos de conhecer a religião cristã, e fez com que ele pedisse pregadores ao vice-rei das Índias.

[67] Ou Kagosima, capital do reino de Saxuma.

[68] Calambá ou Calumbuco, nome que dão na Índia ao pau de áloes e ao de aguila.

[69] Na província de Fakien

[70] Em uma outra tradução lemos: "Conquanto, eu me vá embranquecendo já...". Ele tinha então somente quarenta e cinco anos.

[71] Ou Fucheo.

[72] De Portugal.

[73] Guarda real ou guarda de honra do rei.

[74] Conservado na casa do Gesú em Roma.

[75] M. Crétineau Joly diz que o andar do Padre Xavier "denunciava o gentil homem" (História da Companhia de Jesus).

[76] Ou Chang-Tchuen-Chan, segundo Malte-Brun. Outros chamam esta ilha Sanchão.

[77] De Cochim, a 29 de janeiro de 1552.

[78] Trinta anos mais tarde, o Padre Ricci, da Companhia de Jesus, e a quem dois das seus irmãos haviam preparado a caminho, conseguia, finalmente,, plantar a cruz naquele império. Foram, pois, ouvidos os votos do grande Xavier.

[79] Os historiadores de S. Francisco Xavier não indicam a data da sua partida; mas a -última carta escrita de Maloca pelo santo apóstolo tendo a data de 16 de Julho, e a primeira que ele escreveu da baía de Singapura a de 28, deve-se colocar a sua partida de Maloca a bordo da Santa Cruz entre 16 a 20 de Julho de 1552.

[80] O P. Bouhours não faz menção desta arribada, mas ela está provada pelas cartas do santo apóstolo.

[81] Havia chegado ali nos primeiros dias de Setembro.

[82] O Pe. Bouhours dá-lhe o nome de Capaceca; este nome deve, porém, ter outra ortografia.

[83] Índio ao serviço de Xavier.

[84] O P. Bouliours diz que S. Francisco Xavier teve muito que sofrer por parte de toda a equipagem. Nós, porém, não podemos conciliar esta asserção com a correspondência do nosso Santo e com o testemunho do Padre Aria Blandoni. Em todas as cartas que Xavier escreveu ao seu amigo Diogo Pereira, agradece os cuidados de que tem sido objecto:

"É a vós, meu amigo, lhe escrevia ele de Singapura a 1 de Agasto de 1552, que sou devedor das dedicadas atenções de que sou objecto neste navio que é vosso; dão-nos abundantemente, tudo que precisamos, a mim e aos meus companheiros que estão doentes, e muitas vezes muito alue dos nossos desejos..."

A 21 de Outubro, mandava-lhe dizer de Sancião:

"Reconheço a vossa amizade para comigo nas ordens que destes à vossa gente embarcada neste navio e pala maneira como eles as executam. Que Deus recompense Tomás Scandelho; ele prodigaliza-me os maiores cuidados e considerações e dá-me tudo quanto lhe peço com um interesse que não poderei jamais agradecer".

Finalmente, a 12 de Novembro, testemunha-lhe ainda o seu reconhecimento pelo bom proceder para com ele:

"Vós descobristes, meu amigo, o segredo de me cercardes de atenções da vossa amizade, não obstante a distância que nos separa. Toda a vossa gente da Santa Cruz me enche de obséquios e agrados, e Tomás Scandeltto faz tudo que lhe peço e muito mais, com um interesse, e generosidade dignas dos vossos sentimentos e afeição por mim".

O Padre Aria Blandoni, escrevendo à Companhia de Jesus, em Roma, de Goa, a 24 de Dezembro de 1554, afirma que os marinheiros não abandonaram o Santo em Sancião, e que todos os portugueses da Santa Cruz lhe eram ternamente afeiçoados.

[85] Supunha-se que a Santa Cruz não tinha completado a sua carga. E difícil admitir-se esta suposição O capitão Luís de Almeida fazia desde longo tempo um grande comércio com as Índias a China e o Japão; ele sabia que os mares da China são impraticáveis durante as grandes frios; que os chineses deixavam de vir a Sanciâo durante aquela estação e que uma demora de alguns dias o forçaria naquele porto desprovido de todos os recursos.

Nestas condições, será possível supor-se que ele tivesse desprezado efectuar a tempo o seu tráfico comercial? demais, sabia-se que o governador de Maloca, encarregando-o de ir traficar por sua conta na Santa Cruz, lhe deu vinte e cinco marinheiros por ele escolhidos, e aos quais fizera promessas e ameaças secretas que deviam ser executadas na vota.

Sabia-se igualmente que o capitão tinha ordens do governador para, quando ali chegasse, fazer desembarcar Xavier e não o tornar a receber a bardo sob pretexto algum. O P. Bauhours e M. A. Faivre, tradutor das cartas do nosso Santo afirmam-no igualmente; e o capitão Luís de Almeida, que pouco depois entrou na Companhia de Jesus, deve ter deixado documentos verdadeiras sobre este objecto.

[86] Seja porque o temor do governador os retivesse (aos habitantes de Malaca) seja porque Deus o permitisse para maior glória do seu servo, quando tiraram o corpo do esquife, enterraram-no fora da igreja, no lugar onde se enterravam de ordinário os pobres.

Não fizeram sequer a cova de tamanho suficiente, de sorte que comprimindo e dobrando o corpo para ali o fazerem entrar, rasgaram-lhe algum tanto os ombros; dali saiu sangue que derramou um cheiro muito agradável. Foram ainda tão indiscretos que calcaram a terra que cobria o corpo, pisaram-no em mais de um lugar, como se devesse ser o destino do Santo ser atormentado pelo povo de Malaca durante a vida e depois da sua morte?

Vida de S. Francisco Xavier, pelo Padre Bouhours, tomo 2, pág. 184".

[87] Pelo falecimento do Padre Barzeu a 18 de Outubro de 1553, o Padre Melchior Nunes substituira-o no cargo de vice-provincial, conforme a ordem que S. Francisco Xavier deixara em carta de prego quando teve de embarcar para Malaca recomendando aos Padres do Colégio que a não abrissem senão depois da morte do Padre Gaspar Barzeu.

[88] O Padre Blandoni, teria podido acrescentar que ela estivera enterrada muito mais tempo ainda.

[89] Igreja Paroquial da invocação de Nossa Senhora da Ajuda.

[90] A 16 de Março de 1554, sexta-feira da semana da Paixão.

[91] o Padre Blandoni tendo sido testemunha dos factos que conta julgamos dever dar preferências à sua narração, que difere em alguns pormenores dá do Padre Bouhours

[92] Calcula-se que rio decurso do seu apostolado, desde a sua partida de Paris para Veneza, até à morte, o nosso Santo percorrera mais de trinta e cinco mil léguas!

[93] Em 1579, o P. Rodolfo Aquaviva discípulo do geral da Companhia de Jesus, chegava ao império de Akebat e acolhido com benevolência pelo soberano, pregava livremente a doutrina dum Deus crucificado; mas não houve uma só pessoa que se resolvesse a sacrificar as suas paixões por aquela religião nova, e o santo missionário, julgando que a hora da misericórdia divina não chegaria ainda para aqueles desgraçados infiéis, retirou-se deplorando a sua cegueira. Estava reservado ao gratule nome de Xavier fazer brilhar mais deslumbrantemente a seus olhos a luz da fé e de submeter os seus corações ao jugo do Evangelho. Em 1595, o P. Jerónimo Xavier, discípulo do ilustre apóstolo, apresentava-se na corte do Grão Mogol, e fazia curvar todas as frontes diante da Cruz de Jesus Cristo.

[94] Moeda da índia.

[95] Esta devoção consiste na recitação de dez Pater, Ave e Glória Patri em honra dos dez anos de apostolado de S. Francisco Xavier nas Índias. Este exercício deve ser renovado dez sextas-feiras seguidas.

[96] Era de uso que as rainhas de Portugal bordassem por suas próprias mãos a casula de que está revestido o corpo do Santo. Todos os vinte anos se fazia a abertura do caixão e se mudava a casula; a velha era enviada à corte que fazia as suas generosidades a quem julgava a propósito. (Nota de M. Perrin, citada por Mr. Crétineau-Joly, na História da Companhia de Jesus).

[97] O Padre Cicala acrescenta: "É para notar que o Santo era de estatura muito baixa". A 4 de Dezembro de 1859, Monsenhor Canoz, vigário apostólico do Maduré, acompanhado das RR. PP. Gard e Charmillot pedia, em presença do Santo corpo, a um dos três médicos chamados ao ato da abertura do túmulo, a razão de um tal encurtamento. O doutor explicou-o pela ausência de muitas cartilagens, arrebatadas, vem dúvida, assim como os intestinos, pára relíquias.

[98] A portaria é de 11 de Julho.

[99] "Jornal do Comércio".

[100] Atualmente o outro braço da cruz está ocupado pelo altar do Santíssimo Sacramento.