VI. EM MANAPAR... MORTOS QUE RESSUSCITAM - DOM DAS LÍNGUAS

A 19 de junho de 1544, pela tarde, chegava Francisco Xavier a Coimbatur; a população apinhava-se em volta do seu apóstolo tão amado, regozijando-se pela sua volta, há tanto tempo desejada, quando Manuel da Cruz, aproximando-se dele, e esperando que acabasse de falar ao povo, lhe disse em seguida:

- Santo Padre, são muito más as últimas notícias da Pescaria!

- O que há, o que aconteceu lá, meu menino? perguntou o Santo.

- Os Badegás desceram! Saquearam tudo; os Paravás fugiram; morrem de fome nas florestas e nas cavernas!

- Meus queridos Paravás! meu Deus!

E o Santo tinha naquele momento, as mãos juntas e os olhos levantados para o Céu; parecia orar, ao mesmo tempo que as lágrimas lhe corriam pelo rosto.

- Vou para Manapar, onde encontrarei recursos para os meus queridos neófitos, replicou ele; parto imediatamente; amanhã correrei a socorrê-los. Pobres Paravás!

E partiu efetivamente, não obstante ser de noite, não obstante a dificuldade dos caminhos, e a dor que causava aos habitantes de Coimbatur, muitos dos quais quiseram acompanhá-lo para o defender em caso de ataque.

Os Badegás pertenciam a um povo aguerrido do reino de Visnagar, que de tempos a tempos invadiam as Costas e cometiam as mais horrorosas atrocidades.

Deixemos falar sobre isto o nosso Santo:

AO PADRE MANCIAS

Manapar, 20 de junho.

Eu parto para o cabo Comorim, levando vinte barcos carregados de víveres para socorrer os pobres neófitos que uma invasão dos Badegás, mortais inimigos do nome cristão, traz oprimidos de terror.

Eles abandonaram os seus lares e se refugiaram nas ilhas desertas, onde entre rochedos, se acham expostos aos ardores do sol e aos horrores da fome e da sede. Muitos sucumbiram já à miséria!

A sua deplorável situação dilacera-me a alma! Orai, pois, orai incessantemente por nós, e fazei rezar as crianças.

Eu escrevo aos portugueses e aos magistrados da Costa, exortando-os a socorrer estes desafortunados. Na recepção das esmolas não aceiteis nada dos pobres e muito especialmente dos que se fazem rogados, mas somente dos ricos e dos que derem de boa vontade. Em semelhantes colectas deve-se ter sempre em vista a boa vontade e as possibilidades da mão que dá.

AO MESMO

30 de junho.

Desde terça-feira que estou de volta em Manapar. Deus sabe que contratempos eu tive nesta viagem. Parti com vinte tonas[42] para socorrer e consolar os cristãos: os ventos pareciam conspirar contra mim. Não pude conseguir, nem à força de remos, nem a reboque levar um barco sequer até o promontório! Todos os meios, todos os meus esforços foram inúteis.

Se os ventos cederem eu me porei de novo a socorrer, como me for possível, aqueles pobres desgraçados, na sua aflição.

Quem poderia ter o coração tão insensível, que sendo testemunha dum tão grande infortúnio deixasse de tentar os últimos esforços de caridade? Não sei mesmo se, de todas as misérias que assaltam a humanidade, a que oprime neste momento aquele infeliz povo, que como nós crê em Jesus Cristo, não é a mais horrível!

Todos os dias chegam a Manapar alguns daqueles desgraçados; vêm em grupos, completamente nus e mortos de fome!...

Estivemos oito dias no mar e sei agora por experiência quanto as tonas são incômodas, especialmente quando é necessário lutar contra o furor dos ventos, furor tal, que todos os esforços humanos não têm podido subjugar.

AO MESMO

1 de Agosto.

Indo por terra, pude chegar, finalmente, ao promontório para visitar e consolar os cristãos que escaparam à ferocidade dos salteadores. Nunca presenciara um espetáculo tão comovedor e horroroso!

Não via diante de mim senão a palidez cadavérica, a nudez, a fome e a desolação!

Além; espalhados pelos campos, cadáveres infectos; aqui, feridos; doentes prostrados, sem socorro, sem medicamentos e lutando contra a morte que os estreitava!

Velhos decrépitos, extenuados, gemendo sob o peso dos anos e da miséria, procurando e esforçando-se em vão a dar alguns passos; mulheres abandonadas, crianças nascidas nas ruas, homens reduzidos á tal estupidez, que nem tentavam procurar socorros... Se um semelhante espetáculo se apresentasse a vossos olhos, o vosso coração experimentaria uma dilaceração inconcebível!

Fiz transportar todos os, pobres para Manapar; a maior parte já aqui estão. Ocupamo-nos agora em prover às suas necessidades mais urgentes: Orai e rogai a Deus Nosso Senhor para que faça chegar a compaixão ao coração dos ricos em favor destes desgraçados acabrunhados por toda a espécie de. misérias.

Alguns dias depois, acrescentava ele este postscriptum a uma carta pronta para ser expedida.

"Neste momento -acabo de receber uma carta de Guirim que me anuncia que os cristãos foram expoliados pelos Badegás; que se salvaram refigiando-sé nos bosques, e que um deles está ferido, assim como um idólatra.- Notícias as mais assustadoras nos afluem de todos. os lados!

Que Deus seja sempre louvado "!

E o Santo corre imediatamente em auxílio da cristandade novamente acometida; ao mesmo tempo escreve ao rei de Travancor pedindo-lhe que promova todos os meios a seu alcance para fazer suspender a insânia e as devastações dos Badegás.

Aquele príncipe, que se fazia chamar o grande monarca e que ardentemente desejava conhecer o santo Padre, cujos milagres e atos apostólicos levaram a sua reputação grande nome a todos os Estados da península, aquém do Ganges, enviou-lhe embaixadores pedindo-lhe que fosse vê-lo, e prometendo tomar para com os Badegás todas as medidas necessárias, a fim de assegurar a tranquilidade dos Paravas. Em extremo satisfeito o nosso Santo pela ocasião que se apresentava de levar o nome de Jesus Cristo àquela nação inteiramente idólatra, preparou-se para a partida:

"Por entre os perigos a que vou expor-me, escrevia ele a 8 de Novembro de 1544, deposito inteiramente a minha confiança na proteção do Céu, que me virá das vossas orações e das crianças do vosso rebanho. Sob estes auspícios parto e vou afrontar com a maior serenidade todos os perigos de que os cristãos que me cercam fazem os mais horrorosos prognósticos.

São unânimes em assegurarem que vou expor-me a uma morte certa indo por teria; que os habitantes bárbaros daquele país me olham como o esteio, o sustentáculo do nome cristão, e que, por conseguinte, não deixarão de vingar-se pelo ódio e sanha que conservam à nossa santa religião; que é uma das maiores imprudências empreender a pé esta tão longa jornada de trinta léguas.

Mas para vos descobrir completamente a minha alma, vos direi que há certos momentos em que a vida se me tatua una carga bem pesada. Sinto-me arrastado, a meu pesar, para todos os pontos de que procuram afastar-me.

Vejo e reconheço que é preferível deixar-me massacrar por ódio à nossa santa religião, do que continuar a viver como testemunha impotente de todos os ultrajes com que. ofendem todos os dias o nosso Deus, não obstante todos os nossos esforços para os impedir.

Nada me entristece tanto como a capacidade em que me vejo de sofrear os escândalos que cometem todos os dias certas pessoas que vós conheceis!"

Este sentimento expansivo de dor, escapado da grande alma de Xavier, justificava-se pelas prepotências e extorsões que os portugueses exerciam para com os desgraçados índios, e pelo desregramento da sua conduta, que criava obstáculos aos progressos do Cristianismo, ou levava os neófitos a deploráveis reincidências. Porém Deus reservava uma grande consolação ao seu apóstolo.

Quando Francisco Xavier, acompanhado somente de Vaz Fernandes, entrou nas terras do reino de Travancor, a população correu a cercá-lo... não para o massacrar, como haviam receado os cristãos, mas sim para o ver e ouvir...

A língua daqueles povos não tem semelhança nenhuma com a dos países já percorridos pelo nosso Santo; é uma língua inteiramente nova para ele, e contudo fala de Deus àquele povo que o cerca e o povo compreende-o, bate as palmas e aplaude as verdades que ouve!... E Xavier também compreende o que aquela gente lhe diz, e estabelecem-se desde logo entre eles relações de afecto e longa discussão que maravilha a todos!

Xavier fala aquela língua bárbara e pronuncia-a como um natural de Travancor! Exprime-se com a mesma facilidade como se falasse o português ou o francês!... Era porque o ilustre apóstolo estava sendo "guiado pelo Espírito Santo" como predissera, cinquenta anos antes, o santo mártir Pedro da Covilhã, e o Espírito Santo o favorecia com todos os seus dons, como prova incontestável da sua presença.

Até aqui tínhamos visto Francisco Xavier profetizar e operar admiráveis milagres; porém vemo-lo possuindo agora o dom das línguas. Para toda a parte para onde vá daqui em diante, os povos o compreenderão e ele também os compreenderá; e no seu entender, o compreendê-los e ser compreendido, era o mesmo que ter já feito uma conquista para Jesus Cristo e para a sua Igreja.

Toda a costa de Travancor se submeteu à obediência do Evangelho à medida que Xavier a percorreu, e havendo o rei, a seu pedido, autorizado os seus vassalos a professarem abertamente o Cristianismo, foram imediatamente erigidas quarenta e cinco igrejas pela piedade dos neófitos; em um mês somente baptizou o apóstolo dez mil pagãos!

Em cada aldeia que visitava, reunia todos os habitantes, homens, mulheres e crianças; conduzia-os a um campo, e ali colocava os homens de um lado, as mulheres de outro, e para ser ouvido de todos, subia a uma árvore e lhes anunciava as verdades cristãs. Era tal o entusiasmo dos pagãos quando o ouviam, que logo depois da instrução corriam aos seus pagodes e os destruíam completamente.

" Não posso descrever-vos a alegria que experimento, escrevia o nosso Santo, vendo cair sob o camartelo dos meus novos cristãos aqueles templos e aqueles ídolos que faziam há pouco 0 objecto do seu culto... Tais são, pois, as conquistas da Cruz sobre o império de Satanás... Ainda uma vez, a minha alegria, e a minha felicidade estão além de toda a expressão possível: a boca e a pena não podem descrever a minha admiração!"

Os brâmanes, desesperados pelos sucessos, muitas vezes o esperavam, na sua passagem, no escuro da noite, lanceando sobre ele um chuveiro de flechas, das quais só uma lhe chegou e só pôde ferir muito de leve a pele; deitou algumas gotas de sangue e nada mais sofreu: a Providência velava pelo seu escolhido.

Desconsolados os brâmanes, pelos maus resultados das suas tentativas, tentaram inutilmente outros meios; lançaram fogo a muitas casas, esperando que ele se achasse, refugiado em algumas delas: também isto foi em vão. Deus guardava o seu "vaso de eleição", e todos os esforços do inferno para o quebrar e destruir deviam ser ineficazes.

Os cristãos, aterrados e temendo pela vida do seu amado Padre, cercavam e vigiavam a distância e bem armados, a casa riu que ele se abrigasse; porém numa noite o Santo viu-se forçado a fugir para evitar o incêndio de toda a aldeia em que se achava.

Acompanhado de uma numerosa guarda de neófitos fiéis, ganhou Xavier o campo, subiu a uma árvore, e aí se ocultou entre as folhas esperando o dia; aquele expediente salvou-o da raiva infernal dos sacerdotes idólatras.

Neste meio tempo os Badegás, contra os quais as medidas do rei de Tranvancor haviam sido improfícuas, fizeram uma nova invasão à Costa e atacaram precisamente os pescadores de Travancor, do lado do Cabo Comorim. Desta vez era um exército sob o comando do naire de Madurá, capitão de conhecida experiência; ruão se tratava, pois, duma surpresa, mas sim duma guerra aberta e declarada.

O rei de Travancor reuniu as suas tropas, pô-las também em pé de guerra e marchou contra o inimigo. Anuncia-se a Xavier esta aflitiva notícia. O apóstolo cai de joelhos, e prostrando a fronte no pó, exclama:

"Senhor! lembrai-vos que sois o Deus das Misericórdias infinitas, o protetor de vossos fiéis cristãos! não abandoneis, pois, à raiva daqueles lobos devoradores o rebanho de que me fizestes pastor! Que os novos cristãos, tão fracos ainda na fé, não se arrependam de a ter abraçado! Que os infiéis não tenham a superioridade de oprimir aqueles que depositam as suas esperanças somente em Vós!"

Depois desta oração, ergueu-se cheio de força, de coragem e de resolução; seu semblante parecia reflectir um raio divino

"Segui-me! disse ele aos cristãos que o cercavam naquele momento; segui-me! Deus é por nós!"

E tomando o seu crucifixo, partiu à testa dos seus cristãos, como o conquistador marcha em busca da vitória. Chegado à planície, pela qual vinham os inimigos formados em linha de batalha, Xavier avançou até ao alcance da voz, ali se deteve, elevou o seu crucifixo, e em tom dum soberano. que fala aos rebeldes, disse:

- Suspendei! Em nome do Deus vivo proíbo-vos que avanceis um só passo mais! e, em seu lugar, vos ordeno que retireis imediatamente!

Os inimigos, fulminados por aquelas palavras, não se atrevem a avançar nem podem retirar-se...

- Que vem a ser isto? gritavam os que estavam na retaguarda. Para diante!

- Não podemos avançar um só passo, respondem os da primeira linha; temos diante de nós um gigante vestido de negro, e que lança pelos olhos flechas de fogo!...

Parecia inacreditável o que ouviam, e por isso alguns de entre os mais intrépidos avançam e vão tomar a vanguarda das tropas... porém o gigante formidável aparece-lhes ameaçador e terrível!

Eis que se resolvem a fugir, e se precipitam uns sobre os outros, despedindo gritos de raiva e de terror; a confusão e a debandada torna-se horrorosa e eles atropelam-se e despedaçam-se; a voz do chefe não é ouvida, e cada um cuida da sua segurança e salvação pessoal, acrescendo que não podem efectuar a fuga senão através de mil dificuldades.

Os neófitos, satisfeitos por seu lado, correm a anunciar e a propalar este maravilhoso acontecimento por todas as aldeias vizinhas; a nova chega ao longe, e o rei de Travancor, que chegava, logo depois, à testa dos seus para combater os Badegás, exclama que quer ver o grande homem que acaba de operar aquele prodígio.

Xavier presta-se aos seus desejos; o rei abraça-o, agradece-lhe calorosamente e em termos os mais pomposos, terminando a sua arenga indiana por lhe dizer:

- Eu chamo-me o grande Rei e quero quede hoje em diante os meus vassalos vos chamem o grande Padre!

- É a Jesus Cristo unicamente, responde Francisco Xavier, é ao Deus dos cristãos que todos devemos render graças; vós não deveis ver em mim senão o instrumento, dos mais insignificantes, que nada pode fazer por si só.

Conquanto o rei não percebesse a resposta do apóstolo, não lhe pediu explicações. Ele não queria para si a religião que não permite o vício; porém pretendia que ela se propagasse nos seus estados para satisfazer a Xavier.

Com este fim, fez publicar um édito pelo qual ordenava aos seus vassalos que obedecessem ao grande Padre como a si próprio; por este édito renovava ao mesmo tempo a autorização de se poder professar abertamente a religião do seu irmão Xavier, grande Padre do reino de Travancor. Para facilitar as coisas remetia o grande Rei, repetidas, vezes, ao grande Padre, consideráveis somas de dinheiro, que ele distribuía pelos pobres.

O nosso Santo percorreu toda a Costa com o mesmo resultado que tivera à sua chegada, porém com maior liberdade. Em Coulão [43], próximo do Comorim, encontrou maior resistência; pregava já por espaço de alguns dias, sem ver cair a seus pés senão um pequeno número de idólatras.

Xavier não estava habituado a ver que a palavra de Deus obtivesse tão poucos frutos; sua alma contrista-se.

Um dia; cercado de pagãos que o ouviam com indiferença, o seu semblante parece inflamar-se repentinamente, sua vista fixa-se no céu:

"Senhor! exclamou ele derramando copiosas lágrimas de dor, todos os corações são vossos! Podeis, se quiserdes, aplacar os mais obstinados, enternecer os mais duros! Dai hoje esta glória ao sangue de Jesus Cristo, ao nome do vosso divino Filho!"

E voltando-se para os seus ouvintes, diz:

- Ora bem! não acreditais na minha palavra? Crede então no que pode ser acreditável! Que provas de verdade quereis vós que vos apresente?

Naquele momento, lembra-se que na véspera um homem fora enterrado nas proximidades do sítio em que estava a falar:

- Abri, disse ele, aquela sepultura que fechastes ontem: tirai dali o corpo, mas certificai-vos primeiro se ele está realmente morto!

Os índios dirigem-se logo em grande número à sepultura que haviam encerrado na véspera, e tiram dali o cadáver:

- Grande Padre, ele cheira já muito mal; não há dúvida que está morto, dizem eles ao Santo que se tinha aproximado do grupo.

- Colocai-o além.

Depositaram o corpo no chão, aos pés do apóstolo, que ajoelhou por um momento, e depois levantando-se cheio de segurança, dirigiu-se ao cadáver:

- Em nome do Deus vivo, te ordeno que te levantes para provar as verdades que prego!

No mesmo instante o morto levanta-se, cheio de vida, cheio de saúde, cheio de vigor, e a multidão bate palmas, chora, tripudia, lança-se aos pés de Xavier e pede o batismo, gritando e exclamando que o único e verdadeiro Deus é o do grande Padre.

Morrera na mesma Costa, em Mutan, na antevéspera, um jovem cristão. Conduziam-no para o túmulo que lhe era destinado, acompanhado dum numeroso séquito de parentes e amigos, porque o falecido pertencia a uma das mais consideradas famílias da cidade.

Xavier encontra o préstito, e comove-se da dor profunda do pai e da mãe, que acompanhavam também os tristes e últimos restos do filho; olha para eles com terna compaixão e os desconsolados pais sentem, naquele momento, passar ante si um raio de esperança. Lançam-se aos pés do Santo e abraçando os seus joelhos, dizem-lhe:

- Grande Padre! restituí-nos nosso filho! Se dirigirdes uma palavra de oração a Deus, ele o ressuscitará! Grande Padre! uma só palavra de oração!

Xavier, enternecido por uma tão grande dor, renova o milagre operado outrora pelo Salvador do mundo, para com a viúva de Naim. Toma água benta, faz um sinal da cruz, asperge o morto e tomando-o pela mão ordena-lhe que, em nome de Deus, se levante, e o rapaz ergue-se, e Xavier entrega-o à sua ditosa família!

No mesmo sítio onde ele foi ressuscitado fez a sua família erigir uma magnífica cruz, e ali vinha, de muito longe, orar e agradecer a Deus um tal milagre. Todo o reino de Travancor quis ver e conhecer de perto o grande Padre, e todos que o vissem prostravam-se a seus pés pedindo o batismo.

Poucos meses foram bastantes para que o ilustre apóstolo conquistasse para Jesus Cristo toda aquela extensão do país. E depois de ter chamado para ali alguns missionários para cultivar aquele campo que produzia tão consoladores frutos, separou-se dos seus queridos neófitos, a fim de ir levar a luz do Evangelho às regiões mais afastadas.