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Depois dos filósofos que [já examinamos], outros
foram novamente coagidos pela própria verdade a que
procurassem o princípio que se acharia em seguida ao que foi
dito, isto é, a causa do bem, que é a causa final. Estes
[outros filósofos], porém, ainda não colocaram a causa final
a não ser por acidente, porque colocaram a causa do bem
apenas pelo modo de causa eficiente. Foram coagidos a isso
porque os princípios que até aqui [se explicou terem sido
colocados pelos antigos filósofos] não eram suficientes para
gerar, [ou explicar], a natureza dos entes, nos quais é
patente que as coisas bem se encontram. Este fato é
demonstrado, por exemplo, pelas partes dos animais, que
[sempre] se encontram de tal maneira dispostas de modo a
concorrer ao bem estar do animal
De fato, para estes hábitos ou boas disposições
não se coloca suficientemente como causa o fogo, a terra ou
algum outro tal corpo, porque estes corpos agem
determinadamente segundo a necessidade da própria forma.
Assim, não parece ser [razoável] que o fogo, a terra ou
alguma outra coisa assim seja a causa das ditas boas
disposições das coisas. Do mesmo modo não está correto
afirmar que estas disposições são [automáticas], isto é, que
sejam movidas pelo acaso, como Empédocles afirmava. Isto é
falso, porque tais boas disposições são encontradas sempre ou
em sua maior parte. Aquelas coisas que são boas pelo acaso ou
pela sorte não se dão sempre, nem freqüentemente, mas
raramente. E por isso se faz necessário encontrar outro
princípio das boas disposições das coisas, além dos quatro
elementos.
[Temos em Anaxágoras o exemplo de um filósofo que
colocou a causa eficiente também como princípio do bem e do
mal]. Por causa das considerações anteriores, alguns
filósofos, [como Anaxágoras], colocaram que o intelecto
existe em toda a natureza, assim como existe nos animais, e
esta é a causa do mundo e da ordem do todo, isto é, do
universo, na qual ordem consiste o bem do todo e de cada
coisa.
[Aristóteles afirma que] os filósofos que chegaram
até aqui colocaram duas das quatro causas que são mencionadas
na Física, isto é, a matéria e a causa do movimento. Mas as
trataram de modo obscuro e não manifesto, não expressando que
as causas postas pertenciam a tal ou qual gênero de causa. E
mesmo daquilo que colocaram destas duas causas, assemelhavam-
se aos guerreiros não adestrados que, cercados pelos
inimigos, às vezes desfecham alguns bons golpes, não pela
arte, mas pelo acaso.
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