12. Movimento, ação e paixão. Levanta-se uma dificuldade.

Conforme foi dito, ao movente e ao móvel competem um certo ato. Assim, existe um ato do ativo e um ato do passivo. O ato do ativo é chamado ação, e o ato do paxxivo é chamado paixão.

Dito de outra maneira, a obra e o fim de cada coisa é o ato desta coisa e sua perfeição. Como a obra e o fim do agente é a ação, a ação é o ato do agente. Como a obra e o fim do paciente é a paixão, a paixão é ato do paciente.

Ora, tanto a ação, quanto a paixão, são movimentos.

Portanto, surge a primeira dificuldade. Se tanto a ação quanto a paixão são movimentos, poderiam ser

A. O mesmo movimento.

B. Movimentos diferentes.

Se são diversos movimentos,

A. Ambos podem se achar no paciente.

B. Um pode estar no paciente e outro no agente.

C. Ambos podem estar no agente.

Se ambos estão no agente, isto não pode ser, porque já foi dito que o movimento está no móvel.

Se a ação está no agente e a paixão está no paciente, como ação e paixão são movimentos, tanto o agente quanto o paciente se movem. Então daí seguir-se-iam dois inconvenientes:

A. Ou todo movente é movido,

B. Ou alguma coisa teria movimento e todavia não seria movida.

Se ação e paixão, sendo dois movimentos, estivessem ambos no paciente, seguir-se-iam três outros inconvenientes:

A. A ação sendo o ato do agente, seguir-se-ia o fato estranho de que o ato do agente não estaria no agente, mas no paciente, isto é, o ato de alguma coisa não estaria naquilo de quem ele é ato.

B. Além disso, uma e a mesma coisa seria movida segundo dois movimentos. O mesmo sujeito pode ser movido por dois movimentos que terminam em diversas espécies de términos. Entretanto, como a ação e a paixão terminam na mesma espécie de término, isto representaria um absurdo, como se um mesmo e único sujeito fosse movido por dois escurecimentos.