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O homem feliz segundo a felicidade especulativa,
porque opera segundo o intelecto contemplando a verdade,
colocando os seus cuidados nos bens do intelecto, parece
estar otimamente disposto, na medida em que possui excelência
naquilo que é ótimo ao homem, e é amadíssimo por Deus. De
fato, supondo, como é da verdade da coisa, que Deus tenha
cuidados e providência acerca das coisas humanas, é razoável
que se deleite acerca dos homens daquilo que é ótimo neles, e
que é semelhantíssimo a Deus. Trata-se do intelecto, como é
patente de tudo o que foi dito. Conseqüentemente, é razoável
que Deus maximamente beneficie àqueles que amam o intelecto,
e honram o próprio bem do intelecto preferindo-o a todos os
outros, como o próprio Deus cuida daqueles que operam
retamente o bem. Ora, é evidente que todas estas coisas
citadas convêm ao [homem] sábio. De fato, o homem sábio ama e
honra o intelecto, que é maximamente amado por Deus entre as
coisas humanas. O sábio também opera bem e retamente.
Conclui-se, portanto, que o sábio seja amadíssimo por Deus.
Ora, será felicíssimo o homem que for maximamente amado por
Deus, que é fonte de todos os bens. De onde se conclui também
segundo isto, que já que a felicidade do homem é dita ser
pelo fato de que é amado por Deus, que o sábio é maximamente
feliz.
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