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Convém simultaneamente ensinar as crianças nas
artes figurativas, que abarcam não apenas a escrita e a
pintura, mas também a escultura, não somente para que não
sejam enganadas quando venderem o que lhes pertence, mas
também para que sejam universalmente inseduzíveis na compra e
na venda das obras de arte, cujo valor, além do que está
contido na matéria, somente pode ser conhecido por meio
destas artes.
Mais ainda, porém, devem ser ensinadas nestas
artes para que por meio delas mais possam considerar a beleza
dos corpos, que consiste na devida proporção das partes entre
si e para com o todo, e também na cor, o que é algo bom e
deleitável em si mesmo. Com isto poderão ser ensinadas mais
livres e magnânimas.
De fato, buscar em todas as coisas a utilidade dos
bens exteriores e aquilo que pode advir a mais [destes bens
exteriores], não convém aos homens livres e magnânimos
enquanto tal. Os homens livres possuem o seu vigor mais pela
inteligência do que pelo corpo. pelo que mais buscam o bem da
inteligência do que o bem do corpo e do que os bens
exteriores. Os magnânimos, pela inclinação de suas almas e
pelo hábito da virtude se inclinam às coisas máximas e
honorabilíssimas, que são os bens segundo o intelecto e por
isso, diante dos mesmos, desprezam os bens exteriores e
também os bens do corpo. Deles o Filósofo afirma, no quarto
livro da Ética, que nem se fazem alegres com os bens da
fortuna, nem se tornam tristes com a perda das riquezas. Por
tudo isto deve-se dizer que pertence aos homens livres e
magnânimos mais buscar a preeminência nos bens que são
segundo o intelecto do que nos bens exteriores e amar a si
próprios mais segundo a inteligência, conforme o afirma
também o Filósofo no Nono Livro da Ética.
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