10. Que à felicidade se requer a continuidade e a perpetuidade o quanto possível

Requer-se também à felicidade a continuidade e a perpetuidade o quanto possível. O motivo disto é que o apetite do ser intelectual deseja [a continuidade e a perpetuidade do bem] por natureza, porque ele apreende o ser não somente segundo o agora, como o faz pelo sentido, mas também de modo simples, através do intelecto. Assim como o animal, apreendendo o ser pelo sentido segundo o agora, apetece o ser [segundo o] agora, assim também o homem, apreendendo o ser pelo intelecto de modo simples, apetece o ser de modo simples, e sempre, e não somente segundo o agora. Por isso a continuidade e a perpetuidade pertencem à razão da perfeita felicidade, a qual, todavia, não se encontra na presente vida. Entretanto, por causa disso, a felicidade, tanto quanto é possível na presente vida, deve se dar numa vida perfeita, isto é, por toda a vida do homem. Assim como uma andorinha não faz verão, assim também uma só operação feita não torna o homem feliz, mas isso se dá quando o homem por toda a [sua] vida continua a operação boa.