6. Se e como compete à ciência moral especular sobre o modo pelo qual as virtudes são causadas pelas operações.

[Compete à ciência moral especular sobre o modo pelo qual as virtudes são causadas pelas operações]. Nas ciências especulativas, nas quais somente pretendemos o conhecimento da verdade, é suficiente que se conheça a causa de cada efeito. Mas nas ciências operativas, cujo fim é a operação, é necessário conhecer por quais movimentos, ou operações, tal efeito se segue a uma tal coisa. Porque na ciência moral não pesquisamos o que é virtude somente para que saibamos a verdade sobre isto, mas para que, adquirindo a virtude, façamos o bem. Portanto, é necessário investigar acerca das nossas operações, quais devem ser feitas, porque, conforme foi dito, as operações têm [poder] e domínio sobre isto, que em nós sejam gerados o hábito do bem ou do mal.

[Quanto ao modo de se proceder a esta invetsigação], deve-se conceder que todo discurso acerca do que é operável, como é o presente, deve ser feito exemplarmente, ou à maneira de semelhança, e não segundo a certeza. Isto acontece porque os discursos devem ser investigados segundo a condição de [sua] matéria. Ora, nós vemos que as coisas que estão nas operações morais, e as demais que a isto lhe são úteis, como os bens exteriores, não têm em si mesmo algo de permanente por modo de necessidade, mas, [ao contrário], são todos contingentes e variáveis. E se os discursos morais já são incertos e variáveis no [que é] universal, muito mais incerto estaria alguém que quisesse ulteriormente investigar a doutrina acerca dos singulares em especial. De fato, [a investigação acerca dos singulares em moral] não se inclui nem sob a arte, porque as causas dos operáveis singulares variam de infinitos modos, de tal maneira que o julgamento acerca dos singulares é deixado à prudência de cada um. Isto significa que os próprios operantes pela sua prudência devem considerar o que convém agir segundo o tempo presente, consideradas todas as circunstâncias particulares, assim como é necessário que o médico faça ao medicar, e o que controla o curso do navio. Todavia, devemos tentar [algo acerca dos singulares na ciência moral], para que seja dado sobre isto algum auxílio ao homem, pelo qual ele possa dirigir-se em suas obras.