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Algumas vozes significam o verdadeiro e o falso,
outras não.
As concepções da inteligência são anteriores, pela
ordem da natureza, às vozes, pois as vozes são proferidas
para expressarem as concepções da inteligência. Ora, deve-se
considerar que, conforme se explica no IIIº Livro do De
Anima, duas são as operações da inteligência, em uma das
quais não se encontra e em outra das quais se encontra o
verdadeiro e o falso. Como as vozes significativas são
formadas para expressar as concepções da inteligência, por
isso, para que o sinal se conforme ao assinalado, é
necessário que também, entre as vozes significativas, algumas
signifiquem sem o verdadeiro e o falso, e outras com o
verdadeiro e o falso.
A primeira das duas operações da inteligência é a
inteligência dos indivisíveis, que se dá com quando a
inteligência intelige absolutamente a qüididade ou a essência
de cada coisa por si mesma, como por exemplo, o que é o
homem, o que é o branco ou o que é alguma outra coisa como
estas.
A segunda das operações da inteligência é a que se
dá quando a inteligência compõe e divide simultaneamente
estes conceitos simples.
A verdade e a falsidade dizem respeito à
composição e à divisão. O Filósofo diz que é nesta segunda
operação da inteligência, isto é, da inteligência componente
e dividente, que se encontra a verdade e a falsidade, dando
com isto a entender que não se encontra na primeira, o que é
dito explicitamente no IIIº do De Anima.
A composição ocorre quando a inteligência compara
um conceito a outro, como que apreendendo a conjunção ou a
identidade das coisas às quais se referem as concepções. A
divisão ocorre quando a inteligência compara de tal modo um
conceito a outro que apreende as coisas serem diversas.
Por este motivo é que nas vozes a afirmação é dita
composição, na medida em que significa a conjunção por parte
da coisa; e a negação é dita divisão, na medida em que
significa a separação das coisas.
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