10. Os cultivadores das terras.

O Filósofo em seguida declara como devem ser os cultivadores das terras. Na cidade ótima os cultivadores da terra, se puderem ser designados facilmente, deverão ser servos de corpo robusto, para que possam trabalhar bem a terra. Deverão ser deficientes de inteligência, para que não sejam capazes de fraudarem seus senhores por meios engenhosos.

Não devem, ademais, ser da mesma tribo, pois de outro modo poderiam se tornar mais fortes do que os cidadãos. Não deverão também ser animosos pois, se o fossem, ousariam insurgir-se com mais facilidade. Convém, portanto, que sejam de corpo robusto, deficientes de inteligência, pusilânimes e não da mesma tribo. Deste modo serão mais úteis à elaboração da terra e não se insurgirão maquinando contra os senhores. [Deve-se notar que, embora o Filósofo afirme que esta seja a descrição da pessoa mais apropriada para o trabalho agrícola, ele não sustenta que deve-se manter uma pessoa capaz do trabalho da inteligência na ignorância para que possa ser aproveitada na agricultura]. O Filósofo também acrescenta que, se não for possível encontrar homens como estes para o trabalho agrícola, podem ser trazidos para o trabalho agrícola outros homens bárbaros, naturais de outras regiões, que tenham uma disposição natural para o trabalho servil; estes, de fato, serão semelhantes aos homens anteriormente descritos segundo a disposição natural. [Tudo isto, porém, o Filósofo parece querer afirmá-lo no que diz respeito às terras comuns].

O cultivo das terras que são próprias de cada cidadão convém que seja próprio daqueles a quem as terras pertencem; o cultivo da terra comum convém que seja confiado ao servos da comunidade. Como, porém, o senhor deve comportar-se para com os servos quando se utiliza de seus trabalhos será um assunto que o Filósofo irá discutir mais adiante.