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O apetite sensitivo é dividido em duas forças: o
apetite concupiscível e o apetite irascível.
O apetite concupiscível é o que diz respeito ao
bem sensível absolutamente e ao mal [sensível] a ele
contrário. É dito bem sensível aquele que é deleitável
segundo o sentido.
O apetite irascível é o que diz respeito ao bem
sob a razão de alguma [excelência]. Por exemplo, assim como a
vitória é dita ser um certo bem, embora não o seja com a
deleitação dos sentidos.
Assim, portanto, quaisquer paixões que dizem
respeito ao bem e ao mal absolutamente, estarão no
concupiscível. Aquelas que, entretanto, dizem respeito ao bem
e ao mal debaixo da razão de algum árduo, pertencerão ao
irascível.
[As paixões que estão no concupiscível dividem-se
em paixões que dizem respeito ao bem, tomado absolutamente, e
em paixões que a estas se opõem, ordenando-se ao mal, tomado
absolutamente].
As paixões que dizem respeito ao bem, tomado
absolutamente, são o amor, que implica uma certa
conaturalidade do apetite ao bem amado; o desejo, que importa
num movimento do apetite ao bem amado; a deleitação, que
importa na quietude do apetite no bem amado.
As paixões que a estas se opõem, ordenando-se ao
mal, tomado absolutamente, são o ódio, que se opõe ao amor; a
aversão, que se opõe ao desejo; a tristeza, que se opõe à
deleitação.
As paixões que estão no irascível são as paixões
que dizem respeito ao bem e ao mal debaixo da razão do árduo.
São estas, em relação ao mal, o temor e a audácia; em relação
ao bem, a esperança e o desespero. Existe, além destas, a
ira, que por ser paixão composta, não apresenta contrário.
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