6. A felicidade é uma operação do homem.

[O bem de cada coisa consiste em sua operação própria]. Para qualquer coisa que tenha uma operação própria, esta operação própria é o seu bem, e o que é bem, para ela consiste em sua operação. Por exemplo, o bem do tocador de flauta consiste em sua operação, e de maneira semelhante o bem daquele que faz estátuas, e de qualquer artífice.

O motivo pelo qual isto pode ser dito está em que o bem final de qualquer coisa é sua perfeição última. Ora, [esta perfeição última ] é a forma, que é a perfeição primeira, [e não a operação, que é na verdade somente] uma perfeição segunda. Porém, o bem final de qualquer coisa exige sua operação, porque se, [por exemplo], o bem final do homem for alguma coisa exterior, esta coisa somente será alcançada mediante uma operação. [Neste sentido, portanto, pode-se dizer que o bem final de algo consiste em sua operação própria].

Se, portanto, existir uma operação própria do homem, será necessário que nesta operação própria consista o seu bem final, que é a felicidade. E assim [fica claro como] a felicidade é a operação própria do homem.

Se, porém, for dito que a felicidade consiste em alguma outra coisa, esta [outra coisa] será algo pelo qual o homem é tornado idôneo a tal operação, ou será algo a que o homem atinge pela sua operação, assim como Deus é dito ser a felicidade do homem.