2. Que existe uma ciência que trata do ente.

Suponhamos que exista uma ciência que trata do ente. Ora, toda a ciência não apenas deve especular sobre o seu sujeito, mas também os acidentes per se desse sujeito. Portanto, a ciência que especula do ente enquanto ente como seu sujeito, também deverá especular dos acidentes per se do ente.

[Esta ciência] diz-se do "ente enquanto ente", porque todas as ciências consideram o ente, sendo qualquer sujeito de qualquer ciência entes. Não consideram, todavia, o ente enquanto ente, mas enquanto tal tipo de ente, como o número, a linha, o fogo, ou algo assim.

[Esta ciência] diz-se [também] dos acidentes per se do ente, e não simplesmente dos acidentes, para significar que à ciência do ente enquanto tal não compete considerar dos acidentes do ente, mas apenas dos seus acidentes per se. O geômetra, por exemplo, não considera se o triângulo é de cobre ou de madeira, mas apenas considera o triângulo de modo absoluto, na medida em que apresenta três ângulos idênticos, e assim por diante. Assim também à ciência do ente enquanto tal não compete a consideração de tudo o que por acidente há no ente, porque todos os acidentes existem em algum ente, não todavia enquanto ente.