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Foi dito anteriormente que a essência de cada
coisa é idêntica com aquilo de quem é essência. [Deve-se
agora dizer que] isto é verdadeiro simpliciter [apenas] em
algumas coisas, que são as substâncias primeiras, ou as
substâncias imateriais.
[Tomemos o exemplo da curvidade]. A curvidade
parece ser forma na matéria, não na matéria sensível, mas na
inteligível, que é o próprio contínuo. Existe, porém, uma
certa curvidade primeira, assim como a curvidade que está nas
espécies segundo os Platônicos, em quais espécies de modo
comum é verdadeiro que qualquer coisa é idêntica com a sua
essência. A outra curvidade que está nas coisas sensíveis ou
nas matemáticas não é primeira. De onde se segue que não é
idêntica com a sua essência.
[A essência é idêntica com aquilo de quem é
essência nas substâncias primeiras]. Por substâncias
primeiras aqui Aristóteles entende aquelas coisas que são
formas não na matéria, assim como as substâncias separadas.
Em quaisquer coisas que sejam assim como a matéria, ou que
sejam concebidas com a matéria, assim como os compostos que
têm em sua razão a matéria, nesta não há identidade da
essência com aquilo de quem é essência. A mesma coisa pode se
dizer das coisas que são ditas segundo o acidente.
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