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O primeiro modo pelo qual alguns quiseram
distinguir as virtudes é segundo alguns modos gerais da
virtude, que são quatro.
[Os quatro modos gerais de virtude são os
seguintes]. A raiz da virtude consiste na própria retidão da
razão. Segundo esta dirigimos quaisquer ações e paixões.
Outra [coisa] são as ações dirigíveis, que não sejam paixões.
A respeito delas não se requer nada senão que a razão
estabeleça uma certa [equanimidade] de retidão, porque estas
ações, o quanto é de si, não apresentam nenhuma resistência à
razão. [Como exemplos, as ações] de compra e venda, e outras
tais. Porém as paixões implicam uma certa inclinação, que
pode se opor à razão de dois modos. De um primeiro modo,
quando a razão impele a outra coisa, do modo como acontece em
todas as paixões que pertencem ao acompanhamento do apetite,
tais como a concupiscência, a esperança, a ira e outras tais.
Acerca destas paixões se faz necessário que a retidão da
razão estabeleça reprimindo-as e retirando-as. De um segundo
modo, quando a paixão foge daquilo que é segundo a razão,
como acontece em todas as paixões que [consistem] numa fuga
do apetite, como o temor, o ódio e semelhantes. Em tais
paixões é necessário que a razão estabeleça a retidão
firmando o ânimo naquilo que é segundo a razão. Segundo estas
quatro coisas damos nomes às virtudes que são ditas
principais. À prudência pertence a retidão da razão. À
justiça, a igualdade constituída nas operações. À fortaleza,
a firmeza do ânimo. À temperança, a repressão das paixões.
Segundo este primeiro modo de distinguir as
virtudes, estas quatro virtudes são tomadas de modo geral,
colocando que todo conhecimento da verdade pertença à
verdade, toda igualdade das ações à justiça, toda firmeza de
ânimo à fortaleza, e todo refreio ou repressão à temperança.
De onde se vê que os filósofos que distinguiram as virtudes
desta maneira, colocaram estas quatro virtudes [como sendo os
quatro gêneros da virtude], e disseram que todas as virtudes
seriam espécies destas [quatro].
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