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Se as posses fossem comuns a todos os cidadãos,
não seria possível que todos os cidadãos cultivassem os
campos. Seria necessário que os maiores se ocupassem dos
negócios maiores, enquanto que os menores se ocupassem da
agricultura. Todavia, seria necessário que os maiores, que
menos teriam trabalhado na agricultura, mais recebessem de
seus frutos. Ora, por causa disso necessariamente se
originariam acusações e litígios, na medida em que os
menores, que mais teriam trabalhado, murmurariam dos maiores
que, pouco trabalhando, muito receberiam, enquanto que eles
mesmos, ao contrário, menos receberiam, embora mais tivessem
trabalhado.
Ademais, é muito difícil que muitos homens, ao
conduzirem uma vida comum, comuniquem em alguns bens humanos
e principalmente nas riquezas. De fato, vemos que aqueles que
comunicam em algumas riquezas têm muitas dissenssões entre
si, como é evidente naqueles que viajam juntos;
freqüentemente, de fato, discordam, quando fazem as contas,
naquilo que gastam em comida e em bebida e às vezes por pouco
se agridem e ofendem por palavras e obras. De onde que é
evidente que, onde todos os cidadãos tivessem em comum todas
as posses, isto [lhes seria causa para] a existência de
muitos litígios.
Finalmente, os homens são maximamente ofendidos
pelos servos dos quais muito necessitam para certos
ministérios servis, o que ocorre por causa da comunidade da
conversação da vida [que desta necessidade decorre]. De fato,
aqueles que não convivem freqüentemente não se turbam com
freqüência. De onde que é evidente que a comunicação entre os
homens existentes é freqüentemente causa de discórdia.
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