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Assim como nos exemplos precedentes, assim o ente
é dito de múltiplas maneiras. Todavia, todo ente é dito por
relação a um primeiro ente. Este primeiro ente não é um fim,
nem um princípio eficiente, como nos exemplos precedentes,
mas um sujeito. Algumas coisas são ditas entes ou seres
porque apresentam um ser per se, como as substâncias, as
quais principal e primariamente são ditas entes. Outras
coisas são ditas entes porque são paixões ou propriedades da
substância, assim como ocorre com os acidentes de cada
substância. Outras são ditas entes porque são vias ou
caminhos à substância, assim como o movimento e a geração.
Outras ainda são ditas entes porque são corrupções da
substância. Ora, a corrupção é a via para o não ser, assim
como a geração é a via à substância. E porque a corrupção
termina na privação, assim como a geração termina na forma,
até as privações das formas substanciais podem ser ditas
entes. Finalmente, inclusive as negações daquelas coisas que
apresentam hábito às substâncias, e a negação da própria
substância podem ser ditas entes. Neste sentido é que dizemos
que o não ser é não ser. Isto não poderia ser dito se à
negação o ser de algum modo não competisse.
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