|
Somente é verdade dizer-se que os contrários se
fazem um a partir do outro, conforme dito acima, se tomarmos
também o sujeito destes contrários. Somente assim pode-se
dizer que o que é alguma coisa branca se torna negra, mas não
que o branco se torna negro.
Desta maneira, se existissem apenas dois
contrários como princípios, não se enxerga como a partir
deles tudo possa ser feito. Porque ambos os contrários
transformam um terceiro, que é o sujeito de ambos: o quente
não torna quente a frigidez, mas o sujeito da frigidez.
Assim, é necessário colocar um terceiro princípio,
que é o sujeito dos contrários, o qual, a partir dos
contrários, possa tornar-se nas outras coisas.
Se isto não for feito, advém uma dúvida maior
ainda: os primeiros princípios não podem ser acidentes de
algum sujeito, mas como o sujeito é o princípio dos acidentes
que do mesmo se predicam, segue-se que, como os contrários
somente existem entre os acidentes, já que não existe
contrário da substância, estes contrários deverão ser
acidentes de algum sujeito e este sujeito será o princípio
daqueles que se dizem princípios.
Os princípios não serão mais de três, pelos
motivos que se seguem. Se algo pode ser feito pelo menos
número, torna-se supérfluo que se faça pelo maior número. Mas
toda a geração das coisas naturais pode ser completada
colocando um princípio material e dois formais. Portanto, não
são necessários mais do que três princípios.
|
|