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Para sustentar a eternidade do movimento, é
necessário colocar-se uma substância eterna sempre movente
e agente.
Porém, para que o movimento seja eterno, não é
suficiente existir uma [tal] substância motiva e efetiva
eterna. Será necessário, [além disso], que [esta
substância] seja sempre movente e agente em ato. Isto
porque, se tivesse potência de mover e causar o movimento,
não sendo assim agente em ato, não lhe seria necessário, se
tivesse a potência de mover, que movesse em ato. De fato,
sucede àquilo que tem potência de agir, que não aja. Ora,
se assim fosse, o movimento não seria eterno. Para que,
portanto, o movimento seja eterno, será necessário colocar
alguma substância eterna movente e agente em ato.
[Além disso], não será também suficiente à
eternidade do movimento, que a substância eterna aja, se
estiver em potência segundo a sua substância, porque então
o movimento não poderia ser eterno. Se, de fato, houvesse
tal movente, em cuja substância entrasse potência, lhe
aconteceria de não ser, porque àquilo que está em potência
sucede que não seja. E por conseqüência, aconteceria que o
movimento não seria, e assim o movimento não seria por
necessidade e eterno. Desta maneira, portanto, concluímos
que é necessário existir algum primeiro princípio do
movimento tal que sua substância não esteja em potência,
mas seja somente ato.
[Finalmente, vamos concluir] que tal substância
terá que ser por necessidade imaterial. De tudo o que foi
dito, segue-se que tais substâncias, que são princípios de
movimentos eternos, tem que ser sem matéria
necessariamente, porque a matéria é em potência.
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