6. Se a quididade de uma coisa é o mesmo que a coisa.

Quididade é a essência de uma coisa, significada pela definição [desta coisa]. A razão para se perguntar se a quididade de uma coisa é o mesmo que a coisa provém de que Platão colocava a quididade das coisas como estando separada [da coisa]. Às quididades Platão chamava de idéias.

[Quanto a isto, a posição de Aristóteles é que As quididades das coisas estão nas coisas] e não são diferentes das [próprias] coisas exceto por acidente. Por exemplo, a quididade de um homem branco não é o mesmo que o homem branco. Isto porque a quididade do homem branco somente contém em si aquilo que pertence à espécie do homem. Mas o homem branco contém em si algo que está além da espécie humana [que é o acidente branco].

Isto ocorre em tudo aquilo que apresenta forma na matéria, porque nestas coisas existe algo além do princípio da espécie. Já que a natureza da espécie é individuada pela matéria, os princípios individuantes e os acidentes do indivíduo estão para além da essência da espécie. Por isso é que ocorre sob uma mesma espécie acharem-se diversos indivíduos, porque, apesar de não diferirem na natureza da espécie, diferem todavia segundo os princípios individuantes. Portanto, em todas aquelas [coisas] que apresentam forma na matéria, não é completamente idêntica a coisa e sua quididade, [ou essência]. Exemplo: Sócrates não é sua humanidade.

Entretanto, nas coisas que não apresentam forma na matéria, como as formas simples, estas nada podem ter além da essência da espécie. E isto porque a própria forma é toda a essência. E por isso nelas não podem existir diversos indivíduos de uma mesma espécie, nem podem ser diferentes a coisa e sua quididade.