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Segundo a posição de Sócrates cada um dos cidadãos
dirá de cada um dos cidadãos "este é meu filho". E assim o
dirá de mil ou de quantos ocorrer que haja na cidade, e isto
o dirá não como se soubesse como certo que ele fosse o seu
filho, mas com dúvidas porque, se as mulheres são comuns,
muitos se aproximando de uma mesma [mulher], não poderá ser
manifesto de que pai será cada filho.
Deve-se considerar, portanto, se de fato é melhor
que alguém chame a outro de seu filho ou neto deste modo,
[segundo o qual pode ser dito] de um número de dois mil, ou
se não será melhor que alguém chame algum jovem de seu
próprio filho segundo o modo como agora se o faz nas cidades.
Isto, no entanto, parece ser algo da maior importância na
legislação de Sócrates, isto é, que muitos dissessem este ou
aquele ser seu filho.
Por outra parte é importante que diversos digam de
uma só e mesma pessoa que seja seu filho ou neto não como
algo comum, mas como próprio. É muito melhor e mais eficaz
para favorecer a amizade e o cuidado que alguém estime de
outro que seja seu neto próprio do que se estima que seja um
filho comum segundo o modo colocado por Sócrates. Conforme
dissemos, os homens amam e buscam mais o que lhes é próprio
do que o que lhes é comum. De onde que é evidente que a lei
de Sócrates mais traria dano do que utilidade à cidade.
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