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[A dificuldade anterior, quanto ao intelecto, pode
ser resolvida do seguinte modo.] O intelecto de uma certa
forma é próprio da alma, e de uma outra certa forma é
conjunto com o corpo.
Existem operações da alma que necessitam do corpo
como instrumento e como objeto. Por exemplo: ver necessita do
corpo como objeto, porque a cor, que é objeto da visão, está
no corpo. Ver também necessita do corpo como instrumento,
porque a visão, apesar de ser pela alma, não se dá, todavia,
senão pelo órgão da vista, que é o seu instrumento. Desta
maneira, ver não é somente da alma, mas também do órgão.
Existem outras operações da alma que necessitam do
corpo, não todavia como instrumento, mas apenas como objeto.
Assim, o inteligir não é pelo órgão corporal, mas necessita
do objeto corporal. Os fantasmas, de fato, se acham para com
o intelecto assim como as cores para com a visão. Ora, as
cores se acham para com a visão como objetos. Portanto, os
fantasmas se acharão para com o intelecto como objetos. Daí
que, não existindo os fantasmas sem o corpo, fica patente que
o inteligir não se dá sem o corpo. Mas isto como objeto, não
como instrumento.
A primeira conclusão que se segue é que o
inteligir é uma operação própria da alma, e não necessita do
corpo exceto apenas como objeto. Ver e as demais operações e
paixões da alma não são apenas da alma, mas conjuntas.
A segunda conclusão que se segue é que como o que
apresenta operação per se também apresenta ser e subsistência
per se, e aquilo que não tem operação per se não apresenta
ser [e, subsistência] per se, por conseguinte
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A. O intelecto é forma subsistente.
B. As demais potências são formas em matéria.
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