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Uma coisa viva faz uma outra coisa viva tal qual
ela mesmo é. Assim é que o homem gera outro homem, e uma
azeitona gera outra azeitona. É natural nos seres viventes o
gerarem outros tais quais eles mesmos são, para que sempre
participem, segundo o que possam, do divino e do imortal, e a
ele se assemelhem segundo possam.
Deve-se considerar que assim como há diversos
graus de perfeição em um mesmo e único [ente], na medida em
que ele passa da potência ao ato, assim também existem
diversos graus de perfeição nos diversos entes. E assim como
qualquer coisa que esteja em potência se ordena ao seu
[respectivo] ato, e o apetece naturalmente, assim também
todas as coisas que estão num grau inferior [entre os
diversos entes] desejam assemelhar-se aos superiores, o
quanto lhes seja possível. E isto é o que Aristóteles quer
dizer e enfatiza ao dizer que todas as coisas apetecem
assemelharem-se ao divino e imortal, e em virtude desta causa
agem todas as coisas que naturalmente agem. E porque não
podem alcançar os seres inferiores e serem sempre eternos e
divinos, por modo de continuação, sendo a necessidade da
corrupção uma necessidade absoluta, na medida em que é
proveniente da própria matéria, segue-se que todas as coisas
comunicam a perpetuidade na medida do que podem, alguns mais,
outros menos, e estes permanecem sempre pelo [processo da]
geração, não de modo simples [simpliciter], mas segundo a
espécie.
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