15. Primeira razão pela qual um predicado universal não pode ser determinado universalmente.

A primeira razão pela qual um predicado universal não pode ser determinado universalmente está em que este modo de predicar repugnaria ao predicado segundo a razão própria que o predicado tem na enunciação.

Conforme já foi explicado, o predicado é como que a parte formal da enunciação, enquanto que o sujeito é a sua parte material. Ora, quando algum universal é tomado universalmente, este universal está sendo tomado segundo a relação que ele possui para com [todos e cada um dos] singulares que estão contidos sob si mesmo. [Do mesmo modo], quando algum universal é tomado de modo particular, está sendo tomado segundo a relação que possui para com alguns dos singulares que estão contidos sob si mesmo. Deste modo, ambas [estas determinações, a universal e a particular], pertencem à determinação material do universal. [Estas determinações, portanto, convém ao sujeito, que é a parte material da enunciação, mas não ao predicado, que é a parte formal da enunciação]. Por isso não se acrescentam convenientemente sinais universais ou particulares aos predicados, mas apenas aos sujeitos. É assim que se diz mais convenientemente

"Nenhum homem é asno"

do que

"todo homem é nenhum asno".

Semelhantemente diz-se com mais conveniência

"Algum homem é branco"

do que

"o homem é algum branco".

Encontram-se, todavia, algumas vezes, entre os escritos dos filósofos, algum sinal particular acrescentado ao predicado para significar que o predicado é algo a mais do que o sujeito, e isto principalmente quando, determinado já o gênero, investigam-se as diferenças completivas da espécie, como quando no IIº Livro do De Anima de Aristóteles o Filósofo escreve que

"A alma é um certo ato".