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Já que a felicidade é [uma] operação não impedida,
o homem feliz necessitará de bens corporais, por exemplo,
saúde e integridade, e de bens exteriores, para que por
defeito nestas coisas o [homem] feliz não seja impedido em
sua operação. Assim, aqueles que dizem que se o homem é
virtuoso é feliz, mesmo se circundado e submetido a grandes
infortúnios, não dizem nada de razoável, tanto se o afirmam
querendo, como que assentindo pelo intelecto a esta
afirmação, tanto se o afirmam não querendo, como que coagidos
pela razão contra o que lhes parece.
[Vamos considerar, porém, o que isto não
significa]. Pelo fato da felicidade necessitar de bens
[exteriores], a alguns pareceu que felicidade seria o mesmo
que [estes] bens, o que não é verdade. E isto não é verdade
porque a própria super excelência de bens exteriores é
impeditiva de felicidade, na medida em que as pessoas por
elas são impedidas às obras das virtudes, nas quais consiste
a felicidade.
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