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Depois que o filósofo determinou acerca do fim da
virtude, considerada no próprio homem virtuoso, que é a
deleitação ou felicidade, pretende agora determinar acerca de
outro fim da virtude, que é tomado por relação ao bem comum,
mostrando que além da doutrina moral já exposta, é necessária
uma outra ciência legislativa que vise ao bem comum. De fato,
além do que já foi dito acerca da felicidade, das virtudes,
da amizade e da deleitação, resta ainda mais a dizer. Isto
porque para que alguém se torne virtuoso não basta conhecer a
doutrina moral já exposta, é necessário o costume de uma vida
boa. Para adquirir esse costume é necessário que se coloquem
leis. Para que se coloquem as leis, porém, é necessário que o
homem se torne legislador, [com o que poderá visar ao bem
comum]. [Como, porém, não basta que se diga que o homem deve
tornar-se legislador, devendo-se] mostrar como alguém pode
tornar-se legislador, Aristóteles explicará como faria isto
em seguida nos livros da Política, aonde tratará, dentre
outras coisas, acerca da ciência legislativa. Esta última
parte da Ética, portanto, é na verdade uma introdução à
Política.
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