10. O que move os corpos leves e pesados.

Já que aquilo que está em potência é movido por aquilo que está em ato, deve-se entender que uma coisa é dita ser potencialmente leve ou pesada de muitas maneiras.

De uma maneira, enquanto uma coisa é ainda água, ela está em potência para se tornar leve.

De uma outra maneira, quando o ar já foi feito da água, ele ainda está em potência para o ato do leve, que é estar em cima. Porque acontece que aquilo que é leve pode estar impedido de estar em cima. Mas se aquele impedimento é removido, ele subirá imediatamente e estará em cima.

Portanto é claro que aquilo que remove aquilo que impede [a coisa leve ou pesada de subir ou descer] em um certo sentido move e em outro sentido não move. Por exemplo, se uma coluna suporta algo pesado, quem destrói a coluna num certo sentido é dito mover o pesado suportado. Mas é dito mover por acidente e não per se.

[A coisa leve ou pesada] é movida per se pelo arremessador inicial. Quem destrói uma coluna não dá ao peso suportado um ímpeto ou uma inclinação para baixo. Mas [o peso tem seu ímpeto ou inclinação para baixo] proveniente de seu primeiro gerador que lhe deu a forma à qual segue a referida inclinação. Portanto, o gerador é o movente per se das coisas leves e pesadas.

Não obstante, o movimento destas coisas é natural porque elas têm um princípio de movimento dentro de si mesmas, não um princípio ativo ou motor, mas um princípio passivo, que é a potência para um tal ato.

Disto fica claro que é contrário à intenção de Aristóteles dizer que existe um princípio ativo na matéria. O princípio passivo, que é a potência natural para o ato, é suficiente.