5. Primeira objeção dos filósofos Platonistas ao argumento de Eudoxo.

[A primeira coisa que os filósofos platonistas objetaram ao argumento de Eudoxo está na premissa da qual Eudoxo partia, dizendo os Platonistas não ser verdade que aquilo que todos apetecem é bom].

[A isto o Filósofo responde que] aquilo que a todos parece dizemos que assim o seja, e isto é como que um princípio, porque não é possível que o julgamento natural falhe em todos. Como o apetite não o é a não ser daquilo que parece ser bom, aquilo que por todos é apetecido a todos parece ser bom. Assim, a deleitação que por todos é apetecida é boa.

Aquele, porém, que nega aquilo que por todos é acreditado, não é totalmente de se acreditar. Quem afirma uma coisa destas poderia sustentá-la se somente aqueles que não possuem intelecto, isto é, os animais brutos e os homens maus, apetecessem as deleitações, porque o sentido não julga o bem a não ser na medida do agora. Assim a deleitação não seria o bem de modo simples, mas somente bem na medida do agora. Porém, como também os que possuem sabedoria apetecem alguma deleitação, [os filósofos Platonistas] não parecem de todo dizer algo.

Todavia, se também todos os que agem sem intelecto apetecessem a deleitação, ainda assim seria provável que a deleitação fosse algum bem, porque também nos homens maus há algum bem natural que inclina o apetite ao bem conveniente, e este bem natural é melhor do que os homens maus, enquanto tais. De fato, assim como a virtude é perfeição da natureza, e por causa disto a virtude moral é melhor do que a natural, conforme declarado no livro sexto, assim [também], sendo a malícia [uma] corrupção da natureza, o bem natural lhe é melhor, assim como o íntegro ao corrupto. Ora, é manifesto que os homens maus se diversificam segundo aquilo que pertence à malícia, sendo as malícias contrárias entre si. Portanto, aquilo segundo o qual os homens maus concordam, isto é, o apetecer a deleitação, mais parece pertencer à natureza do que à malícia.