7. O inteligir [pensar] não é o mesmo que o sentir.

O inteligir se dá corretamente e não corretamente. O inteligir se dá corretamente segundo a ciência, que é dos especuláveis e necessários, ou segundo a prudência, que é a reta razão [ratio] das coisas contingentes que se referem à ação, ou segundo a opinião verdadeira, que se refere a ambos estes. O inteligir se dá não corretamente segundo a falsa ciência, segundo a imprudência e segundo a falsa opinião. Mas o sentir não se dá senão retamente, porque o sentido acerca dos sensíveis próprios sempre é verdadeiro. Portanto, sentir e inteligir não podem ser o mesmo.

E para que alguém não pudesse dizer que [então] o sentir é o correto inteligir, por isso Aristóteles acrescenta ao argumento precedente o argumento de que o sentir existe em todos os animais, mas o inteligir não, porque este existe apenas naqueles nos quais existe a razão, isto é, nos homens, os quais pela inquisição da razão alcançam a apreensão da verdade inteligível. Portanto, o reto inteligir e o sentir não são o mesmo.

[Cabe uma observação]. Nas substâncias separadas, que são intelectos mais elevados, a verdade é inteligida de maneira imediata e sem inquisição da mesma.