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Não se pode dizer que alguém enuncie algo se
significar alguma coisa pela voz do modo como o nome ou o
verbo significam.
Há, de fato, dois modos de nos utilizarmos da
enunciação.
Às vezes utilizamo-nos da enunciação como que
respondendo a uma interrogação. Assim é que, sendo-nos
perguntado `Quem está na escola?', respondemos `o mestre'.
Outras vezes utilizamo-nos da enunciação por
iniciativa própria, ninguém nos perguntando nada, como quando
dizemos "Pedro corre".
O Filósofo diz que aquele que significa algo uno
pelo nome ou pelo verbo não enuncia nem como aquele que
responde a alguém que o interroga, nem como aquele que
profere uma enunciação por iniciativa própria, sem ser
questionado.
O Filósofo faz uma consideração para mostrar que o
simples nome ou verbo, quando usado para responder a uma
interrogação, parece significar o verdadeiro ou o falso, o
que é algo próprio da enunciação. Isto, porém, não compete ao
nome e ao verbo, a não ser na medida em que é entendido em
conjunção com alguma outra parte proposta na interrogação,
como se ao que pergunta `Quem ensina na escola?',
respondendo nós `o mestre', subentende-se `ensina na
escola'.
Se, portanto, aquele que enuncia algo pelo nome ou
pelo verbo [na verdade] não enuncia, é manifesto que a
enunciação não significa o uno segundo o modo pelo qual o
nome ou o verbo significam o uno.
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