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[A definição de Aristóteles se situa num termo
médio entre a de Sócrates e a dos demais filósofos]. Os
filósofos [que afirmaram a virtude moral ser um hábito
segundo a razão reta pecaram] por deficiência [nesta
afirmação], porque a virtude moral não somente é tal que seja
segundo a razão reta. De fato, se somente isto fosse, alguém
poderia ser moralmente virtuoso sem que possuísse a
prudência, sendo instruído pela razão de uma outra pessoa.
Por isso é necessário, além disto, dizer que a virtude moral
é um hábito [segundo a razão reta] e com a razão reta, que é
a prudência. Desta maneira, fica evidente que os demais
filósofos disseram de menos. Já quanto a Sócrates, este disse
mais do que devia, estimando que todas as virtudes morais
fossem razão, e não com a razão, que [aqui deve ser
entendido] como sendo a prudência. Entre os que disseram
menos do que deviam, afirmando que a virtude moral seria
somente segundo a razão, e [os que disseram mais do que
deviam, afirmando que a virtude moral seria a razão],
Aristóteles se situa num termo médio, colocando a virtude
moral ser segundo a razão e com a razão.
Assim fica evidente, de tudo o que foi dito, que
não é possível algum homem ser bom segundo a virtude moral,
sem a prudência, nem também ser prudente sem a virtude
[moral].
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