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Deve-se notar ainda que Aristóteles não disse que
o universal é algo
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"que se predica de muitos",
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mas sim que é algo
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"capaz de ser predicado de muitos".
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[Para entendermos a razão desta diferença], deve-se
considerar que a inteligência apreende a coisa inteligida
segundo a sua própria essência ou definição. De fato, no
Terceiro Livro do De Anima diz-se que o objeto próprio da
inteligência é [a quididade ou o]
[isto é, "aquilo que algo é", ou a essência].
Ora, algumas vezes a razão própria de alguma forma
inteligida não repugna a que ela esteja presente em muitos
[sujeitos], mas esta [múltipla presença] é impedida por
alguma outra razão, seja algo que lhe sobrevenha
acidentalmente, como se falecessem todos os homens com
exceção de um único, seja por causa da condição da matéria,
como é o caso do Sol, que é único não porque repugne à razão
do Sol que esteja em muitos segundo a condição de sua forma,
mas porque não há outra matéria que seja susceptível de
[receber] tal forma.
É por isso que Aristóteles não disse que o
universal é "o que se predica de muitos", mas "o que é
capaz de ser predicado de muitos".
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