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[A primeira razão é comum à ira e concupiscência].
Tanto a concupiscência como a ira são comuns aos homens e aos
animais irracionais. Mas nos animais irracionais não
encontramos a eleição, como já foi dito. Portanto, a eleição
não é concupiscência, nem ira.
[A segunda razão vale somente para a
concupiscência]. Se a eleição fosse concupiscência, todos os
que operassem pela eleição operariam pela concupiscência e
vice-versa. Mas isto é falso. [Quando os incontinentes não
permanecem na própria eleição] por causa da concupiscência,
estão operando segundo a concupiscência, mas não segundo a
eleição. Os continentes, inversamente, operam pela eleição,
não todavia pela concupiscência, à qual resistem pela
eleição, conforme será explicado no sétimo livro. Portanto, a
eleição não pode ser o mesmo que a concupiscência.
[A terceira razão vale para a ira]. [Segundo ela],
a eleição será muito menos ira do que concupiscência. Mesmo
segundo a aparência, as coisas que são feitas por causa da
ira, não parecem ser feitas segundo a eleição, pelo fato de
que, devido à velocidade do movimento da ira as coisas que
são feitas pela ira são maximamente repentinas. Embora, de
fato, na ira exista algum uso da razão, na medida em que
aquele que se ira principia a ouvir a razão que julga que a
injúria deva ser vingada, todavia não a ouve perfeitamente na
determinação do modo e da ordem da vingança. De onde se vê
que a ira maximamente exclui a deliberação, que é requerida à
eleição. Já a concupiscência não opera tão repentinamente. De
onde se conclui que as coisas que são feitas pela
concupiscência, não parecem ser tão afastadas da eleição como
as coisas que são feitas pela ira.
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