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Os homens, no seu falar usual, confundem o furor
com a fortaleza, na medida em que atribuem a fortaleza
àqueles que pelo furor fazem algo irados. E isto porque os
irados parecem ser fortes.
A fortaleza, de fato, tem uma certa semelhança com
o furor, na medida em que o furor induz ao perigo com máximo
ímpeto, e o forte com grande virtude de alma tende ao perigo.
[Porém a verdadeira fortaleza difere da fortaleza pela ira].
Os verdadeiros fortes não são impelidos a executarem a obra
da fortaleza pelo ímpeto do furor, mas pela intenção do bem
[bonum]. O furor se acha em seus atos secundariamente ao modo
de operante. De fato, o furor na verdadeira fortaleza deve
seguir a eleição, e não precedê-la.
Na fortaleza que é pela ira, os homens parecem
operar por eleição e pretender algum fim, que é a punição
daquele contra quem se iram. Porém, não obstante isso,
aqueles que por causa disso operam com fortaleza, podem ser
chamados de lutadores, mas não de fortes. E isto porque não
operam por causa do bem, e nem conduzidos pela razão, mas por
causa da paixão, por causa da qual apetecem a vingança.
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