3. Como a virtude moral não pode existir sem a prudência.

[A virtude moral está para a natural assim como a prudência para a dinótica]. A virtude moral, que é a virtude perfeita, está para com a virtude natural assim como a prudência está para a dinótica, as quais, conforme explicado, ainda que não sejam inteiramente o mesmo, todavia têm alguma semelhança entre si, [a prudência não podendo existir sem a dinótica, acrescentando-lhe, entretanto, que a prudência não se pode realizar sem a virtude moral, a qual não é necessária à dinótica].

Embora alguns sejam naturalmente fortes ou justos, todavia requer-se naqueles que são naturalmente tais algo para que estas virtudes [naturais] existam em nós segundo um modo mais perfeito, porque estes hábitos naturais [mostram- se] ser nocivos a não ser que esteja presente a discrição do intelecto. Assim como no movimento corporal, se o corpo é movido fortemente sem estar a vista a dirigi-lo, aquele que é movido é fortemente lesado, assim também se alguém possuir uma forte inclinação à obra de alguma virtude moral e nâo use discrição à obra daquela virtude moral, acontecerá uma grave lesão, ou do próprio corpo, assim como naquele que é inclinado à abstinência [de alimento] sem discrição, ou nos [bens] exteriores, como naquele que é inclinado à libealidade, e assim por diante nas demais virtudes. Mas, se a tal inclinação o intelecto [coexiste] na operação, de tal maneira que se opera com [a] discrição, então [a operação] muito diferirá segundo a excelência da bondade. E o hábito, que será semelhante a tal operação feita com discrição, será própria e perfeitamente virtude, que é [a virtude] moral.

Assim como, portanto, na parte operativa da alma há duas espécies de princípios operativos, que são a dianótica e a prudência, assim também na parte apetitiva, há duas espécies, que são a virtude natural e a virtude moral, e esta última não pode existir sem a prudência, conforme foi mostrado.