7. Opinião dos antigos filósofos sobre a necessidade na natureza.

Os antigos filósofos negaram que a natureza agisse tendo em vista algum fim.

Aquilo que principalmente demonstra que a natureza opera em vista de algo é o fato que das operações da natureza sempre resulta algo que é o melhor e o mais cômodo quanto possível.

Assim, aqueles que afirmaram que a natureza não age tendo em vista a um fim se esforçaram de maneira toda especial por provar que não é assim que ocorre.

Diziam os antigos filósofos que quando de alguma operação da natureza provém alguma utilidade, isto não é a finalidade daquela operação natural, mas é algo que ocorre apenas por necessidade da matéria.

Exemplo: quando cai a chuva, ela não cai com a finalidade de aumentar ou fazer crescer o trigo, mas isso ocorre pela necessidade da matéria. E tanto isso é verdade que, em alguns locais, chovendo, o trigo é destruído, e não ajudado a crescer.

Da mesma forma aconteceria com as partes dos animais. Os dentes anteriores são agudos e mais aptos a dividir o alimento e os maxilares são largos e mais aptos a amassar o alimento. Mas isso aconteceria por necessidade da matéria, e lhe acontece acidentalmente possuir semelhante forma, à qual se segue a citada utilidade.

Como poderia objetar-se que, já que sempre ou na maioria dos casos tais utilidades se seguem, seria conveniente que tal fato fosse devido à natureza, os antigos filósofos propuseram a seguinte resposta a esta dificuldade: no princípio da constituição do mundo, os quatro elementos se reuniram para constituir as coisas naturais, e se fizeram muitas e diversas disposições. Aquelas que por acaso se mostraram aptas a alguma utilidade, se conservaram. Mas isto aconteceu não por algum agente que tivesse um fim definido, mas por acaso. Aqueles que não apresentavam tais disposições foram destruídos, e continuamente são destruídos.