7. Para cada afirmação, há apenas uma única negação.

O Filósofo diz ser manifesto que para cada afirmação há apenas uma única negação. [Aristóteles considera] necessário dizer isto já que, catalogando diversos gêneros de oposição, poderia parecer que a uma afirmação se opusessem duas negações, como quando ao dizer-se

"todo homem é branco",

parece que se lhe oporiam, segundo o que foi explicado, as seguintes duas negativas:

"nenhum homem é branco"

e também

"algum homem não é branco".

Mas, se considerarmos atentamente a afirmação

"todo homem é branco",

verificaremos que somente a enunciação

"algum homem não é branco"

será a sua negativa, e que unicamente esta é a que remove a primeira, como fica evidente de sua equivalente que é

"não todo homem é branco".

Já a enunciação universal negativa inclui no seu entendimento a negação da universal afirmativa, na medida em que inclui a particular negativa, mas além desta ela inclui algo a mais, na medida em que implica não apenas na remoção da universalidade, mas também remove cada uma de suas partes.

Deste modo é evidente que há apenas uma negação da afirmação universal, e o mesmo pode ser dito das demais [enunciações].

A razão [desta conclusão] está em que, conforme já foi explicado, a negação se opõe à afirmação, que é de um mesmo [predicado referido] a um mesmo [sujeito]. De onde que se deduz que é necessário que a negação negue aquele mesmo predicado que a afirmação afirmou, do mesmo sujeito, seja este sujeito singular ou universal, tomado universalmente ou não universalmente. Isto, porém, não pode ser feito senão de um só modo, de tal maneira que a negação negue [apenas] aquilo que a afirmação colocou e nada mais, de onde que a cada afirmação se oporá [apenas] uma única negação.

Como exemplo pode-se dizer que à afirmação

"Sócrates é branco"

opõe-se somente a negação

"Sócrates não é branco",

como sua negação própria. Se houvesse outro predicado ou outro sujeito, não haveria uma negação oposta, mas inteiramente diversa.

Já à afirmação

"Todo homem é branco"

opõe-se como sua negação própria

"não todo homem é branco",

que é equivalente a uma particular negativa.

Quanto à afirmação

"algum homem é branco",

opõe-se como sua negação própria a enunciação

"nenhum homem é branco",

pois nenhum significa `não um', ou `não alguém'.