5. O relacionamento do intelecto prático para com a verdade.

O bem do intelecto prático não é a verdade absoluta, mas a verdade concorde com o apetite reto, conforme mostrado que assim [nas] virtudes morais [os atos do apetite e do intelecto entre si] concordam.

Quanto a isto, deve-se dizer que o apetite pode ser do fim ou das coisas que se relacionam para com o fim. Ora, o fim é determinado no homem pela natureza. Já as coisas que se relacionam para com o fim, não são em nós determinadas pela natureza, mas devem ser investigadas pela razão. A medida da verdade na razão prática é a retidão do apetite em relação ao fim. Segundo isto é que se determina a verdade da razão prática, isto é, segundo a sua concordância com o apetite reto. Porém, a própria verdade da razão prática é a regra da retitude do apetite, acerca das coisas que se relacionam para com o fim. Segundo esta o apetite é dito reto, isto é, se persegue aquilo que diz a razão verdadeira.

Segundo a distinção precedente, devemos dizer que a eleição, que é um apetite aconselhado, é princípio dos atos humanos por modo de causa eficiente, e não por modo de causa final. De fato, a eleição é apetite das coisas que se relacionam para com o fim, [e não do fim]. São princípios da eleição, o apetite e a razão que se ordenam a algum fim, de onde que a razão que propõe o fim, e o apetite que tende a um fim, se comparam à eleição por modo de causa. De onde que se conclui que a eleição depende do intelecto e do hábito moral, que aperfeiçoa a força apetitiva, de tal maneira que não se pode dar sem estes ambos.