7. Terceira razão para que as leis de Sócrates não produzam a unidade de cidade.

Segundo a posição de Sócrates cada um dos cidadãos dirá de cada um dos cidadãos "este é meu filho". E assim o dirá de mil ou de quantos ocorrer que haja na cidade, e isto o dirá não como se soubesse como certo que ele fosse o seu filho, mas com dúvidas porque, se as mulheres são comuns, muitos se aproximando de uma mesma [mulher], não poderá ser manifesto de que pai será cada filho.

Deve-se considerar, portanto, se de fato é melhor que alguém chame a outro de seu filho ou neto deste modo, [segundo o qual pode ser dito] de um número de dois mil, ou se não será melhor que alguém chame algum jovem de seu próprio filho segundo o modo como agora se o faz nas cidades. Isto, no entanto, parece ser algo da maior importância na legislação de Sócrates, isto é, que muitos dissessem este ou aquele ser seu filho.

Por outra parte é importante que diversos digam de uma só e mesma pessoa que seja seu filho ou neto não como algo comum, mas como próprio. É muito melhor e mais eficaz para favorecer a amizade e o cuidado que alguém estime de outro que seja seu neto próprio do que se estima que seja um filho comum segundo o modo colocado por Sócrates. Conforme dissemos, os homens amam e buscam mais o que lhes é próprio do que o que lhes é comum. De onde que é evidente que a lei de Sócrates mais traria dano do que utilidade à cidade.