3. Sobre os antigos filósofos que pesquisaram a natureza da alma pelo sentido e pelo conhecimento.

Os [antigos filósofos] que chegaram ao conhecimento da alma pelo sentido ou conhecimento concordaram em que a alma seria constituída de princípios. Alguns colocaram estes princípios como sendo vários, outros apenas um.

Ao colocarem a alma como sendo constituída de princípios, os antigos filósofos foram como que coagidos pela própria verdade. A verdade é que o conhecimento se faz pela semelhança da coisa conhecida no cognoscente. [Mas eles não conseguiram enxergar esta verdade com clareza e daí erraram ao afirmarem que] esta semelhança da coisa conhecida estava no cognoscente segundo o ser natural, dizendo que é necessário que o semelhante seja conhecido pelo semelhante. De onde, se a alma conhece todas [as coisas], é necessário que possua a semelhança de todas [as coisas] em si segundo o ser natural. Nisto [erraram] ao não saber distinguir o modo pelo qual a coisa está no intelecto e pelo qual a coisa está em si mesmo.

Assim é que os antigos filósofos afirmaram que a alma era constituída de elementos. Os que afirmavam que havia apenas um único princípio [elementar] diziam que a alma era constituída desse único princípio. Aqueles que afirmavam haver muitos, que a alma se compunha de todos estes.

[Deste modo] Empédocles afirmava a existência de seis princípios, quatro naturais, que eram a terra, a água, o ar e o fogo, e dois ativos e passivos, a discórdia e a amizade. E portanto, como afirmava que a alma a tudo conhecia, dizia também que era constituída destes princípios.