2. Para considerar as políticas é necessário considerar primeiro a cidade e os cidadãos.

Para tratar sobre a diversidade das políticas é necessário primeiro tratar sobre a cidade. Quem quer considerar a política, o que é cada uma segundo a sua própria natureza e o seu modo de ser, isto é, se é boa ou má, justa ou injusta, deve considerar primeiro o que é a cidade.

[Para tratar, porém, sobre o que é a cidade], é necessário determinar primeiro o que é o cidadão, por duas razões.

A primeira razão consiste em que, para considerar as coisas que são compostas de muitas partes é necessário considerar primeiro as suas partes. Ora, a cidade é um certo todo constituído de cidadãos como de suas partes, já que a cidade nada mais é do que uma multidão de cidadãos. Portanto, para conhecer o que é uma cidade, é necessário considerar o que é um cidadão.

A segunda razão consiste em que nem todos estão de acordo sobre o que é um cidadão. De fato, o cidadão do estado popular, em que todo o povo governa, não é considerado cidadão no estado de poucos, no qual os ricos governam, e onde freqüentemente o povo não tem parte nenhuma no governo.