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O Filósofo passa a como que reunir a sua solução
aos argumentos e objeções apresentadas pelas razões
levantadas de ambas as partes. De fato, todas as razões acima
concluem algo de verdadeiro e, deste modo, uma solução pode
ser recolhida a partir de todas as razões expostas.
Todos os argumentos que foram levantados tornam
manifesto que nenhuma destas coisas por si mesma e
determinadamente seja aquilo segundo cuja dignidade dever ser
distribuído o principado, isto é, nem a riqueza, nem a
liberdade, nem a virtude, e assim sucessivamente. Contra
aqueles que querem governar por causa das riquezas e virtudes
pode-se argumentar através da multidão que deseja governar, o
que é justo e razoável, porque importa que governa na cidade
o melhor e o mair rico, e a multidão é melhor e mais rica do
que poucos. Não porque qualquer um da multidão seja melhor e
mais rico isoladamente, mas porque todos simultaneamente são
melhores e mais ricos.
É possível, de fato, que na multidão haja alguns
homens sábios e prudentes, e alguns imensamente ricos, e que
eles mesmos e os demais homens do povo sejam bem persuasíveis
pela razão e capazes de obedecê-los. Quando há uma multidão
como esta é melhor que ela governe do que poucos, porque para
governar duas coisas se requerem: governar retamente e o
poder de fazê-lo. Ora, numa multidão como esta encontram-se
ambas estas coisas, porque ela possui homens sábios e
prudentes e possui o poder para coagir e repelir os inimigos.
Parece, portanto, razoável que uma multidão que reúna estes
elementos deva governar, onde for possível encontrar uma tal
multidão. [Não se pode dizer o mesmo, entretanto], onde há
uma multidão vil e não persuadível.
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