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Embora freqüentemente os homens opinem que as
riquezas nada mais sejam do que uma grande quantidade de
dinheiro, às vezes se torna manifesto que é uma estupidez
dizer que nenhuma das coisas que são segundo a natureza são
riquezas, como o trigo, o vinho e outras coisas semelhantes,
e que toda a riqueza consiste no dinheiro introduzido pela
lei. Não podem ser verdadeiras riquezas aquelas que, ao
variar a disposição dos homens, passam a não ter nenhuma
dignidade ou utilidade para a necessidade da vida. É o que
ocorre com o dinheiro. Ao se transformar a disposição dos
homens que usam o dinheiro como riqueza, o dinheiro perde
todo o seu valor e nada mais tem de valia para auxiliar às
necessidades da vida, como ocorre quando, se assim for do
agrado do rei ou da comunidade, fica estabelecido que o
dinheiro nada mais valha. É estulto, portanto, dizer que a
riqueza nada mais é do que uma grande quantidade de dinheiro.
Aqueles que entendem corretamente, por causa
destas razões, afirmam haver diferença entre riqueza e
dinheiro. Há, de fato, algumas riquezas segundo a natureza,
isto é, das coisas necessárias à vida, conforme acima foi
dito. A aquisição destas riquezas pertence propriamente à
arte econômica. A arte pecuniativa dos cambistas, porém,
multiplica as riquezas não de todos os modos, mas apenas pela
permuta do dinheiro, consistindo totalmente no dinheiro,
fazendo do dinheiro o princípio e o fim de tais comutações,
na medida em que o dinheiro é trocado por dinheiro. É
evidente, portanto, que são mais ricos aqueles que tem frutos
das coisas necessárias à vida verdadeiramente falando, do que
aqueles que possuem enormes fortunas em dinheiro.
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