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O Filósofo declara que uma espécie de estado
popular pode transmutar em outra do seguinte modo. Do
primeiro estado popular em que governavam alguns homens
livres, fêz-se uma transformação para o estado popular novo
no qual toda a multidão domina segundo sua sentença e não
segundo a lei, e também ninguém governa segundo a
honorabilidade.
Esta transformação faz-se do seguinte modo. Como o
povo na primeira destas repúblicas tem o poder de eleição, os
condutores do povo que pretendem governar propõem decretos
pelos quais a multidão deve governar, [dizendo ao povo] que
[o povo todo] é melhor do que qualquer um escolhido dentre a
multidão e, portanto, é melhor que toda a multidão governe do
que alguns. O povo ouve de boa vontade tais argumentos e
acaba instituindo que toda a multidão governe [não] segundo a
lei, mas [que ele próprio seja o senhor da lei]. Este é o
estado popular chamado de novo.
Esta espécie de estado popular para o qual se
realiza esta transmutação é péssima. O remédio contra este
modo de transmutar o estado popular, para que não se realize
este estado popular ou que se realize menos é sustentar e
procurar que uma só tribo eleja, de tal maneira que uma tribo
eleja agora, depois outra e assim sucessivamente, e não toda
a multidão. O Filósofo, de fato, afirmou anteriormente que
toda a multidão pode ser eleita de dois modos. De um primeiro
modo separadamente, de tal maneira que agora uma só tribo
seja eleita, depois outra e assim sucessivamente, de tal
maneira que todas as partes obtinham a eleição separadamente.
De um segundo modo em conjunto, mas, como o primeiro modo é
possível de ser obtido, deve ser preferido.
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