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O Filósofo em seguida declara como devem ser os
cultivadores das terras. Na cidade ótima os cultivadores da
terra, se puderem ser designados facilmente, deverão ser
servos de corpo robusto, para que possam trabalhar bem a
terra. Deverão ser deficientes de inteligência, para que não
sejam capazes de fraudarem seus senhores por meios
engenhosos.
Não devem, ademais, ser da mesma tribo, pois de
outro modo poderiam se tornar mais fortes do que os cidadãos.
Não deverão também ser animosos pois, se o fossem, ousariam
insurgir-se com mais facilidade. Convém, portanto, que sejam
de corpo robusto, deficientes de inteligência, pusilânimes e
não da mesma tribo. Deste modo serão mais úteis à elaboração
da terra e não se insurgirão maquinando contra os senhores.
[Deve-se notar que, embora o Filósofo afirme que esta seja a
descrição da pessoa mais apropriada para o trabalho agrícola,
ele não sustenta que deve-se manter uma pessoa capaz do
trabalho da inteligência na ignorância para que possa ser
aproveitada na agricultura]. O Filósofo também acrescenta
que, se não for possível encontrar homens como estes para o
trabalho agrícola, podem ser trazidos para o trabalho
agrícola outros homens bárbaros, naturais de outras regiões,
que tenham uma disposição natural para o trabalho servil;
estes, de fato, serão semelhantes aos homens anteriormente
descritos segundo a disposição natural. [Tudo isto, porém, o
Filósofo parece querer afirmá-lo no que diz respeito às
terras comuns].
O cultivo das terras que são próprias de cada
cidadão convém que seja próprio daqueles a quem as terras
pertencem; o cultivo da terra comum convém que seja confiado
ao servos da comunidade. Como, porém, o senhor deve
comportar-se para com os servos quando se utiliza de seus
trabalhos será um assunto que o Filósofo irá discutir mais
adiante.
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