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Além da espécie de monarquia que foi descrita, há
também uma outra espécie segundo a qual alguns reinam junto
com os bárbaros. São chamados bárbaros aqueles que carecem de
razão e, como os homens se utilizam da razão, quem quer que
careça de razão é dito bárbaro.
Estes reinos segundo os quais governam alguns
bárbaros são como tiranias de monarquias, e aqueles que
governam nestes reinos governam segundo a lei e segundo os
costumes que são transmitidos de pais a filhos. Como os
bárbaros são naturalmente mais servis do que os gregos, estes
bárbaros suportam este principado dominativo sem tristeza,
porque possuem uma inclinação a suportá-lo.
Esta espécie de monarquia é segura. A razão é
porque o principado em tal reino governa segundo uma
descendência, e segundo costumes que procedem dos ancestrais.
E porque, reinando por descendência, governando o pai, de
algum modo este acostuma os súditos ao filho, quando depois o
filho reina, o povo se submete voluntariamente ao filho, por
já terem adquirido o costume. Ademais este governo é segundo
o costume e segundo as leis, e as coisas que se baseiam no
costume são deleitáveis. O sinal de que este reino é seguro
está em que estes bárbaros protegem o seu rei, porque o amam
e livremente a ele se submetem. Os que protegem os tiranos,
porém, são outros [e não o próprio povo], porque os tiranos
governam os súditos contra a vontade destes e por causa disto
os tiranos possuem, além do povo, uma outra guarda [pessoal],
já que eles mesmos desconfiam de seus próprios súditos.
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