7. Nenhuma espécie de movimento, além do movimento local, pode ser contínua e perpétua.

[Devemos agora] demonstrar que todas as espécies de movimento, além do movimento local, não podem ser contínuas e perpétuas, existindo como uma e a mesma.

Todo movimento e mutação é, de fato, de um oposto a oposto. Mas o movimento local é, de uma certa maneira, excluído dessa verdade geral. Porque a geração e a corrupção têm seus termos como sendo o ser e o não ser. Os termos opostos da alteração são as paixões contrárias, isto é, as qualidades passivas como o quente e o frio. Os termos opostos de aumento e decremento são o grande e o pequeno, ou o perfeito e o imperfeito na magnitude ou quantidade. Ora, é claro que os movimentos para os contrários são contrários. Portanto, o movimento para o branco tem um contrário que é o movimento para o preto. Contrários, porém, não existem conjuntamente. Portanto, enquanto uma coisa é movida para o branco, não está sendo ao mesmo tempo movida para o preto. Entretanto, tudo o que pode ser movido naturalmente está ou em repouso ou em movimento. É claro, então, que aquilo que é movido em direção a um contrário estava em um tempo em repouso em um repouso oposto a tal movimento. Portanto, nenhum movimento que é para um contrário pode ser contínuo e eterno.

[No que diz respeito às mutações, isto é, às gerações e corrupções, pode-se demonstrar o mesmo. De fato], na geração e corrupção, isto é, nas mutações, o mesmo é verdadeiro, porque geração e corrupção são opostos universalmente em relação à oposição comum do ser e não ser. Portanto, se é impossível para mutações opostas existirem conjuntamente, segue-se que nenhuma mutação pode ser contínua e eterna. É necessário, por conseguinte, um tempo intermediário, no qual existe corrupção, ser interposto entre duas gerações da mesma coisa. E, da mesma maneira, entre corrupções existe um tempo de geração.