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Supondo que as coisas que passam da potência ao
ato sempre tenham existido [antes que fossem em ato]
segundo o modo [já explicado] de geração circular, deve-se
concluir que, se algo sempre permanece pelo circuito das
gerações, será necessário existir [alguma outra coisa] que
sempre permanece o mesmo em número, que cause a
perpetuidade [dos circuitos das gerações]. De fato, não
pode ser causa da perpetuidade que é encontrada na geração
e na corrupção alguma das coisas que são geradas e
corrompidas, porque nenhuma delas existe sempre, e nem
tampouco todas, porque não existem simultaneamente,
conforme demonstrado no oitavo livro da Física. Portanto,
deverá existir algum agente perpétuo, que aja sempre
uniformemente para que cause esta perpetuidade. Este agente
é o primeiro céu, que é movido e [move a tudo pelo
movimento diurno].
Se este modo não é colocado, seguir-se-ão os
inconvenientes a que chegaram os primeiros filósofos, a
saber, que todas as coisas foram feitas a partir da noite,
isto é, a partir da simples privação, ou que todas as
coisas seriam simultaneamente, ou que algo se faça a partir
do não ente.
É manifesto, portanto, que se colocando a
referida posição, isto é, que existe perpétua geração e
corrupção causada pelo movimento perpétuo do céu, resolvem-
se os preditos inconvenientes. E seguir-se-á que algo
sempre será movido por um movimento que não cessa, que é o
movimento circular.
E isto não somente é patente pela razão, mas
pelo próprio efeito e pelo sentido, de onde é necessário
que o primeiro céu, pelo fato que sempre move por este
movimento, seja eterno.
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