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Em todos os homens há uma certa inclinação natural
à comunidade civil, assim como às virtudes. Todavia, assim
como as virtudes são adquiridas pelo exercício humano,
conforme está dito no Segundo da Ética, assim também as
cidades são instituídas pela indústria humana. O homem que
instituíu por primeiro a cidade, portanto, foi causa para os
homens dos bens máximos.
O homem, de fato, é o ótimo dos animais se nele se
aperfeiçoa a virtude, à qual possui uma inclinação natural.
Mas se permanece sem lei e justiça, o homem é o pior de todos
os animais, porque a injustiça é tanto mais cruel quanto
maior for o número das armas, isto é, dos instrumentos para
fazer o mal.
Segundo a sua natureza, porém, convém ao homem a
prudência e a virtude que de si são ordenadas ao bem. Mas
quando o homem é mau, utiliza-se destas coisas como de armas
para fazer o mal, daqui provindo que o homem sem a virtude,
quanto à corrupção do irascível, é maximamente impiedoso e
selvagem, porque cruel e sem afeição. E quanto à corrupção do
concupiscível, ele é péssimo quanto ao venéreo e quanto à
voracidade na comida.
O homem, porém, é reduzido à justiça pela ordem
civil, de onde que é manifesto que aquele que instituíu a
cidade impediu os homens de se tornarem péssimos e os reduziu
a que se tornassem ótimos segundo a justiça e as virtudes.
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