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A finalidade da cidade, para a qual ela é
instituída, é o bem viver. Tanto a cidade como as coisas que
se ordenam à cidade se ordenam a um determinado fim. A cidade
é uma comunicação do bem viver composta de [coisas de]
diversos gêneros tendo [como finalidade] a vida perfeita e
suficiente per se. Ora, esta é a vida feliz; viver bem ou
viver na felicidade, no entanto, é operar segundo a
excelência da virtude. É evidente, portanto, que o fim para o
qual a cidade bem ordenada é instituída é o viver ou operar
segundo a virtude perfeita, e não [apenas] o próprio
convívio.
Daqui se segue como conseqüência que, sendo a
finalidade da cidade a vida feliz e a vida feliz, sendo o
operar segundo a virtude e consistindo a comunicação política
nestes atos, é manifesto que aqueles que mais acrescentam a
tal comunhão, mais acrescentam à cidade, e mais da cidade
pertencerá a estes do que aqueles que são iguais na liberdade
ou em riqueza ou mesmo que são maiores em riquezas mas que
são, no entanto, menores e desiguais segundo a virtude. De
onde que é evidente que, se o justo é a [igualdade da
proporção] de algumas coisas a algumas pessoas segundo a
dignidade em relação a um fim, naquela política em que for
estabelecido o reto fim haverá o justo de modo simples. Nas
políticas em que se estabelece um fim não reto não se
encontra o justo de modo simples; estas são as democracias e
as oligarquias, em cujas políticas não existe o justo de modo
simples.
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