|
O Filósofo declara a seguir [que os guerreiros e
conselheiros, assim como os demais que são parte da cidade
perfeita] devem possuir bens na mesma, de tal modo que eles
sejam senhores de tais bens, porque é necessário que os
cidadãos na cidade [disponham dos bens que lhes são
necessários].
Os artífices e quaisquer outros que não realizam
as operações da virtude, não participam da cidade per se. A
validade desta sentença depende da suposição, já colocada,
segundo a qual ninguém pode alcançar a felicidade a não ser
através da virtude, que é o princípio da felicidade. Ora,
dizemos que a cidade ótima [e perfeita] é aquela que alcança
a felicidade simplesmente considerada, não quanto a uma parte
da cidade e outra não, mas para todos os seus cidadãos.
Portanto, [na cidade perfeita] todos os cidadãos deverão ser
virtuosos e, os que não forem virtuosos, enquanto tal, não
são cidadãos. Se, portanto, os cidadãos devem [dispor dos
bens suficientes], e isso não poderá acontecer sem que sejam
senhores destes bens, será maximamente necessário que eles
sejam senhores destes bens, e isto [também se] supomos que na
cidade [perfeita] os agricultores devem ser servos, assim
como outros homens bárbaros provenientes de outras regiões.
[O Filósofo sustenta esta posição com tanta
insistência porque deseja opor-se a Platão, seu antigo
mestre. De fato, segundo Platão, na cidade perfeita somente
os agricultores e os comerciantes devem possuir bens, não os
homens de guerra, os conselheiros e os demais homens sábios
que a governam].
|
|