2. As partes da arte pecuniativa necessárias à vida humana.

[Ao distinguir as partes da arte pecuniativa], o Filósofo primeiro distingue as partes da arte pecuniativa necessárias à vida humana e depois as partes da arte pecuniativa não necessárias.

Há uma arte pecuniativa necessária, pela qual o homem adquire dinheiro a partir de coisas que a natureza subministra para a necessidade da vida humana. Nesta arte pecuniativa há duas partes.

A primeira parte é aquela pela qual o homem, pela compra e pela venda destas coisas [que a natureza subministra para a necessidade da vida humana] pode adquirir dinheiro. É necessário que aquele que deseja lucrar a partir destas coisas tenha experiência sobre as coisas que são maximamente caras e sobre os lugares [onde este preço é alto], porque de algumas destas coisas há frutos em outras regiões. Deste modo, comprando nos lugares onde há frutos, estas mesmas coisas podem ser vendidas nos lugares onde são caras.

A segunda parte [da arte pecuniativa necessária] consiste em adquirir grande quantidade destas coisas que podem ser vendidas, que procedem da cultura da terra. Por meio da cultura o homem adquire abundância de trigo e de vinho e outras coisas semelhantes. O homem deve também ter experiência da cultura das abelhas e de outros animais, como peixes e aves, dos quais pode proceder auxílio à vida humana, pois pela abundância destas coisas o homem pode adquirir dinheiro.

Assim é evidente que estas são as primeiras e as mais próprias partes da arte pecuniativa, e o Filósofo diz primeiras e mais próprias porque é deste modo que o dinheiro é adquirido a partir das coisas naturais, por causa das quais foi inventado o dinheiro em primeiro lugar.