3. Dúvida acerca da utilidade da prudência.

A prudência é considerativa das operações humanas pelas quais o homem se torna feliz. Mas não por isso o homem possui estas obras. De fato, não parece que alguém seja operativo das coisas que são segundo algum hábito, pelo fato que as conheça, mas sim por ter o hábito que é a estas coisas.

Isto fica [particularmente] evidente nas coisas corporais, onde pelo fato de que o homem possua a ciência da medicina, nem por isso será mais operativo das coisas que pertencem à saúde humana. Porque elas não consistem somente em fazer [algo], mas em ser [este algo] proveniente de algum hábito interior. De fato, acontece às vezes que alguém, tendo notícia da arte [da medicina], opere alguma obra do homem são, mas não na medida em que proceda do hábito da saúde.

Como, portanto, as virtudes são hábitos, a obra das virtudes na medida em que delas procedem e que conduzem à felicidade não podem ser mais operadas pelo homem pelo fato que ele possua notícia delas pela prudência. De onde que a prudência não é operativa do bem, [ e assim não parece ser] necessária [ao homem].