21. Que não é possível o mesmo homem ser simultaneamente prudente e incontinente.

Não é [possível] que o mesmo homem seja simultaneamente prudente e incontinente. [Disto Aristóteles dá duas razões].

[A primeira razão está em que], conforme foi explicado no livro VI, a prudência existe simultaneamente com a virtude moral. Desta maneira, se alguém é prudente será simultaneamente [amante cuidadoso das ] virtudes morais. Mas o incontinente não é [amante cuidadoso das] virtudes morais, porque [se o fosse] não seria afastado [da razão] pelas paixões. Portanto, alguém não pode ser simultaneamente prudente e incontinente.

[Quanto à segunda razão], uma pessoa não é dita prudente somente por ter ciência, mas também por ser prática, isto é, operativa. De fato, está dito no livro VI, que a prudência é preceptiva das obras, e não somente consultiva e julgativa. Ora, o incontinente é deficiente [justamente] no ser prático, pois não opera segundo a razão correta. Portanto, conclui-se que o prudente não pode ser incontinente.