13. As coisas que estão em repouso, estão, como tais, no tempo.

Para demonstrar que as coisas que estão em repouso estão, como tais, no tempo, o filósofo demonstra que o tempo também é medida do repouso.

Mais exatamente, demonstra-se que todo repouso, assim como todo movimento, está no tempo e que o tempo é medida do movimento per se, e de repouso por acidente.

Isso ocorre porque não é necessário que tudo o que está no tempo esteja no movimento, assim como, [no entanto, é verdade que] tudo o que está no movimento esteja em movimento. [Deve-se lembrar que] o tempo não é movimento, mas o número do movimento.

Nem tudo o que não é movido está em repouso. Aquilo cuja imobilidade pode ser chamada de repouso é [sempre algo que pode ser] movido, porque o repouso não é a negação do movimento, mas a sua privação. Assim, deve ficar claro que a existência de um ser em repouso é a existência de um ser móvel.

Daqui se segue que, já que a existência do ser móvel está no tempo e é medida pelo tempo, a existência de um ser em repouso também será medida pelo tempo.

Assim fica claro que o repouso está no tempo e é medido pelo tempo, não na medida em que se trata de um repouso, mas na medida em que se trata de um ser móvel. É por causa disso que acima o filósofo declarou que o tempo é medida do movimento per se e de repouso por acidente.

Assim, deve-se esclarecer finalmente que o tempo mede todo ser móvel, isto é, todo ser que se move ou está em repouso, não na medida em que ele é uma pedra ou um homem, mas na medida em que ele é movido ou está em repouso.

Desta maneira, o tempo é propriamente a medida do movimento e do repouso. Do movimento per se. Do repouso, por acidente.

Daqui se segue ainda que as coisas que não são nem movidas e nem em repouso, como as substâncias separadas, não estão no tempo, porque estar no tempo é ser medido pelo tempo, e o tempo é a medida do movimento e do repouso, como foi explicado.