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O nome de essência não é tomado do ente dito do
segundo modo. As coisas que são entes apenas pelo segundo
modo não tem essência, como é patente nas privações. A
essência é tomada do ente dito do primeiro modo.
Ora, porque a essência é tomada do ente dito do
primeiro modo, e o ente dito do primeiro modo é o ente que
se divide pelo 10 predicamentos, importa que a essência
signifique algo pelo qual os diversos entes se coloquem nos
diversos gêneros e nas diversas espécies. E porque aquilo,
pelo qual cada coisa é colocada no seu próprio gênero e
espécie é aquilo que é significado pela definição que
indica o que é a coisa, por isso é que o nome de essência é
trocado por Aristóteles pelo termo quididade [quidditatis].
E é também por isso que no sétimo livro da Metafísica a
essência é freqüentemente chamada de "aquilo que é o ser",
ou "quod quid erat esse".
[Porém devemos deixar claro] que o nome
quididade é tomado a partir daquilo que é significado pela
definição. A essência, porém, é dita que segundo que por
ela e nela a coisa tem o [seu] ser.
A essência também pode ser dita forma, na medida
em que pela forma a perfeição de cada coisa é significada.
A essência também pode ser dita natureza,
entendendo-se por natureza aquilo que de algum modo pode
ser captado pelo intelecto, no dizer de Boécio. De fato,
nenhuma coisa é inteligível a não ser pela sua definição e
essência: e é assim que Aristóteles diz, no quinto livro da
Metafísica, que toda substância é natureza. A natureza,
quando tomada deste modo, não significa a essência da coisa
na medida em que ela apresenta uma ordem ou ordenação à
operação própria da coisa.
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