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Para demonstrar que as coisas que estão em repouso
estão, como tais, no tempo, o filósofo demonstra que o tempo
também é medida do repouso.
Mais exatamente, demonstra-se que todo repouso,
assim como todo movimento, está no tempo e que o tempo é
medida do movimento per se, e de repouso por acidente.
Isso ocorre porque não é necessário que tudo o que
está no tempo esteja no movimento, assim como, [no entanto, é
verdade que] tudo o que está no movimento esteja em
movimento. [Deve-se lembrar que] o tempo não é movimento, mas
o número do movimento.
Nem tudo o que não é movido está em repouso.
Aquilo cuja imobilidade pode ser chamada de repouso é [sempre
algo que pode ser] movido, porque o repouso não é a negação
do movimento, mas a sua privação. Assim, deve ficar claro que
a existência de um ser em repouso é a existência de um ser
móvel.
Daqui se segue que, já que a existência do ser
móvel está no tempo e é medida pelo tempo, a existência de um
ser em repouso também será medida pelo tempo.
Assim fica claro que o repouso está no tempo e é
medido pelo tempo, não na medida em que se trata de um
repouso, mas na medida em que se trata de um ser móvel. É por
causa disso que acima o filósofo declarou que o tempo é
medida do movimento per se e de repouso por acidente.
Assim, deve-se esclarecer finalmente que o tempo
mede todo ser móvel, isto é, todo ser que se move ou está em
repouso, não na medida em que ele é uma pedra ou um homem,
mas na medida em que ele é movido ou está em repouso.
Desta maneira, o tempo é propriamente a medida do
movimento e do repouso. Do movimento per se. Do repouso, por
acidente.
Daqui se segue ainda que as coisas que não são nem
movidas e nem em repouso, como as substâncias separadas, não
estão no tempo, porque estar no tempo é ser medido pelo
tempo, e o tempo é a medida do movimento e do repouso, como
foi explicado.
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