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Porém o Filósofo reprova as ordenações de Faléias
pelo fato de ter omitido tudo aquilo que pertence à
disciplina dos cidadãos.
[Diz o Filósofo] que [pode] ocorrer a igualdade de
riquezas entre os cidadãos. No entanto, as riquezas podem ser
tão grandes que os cidadãos, por causa delas, vivem nas
delícias e deste modo seus costumes se corrompem, ou podem
ser muito poucas, de tal modo que os cidadãos tenham que
viver com muita tenacidade, sem que nenhum possa ajudar o
outro. Ambas estas situações são nocivas à boa disciplina dos
cidadãos, de onde que é manifesto que não será um legislador
suficiente aquele que somente se preocupa em promover a
igualdade das riquezas entre os cidadãos. Importa que ele
determine um termo médio, de tal modo que haja tanta
quantidade de posses que os cidadãos nem possam se entregar
superficialmente às delícias, nem também sejam obrigados a
viver em uma grande penúria.
Mas mesmo que alguém consiga ordenar para todos os
cidadãos uma possessão moderada, isto também não será
suficiente para a boa vida dos cidadãos. Mais importante
ainda será regrar as concupiscências internas da alma, de
modo que os homens não sejam dominados por concupiscências
imoderadas, do que regrar as riquezas externas de modo que
não sejam possuídas imoderadamente.
Ora, as concupiscências dos homens não podem ser
regradas senão através de que eles sejam suficientemente
instruídos pelas devidas leis, as quais não foram colocadas
por Faléias. Faléias, portanto, tratou insuficientemente das
coisas que pertencem à disciplina dos cidadãos.
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