25. Que a amizade por causa do deleitável é mais amizade do que por causa do útil.

Entre os amigos que foram ditos, que podem ser muitos, mais parece ser amizade a daqueles que são amigos por causa do deleitável do que a daqueles que o são por causa do útil. [Aristóteles] coloca duas razões para provar esta afirmação.

[A primeira está em que] na amizade do deleitável os amigos mais liberalmente se amam do que na amizade do útil, na qual se requer a recompensa do lucro. Assim, a amizade do útil parece ser como uma certa negociação. De onde que se vê que a amizade por causa do deleitável é [melhor], na medida em que é mais semelhante à amizade perfeita.

[A segunda está em que] os homens [ricos] não necessitam de amigos úteis, porque são a si suficientes. Necessitam, porém, de amigos deleitáveis, porque lhes é necessária a convivência com alguém, o que não pode se dar sem deleitação. De fato, os homens sustentam algo triste por pouco tempo, mas ninguém pode continuamente sustentar algo com tristeza, nem também o próprio bem honesto se lhe fosse triste. Daqui vem que os homens que não se deleitam nas obras da virtude não podem perseverar nelas. Assim fica patente que a amizade do deleitável é melhor do que a amizade do útil, por ser necessária a mais [pessoas] e a melhores.