11. No que e quando maximamente as repúblicas se transmutam.

O Filósofo passa a declarar no que as repúblicas se transmutam.

As repúblicas se transmutam para o estado de poucos ou para o estado popular pelo fato de que algum colégio [de pessoas] ou alguma parte da cidade alcançou uma fama ou um aumento maior do que o seu modo [corrente]. Por este motivo ocorre que se governava quem [este grupo] pretendia [que governasse], maior e mais forte se torna o seu estado e, deste modo, a república muda do mais débil para o mais forte. Se, porém, não governava [quem este grupo pretendia que governasse], ocorre que [este] passará a governar por causa de uma justa fama e poder e, deste modo, faz-se a transmutação de uma república a outra.

Daqui o Filósofo conclui uma regra universal, dizendo que isso deve ser universalmente manifesto e não deve ser escondido, que quem quer que por causa do poder tiver feito algo ilustre, sejam estes idiotas, sejam príncipes, sejam algumas tribos, tanto elas em sua inteireza como em parte, seja qualquer multidão, moverá a sedição. Ou aqueles que invejam aos que são honrados na cidade se moverão e farão a sedição, ou aqueles que se sobressaem e fizeram algo grande, por causa do poder, não quererão permanecer com os iguais e se conformar a eles. Por terem feito coisas grandes, inclinam-se às coisas grandes, às quais se consideram dignos. Não querem, por isso, permanecer com os iguais. De onde que, se tiverem o poder, farão a sedição.

As repúblicas são maximamente transmutadas quando duas partes que parecem ser contrárias, como os ricos e o povo, se igualam no poder ou quase, e não há intermediário, ou pelo menos os há muito pequenos. Nestes casos qualquer parte de considera mais forte do que a outra e se esforça por repelir a outra. E se acontecer que uma parte supere a outra, [esta] instituirá a república que [melhor] lhe parecer. Se, porém, uma parte, qualquer que seja ela, exceder a outra em muito, manifestamente aquela parte que é excedida, não querendo perecer, submeter-se-á à parte que é mais forte e não moverá sedições contra ela. E por causa disto é manifesto que aqueles que excedem os outros em virtude não movem sedições, porque são poucos em relação à multidão.

O Filósofo conclui dizendo que universalmente os princípios e as causas das sedições das repúblicas se fazem deste modo.