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A prudência é considerativa das operações humanas
pelas quais o homem se torna feliz. Mas não por isso o homem
possui estas obras. De fato, não parece que alguém seja
operativo das coisas que são segundo algum hábito, pelo fato
que as conheça, mas sim por ter o hábito que é a estas
coisas.
Isto fica [particularmente] evidente nas coisas
corporais, onde pelo fato de que o homem possua a ciência da
medicina, nem por isso será mais operativo das coisas que
pertencem à saúde humana. Porque elas não consistem somente
em fazer [algo], mas em ser [este algo] proveniente de algum
hábito interior. De fato, acontece às vezes que alguém, tendo
notícia da arte [da medicina], opere alguma obra do homem
são, mas não na medida em que proceda do hábito da saúde.
Como, portanto, as virtudes são hábitos, a obra
das virtudes na medida em que delas procedem e que conduzem à
felicidade não podem ser mais operadas pelo homem pelo fato
que ele possua notícia delas pela prudência. De onde que a
prudência não é operativa do bem, [ e assim não parece ser]
necessária [ao homem].
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