2. A causa da diversidade das coisas.

O problema consiste em saber-se como, se existe uma matéria primeira para todas as coisas, a partir desta única matéria primeira pode-se chegar à diversidade das coisas.

Os antigos filósofos explicavam isto pelo acaso, removendo a causa agente, e colocando que a diversidade das coisas é produzida pela densidade e rarefação a partir de uma única matéria.

Aristóteles discorda da solução dada pelos antigos filósofos. A partir de uma [única] matéria existente, a diversidade das coisas é produzida pela causa movente: ou porque a causa movente é esta ou aquela, ou porque a mesma causa movente se encontra em relação ao operar diversas [coisas] de diversas maneiras. Isto é maximamente patente nas coisas artificiais. A partir da madeira, pode-se fazer, pelo mesmo artífice, tanto uma arca como uma cama, segundo as diversas [artes que o mesmo utiliza].

Entretanto, ainda que a matéria primeira seja comum a todas as coisas, as matérias próprias são diversas para diversas [coisas]. Assim, para que não se atribua toda a diversidade das coisas à causa movente, e de nenhum modo ao princípio material, o filósofo acrescenta que em algumas [coisas a diversidade provém da diferença da matéria própria]. Assim, nem tudo está apto a fazer-se a partir de qualquer matéria. Por exemplo, a serra não se faz a partir da madeira. E nem está em poder do artífice fazer uma serra a partir da madeira ou da lã.

Conclui-se, portanto, que a diversidade das coisas provém do movente e da matéria.