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É manifesto, pelo que foi dito, que o político
considera a política de modo simples. Portanto, considerando
a política, considera aquela que é ótima. Se, de fato, em uma
cidade há muitos cidadãos virtuosos que excedem a outros na
virtude, supostas estas coisas, estes [devem] ser regidos
pela política ótima.
Mas, ademais, ao político pertence considerar a
política que se fundamenta na suposição de algo que não é o
bom de modo simples. Se existe uma política como esta,
importa considerar no princípio como ela pode ser
estabelecida, e como ela pode ser conservada por muito tempo.
Portanto, além de todas estas coisas, o político considera
também qual política é adequada a qual cidade.
[Houve, porém, estudiosos da política que erraram
por defeito das considerações que o Filósofo acaba de fazer].
O político deve considerar a política ótima de modo simples e
a política boa por suposição, que é adequada a muitos
cidadãos, tal como o médico que não apenas considera a saúde
de modo simples, mas a saúde que compete a este homem
[individualmente considerado]. Nisto muitos dos que trataram
da política falharam, na medida em que o político não apenas
deve considerar da política simplesmente ótima, mas também
daquela ótima por suposição, e tudo aquilo que convém a cada
uma e que são possíveis. Ora, alguns apenas determinaram
sobre a política ótima, que muitos não possuem e que pode ser
alcançada por poucos. Por este motivo estes somente
consideraram sobre aquelas coisas que dificilmente ou nunca
podem existir. Outros, entretanto, falharam por considerarem
apenas a política mais comum, nada dizendo sobre a política
ótima.
[Todos estes são reprováveis porque], querendo
corrigir alguma política é necessário encontrar um tal modo e
uma tal ordem pela qual os cidadãos possam ser facilmente
persuadidos e possam prosseguir com facilidade. Não foi assim
que estes fizeram, e por isso erraram ao corrigir.
Ademais, além do que foi dito, é necessário que o
político considere pelo que e como é possível auxiliar às
políticas existentes, quando há erros nas mesmas, assim como
o Filósofo fêz nos livros precedentes. Ora, isto não pode ser
feito a não ser que seja manifesto quais as diferenças e as
espécies das políticas, já que não é possível alguém ser
auxiliado per se naquilo que não conhece.
É necessário que o político considere acerca das
diferenças das leis, quais são ótimas segundo cada política e
quais e de que tipo são convenientes a cada uma delas. A
razão é que todas as leis são feitas ou devem ser feitas
segundo o que compete a cada política per se e não,
inversamente, ordenando as políticas segundo o que compete às
leis. A política, de fato, é a ordem dos principados na
cidade, segundo a qual estes principados são distribuídos
segundo a razão; segundo esta ordem é determinado quem deve
governar na cidade e qual é a finalidade da comunicação dos
cidadãos. Ora, todas estas coisas são determinadas pelas
leis.
As leis, consideradas separadamente, isto é,
tomadas isoladamente, são enunciações de coisas a serem
feitas que significam a ordem mencionada, isto é, qual é o
fim da cidade, quem e de que modo convém que governe e como
deve se proceder em relação aos que as transgridem.
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