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[A sentença ao que o Filósofo acaba de chegar,
isto é, que o guerreiro e o conselheiro são parte da cidade,
levanta uma outra questão. Já que o guerreiro e o
conselheiro] são partes da mesma cidade por causa das razões
expostas, deve-se perguntar se os mesmos [cidadãos] devem ser
ordenados à guerra e ao conselho, ou se alguns à guerra e
outros e diversos ao conselho. O Filósofo responde a esta
questão dizendo que estas duas coisas devem ser atribuídas de
algum modo ao mesmo e de algum modo a diversos.
É manifesto pelo que irá ser dito que o guerreiro
e o conselheiro devem ser atribuídos ao mesmo cidadão de um
certo modo, enquanto que devem ser atribuídos a diversos de
outro modo. O Filósofo que dizer que [a ocupação de]
guerreiro e de conselheiro devem ser atribuídas ao mesmo
segundo o suposto, mas a diversos segundo o anterior e o
posterior, segundo o mais e o menos forte, e segundo o mais e
o menos experimentado.
Na medida em que convém atribuir o guerreiro à
juventude e o conselheiro à idade mais avançada, pois o
conselheiro necessita da prudência que mais vigora na idade
avançada, enquanto que o guerreiro necessita da força
corporal, que mais vigora na juventude, convém atribuir estas
coisas a [homens] diversos, isto é, o guerreiro aos jovens, e
o conselheiro aos experimentados. Na medida em que é
impossível que aqueles que podem inferir a violência e
derrubar os governantes sejam sempre submissos, importa
atribuir ambos, isto é, o guerreiro e o conselheiro, ao
mesmo. Os homens de guerra, que são senhores das armas tem o
poder de sustentar e não sustentar a permanência da república
por causa da violência das armas e, por este motivo, tanto o
[ofício do] guerreiro como [o de] conselheiro devem ser dados
ao mesmo na república reta, mas não segundo o mesmo tempo.
Cada coisa deve ser dada a cada um naquele tempo em que
[aquele a quem é atribuída] é mais apto ao mesmo. Nos jovens
a força corporal vigora mais do que a prudência ou a virtude,
que é maximamente necessária na guerra e, por isso, o [ofício
da] guerra dever ser atribuído ao mesmo no tempo de sua
juventude. A prudência e a virtude vigoram mais nos
experimentados, [as quais] são mais necessárias ao conselho e
ao julgamento. Por isso [o ofício] de conselheiro e de juiz
devem ser atribuídos a estes quando forem de um idade mais
experimentada.
Assim, portanto, ambos devem ser atribuídos ao
mesmo, mas em idades diversas, e isto é o que parece ser
justo. É justo, de fato, cada um ter segundo a dignidade.
Ora, dividir deste modo parece ser segundo a dignidade. Digno
é que cada um se ordene ao que mais é inclinado, e quanto
mais inclinado, mais apto será. É assim, de fato, que faz a
natureza. Justo é, portanto, que as coisas sejam distribuídas
segundo o modo mencionado.
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