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Tendo sido dito que a medida é aquilo pelo qual
a quantidade da coisa é conhecida, dizemos também que a
ciência é a medida das coisas cognoscíveis e o sentido a
medida das coisas sensíveis, porque pelo sentido conhecemos
[as coisas] sensíveis e pela ciência conhecemos [as coisas]
cognoscíveis.
[Deve-se colocar], todavia que a ciência e o
sentido não são medida do mesmo modo que [o uno] o é. Pela
medida [do uno] algo é conhecido como por [um] princípio de
conhecimento. Pelo sentido e pela ciência, [porém], as
coisas são conhecidas assim como por [uma] potência
cognoscitiva.
Essa diferença faz com que a ciência e o
sentido, segundo a verdade da coisa, mais sejam medidas do
que meçam. De fato, não é porque nós sentimos ou sabemos de
algo que por isso assim o seja na natureza das coisas, mas
sim porque é assim na natureza das coisas, que
verdadeiramente sabemos algo ou sentimos algo. Desta
maneira, nos acontece que em sentindo e conhecendo somos
medidos pela coisa que está fora de nós. E assim como [uma
régua] colocada externamente junto a nós é medida de nossa
quantidade corporal, assim a coisa sabida ou apreendida
pelo sentido são medidas pelas quais podemos saber se
verdadeiramente conhecemos algo pelo sentido ou pelo
intelecto.
Se a ciência, porém, fosse a causa da coisa
sabida, então necessariamente [esta ciência] seria a medida
[da coisa]. Este é o caso da ciência do artífice, a qual é
medida das coisas artificiais, porque qualquer [coisa]
artificial é perfeita na medida em que alcança a semelhança
da arte. E é desta maneira que se encontra a ciência de
Deus em relação a tudo.
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