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[Segundo o que foi explicado no ítem precedente],
aquele que aprende a arte operaria o ato da arte [com a
finalidade de assim aprendê-la]. Mas aquele que está
aprendendo uma arte ainda não possui esta arte. Portanto,
[daqui parece seguir-se o paradoxo de que] aquele que não
possui a ciência nem a arte faria aquilo que é próprio da
ciência ou da arte.
[A esta objeção pode responder-se que] no livro VI
da Física foi demonstrado que o estar em movimento precede
todo mover-se. Isto acontece por causa da divisão do
movimento. E por isso, qualquer que seja o que é movido, já
quanto a algo terá sido movido. E pela mesma razão, qualquer
que seja o que se faça, já quanto a algo terá sido feito. E
porque aquilo que se faz quanto a algo já está feito, poderá
ter alguma operação [daquilo que teria ao se ter terminado a
ação sobre ele]. Por exemplo, aquilo que está se esquentando
pode de algum modo esquentar, posto que não perfeitamente
como aquilo que já está quente. E assim, como aprender
significa fazer-se sciente, é necessário que o discente já
tenha algo da ciência e da arte. Não pode, porém, [usar
delas] perfeitamente, como aquele que já possui a arte.
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