|
Em qualquer operação ou arte existe um bem
pretendido. O bem pretendido em qualquer arte é aquele por
causa do qual todas as demais coisas [naquela arte] são
feitas. Por exemplo, na Medicina todas as coisas são feitas
por causa da saúde. Na ciência militar todas as coisas são
feitas por causa da vitória. E assim, [de modo geral], em
diversas operações e artes o bem pretendido é este ou aquele.
Este bem pretendido em qualquer operação ou escolha é dito
fim. E isto porque o fim nada mais é do que aquilo por cuja
causa as outras coisas são feitas. Se, portanto, existir de
modo imediato algum fim, ao qual se ordenam todas as coisas
que são operadas por todas as artes e operações humanas, tal
fim será o bem operado de modo simples, isto é, o pretendido
por todas as obras humanas. Se, porém, existirem diversos
bens aos quais se ordenam os diversos fins das diversas
artes, será necessário que a inquisição de nossa razão
transcenda esta pluraridade, até alcançarmos algum único
[bem].
É necessário que exista um fim [uno] do homem
enquanto homem, por causa da unidade da natureza humana,
assim como existe um fim [uno] do médico enquanto médico por
causa da unidade da arte medicinal. E este fim último do
homem é dito bem do homem, que é a felicidade.
|
|