6. Como a verdade não está inteiramente ausente em ambos os opostos dos singulares futuros.

Se, por um lado, [diz o Filósofo], é verdade dizer que nas enunciações singulares nenhum dos opostos é determinadamente verdadeiro, [por outro lado, porém], também não é verdade dizer que nenhum destes dois opostos é verdadeiro, de tal modo que possamos dizer: nem será, nem não será.

Esta última posição pode ser demonstrada de duas maneiras.

Em primeiro lugar, a afirmação e a negação dividem o verdadeiro e o falso, o que é manifesto pela definição do verdadeiro e do falso, pois nada mais é o verdadeiro do que ser o que é ou não ser o que não é, e nada mais é o falso do que ser o que não é ou não ser o que é. Deste modo é necessário que se a afirmação é falsa, a negação seja verdadeira e vice versa. Mas [se a verdade estivesse inteiramente ausente das enunciações singulares futuras opostas] seguir-se-ia ser falsa a afirmação pela qual se diz que "algo será", assim como também seria falsa a negação segundo a qual este "algo não seria", o que seria impossível. De onde que a verdade não pode faltar inteiramente em ambos [os opostos das enunciações singulares futuras].

Em segundo lugar, se for verdadeiro dizer algo, seguir-se-á que este algo seja. Por exemplo, se é verdadeiro dizer que algo seja grande e branco, seguir-se-á que ambas [estas coisas] sejam. Porém, assim como é no presente, assim também o é no futuro. Portanto, se for verdade dizer que amanhã será, seguir-se-á que seja amanhã. Ora, se for verdade que [a verdade esteja inteiramente ausente dos singulares futuros opostos], sendo verdadeiro dizer que nem amanhã será, nem não será, isto implicará que algo não se tornará nem não se tornará, o que é contra a razão do que possui inclinação para ambas [as possibilidades], porque o que está inclinado para ambas [as possibilidades pode efetivamente realizar a ambas].