7. Objeção à argumentação de Aristóteles.

Alguém poderá dizer que os homens estimam um dado fim ser ótimo não por sua própria espontaneidade, mas por seu nascimento. Por exemplo, assim como o homem julga bem das cores pela vista exterior, que ele possui pelo seu nascimento, assim também por nascimento teria uma boa disposição da vista interior, pela qual julga e deseja aquilo que é bem segundo a verdade. Assim, o nascimento verdadeiramente bom e perfeito seria aquele através do qual o homem nasceria conaturalmente àquilo que é bem máximo e ótimo, coisa que o homem não poderia alcançar por algum outro meio ou disciplina, sendo necessário que nele existisse por natureza.

[Quanto a isto Aristóteles responde que] deve-se primeiro considerar que esta parece ser a posição de alguns matemáticos que colocavam que o homem em seu nascimento é disposto em virtude dos corpos celestes, para que faça isto ou aquilo. Aristóteles, no livro III do De Anima, atribui esta posição àqueles que não viam diferença entre o sentido e o intelecto. Se, de fato, alguém disser que a vontade humana é tal que possa ser induzida pelos corpos celestes ou pelo sol, conseqüentemente a vontade e a razão, na qual está a vontade, será algo corpóreo, assim como o sentido, porque não é possível que aquilo que em si é incorpóreo seja movido pelo corpo. Os corpos celestes podem causar alguma disposição no corpo humano, pelo qual se incline o apetite sensível, cujos movimentos são as paixões da alma. De onde se conclui que os corpos celestes não podem e fazer com que alguém tenha inclinação a julgar algo ser bem de modo simples e segundo se, como através do hábito eletivo da virtude e da malícia. Somente poderão levar alguém a julgar algo ser bem enquanto agora, como acontece pelas paixões. O mesmo deve ser dito das inclinações que acontecem devido à complexão natural. Agora, de fato, não estamos tratando dos julgamentos pelos quais algo é julgado bem devido a uma paixão, porque a vontade pode a este julgamento não seguir, mas do julgamento pelo qual algo é julgado bem devido a um hábito. De onde se conclui que a objeção levantada não exclui a precedente resposta de Aristóteles.