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Depois que o Filósofo mostrou qual é a vida ótima
de um só homem, e qual é a vida ótima da cidade, deseja
investigar agora se a felicidade de um só homem segundo si
mesmo e de toda a cidade são a mesma.
O Filósofo declara serem a mesma como que
sustentado pela comum opinião de todos. É manifesto que a
felicidade de um só homem e de toda a cidade são a mesma e de
uma só razão porque todos os que falam da felicidade parecem
afirmar isto.
Todos os que sustentam que a felicidade do homem
consiste nas riquezas também afirmam que a cidade é bem
aventurada se possuir riquezas em abundância. Aqueles que
sustentam que a felicidade é a vida tirânica pela qual alguém
vive governando tiranicamente sobre outros, estes também
afirmam ser felicíssima a cidade que governa tiranicamente
sobre muitas outras cidades e regiões. Se também alguém
sustenta que um só homem é feliz pela operação da virtude,
este também dirá ser ótima a cidade que for mais aplicada e
mais participar das ações da virtude. E assim sucessivamente.
Qualquer que seja aquilo pelo qual sustentamos que alguém
seja feliz, pelo mesmo motivo diremos que toda uma cidade
será feliz. Todos, portanto, confessam ser uma só a
felicidade de cada homem separadamente e de toda a cidade.
[O compilador acrescenta que daqui poder-se-ia
deduzir também que, se a vida do homem possui um sentido, a
história humana também o terá e que, se a história humana não
tiver sentido, isto será devido a que a vida humana também
não o tem].
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