4. Resposta de S. Tomás de Aquino à objeção de Alexandre.

[Ao contrário de Alexandre, S. Tomás de Aquino afirma que a divisão feita por Aristóteles da enunciação una de modo simples em enunciações afirmativas e negativas é verdadeiramente uma divisão de um gênero em suas espécies].

[Quanto às objeções levantadas em contrário por Alexandre, S. Tomás responde que], [independentemente da solução desta questão, deve-se reconhecer de antemão que a afirmação e a negação dividem algo comum que é a enunciação de modo simples. Ora], os dividentes de algo comum podem ser anteriores e posteriores entre si de dois modos.

De um primeiro modo, podem ser anteriores e posteriores entre si pelas suas razões ou naturezas próprias.

De um segundo modo, podem ser anteriores e posteriores entre si segundo uma [diversa] participação da razão [ou natureza] daquela coisa comum que se divide [nestes dividentes].

[Quando os dividentes de algo comum são anteriores e posteriores entre si por suas naturezas próprias], não se retira com isto a univocação do gênero, como é manifesto no caso dos números, onde o número dois é por sua própria natureza anterior ao número três e, no entanto, participam de modo igual no seu gênero, que é o número. De fato, a multidão contida no número três é medida pelo um do mesmo modo que a multidão contida no número dois é medida pelo mesmo um.

[Já, porém, quando os dividentes de algo comum são anteriores e posteriores entre si por causa de uma diversa participação da natureza da coisa comum que é por eles dividido], com isto impede-se a univocação do gênero. É por isto que o ser não pode ser o gênero da substância e dos acidentes, porque a substância, que é ente por si mesmo, possui prioridade em relação ao acidente, por ser o acidente ente apenas por outro e em outro. [Não são, portanto, anteriores e posteriores por suas próprias naturezas intrínsecas, mas por um diverso grau de participação da natureza daquilo que eles estão dividindo].

A afirmação, porém, é anterior à negação por sua própria natureza, [e não por ser mais ou menos enunciação do que a negação]. Tanto a afirmação como a negação participam de modo igual da razão [ou natureza] da enunciação. De fato, a razão [ou natureza] da enunciação [consiste em ser uma] oração na qual pode encontrar-se o verdadeiro ou o falso; [e esta natureza encontra-se de modo pleno tanto na afirmação como na negação, e não por graus diversos de participação].