|
O Filósofo reprova também o principado do senado
lacedemônio quanto à eleição dos seus anciãos.
A eleição dos anciãos [que deveriam compor o
senado] entre os Lacedemônios era imensamente pueril. Entre
os Lacedemônios estava ordenado que aqueles que parecessem
dignos de pertencer ao senado eles próprios pedissem sua
admissão, o que não é correto, porque deste modo ninguém
seria conduzido a este principado senão aqueles que o
quisessem. Ora, é necessário que quem é digno do principado o
assuma, quer o queira, quer não o queira, porque a utilidade
de todos deve ser preferida à própria vontade de cada um.
Ademais, por causa desta ordenação sobre a eleição
dos senadores, o legislador parecia tornar os cidadãos
amantes da honra, como se isto fosse parte da política, isto
é, tanto da eleição dos éforos, quanto de qualquer outra, o
que tornava os cidadãos amantes da honra. E que isto ocorria
na eleição dos senadores é algo evidente, pois ninguém
pediria senão aquele que quisesse ser príncipe, o que é amar
a honra. Se, portanto, ninguém pode obter o principado senão
querendo-o, seguir-se-á que só governarão os amantes da honra
e assim todos serão estimulados ao amor da honra, o que é
muitíssimo perigoso para a cidade, porque a maior parte das
injustiças que ocorrem na cidade por parte dos homens, como a
violência, as rapinas e outras semelhantes, são feitas por
causa do amor da honra e do dinheiro. De onde que é evidente
que semelhante ordenação é perigosa para a cidade.
|
|