9. A eleição não é o mesmo que a opinião acerca das coisas que caem debaixo de nossa operação.

[Primeira demonstração]: a eleição principalmente diz respeito às nossas ações. De fato, [fazemos eleição] de que, por exemplo, tomemos isto ou disto fujamos, ou qualquer outra coisa que pertença às nossas ações. Já a opinião diz respeito principalmente à coisa. De fato, nós opinamos o que é isto, como por exemplo, que é pão, ou para o que convém, ou como dele se deve utilizar. A opinião não tem como objeto principal nossas operações, por exemplo, que opinemos se nós devemos ir ao encontro ou fugir de algo. Isto acontece porque as nossas operações são acerca de coisas singulares e contingentes, de onde que o seu conhecimento ou opinião não é muito procurado por causa da verdade que haja nelas, mas somente por causa da operação [que se deve acerca delas fazer no caso]. Portanto, daqui se conclui que a eleição não é o mesmo que a opinião.

[Segunda demonstração]: a eleição é louvada na medida em que ordena corretamente algo ao seu fim, enquanto que a opinião é louvada se é verdadeira acerca de algo. Assim, o bem e a perfeição da eleição consiste em uma certa retitude, enquanto que o bem e a perfeição da opinião é a verdade. Ora, as coisas cujas perfeições são diversas são diversas. Portanto, a eleição não é o mesmo que a opinião.

[Terceira demonstração]: se a opinião e a eleição fossem o mesmo, seria necessário que os mesmos fossem aqueles que fizessem eleição do ótimo e que tivessem uma opinião verdadeira dele. Mas isto é manifestamente falso. De fato, alguns opinam [segundo a verdade] o que é melhor universalmente, porém, por causa da malícia não [fazem eleição] do que é melhor, mas do que é pior. Portanto, a eleição não é o mesmo que a opinião.