9. Aristóteles reprova Faléias por não ter determinado suficientemente sobre a posse total da cidade.

Embora Faléias tivesse estabelecido alguma regra para as possessões dos cidadãos entre si, que consistia em que as posses de todos fossem iguais, não determinou porém quanto deveria ser a posse de toda a cidade. A medida da posse de toda a cidade deve ser tomada não apenas por comparação à suficiência dos usos civis no que diz respeito ao que pertence à moradia e às vestimentas dos cidadãos e outras coisas semelhantes, mas também por comparação ao perigo que pode advir do exterior [para toda a cidade]. [Sob este aspecto] duas coisas devem ser consideradas sobre a quantidade das posses da cidade. A primeira é que não seja tão grande que os vizinhos mais poderosos sejam atiçados a cobiçá-la, de tal modo que os cidadãos não possam sustentar o mal que lhes será feito; a segunda é que não seja tão pequena que não seja suficiente para ocupar-se para o esforço bélico pelo qual os cidadãos possam resistir ais que lhes são iguais e semelhantes.

O filósofo exemplifica estas considerações do seguinte modo. Houve um certo príncipe chamado Antofradates, que quis sitiar a cidade de Acarnéia. Um sábio chamado Éubolo, bom conselheiro, conduziu o príncipe a que considerasse quanto tempo seria necessário para sitiar a cidade até que a pudesse capturar e simultaneamente com o tempo calculasse também as despesas do sítio. Ao fim do cômputo ambos concluíram que o lucro da tomada seria muito menor do que o custo do sítio, o que fêz com que o príncipe abandonasse a inciativa. Embora o príncipe tivesse consentido com o sábio abandonando o cerco, não o teria feito com certeza se a cidade possuísse maiores riquezas do que de fato possuía. De onde que o termo médio das posses de uma cidade é-lhe de muita utilidade. Faléias, omitindo-se em considerar este assunto, parece ter ordenado insuficientemente a posse de uma cidade.