27. Como as amizades que são entre pessoas desiguais diferem entre si pela espécie.

As amizades que são entre pessoas desiguais diferem entre si pela espécie [de duas maneiras]. [De uma] primeira [maneira], segundo as diversas relações de superabundância, [por onde] que é diversa pela espécie a amizade do pai para com o filho e do imperante aos súditos sobre os quais impera. [De uma] segunda [maneira], segundo as diversas relações entre o excedente e o excedido, [por onde] que não é a mesma pela espécie a amizade do pai para com o filho e do filho para com o pai, e nem do marido para com a esposa e da esposa para com o marido, [o que pode demonstrar- se do seguinte modo]. Sendo a amizade dita segundo o hábito e segundo o ato, é necessário que em qualquer amigo exista alguma virtude habitual para a execução do que pertence à amizade, e também da própria obra da amizade. Ora, é evidente em cada um dos exemplos citados que não é idêntica a obra do pai para com o filho, do marido para com a amulher, o também do filho para com o pai. De onde que se segue não tratar-se da mesma virtude. Portanto, também serão diversas amizades.