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À objeção que foi anteriormente levantada segundo
a qual a vida ótima do homem é a vida ativa e que a vida
contemplativa ou absoluta seria sem ação, o Filósofo deseja
responder dizendo que as cidades que se localizam de tal modo
que não governam sobre cidadãos exteriores, apenas por meio
da comunicação interna de seus próprios cidadãos, não podem
ser ditas inteiramente destituídas de ação. Possuem, na
realidade, muitas e belas ações; embora não tenham ações
dirigidas ao exterior governando ou submetendo-se a outros,
possuem todavia ações de uma parte em relação a outra, já que
as partes de uma cidade possuem muitas comunicações entre si.
Semelhantemente a mesma coisa deve ser dita de qualquer homem
[contemplativo] em relação a si mesmo; embora não tenha ação
sobre outro, todavia ele próprio possui ações perfeitas ao
especular segundo si mesmo. Esta aplicação que há nas
operações especulativas, Deus, que é maximamente perfeito, a
possui otimamente, assim como também todo o Universo possui
operações [que não transitam para além de si mesmo]. Deus, de
fato, não possui operações extrínsecas que sejam diversas de
sua própria operação, nem também o mundo [universo] possui
operações sobre algo extrínseco além daquelas que são de suas
próprias partes mutuamente entre si. Não é verdade, portanto,
que o homem ou a cidade que conduza uma vida especulativa
seja sem ação.
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