4. Se estranhos introduzidos na cidade podem tornar-se cidadãos.

O Filósofo levanta algumas dúvidas sobre o procedimento exposto. A primeira dúvida consiste em saber se são também cidadãos aqueles que são introduzidos na comunicação política quando ocorre alguma mudança na política da cidade. Alguns sábios, [nestas ocasiões], introduziram na sociedade civil muitos estranhos e inclusive servos para que, multiplicado o povo, os ricos não pudessem oprimí-la tiranicamente.

[É evidente, responde o Filósofo], que não há dúvida sobre se estes homens são cidadãos. Pelo fato de terem sido feitos cidadãos, são cidadãos. Poderá haver dúvida se o serão de modo justo ou injusto.

Alguns poderão duvidar, dizendo que quem não é cidadão de modo justo não é cidadão, pois é claro que o falso cidadão não é cidadão. O Filósofo, porém, declara que, assim como alguns que governam injustamente são considerados príncipes, assim pela mesma razão aqueles que são cidadãos injustamente devem também ser ditos cidadãos, porque um cidadão é dito por participar de algum modo no principado, conforme antes mencionado.