13. Esclarece-se de uma segunda maneira a relação da virtude para com o termo médio.

[O mal acontece de muitas maneiras, o bem, entretanto, de uma única].

De muitas maneiras alguém pode pecar, mas agir corretamente ocorre somente de um único modo. Isto acontece porque o mal, que é incluído na razão do pecado, pertence, segundo os filósofos pitagóricos, ao infinito, mas o bem, segundo eles, pertence ao finito. O que pode ser entendido assim: o bem acontece por uma única e íntegra causa, mas o mal por defeitos singulares. Por exemplo, a feiúra, que é o mal da forma corporal, acontece quando qualquer membro do corpo se achar indecente. Mas a beleza não se dá a não ser que todos os membros sejam bem proporcionados e coloridos.

A doença, que é o mal da compleição corporal, provém da singular desorganização de qualquer humor. Já a saúde não surge exceto de uma devida proporção de todos os humores.

E, de modo semelhante, o pecado acontece nas ações humanas, em havendo qualquer circunstância desordenada, tanto segundo a superabundância como segundo o defeito. Mas a sua retidão não se dará a não ser ordenando todas as circunstâncias do modo devido. De onde vêm que pecar é fácil, porque isto acontece de muitas formas, mas agir corretamente é difícil, porque isso não acontece a não ser de uma única forma.

[Do que foi dito se conclui que a superabundância e o defeito pertencem à malícia, enquanto que o termo médio à virtude]. É evidente que a superabundância e o defeito acontecem de muitas maneiras, enquanto que o termo médio pertence à virtude, porque o bem ocorre sempre de um só modo, conforme foi explicado, mas o mal de múltiplas maneiras, conforme também foi explicado.