16. Se a essência é idêntica com aquilo de quem é essência.

Foi dito anteriormente que a essência de cada coisa é idêntica com aquilo de quem é essência. [Deve-se agora dizer que] isto é verdadeiro simpliciter [apenas] em algumas coisas, que são as substâncias primeiras, ou as substâncias imateriais.

[Tomemos o exemplo da curvidade]. A curvidade parece ser forma na matéria, não na matéria sensível, mas na inteligível, que é o próprio contínuo. Existe, porém, uma certa curvidade primeira, assim como a curvidade que está nas espécies segundo os Platônicos, em quais espécies de modo comum é verdadeiro que qualquer coisa é idêntica com a sua essência. A outra curvidade que está nas coisas sensíveis ou nas matemáticas não é primeira. De onde se segue que não é idêntica com a sua essência.

[A essência é idêntica com aquilo de quem é essência nas substâncias primeiras]. Por substâncias primeiras aqui Aristóteles entende aquelas coisas que são formas não na matéria, assim como as substâncias separadas. Em quaisquer coisas que sejam assim como a matéria, ou que sejam concebidas com a matéria, assim como os compostos que têm em sua razão a matéria, nesta não há identidade da essência com aquilo de quem é essência. A mesma coisa pode se dizer das coisas que são ditas segundo o acidente.