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Nas coisas domésticas há um duplo principado. O
primeiro é aquele que existe entre o senhor e os servos, que
é chamado de dominação e. embora ele seja, segundo a verdade
da coisa. útil àquele que é naturalmente servo e àquele que é
naturalmente senhor, todavia o senhor governa o servo para a
utilidade do senhor, não para a utilidade do servo, a não ser
por acidente.
O segundo principado é aquele que existe [entre
os] livres, como o que existe para com os filhos, a esposa e
toda a família. Este é chamado de principado econômico. Neste
principado pretende-se a utilidade dos súditos, ou também a
utilidade comum a ambos. Per se e principalmente, [este
principado] pretende a utilidade dos súditos, assim como
observamos nas demais artes, como na arte médica, que
pretende principalmente a utilidade dos que são medicados, e
a arte exercitativa, que pretende principalmente a utilidade
daqueles que são exercitados. Mas, por acidente, ocorre
também que haja uma redundância de utilidade naqueles que
possuem [e exercem] tais artes. De fato, aquele que exercita
as crianças, ele também é simultaneamente exercitado; às
vezes á também do número dos que são exercitados, como quando
há um governador [no navio] para vários marinheiros que
conduzem um mesmo navio. Assim portanto, o que exercita as
crianças e o governador do navio considera, per se, a
utilidade dos súditos, mas porque ele próprio é um daqueles
que são exercitados e conduzidos, por isso ambos por acidente
participam da utilidade comum que promovem. É de um modo
semelhante que o pai participa da utilidade da casa que ele
promove.
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