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Para compreender-se o que vem a seguir, deve-se
saber que a respeito da essência e definição das coisas,
existem duas opiniões.
A primeira opinião diz que toda a essência da
espécie é a forma [do indivíduo], de tal maneira que toda a
essência do homem seria a sua alma. [Explicando melhor, se
chamarmos a espécie de todo e o indivíduo de parte], segundo
esta opinião a forma do todo, que é designada pelo nome de
humanidade, e a forma da parte, que é designada pelo nome de
alma, são a mesma coisa, diferindo apenas pela razão:
chamar-se-ia alma, na medida em que o composto por ela é
colocado numa espécie. Daqui se segue ainda que segundo esta
opinião nenhuma parte da matéria é colocada na definição da
espécie, mas apenas os seus princípios formais.
Esta primeira opinião não concorda com o parecer
de Aristóteles. Segundo Aristóteles, as coisas naturais
apresentam em sua definição a matéria sensível, e nisto elas
diferem das coisas matemáticas. Ora, somente os acidentes são
definidos por algo que não são parte de sua essência. [A
definição das substâncias é a sua própria essência].
Portanto, a matéria sensível será parte da essência das
substâncias naturais, não apenas quanto ao indivíduo, mas
também quanto à espécie. As definições somente existem das
espécies. [As essências são tanto da espécie quanto do
indivíduo].
[Se chamarmos a espécie de todo e o indivíduo de
parte], a segunda opinião diz que a forma do todo, isto é, a
qüididade da espécie, difere da forma da parte, [isto é, da
forma do indivíduo]. A qüididade da espécie é composta de
matéria e forma, não todavia desta forma desta matéria
individual. Esta será a opinião de Aristóteles.
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