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O Filósofo diz ser manifesto que para cada
afirmação há apenas uma única negação. [Aristóteles
considera] necessário dizer isto já que, catalogando diversos
gêneros de oposição, poderia parecer que a uma afirmação se
opusessem duas negações, como quando ao dizer-se
parece que se lhe oporiam, segundo o que foi explicado, as
seguintes duas negativas:
e também
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"algum homem não é branco".
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Mas, se considerarmos atentamente a afirmação
verificaremos que somente a enunciação
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"algum homem não é branco"
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será a sua negativa, e que unicamente esta é a que remove a
primeira, como fica evidente de sua equivalente que é
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"não todo homem é branco".
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Já a enunciação universal negativa inclui no seu entendimento
a negação da universal afirmativa, na medida em que inclui a
particular negativa, mas além desta ela inclui algo a mais,
na medida em que implica não apenas na remoção da
universalidade, mas também remove cada uma de suas partes.
Deste modo é evidente que há apenas uma negação da
afirmação universal, e o mesmo pode ser dito das demais
[enunciações].
A razão [desta conclusão] está em que, conforme já
foi explicado, a negação se opõe à afirmação, que é de um
mesmo [predicado referido] a um mesmo [sujeito]. De onde que
se deduz que é necessário que a negação negue aquele mesmo
predicado que a afirmação afirmou, do mesmo sujeito, seja
este sujeito singular ou universal, tomado universalmente ou
não universalmente. Isto, porém, não pode ser feito senão de
um só modo, de tal maneira que a negação negue [apenas]
aquilo que a afirmação colocou e nada mais, de onde que a
cada afirmação se oporá [apenas] uma única negação.
Como exemplo pode-se dizer que à afirmação
opõe-se somente a negação
como sua negação própria. Se houvesse outro predicado ou
outro sujeito, não haveria uma negação oposta, mas
inteiramente diversa.
Já à afirmação
opõe-se como sua negação própria
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"não todo homem é branco",
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que é equivalente a uma particular negativa.
Quanto à afirmação
opõe-se como sua negação própria a enunciação
pois nenhum significa `não um', ou `não alguém'.
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