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O problema consiste em saber-se como, se existe
uma matéria primeira para todas as coisas, a partir desta
única matéria primeira pode-se chegar à diversidade das
coisas.
Os antigos filósofos explicavam isto pelo acaso,
removendo a causa agente, e colocando que a diversidade das
coisas é produzida pela densidade e rarefação a partir de uma
única matéria.
Aristóteles discorda da solução dada pelos antigos
filósofos. A partir de uma [única] matéria existente, a
diversidade das coisas é produzida pela causa movente: ou
porque a causa movente é esta ou aquela, ou porque a mesma
causa movente se encontra em relação ao operar diversas
[coisas] de diversas maneiras. Isto é maximamente patente nas
coisas artificiais. A partir da madeira, pode-se fazer, pelo
mesmo artífice, tanto uma arca como uma cama, segundo as
diversas [artes que o mesmo utiliza].
Entretanto, ainda que a matéria primeira seja
comum a todas as coisas, as matérias próprias são diversas
para diversas [coisas]. Assim, para que não se atribua toda a
diversidade das coisas à causa movente, e de nenhum modo ao
princípio material, o filósofo acrescenta que em algumas
[coisas a diversidade provém da diferença da matéria
própria]. Assim, nem tudo está apto a fazer-se a partir de
qualquer matéria. Por exemplo, a serra não se faz a partir da
madeira. E nem está em poder do artífice fazer uma serra a
partir da madeira ou da lã.
Conclui-se, portanto, que a diversidade das coisas
provém do movente e da matéria.
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