15. Segundo um certo sentido especial, a virtude pode ser considerada um extremo.

A virtude é um certo termo médio entre duas malícias, e entre dois hábitos viciosos, a saber, entre aquele que é segundo a superabundância e aquele que é segundo o defeito. A virtude é dita encontrar o termo médio pela razão e escolhê-la pela vontade, de maneira que fica claro que a própria virtude é [um] termo médio, e operante do termo médio. Assim, devemos dizer que a virtude, segundo sua substância e segundo a razão definitiva é um termo médio. Mas na medida em que apresenta razão de ótimo em dado gênero e é bem operante ou bem disponente, é [uma] extremidade.

Para que isto fique evidente deve-se considerar que toda a bondade da virtude moral depende da retitude da razão. O bem convém à virtude moral, na medida em que esta segue a reta razão. Da mesma maneira, o mal convém ao vício, na medida em que este se afasta da reta razão. Por isso, segundo a razão da bondade e da malícia, ambos os vícios estão em um extremo, que é o mau [extremo], que é tomado segundo o afastamento da razão. [Segundo a razão da bondade e da malícia], porém, a virtude está no outro extremo, isto é, no bem [extremo], que é tomado segundo o seguimento da razão.