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Nos homens severos e velhos tanto menos [se
realiza] a amizade quanto mais, presumindo de si mesmos,
seguem o seu sentido. Tais pessoas pouco gozam do colóquio
com os outros, ora porque [suas atenções estão voltadas] para
si mesmos, ora por causa da suspeita que têm dos outros,
[justamente quando] são estas [as coisas] que mais parecem
ser obra da amizade e causativas da mesma: a concórdia e o
colóquio dos amigos. Daqui é que os jovens, que muito se
alegram nos colóquios e facilmente concordam com os outros,
prontamente se tornam amigos, coisa que não acontece com os
velhos, por não poderem tornar-se amigos aqueles que não
gostam da convivêncvia e do colóquio.
A mesma coisa deve se dizer dos homens severos,
que são litigiosos e mordazes das coisas que são feitas pelos
outros. Tais pessoas, isto é, os velhos e os severos, podem
ser benévolos, na medida em que querem o bem aos outros com o
afeto, e também na medida em que os ajudam de fato e nas
necessidades. Todavia, não se tornam amigos verdadeiros, nem
se alegram com a companhia dos amigos, coisa que maximamente
parece ser obra da amizade.
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