6. A segunda parte da alma, que é irracional per se, e racional por participação.

O irracional, no homem, pode ser encontrado de dois modos. De um primeiro modo, como a [força] nutritiva, que de nenhum modo se comunica com a razão. De fato, de nenhum modo ela obedece às ordens da razão. De um segundo modo, o irracional é encontrado no homem como na força concupiscível, e em toda força apetitiva, como no irascível e na vontade, as quais participam de algum modo da razão.

[Que existe uma parte da alma que é irracional, embora participe de um certo modo da razão, pode ser visto pelo fato de que costumamos] louvar a parte da alma que corretamente delibera e induz ao ótimo, a qual escolhe abster-se dos prazeres ilícitos. Mas vemos que nela existe de modo natural algo além da razão, que contraria a razão e a impede na execução de sua escolha. Este algo, no continente, é vencido pela razão, e no incontinente, [ao contrário], a razão é vencida [por ele]. E que esta parte participa de alguma forma da razão é manifesto pelo caso do homem continente, cujo apetite sensitivo obedece à razão.

A razão [de que esta parte racional da alma participa é aquela que] está para esta parte da alma como em lugar de um pai imperante ou de um amigo aconselhante. A razão [que] se acha para esta parte da alma por modo de especulação [pura], como a razão dos matemáticos, desta razão esta [segunda] parte da alma em nada participa.