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Não é [possível] que o mesmo homem seja
simultaneamente prudente e incontinente. [Disto Aristóteles
dá duas razões].
[A primeira razão está em que], conforme foi
explicado no livro VI, a prudência existe simultaneamente com
a virtude moral. Desta maneira, se alguém é prudente será
simultaneamente [amante cuidadoso das ] virtudes morais. Mas
o incontinente não é [amante cuidadoso das] virtudes morais,
porque [se o fosse] não seria afastado [da razão] pelas
paixões. Portanto, alguém não pode ser simultaneamente
prudente e incontinente.
[Quanto à segunda razão], uma pessoa não é dita
prudente somente por ter ciência, mas também por ser prática,
isto é, operativa. De fato, está dito no livro VI, que a
prudência é preceptiva das obras, e não somente consultiva e
julgativa. Ora, o incontinente é deficiente [justamente] no
ser prático, pois não opera segundo a razão correta.
Portanto, conclui-se que o prudente não pode ser
incontinente.
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