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Houve alguns poetas que exortaram a que o homem
devesse pretender saber o que é humano, e os mortais saber o
que é mortal.
Aristóteles declara falsa esta colocação, porque o
homem deve pretender a imortalidade o quanto possa, e fazer
tudo o que puder para que viva segundo o intelecto, que é o
ótimo entre as coisas que há no homem, o qual é imortal e
divino. Já foi dito no livro IX que [para] cada coisa [sua]
melhor parte é aquela que é mais principal nela, porque todas
as outras são como que [seus] instrumentos. Assim, na medida
em que o homem vive segundo a operação do intelecto, vive
segundo a vida maximamente a si própria. Seria, entretanto,
inconveniente, se alguém escolhesse viver não segundo a vida
que lhe é própria, mas segundo a vida de algum outro. De onde
que inconvenientemente afirmaram aqueles que exortaram a que
o homem não devesse descansar na especulação do intelecto. E
isto não é contra aquilo que foi dito antes, que [ a vida
segundo a qual descansamos na especulação do intelecto] não é
segundo o homem, mas acima do homem: não é, de fato, segundo
o homem quanto à natureza composta, mas é, todavia,
propriíssima segundo o homem quanto àquilo que é
principalíssimo no homem. Esta vida, na verdade, é encontrada
perfeitissimamente nas substâncias superiores, nos homens
todavia imperfeitamente e como que participativamente. E
todavia este pouco é maior do que todas as outras coisas que
há no homem. Assim, portanto, é patente, que aqueles que
descansam na especulação da verdade são maximamente felizes,
tanto quanto o homem nesta vida pode ser feliz.
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