IX. A OPOSIÇÃO DAS PARTES SUBJETIVAS DA ORAÇÃO, QUE SÃO A AFIRMAÇÃO E A NEGAÇÃO. APRECIAÇÃO GERAL DA CONTRARIEDADE.


1. A dupla diversidade das enunciações.

O Filósofo pretende tratar sobre a [natureza da] oposição entre a afirmação e a negação. [Antes disso, porém, ele propões como premissa] uma dupla diversidade da enunciação.

A primeira diversidade da enunciação provém de [sua] própria forma ou modo de enunciação, segundo a qual diz-se que a enunciação é afirmativa, pela qual enuncia-se algo ser, ou é negativa, pela qual significa-se algo não ser.

A segunda diversidade da enunciação provém da comparação para com a coisa [ou realidade], [realidade ou coisa] da qual depende a verdade ou a falsidade do intelecto e da enunciação. De fato, quando se enuncia algo ser ou não ser segundo a congruência da coisa, a oração é verdadeira; de outro modo a oração é falsa.

A enunciação, assim, pode variar de quatro modos, segundo a mistura destas duas divisões.

De um primeiro modo, na medida em que aquilo que é na coisa [ou realidade] é enunciado tal como é na coisa [ou realidade], o que pertence à afirmação verdadeira.

De um segundo modo, na medida em que enuncia-se algo não ser o que [de fato] não é na coisa [ou realidade], o que pertence à negação verdadeira.

De um terceiro modo, na medida em que enuncia-se algo ser que, [todavia], não é na coisa [ou realidade], o que pertence à afirmação falsa.

De um quarto modo, na medida em que enuncia-se algo não ser que, [todavia], é na coisa [ou realidade], o que pertence à negação falsa.