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[O movimento não pertence à categoria do tempo,
porque] o tempo é uma medida do movimento. Portanto, não pode
existir movimento na [categoria do] tempo pela mesma razão
que não existe movimento na ação e paixão.
[Não existe movimento no gênero da substância]
porque todo movimento é entre contrários. Mas não existe
contrário da substância. Portanto, não existe movimento no
gênero da substância.
[Não existe movimento no gênero da relação] porque
em qualquer gênero em que existe movimento per se, nada de
novo deste gênero é achado em algo a menos que ele mude. Mas
algo novo [no gênero da relação] verdadeiramente acontece
para aquele que está em relação para com uma outra coisa
quando esta outra coisa muda, mesmo se a primeira coisa não
mudar. Portanto, na relação não existe movimento per se, mas
apenas movimento por acidente, na medida em que uma nova
relação resulta de alguma mudança [na quantidade, na
qualidade ou no lugar].
[Não existe movimento no gênero da posição] porque
posição indica uma certa ordenação das partes. Mas ordenação
é uma relação. Portanto, não existe movimento no gênero da
posição da mesma maneira que não existe movimento no gênero
da relação.
[Não existe movimento no gênero do hábito porque]
o hábito se refere a uma certa relação de um corpo a algo que
lhe é colocado junto. Portanto, não pode existir movimento
nesta categoria da mesma maneira em que não pode existir
movimento na categoria da relação.
[Não existe movimento nas categorias da ação e
paixão porque] ação e paixão não diferem do movimento pelo
sujeito. Na verdade, elas acrescentam ao movimento uma
inteligibilidade [ratio]. De onde, dizer que existe movimento
na ação e paixão é o mesmo que dizer que existe movimento no
movimento. Mas não pode existir movimento do movimento, nem
geração da geração, nem mutação da mutação, nem corrupção da
corrupção. [Esta afirmação é demonstrada, na Física de
Aristóteles, por seis vias diferentes].
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