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A primeira razão pela qual um predicado universal
não pode ser determinado universalmente está em que este modo
de predicar repugnaria ao predicado segundo a razão própria
que o predicado tem na enunciação.
Conforme já foi explicado, o predicado é como que
a parte formal da enunciação, enquanto que o sujeito é a sua
parte material. Ora, quando algum universal é tomado
universalmente, este universal está sendo tomado segundo a
relação que ele possui para com [todos e cada um dos]
singulares que estão contidos sob si mesmo. [Do mesmo modo],
quando algum universal é tomado de modo particular, está
sendo tomado segundo a relação que possui para com alguns dos
singulares que estão contidos sob si mesmo. Deste modo, ambas
[estas determinações, a universal e a particular], pertencem
à determinação material do universal. [Estas determinações,
portanto, convém ao sujeito, que é a parte material da
enunciação, mas não ao predicado, que é a parte formal da
enunciação]. Por isso não se acrescentam convenientemente
sinais universais ou particulares aos predicados, mas apenas
aos sujeitos. É assim que se diz mais convenientemente
do que
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"todo homem é nenhum asno".
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Semelhantemente diz-se com mais conveniência
do que
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"o homem é algum branco".
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Encontram-se, todavia, algumas vezes, entre os escritos dos
filósofos, algum sinal particular acrescentado ao predicado
para significar que o predicado é algo a mais do que o
sujeito, e isto principalmente quando, determinado já o
gênero, investigam-se as diferenças completivas da espécie,
como quando no IIº Livro do De Anima de Aristóteles o
Filósofo escreve que
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