|
Segundo outros, o principado deve ser distribuído
segundo a dignidade da liberdade. Haveria dois motivos para
tanto.
O primeiro é que o principado é mais devido a quem
mais atinge a cidade. Ora, estes são os homens livres, porque
são os que parecem ser mais virtuosos.
O segundo é que o principado é mais devido aos que
são melhores. Ora, os homens livres são melhores, porque é
verossímil que aqueles que foram gerados pelos melhores são
melhores.
[Em relação a esta segunda razão], deve-se
entender que os melhores são gerados pelos melhores, mas de
modo a subentender-se que o bom pode ser dito de dois modos.
De um primeiro modo, entende-se que o bom segundo o ato
perfeito e, assim, o bom não gera o bom, porque este bom é
segundo o intelecto e segundo a eleição e o exercício.
Ninguém, de fato, se torna bom neste sentido segundo um ato
perfeito proveniente dos pais. De um segundo modo o bom é
dito segundo uma certa inclinação à virtude perfeita, de tal
modo que, [neste sentido], o bom deseja gerar o bom, porque a
virtude que há no sêmen tenciona gerar, o quanto é de si,
algo semelhante àquele de quem proveio o próprio sêmen
segundo todas as disposições às quais pode alcançar a virtude
generativa. Pode-se, deste modo, alcançar todas as
disposições materiais que inclinam à disposição da vontade e
da inteligência. Existe, neste caso, uma intenção de gerar
algo semelhante a si segundo todas as disposições inclinantes
seja ao bem seja ao mal, por causa do que a inclinação à
virtude de algum modo procede dos pais. O bom, considerado
deste modo, gera, na maioria dos casos, o bom. No entanto,
ocorre às vezes o oposto, mas por acidente.
|
|