7. A verdade e a falsidade são propriamente ditos em grau máximo do ato.

[Nosso propósito, na argumentação precedente, foi o seguinte]. O ente e o não ente que a ele se opõe podem ser divididos de duas maneiras: pela primeira, segundo os 10 predicamentos, e pela segunda, pelo ato e pela potência. Ora, é aquilo que está em ato que em grau máximo pode ser propriamente dito verdadeiro ou falso. Assim, toda a argumentação precedente visa mostrar que o vero mais está em ato do que em potência.

Isto pode ser mostrado, pelo fato que a verdade, nos compostos, diz respeito à composição e à divisão, que designam o ato.

[A verdade também diz respeito ao ato nas substâncias simples]. Todas as substâncias simples são entes em ato, e nunca entes em potência. E isto porque, se às vezes estivessem em ato, e às vezes em potência, se gerariam e corromperiam. E por isso, porque a verdade maximamente diz respeito ao ato, em tudo aquilo que está somente em ato e que, por serem quididades e forma, são aquilo que é algo verdadeiramente, a respeito delas não pode haver engano ou existir falsidade. Deles se faz necessário que, ou sejam entendidos, se pela mente são atingidos, ou sejam inteiramente não entendidos, se pela mente não são atingidos.

Embora nas coisas simples não seja possível enganar-se per se, pode acontecer que nelas ocorra um engano por acidente, ao se inquirir delas a sua essência, isto é, [se são tais ou não]. Por exemplo, se alguém, buscando saber de alguma substância simples, se é fogo ou substância corpórea, chegasse à conclusão que lhe deva atribuir uma substância corpórea, ocorrerá uma falsidade por acidente por causa de composição.