10. Levantam-se quatro objeções contra a não existência da verdade e falsidade na inteligência dos indivisíveis.

O Filósofo diz que a verdade e a falsidade existem apenas na composição e na divisão, e não na inteligência dos indivisíveis. Contra esta colocação podem levantar-se as seguintes objeções.

Primeiro, também as coisas são ditas verdadeiras ou falsas, como quando se diz que o ouro é verdadeiro ou falso.

Segundo, o ser e o verdadeiro se convertem, de onde que mesmo uma simples concepção do intelecto, [como é o caso do ser], que é semelhança da coisa, não carece de verdade e falsidade.

Terceiro, diz o Filósofo no IIº Livro do De Anima que o sentido dos sensíveis próprios é sempre verdadeiro. Ora, o sentido não compõe nem divide. Portanto, não é correto dizer que apenas na composição e na divisão pode encontrar-se verdade e falsidade.

Finalmente, na inteligência divina não existe nenhuma composição ou divisão, conforme demonstrado no XIIº Livro da Metafísica. Todavia, ali está a primeira e a suma verdade. Portanto, a verdade não pode dizer respeito apenas à composição e à divisão.