10. Uma condição necessária a toda a virtude.

Toda virtude faz o sujeito de que ela é bem se haver, e faz a obra [de seu sujeito] bem se haver. Por exemplo, a virtude do olho é aquela pela qual o olho é bom, e pela qual bem enxergamos, que é a obra própria do olho.

A razão para isto é porque a virtude de alguma coisa é tomada segundo o último que é possível. Por exemplo, naquele que pode carregar cem libras, a sua virtude é determinada não pelo fato que possa carregar 50, mas pelo fato que pode carregar 100. Ora, o último a que a potência de alguma coisa se extende é a boa obra. Por isso, pertence à virtude de qualquer coisa, que [conduza] à boa obra [quod reddat bonum opus].

E porque a operação perfeita não procede senão de um perfeito agente, conseqüentemente temos que segundo a virtude própria cada coisa seja boa e bem opere.

Daí se conclui que a virtude do homem será um certo hábito, pelo qual o homem se torna bom, formalmente falando, assim como pela brancura alguém se torna branco, e pela qual alguém opera.