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[O Filósofo denomina a arte pecuniativa não
necessária à vida humana de arte pecuniativa
translativamente]. A arte pecuniativa translativa é aquela
pela qual o dinheiro é adquirido não a partir das coisas
necessárias à vida, mas a partir de outras coisas. Esta arte
é dita pecuniativa translativamente porque nela o dinheiro é
transladado das coisas naturais a estas outras coisas.
Há quatro partes da arte pecuniativa translativa.
A primeira e a máxima é a arte mercativa. São os mercadores,
de fato, aqueles que maximamente adquirem dinheiro.
A arte mercativa pode ser distingüida em três
partes. A primeira é a navegação, que exerce a arte mercativa
pelo mar. A segunda é o transporte, que exerce a arte
mercativa em terra pelo transporte de pesos em carros ou em
jumentos. A terceira é a chamada negociação, que ocorre
quando alguém não transporta mercadoria nem pelo mar nem pela
terra mas auxilia ao mercador pela comunicação de dinheiro ou
de coisas.
A segunda parte principal da arte pecuniativa
translativa é a usura, a qual adquire o dinheiro pelo juro.
A terceira parte [da arte pecuniativa translativa]
é a arte mercenária, daqueles que alocam o seu próprio
trabalho para em troca receberem dinheiro.
A quarta parte [da arte pecuniativa translativa] é
algo intermediário entre a arte pecuniativa translativa e a
primeira que era a arte pecuniativa necessária. Esta quarta
parte da arte pecuniativa translativa, de fato, possui alguma
coisa de ambas estas pecuniativas. Trata-se da arte
pecuniativa que busca o lucro pela extração de pedras e
metais da terra. Esta arte tem em comum com a primeira
pecuniativa que é necessária o fato de proceder da terra e
das coisas que são geradas da terra, assim como a agricultura
é das coisas que são geradas da terra. Ela, porém, tem em
comum com a arte pecuniativa translativa porque estes metais
não produzem nenhum fruto pertencente à necessidade da vida,
como o fazem os campos e os animais. São, entretanto, tais
coisas úteis a outras coisas, como a edificação das casas ou
para a construção de certos instrumentos. Esta quarta parte
da arte pecuniativa translativa abarca dentro de si diversos
gêneros, segundo as diversas espécies de matéria, como o
ouro, a prata, o ferro e outros.
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