11. Correção de um ponto de vista anterior.

Não é sempre verdade [que quem recebe a ciência o faz pelo sciente em ato, isto é, pelo mestre]. A ciência não se adquire somente pelo professor, mas também buscando por si mesmo.

[Esta afirmação deve ser interpretada do seguinte modo]. Algumas coisas se reduzem da potência ao ato apenas por um princípio extrínseco: como por exemplo o ar, que é iluminado por aquilo que é luz em ato. Outras vezes, algumas coisas se reduzem da potência ao ato por um princípio extrínseco e intrínseco: assim como um homem pode sarar pela natureza e pelo médico. Mas, em ambos os casos o homem sara pela saúde em ato. Isto fica claro porque na mente do médico está a "ratio sanitatis", segundo a qual ele confere a saúde. Naquele que adquire a saúde, é necessário, por outro lado, existir uma parte sã em ato, por cuja virtude as demais partes saram. E, em relação a esta, o médico nada mais faz do que auxiliar a natureza a expulsar a doença.

Da mesma maneira ocorre na aquisição da ciência. O homem adquire a ciência por um princípio intrínseco, enquanto encontra, e por um princípio extrínseco, enquanto aprende de um mestre. Em ambos estes casos ocorre uma passagem da potência ao ato por algo que está em ato. De fato, o homem, pela luz do intelecto agente, conhece de imediato os primeiro princípios naturalmente conhecidos e tira conclusões a partir destes princípios que conhece em ato, chegando ao conhecimento atual das coisas que conhecia em potência. E é desta maneira que o mestre externo o auxilia a conhecer. De onde que o auxílio externo de outro homem não é necessário, se existe uma suficiente perspicácia do intelecto. [Mas, mesmo assim, conforme fica explicado, o homem passa da potência primeira à ciência através daquilo que está em ato].