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Tudo o que convém a algo, ou lhe é causado pelos
princípios de sua natureza, como o fato do homem ser
sorridente, ou lhe advém de algum princípio extrínseco,
assim como a luz no ar pela influência do sol. Ora, o ser
próprio de cada coisa não pode ser causado pela própria
forma ou quididade da coisa como de uma causa eficiente,
porque assim as coisas seriam causas de si mesmas, e as
próprias coisas produziriam o seu ser, o que é impossível.
Portanto, é necessário que todas as coisas, cujo ser é
diferente de sua natureza, tenha seu ser através de outro.
E porque tudo o que é por causa de outro se reduz àquilo
que é per se, como à causa primeira, por isso é necessário
que exista alguma coisa, que seja causa do ser de todas as
coisas, pelo fato de que esta seja somente ser. De outra
maneira, prosseguiríamos nas causas até o infinito.
Portanto, fica claro que as inteligências são forma e ser e
que tenham o ser por um primeiro ser que é somente ser. E
este [ser] é a causa primeira, que é Deus.
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