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[O filósofo, a seguir, cita uma posição de Platão,
para depois comentar a semelhança desta opinião de Platão com
a relação entre a definição da alma e as potências].
Platão afirmou que os universais eram separados
segundo o ser. Todavia, nas coisas que se encontram
consecutivamente uma à outra, não afirmou que existia uma
idéia comum a elas. Por exemplo, [Platão] não colocou uma
idéia do número além de todos os números, assim como colocava
uma idéia do [homem] [existente] além de todos os homens. E
isto pelo fato de que os números se apresentam
consecutivamente um ao outro através de uma ordem natural.
[Segundo o mesmo Platão], [isto ocorre porque] o primeiro
deles, isto é, a dualidade, é a causa de todos os
conseqüentes. Por isso não é necessário colocar alguma idéia
comum ao número que seja a causa das espécies do número.
Da mesma forma com as figuras, porque as suas
espécies se encontram consecutivamente, o trígono estando
antes do tetrágono e este antes do pentágono.
Existe uma semelhança entre as figuras, que se
acham consecutivamente uma à outra, [e as almas vegetativa,
sensitiva, intelectiva, que se acham consecutivamente uma à
outra também]. [A semelhança é maior se se considera que] em
ambas estas [coisas] aquilo que é anterior está [contido] em
potência naquilo que lhe é conseqüente. [Por exemplo], é
manifesto nas figuras que o trígono está em potência no
tetrágono, porque o tetrágono pode ser dividido [por uma
diagonal] em dois trígonos. Do mesmo modo, na alma sensitiva,
a vegetativa é como uma certa potência da mesma.
Da mesma maneira que existe uma natureza [ratio]
[ou definição] da figura, existe uma ratio da alma. Mas assim
como entre as figuras não existe nenhuma figura que esteja
além do triângulo e dos seus conseqüentes, e que seja comum a
todas as figuras, assim também não existe nenhuma alma
existindo separadamente além de todas as suas partes já
enumeradas. Mas, ainda que, segundo a opinião dos Platônicos,
não exista uma figura separada in esse [em existência] além
de todas as figuras, todavia encontra-se uma ratio
[definição, natureza] comum, que convém a todas as figuras e
não é própria de nenhuma delas
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