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O fato de que todos buscam a deleitação é um sinal
que de alguma maneira a deleitação seja o ótimo. De fato,
aquilo em que todos ou a maioria consentem, não pode ser
inteiramente falso. E a razão disto é porque a natureza não
falha nem em todos e nem na maioria, mas apenas na minoria,
de onde que, aquilo que é encontrado em todos ou na maioria
parece dar-se por inclinação da natureza, a qual não inclina
nem ao mal nem ao falso. E assim [dá-se a entender] que a
deleitação, à qual concorre o apetite de todos, seja algo
ótimo.
Alguém poderia objetar que nem todos apetecem a
mesma deleitação. [Quanto a isto podemos] dizer que este
[fato não desmerece o argumento], porque todos os homens
apetecem a mesma deleitação segundo o apetite natural, não
todavia segundo o julgamento próprio. De fato, nem todos
estimam de coração nem afirmam pela boca ser ótima a mesma
deleitação. Todavia, todos são naturalmente inclinados à
mesma deleitação assim como [à] ótima, por exemplo, à
contemplação da verdade inteligível, segundo a qual todos os
homens desejam saber por natureza. E isto acontece porque
todos têm em si mesmos algo de divino, [o que significa] a
inclinação da natureza, que depende do primeiro princípio, ou
também a própria forma, que é princípio desta inclinação.
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