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Aquele que faz o injusto segundo a justiça
particular tem mais para si do que deve, enquanto que aquele
que padece o injusto tem menos. Se, portanto, alguém faz o
injusto para si mesmo, seguir-se-ia que a uma e mesma pessoa
se tiraria algo de seu que se acrescentaria a si mesmo, que
são coisas opostas. Portanto, é impossível que a mesma pessoa
faça o injusto e padeça o injusto de si mesmo. Além disso,
[se alguém pudesse fazer injustiça a si mesmo, como fazer a
injustiça é sempre algo voluntário], daqui se seguiria que
ele padeceria o injusto também voluntariamente, o que já foi
demonstrado anteriormente ser impossível. E esta é a própria
raiz do porque ninguém pode fazer injustiça a si mesmo, isto
é, que é impossível alguém voluntariamente padecer injustiça.
[Quanto às pessoas que se suicidam], as pessoas
que se matam fazem realmente uma certa injustiça. Esta
injustiça, porém, é feita à cidade, que é privada de um
cidadão, e não a si mesmas.
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