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Embora o movimento seja ato do móvel, de uma certa
forma é também ato do movente.
De fato, de uma certa maneira, o movimento pode
ser um ato tanto do movente como do móvel. Isso se explica
assim: tudo o que pode ser dito segundo a potência e ato têm
algum ato a si mesmo competente. Ora,
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A. Aquilo que é movido
é chamado móvel em potência
enquanto pode ser movido,
e movido em ato,
enquanto já movido em ato.
B. Aquilo que é movente
é movente em potência
enquanto pode mover,
e movente em ato
enquanto está movendo.
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Portanto, compete tanto ao movente quanto ao móvel um certo
ato.
Entretanto, o ato do movente não é outro além do
ato do móvel.
Aquilo que o movente agindo causa é exatamente o
mesmo que o movido, sofrendo esta ação, recebe.
Isto fica mais claro através do seguinte exemplo:
a distância do número 1 ao número 2 é a mesma que a do número
dois ao número 1, mas ambos diferem pela razão. De fato, uma
é dita duplo, e a outra é dita metade.
No movente e no movido ocorre da mesma maneira. O
movimento é ato do movente na medida em que procede do
movente para o movido. O movimento é ato do movido na medida
em que se situa no móvel provocado pelo movente.
[Mas, de maneira mais própria, o movimento é ato
do movido, e não do móvel]. [Pelo menos, isto é o que parece
se depreender do conjunto da doutrina de Aristóteles sobre
este assunto].
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