12. Os verbos significam algo.

[Conforme o Filósofo acaba de afirmar, os verbos podem ser ditos nomes em um sentido genérico, na medida em que por nomes entendemos qualquer expressão utilizada para significar algo. É no sentido do verbo significar algo] que o verbo pode ser dito nome.

[Aristóteles tenta demonstrar a afirmação de que o verbo significa algo] partindo do pressuposto de que o verbo constitui o intelecto na alma do ouvinte.

Ora, conforme já havia sido explicado, chamam-se vozes significativas as que significam o intelecto, de onde que se infere ser próprio das vozes significativas produzirem algo inteligido na alma do ouvinte,

[Este, porém, é o próprio pressuposto de que partimos, quando assumimos que o verbo constitui algo inteligido na alma do ouvinte].

Deve-se, então, concluir que os verbos são vozes significativas e que, portanto, significam algo.

Não significam algo, todavia, por modo de composição e divisão, ou do verdadeiro ou falso, o que pode ser demonstrado por aqueles verbos que maximamente parecem significar a verdade ou a falsidade, isto é, o próprio verbo ser, e o verbo infinito que é o não ser. Nenhum destes, de fato, por si ditos é significativo da verdade ou da falsidade na coisa, de onde que muito menos os restantes. E embora todo verbo finito implique ser, porque correr é ser corrente, e todo verbo infinito implique não ser, porque não correr é não ser corrente, todavia nenhum verbo é significativo do ser ou do não ser da coisa, isto é, nenhum verbo significa esta totalidade, a saber, uma dada coisa ser ou não ser.