7. Como se dá a determinação da espécie em relação ao gênero.

[O gênero não é parte integrante da espécie, mas toda a essência da espécie está contida implicitamente na essência do gênero].

A determinação, designação [ou assinalação] que se encontra na espécie em relação ao gênero, não se dá através de algo existente na essência da espécie que inexiste de todo na essência do gênero. Muito pelo contrário, tudo o que está na espécie está também no gênero de modo não determinado, [porque se assim não o fosse, o gênero seria parte integrante da espécie].

[Isto pode ser melhor entendido examinando dois sentidos da palavra corpo]. Corpo, na medida em que está incluído no predicamento da substância, é dito de tudo aquilo que apresenta uma tal natureza que nele possam ser designados três dimensões. Ora, acontece que coisas que possuem uma perfeição possam alcançar uma perfeição ulterior, como por exemplo, sobre esta perfeição, que é ter uma tal forma de modo que na coisa possam ser designadas três dimensões, possa acrescentar-se outra perfeição, como a vida ou alguma outra coisa. Daqui se segue que o nome corpo poderá ser tomado em dois sentidos. Pode designar uma certa coisa que tenha uma tal forma da qual se siga nela a designabilidade de três dimensões com exclusão de qualquer ulterior perfeição, de tal maneira que a partir daquela forma nenhuma perfeição ulterior se siga, e se isto acontecer, isto é, se alguma outra [coisa] se acrescenta, o seja além da significação de corpo assim dita, Neste primeiro sentido, o corpo será parte material e integrante do animal, [e não o gênero do animal], porque neste primeiro sentido, a alma estará além daquilo que é significado pelo nome de corpo. [Neste primeiro sentido, será correto dizer-se que] o animal será constituído de alma e corpo assim como de partes. Num segundo sentido, o nome corpo será tomado de modo tal que signifique alguma coisa que tenha uma tal forma a partir da qual se possa designar nele três dimensões, qualquer que seja esta forma. Segundo este modo, o corpo será o gênero de animal, porque no animal nada poderá ser tomado que no corpo implicitamente não estivesse contido.

Assim também é a relação do animal para com o homem. Se chamarmos animal somente aquela coisa, que tem alguma perfeição, tal que possa sentir e mover-se por um princípio nele existente, com exclusão de outras perfeições, então qualquer outra perfeição ulteriormente acrescentada se encontraria para com o animal como uma sua parte, e não como implicitamente contido na razão [ratio] de animal. Desta maneira, o nome animal não seria gênero. Mas o nome animal seria gênero na medida em que significasse uma certa coisa a partir de cuja forma pode provir o sentido e o movimento, qualquer que seja esta forma, ou somente uma alma sensível, ou uma alma simultaneamente sensível e racional.