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[Esta proposição pode ser demonstrada da seguinte
maneira.]
Tudo o que é movido é movido por algo. Mas aquilo
pelo qual é movido ou é movido ou não é movido. E, se for
movido, será movido ou por um outro ou não. Se existe algo
que não é movido por um outro, não é necessário haver mais
nenhuma outra coisa que seja movida por uma outra. Mas se
existe algo que é movido por um outro, será preciso chegar a
alguma coisa que não seja movida por uma outra.
Isto é evidente por si mesmo, mas é provado em
seguida.
Aristóteles demonstra que se algo é movido por um
outro, deve-se encontrar alguma coisa que não seja movida por
uma outra. [Se esse primeiro movente é imóvel ou movido por
si mesmo, a questão é ainda deixada em aberto]. Se uma coisa
é movida por uma outra, e esta novamente por uma outra, e nós
nunca chegamos em algo que não é movido por um outro, segue-
se que nós procedemos até o infinito em relação ao movente e
às coisas movidas. Ora, isto é impossível, porque entre as
coisas infinitas assim existentes, não existiria um primeiro.
Mas foi dito [na segunda colocação preliminar] que se o
primeiro movente não move, o segundo também não move.
Portanto, não haveria nenhum movente, o que é manifestamente
falso. Logo, não pode uma coisa ser movida por outra até o
infinito. O primeiro movente, [pelo que foi até aqui
demonstrado] poderá ser movido por si mesmo ou poderá ser
imóvel.
[Pode-se concluir, portanto], que é preciso parar
em algum primeiro [motor]. Esse primeiro [motor] deve ser ou
imóvel ou movente de si mesmo. Portanto, deveremos considerar
em seguida que, se algo move a si mesmo, como isto é
possível.
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