11. Relacionamento do movimento para com o movente.

Embora o movimento seja ato do móvel, de uma certa forma é também ato do movente.

De fato, de uma certa maneira, o movimento pode ser um ato tanto do movente como do móvel. Isso se explica assim: tudo o que pode ser dito segundo a potência e ato têm algum ato a si mesmo competente. Ora,

A. Aquilo que é movido é chamado móvel em potência enquanto pode ser movido, e movido em ato, enquanto já movido em ato.

B. Aquilo que é movente é movente em potência enquanto pode mover, e movente em ato enquanto está movendo.

Portanto, compete tanto ao movente quanto ao móvel um certo ato.

Entretanto, o ato do movente não é outro além do ato do móvel.

Aquilo que o movente agindo causa é exatamente o mesmo que o movido, sofrendo esta ação, recebe.

Isto fica mais claro através do seguinte exemplo: a distância do número 1 ao número 2 é a mesma que a do número dois ao número 1, mas ambos diferem pela razão. De fato, uma é dita duplo, e a outra é dita metade.

No movente e no movido ocorre da mesma maneira. O movimento é ato do movente na medida em que procede do movente para o movido. O movimento é ato do movido na medida em que se situa no móvel provocado pelo movente.

[Mas, de maneira mais própria, o movimento é ato do movido, e não do móvel]. [Pelo menos, isto é o que parece se depreender do conjunto da doutrina de Aristóteles sobre este assunto].