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Deve-se primeiro determinar a essência das
substâncias sensíveis porque isto é preparatório ao
trabalho para que, a partir destas substâncias sensíveis,
que para nós são manifestas, passemos às substâncias
inteligíveis, das quais principalmente temos intenção [de
tratar].
É assim que a disciplina opera em todos os
homens, que, a partir das coisas que são menos conhecidas
segundo a natureza, se proceda àquelas que são mais
conhecidas segundo a natureza. Isto acontece porque toda
disciplina começa por aquelas coisas que são mais fáceis de
serem aprendidas, que são as coisas mais conhecidas por
nós, as quais são freqüentemente aquelas que são menos
conhecidas segundo a natureza. [Começando por estas, a
disciplina nos encaminha] àquelas que são mais conhecidas
segundo a natureza, porém, menos conhecidas para nós.
Para nós, cujo conhecimento se inicia pelo
sentido, são mais conhecidas as coisas mais próximas ao
sentido. Mas, segundo a natureza, são mais conhecidas
aquelas coisas que por sua natureza são mais cognoscíveis.
E estas são aquelas coisas que são mais entes, e aquelas
que são mais remotas aos sentidos. Já as coisas que são
mais fracamente conhecidas segundo a natureza são aquelas
que pouco ou nada tem de ente. Na medida em que algo é
ente, segundo isto é cognoscível.
Aqui fica patente que os acidentes, os
movimentos e as privações pouco ou nada têm de entidade. E,
todavia, estas são as coisas que são mais conhecidas por
nós, mais do que as substâncias das coisas, porque elas são
mais próximas aos sentidos, porque per se caem debaixo do
sentido como sensíveis próprios ou comuns. As formas
substanciais, porém, caem debaixo do sentido por acidente,
e não per se.
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