3. Que existe a virtude da justiça particular.

Para mostrar a existência de uma justiça que é virtude particular, [Aristóteles a seguir] procurará mostrar que existe uma injustiça que é uma malícia particular. [O motivo disto está em que] muitas vezes podemos conhecer um hábito pelo seu hábito contrário.

Assim como nada existe no gênero que não esteja em alguma espécie, assim [também] tudo o que é feito segundo a injustiça legal [pode ser] reduzido a alguma malícia particular. Se alguém opera contra a justiça legal adulterando, isto se reduz ao vício da luxúria. Se algum soldado na batalha abandona o comandante do exército, [isto se reduz] à malícia da timidez. Se alguém bate desordenadamente no próximo, isto se reduz à malícia da ira. Se, entretanto, alguém enriqueceu-se desordenadamente roubando o que é alheio, isto não se reduz a nenhuma outra malícia, mas somente à injustiça. De onde que se conclui que há alguma injustiça particular, além da outra injustiça [geral] que é toda a malícia.

De onde se conclui que pela mesma razão há uma outra justiça particular além da justiça legal que é toda a virtude.