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O nome, o verbo e o demais que se lhes segue
possuem um tríplice modo de ser.
De um primeiro modo, segundo que estejam na
concepção da inteligência.
De um segundo modo, segundo que estejam na
enunciação da voz.
De um terceiro modo, segundo que estejam na
escrita das letras.
Quando o Filósofo diz
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"As coisas que estão nas vozes
são sinais das paixões
que estão na alma",
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a expressão "as coisas que estão nas vozes" designa os
nomes, os verbos, e as demais coisas que se seguem a estes.
O nome e o verbo são coisas que estão nas vozes
porque a voz é algo natural; os nomes, porém, e os verbos
significam por convenção humana. Esta convenção é
acrescentada à realidade natural da voz como a forma é
acrescentada à matéria, tal como a forma da cama é
acrescentada à matéria da madeira.
Quando o Filósofo, portanto, para designar o nome,
o verbo e o restante que se lhes segue se utiliza da
expressão "as coisas que estão nas vozes" faz o mesmo como
se, falando de uma cama, a ela se referisse como "das coisas
que estão na madeira".
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