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[A deleitação propriamente pertence às operações
da alma]. A deleitação é própria dos animais, [o que fica
manifesto pelo fato] que, embora atribuamos algum apetite
natural às coisas inanimadas, todavia não atribuímos a
deleitação senão àqueles que têm cognição. De onde
Aristóteles dá a entender que a deleitação propriamente
pertence às operações da alma, nas quais Aristóteles tinha
colocado estar a felicidade.
[Mas a virtude é deleitável ao homem virtuoso]. A
operação da virtude é conveniente ao homem virtuoso segundo
[um] hábito próprio. De onde que é manifesto que qualquer
homem virtuoso ama a operação da virtude própria como algo a
si conveniente. Ora, a qualquer pessoa é deleitável aquilo de
que ela diz ser amigo. Por exemplo, o amante que deseja
alguma coisa estando ela ausente, nela se deleita se estiver
presente. De onde que para o virtuoso as operações segundo a
virtude lhe são deleitáveis.
A mesma coisa poderia ser manifestada por indução.
Ninguém, de fato, diz ser alguém justo se este não se alegra
com as operações justas. A mesma coisa com a liberalidade, e
com todas as demais virtudes. De onde que, de maneira geral,
ninguém é [dito] virtuoso se não se alegra com as boas obras.
Concluímos, portanto, que a deleitação é de
necessidade da virtude, e pertence à razão da mesma. De onde
que as operações segundo a virtude são deleitáveis por si
mesmas.
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