VI. A VIRTUDE DA BRINCADEIRA


1. Como, acerca da brincadeira, pode haver virtude e vício.

[Pode haver vício e virtude na brincadeira]. Quanto a isto, deve-se considerar em primeiro lugar que acerca daquilo que é mau segundo se, e não pode ter razão de bem, não há virtude e vício, conforme já foi explicado. Se, portanto, a brincadeira nenhum bem pode ter, não haverá acerca da brincadeira virtude alguma. Ora, a brincadeira tem alguma razão de bem, na medida em que é útil à vida humana. Assim como o homem necessita repousar dos trabalhos corporais [deles] desistindo algumas vezes, assim também a alma do homem necessita algumas vezes repousar da tensão da alma exigida pelas coisas sérias, o que, de fato, se faz pela brincadeira. Assim, possuindo a brincadeira razão de bem útil, por conseqüência na brincadeira pode haver algum colóquio mutuamente conveniente aos homens, de tal maneira que o homem diga e ouça as coisas que convêm_, do modo que convém. Ora, onde quer que haja diferença entre coisas que convém fazer e coisas que não convém fazer, ali não somente haverá termo médio, mas também superabundância e defeito [em relação ao] termo médio. De onde que acerca da brincadeira existe um termo médio da virtude e extremos [correspondentes].