10. Os atos que se assemelham à verdadeira fortaleza sem entretanto o serem.

Como a verdadeira fortaleza é uma virtude moral, para a qual se requer o saber e fazer eleição, alguém poderá exercer o ato da fortaleza e entretanto, [afastar-se] da verdadeira fortaleza por três motivos:

A. Primeiro, se não operar sabendo.

B. Segundo, se não operar por eleição, mas por paixão.

C. Terceiro, fazendo eleição mas de um modo diverso daquele pelo qual o verdadeiro forte faria.

O primeiro modo de operar o ato da fortaleza estando em falta para com a verdadeira fortaleza, que é o não operar sabendo, é chamado de fortaleza por ignorância.

O segundo modo, que não opera por eleição, mas por paixão, pode se dar de dois outros modos. O primeiro, se se tratar de uma paixão que aquiete a alma do temor, tal como a esperança. O segundo, se se tratar de uma paixão que impulsione a enfrentar o perigo, tal como a ira.

O terceiro modo, que opera por eleição, mas de modo diverso [do modo] pelo qual o verdadeiro forte faria, pode se dar também de duas maneiras. De uma primeira maneira, fazendo eleição de enfrentar os perigos por causa que pela perícia das armas o homem reputa que não seja perigoso combater na guerra, coisa que costuma acontecer com os soldados. De uma segunda maneira, fazendo eleição de enfrentar os perigos, mas não por causa do fim que o verdadeiro forte [teria em vista], mas por causa das honras ou das penas que os governantes das cidades colocam.

Assim, existem cinco fortalezas cujos atos se assemelham ao da verdadeira fortaleza, sem que contudo sejam a verdadeira fortaleza.

Em ordem decrescente de semelhança com a verdadeira fortaleza são:

A. A fortaleza política ou civil.

B. A fortaleza militar.

C. A fortaleza que é pela ira.

D. A fortaleza que é pela esperança.

E. A fortaleza que é pela ignorância.