12. As substâncias simples, que são forma sem matéria, nem por isso são sem potência.

Embora as substâncias simples sejam forma sem matéria, todavia não existe nelas inteira simplicidade, nem são atos puros.

Ao contrário, apresentam [composição] com a potência.

Tudo o que não pertence à [intelecção] da essência, lhe é proveniente do exterior, e fazendo composição com a essência. Ora, toda essência pode ser inteligida sem que algo seja inteligido do seu ser feito. Posso, de fato, inteligir o que é o homem ou uma ave mitológica, e todavia ignorar se estas coisas apresentam ser nas coisas da natureza. Daqui fica claro que o ser é diferente da essência, a não ser que talvez existisse alguma coisa cuja essência fosse o seu ser. Porém, se houvesse uma coisa cuja essência fosse o seu ser, esta coisa seria necessariamente una e primeira, o que pode ser assim entendido: é impossível fazer-se uma plurificação de algo a não ser por adição de alguma diferença, como quando multiplicamos a natureza do gênero nas espécies, ou pela recepção da forma em diversas matérias.

Ora, se supomos existir algo que seja somente ser, de tal maneira que seja o próprio ser subsistente, este ser não poderá receber adição de diferença, porque então já não seria somente ser, mas seria ser e além disso, alguma forma. Muito menos poderia receber adição de matéria, porque então já não seria ser subsistente, mas material. De onde que se conclui que uma tal coisa que seja o seu ser, não pode ser senão única. E daqui se segue também que em quaisquer outras coisas, que não esta que é o seu ser, o seu ser seja uma coisa, e a sua [essência], quididade, natureza ou forma seja outra.

De onde se conclui que nas substâncias inteligentes o ser está além da forma e é por isso que se diz que as inteligências são forma e ser.