21. Que movimento é o movimento do sentido.

[O sentido não é alterado pelo sensível por alteração ou paixão proprimente dita]. O sensível torna em ato a parte sensitiva que era em potência. Não age, porém, o sensível no sentido [alterando-o] de contrário em contrário. Apenas o reduz da potência ao ato. Por isto o sentido não padece nem é alterado pelo sensível por uma paixão ou alteração propriamente dita, que é a que [vai] de contrário a contrário.

Portanto, como o movimento que existe nas coisas corporais vai de contrário a contrário, é manifesto que o sentir, se o quisermos chamar de movimento, é uma outra espécie de movimento. O movimento [propriamente dito] é o ato do existente em potência, porque, saindo de um contrário, enquanto se move não atingiu o outro contrário que é o término do movimento, mas está em potência. E porque tudo o que está em potência, enquanto tal, é imperfeito, por isso este movimento é ato do imperfeito. Mas o movimento [do sentir] é um ato do perfeito, porque é uma operação do sentido já feito em ato. Por isto este movimento é diferente do movimento físico. Este movimento é denominado propriamente de operação, como sentir, inteligir e querer.

[No livro primeiro deste tratado econtra-se a seguinte explicação sobre a diferença entre movimento e operação]. Tudo o que é movido se afasta ou sai de onde e segundo o qual é movido. A operação, porém, não faz afastar, [apenas] aperfeiçoa o operante.