7. Que há mais políticas do que as que foram mencionadas.

Depois que o Filósofo declarou que há muitas políticas e por causa de qual causa são muitas e, de algum modo, quantas são, passa a declarar que há mais políticas do que as que foram mencionadas.

Afirma primeiro que há muitas políticas, algumas das quais são retas, e estas são três: o reino, o estado dos ótimos e a república. Há também três não retas, que são a tirania, o estudo dos poucos e o estado popular. Agora ele deseja dizer que há mais políticas do que estas que foram ditas; deseja também declarar quais são elas e por causa de que são muitas. O Filósofo toma como princípio para provar estas afirmações o mesmo que antes havia tomado para provar que seriam muitas, isto é, que toda cidade possui muitas partes e não apenas uma. Será, de fato, através disto que o Filósofo irá demonstrar que as políticas são mais do que as que já foram mencionadas.

A prova é feita por semelhança nas coisas que se fazem segundo a natureza, porque a política se assemelha a elas. A política, de fato, é segundo a razão; as coisas que são segundo a razão são posteriores àquelas que são segundo a natureza e possuem origem nelas, e é por isso que o Filósofo toma uma semelhança nestas para provar o seu intento.

A semelhança tomada da natureza é a seguinte. Deve-se entender que, assim como foi dito acima, das partes materiais de [cada coisa] alguma pertencem à espécie, enquanto que outras não. As partes pertencentes à espécie são aquelas sem as quais a espécie não pode existir, assim como a carne e os ossos pertencem à espécie humana, porque sem estas não pode haver homem. As partes materiais que não pertencem à espécie são aquelas sem as quais pode encontrar-se a espécie, como estes ossos e estas carnes não pertencem à espécie humana, porque sem estas pode existir o homem. Segundo a distinção das partes pertencentes à espécie distingue-se a forma, embora a distinção da forma não seja por causa da distinção da matéria.

O Filósofo fala aqui da distinção de tais partes segundo as quais se distinguem a forma e a espécie, e afirma que se alguém quiser tomar a espécie animal é necessário que distingua as partes materiais do animal sem as quais não pode haver forma animal, não aquelas sem as quais o animal pode ser. É manifesto que segundo a distinção destas partes se dará a distinção das espécies dos animais.

[A aplicação desta semelhança à política é a seguinte]. Segundo a distinção das partes que pertencem à espécie distingue-se a espécie. Há, porém, muitas partes que pertencem à razão da política, e mais do que foram ditas. Há, portanto, várias políticas e mais do que as que foram ditas.

Assim como segundo a distinção das partes dos animais pertencentes à espécie há uma distinção das espécies do animal, e há muitas espécies de animais porque há muitas de tais partes, do mesmo modo há muitas políticas, porque diversas são as partes da cidade que diferem segundo a espécie.

O Filósofo passa a seguir a mostrar que há muitas partes da cidade. Há, de fato, três graus na cidade: o menor, o médio e o supremo. Segundo isto a cidade é dividida em três partes.

[O Filósofo, a seguir, passará a dividir cada uma das três partes da cidade].