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[O povo, e também alguns sábios, colocaram a
felicidade consistir na vida voluptuosa]. Dentre os bens
desta vida, alguns escolhem o prazer e colocam nele a
felicidade. E não são apenas os homens do povo, que
ordinariamente declinam todos ao prazer [que assim se
colocaram], mas também outros que são [seríssimos], por causa
de sua autoridade na ciência e na doutrina, e na sua
honestidade de vida. Tais foram, por exemplo, os epicúreos,
que cultivavam diligentemente as virtudes, e estimavam o
prazer ser o sumo bem. Que a felicidade não pode consistir na
vida voluptuosa.
A vida voluptuosa, que coloca o seu fim na
deleitação do sentido, necessariamente terá que por seu fim
nas deleitações máximas, as quais se seguem às operações
naturais pelas quais a natureza se conserva segundo o
indivíduo pela comida e bebida, e segundo a espécie pelo
sexo. Ora, estes prazeres são comuns aos homens e aos
animais. De onde que, a multidão dos homens que colocam seu
fim em tais prazeres, são inteiramente bestiais. Se,
portanto, a felicidade é bem próprio do homem, impossível
será que a felicidade nisto consista.
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