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[O Filósofo explica que] por ser melhor que a
cidade seja governada e os julgamentos sejam dados por muitos
em vez de um só, as cidades foram no início regidas por um só
rei, porque no principado foi mais fácil encontrar um só
sábio do que muitos e por isso em primeiro lugar o principado
real foi concedido a um só. Ademais no início as cidades eram
pequenas e por isso era suficiente um só para reinar.
Ademais, colocaram para si alguém como rei por causa do
benefício que por meio dele lhes tinha sido feito, ou porque
lutou contra os inimigos por causa deles, ou porque encontrou
alguma arte que lhes era necessária, e tudo isto é obra do
homem bom e, por isto, fizeram deste homem bom e virtuoso um
rei para eles.
Posteriormente foi introduzido o estado dos ótimos
[ou aristocracia]. Ocorreu depois que muitos se exercitavam
na obra das virtudes, porque muitos se fizeram virtuosos.
Semelhantemente os homens buscaram o governo de muitos
semelhantes na virtude e não sustentaram mais o governo real,
instituindo o governo dos iguais em virtude. Ora, este é o
estado dos ótimos [ou aristocracia], de modo que, depois do
reino, veio a [aristocracia].
Depois [da aristocracia] veio o estado dos poucos
[ou oligarquia]. Diz [o Filósofo] que ocorreu em seguida que
estes governantes se tornaram ricos com os bens comuns e se
inclinaram ao prazer, tornando-se deficientes da razão, e
isto principalmente por causa das riquezas e, deste modo, o
estado dos ótimos [ou aristocracia] acabou convertendo-se em
estado dos poucos [ou aristocracia]. Fizeram com que as
riquezas se tornassem coisas dignas de honra e que o governo
devesse ser exercido por causa das mesmas.
Em seguida [o Filósofo afirma] que depois disto
ocorreu que um destes [oligarcas] se tornou muito mais rico
do que os outros e mais poderoso em amizades e assim subjugou
todos os demais. Desta maneira conseguiu converter o estado
dos poucos [ou oligarquia] em uma tirania, governando em
benefício de sua própria comodidade.
Finalmente [o Filósofo declara] como surgiu a
democracia da tirania. Diz que, depois da tirania,
estabeleceu-se o estado de muitos [ou democracia]. Como o
tirano oprimiu os ricos por causa de um lucro torpe, os
cidadãos que conduziam a política para as extorsões [que
favoreciam as] minorias, fugindo do torpe lucro do tirano,
induziram uma multidão mais forte e fizeram com que ela se
insurgisse contra o tirano. Assim ocorreu que o povo,
insurgindo-se e expulsando o tirano, ficou com o poder junto
a si e então instaurou-se a política popular. Este é o motivo
por que em muitas cidades domina o povo, porque o povo é
numeroso e, por isso, possui poder. Todavia, onde o povo
domina, algo é recebido das demais políticas. De fato, fazem
a alguns de capitães e colocam um só acima dos demais.
[O Filósofo conclui], finalmente que, porque
ocorre fazerem-se [agora] cidades maiores, talvez não
acontecerá mais tão facilmente que se instaurem outras
políticas além da popular.
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