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A parte racional da alma se divide em racional por
essência e racional por participação.
Conforme já foi explicado, há duas partes da alma,
uma que possui razão, e outra que é irracional. Conforme
também explicado, a parte que possui razão por essência, é
aperfeiçoada pelas virtudes intelectuais, enquanto que a
parte que é irracional, participando, todavia, da razão, é
aperfeiçoada pelas virtudes morais.
A parte racional por essência da alma se divide em
científica e raciocinativa.
Como no livro VI trataremos das virtudes
intelectuais que aperfeiçoam a parte racional [por essência]
da alma, será necessário dividir a razão, não como principal
intenção, mas na medida em que isto for suficiente aos nossos
propósitos. Supomos, portanto, que a parte racional [por
essência] da alma se divide em duas. A primeira, pela qual
especulamos os entes necessários, cujos princípios não podem
ser de outra maneira. A segunda, pela qual especulamos o
contingente.
A primeira parte, pela qual especulamos o
necessário, pode ser chamada de científica, porque a ciência
é do necessário. A segunda parte, [pela qual especulamos o
contingente], pode ser chamada de raciocinativa, na medida em
que raciocinar e aconselhar-se é tomado como sendo o mesmo.
De fato, denominamos pelo termo conselho uma certa
inquisição, assim como um raciocínio, que se dá acerca do que
é contingente, que são as únicas coisas acerca das quais
tomamos conselho, já que ninguém toma conselho daquilo que
não pode ser de outra maneira.
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