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Segundo Empédocles, tanto no homem como nos
animais, a vontade é [forçada] a agir de acordo com a
disposição da hora presente, a qual disposição depende da
disposição dos corpos celestes. Assim, em horas e tempos
diversos, de diversas maneiras o homem e os outros animais
julgarão das coisas.
[Para que se entenda a significação desta opinião]
deve-se considerar que nenhum corpo pode agir diretamente
naquilo que de nenhum modo é corpóreo. Ora, as potências
sensitivas de algum modo são corporais, porque são virtudes
em órgãos corporais, e assim podem ser movidas pela ação dos
corpos celestes. Isto todavia acontece por acidente, porque
nem a alma e nem as virtudes da alma são movidas exceto por
acidente, quando o corpo foi movido. Por causa disso acontece
que, [por causa dos] corpos celestes, a fantasia e o apetite
sensitivo são movidos. Assim é que os animais irracionais,
que agem somente pelo apetite sensitivo em seus movimentos,
de maneira geral seguem as impressões dos corpos celestes.
Mas colocar que os corpos celestes teriam impressão direta na
parte intelectiva [da alma], [isto é], no intelecto e na
vontade, significa colocar que a vontade e o intelecto são
virtudes corporais.
Ora, quando se remove a diferença pela qual duas
coisas diferem mutuamente entre si, ambas permanecem a mesma.
Por exemplo, se do homem retiramos o racional, ele se torna
do número dos animais irracionais. A diferença, porém, pela
qual o conhecimento intelectivo difere do conhecimento
sensitivo [está em que] sentir é algo corpóreo. Por isso, ao
[Empédocles e] os antigos filósofos [fazerem a colocação
acima], estavam [por conseqüência] colocando que o sentido e
o intelecto são o mesmo.
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