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Já que, conforme mostrado, o raciocínio dos
antigos filósofos, pelo qual eles deduziam somente a matéria
ser substância, provém, na verdade, da ignorância da matéria,
faz-se necessário aqui colocar o que seja a matéria segundo a
verdade.
A matéria em si mesma não pode ser conhecida de
modo suficiente, a não ser pelo movimento. Sua investigação,
portanto, parece principalmente pertencer à Física. A matéria
é dita ser aquilo que, segundo si mesmo, isto é, considerado
segundo sua essência, de forma alguma é nem substância, nem
qualidade, nem qualquer um dos demais predicamentos, pelos
quais o ente é dividido ou é determinado. E isto
principalmente aparece no movimento. É necessário que o
sujeito da mutação e do movimento ser outro, falando per se,
de ambos os términos do movimento, conforme está provado no
primeiro livro da Física. Assim, sendo a matéria do sujeito
primeiro subjacente não apenas aos movimentos, que são
segundo a qualidade, a quantidade, e os demais acidentes,
como também às mutações que são segundo a substância, é
necessário que a matéria seja outra, segundo sua essência, a
todas as formas substanciais e suas privações, que são os
términos das gerações e das corrupções, e não somente que
seja outra além da qualidade, da quantidade, e dos demais
acidentes.
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