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[A virtude moral está para a natural assim como a
prudência para a dinótica]. A virtude moral, que é a virtude
perfeita, está para com a virtude natural assim como a
prudência está para a dinótica, as quais, conforme explicado,
ainda que não sejam inteiramente o mesmo, todavia têm alguma
semelhança entre si, [a prudência não podendo existir sem a
dinótica, acrescentando-lhe, entretanto, que a prudência não
se pode realizar sem a virtude moral, a qual não é necessária
à dinótica].
Embora alguns sejam naturalmente fortes ou justos,
todavia requer-se naqueles que são naturalmente tais algo
para que estas virtudes [naturais] existam em nós segundo um
modo mais perfeito, porque estes hábitos naturais [mostram-
se] ser nocivos a não ser que esteja presente a discrição do
intelecto. Assim como no movimento corporal, se o corpo é
movido fortemente sem estar a vista a dirigi-lo, aquele que é
movido é fortemente lesado, assim também se alguém possuir
uma forte inclinação à obra de alguma virtude moral e nâo use
discrição à obra daquela virtude moral, acontecerá uma grave
lesão, ou do próprio corpo, assim como naquele que é
inclinado à abstinência [de alimento] sem discrição, ou nos
[bens] exteriores, como naquele que é inclinado à
libealidade, e assim por diante nas demais virtudes. Mas, se
a tal inclinação o intelecto [coexiste] na operação, de tal
maneira que se opera com [a] discrição, então [a operação]
muito diferirá segundo a excelência da bondade. E o hábito,
que será semelhante a tal operação feita com discrição, será
própria e perfeitamente virtude, que é [a virtude] moral.
Assim como, portanto, na parte operativa da alma
há duas espécies de princípios operativos, que são a
dianótica e a prudência, assim também na parte apetitiva, há
duas espécies, que são a virtude natural e a virtude moral, e
esta última não pode existir sem a prudência, conforme foi
mostrado.
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