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Nas amizades que o são [entre pessoas desiguais],
não se requer que cada uma das partes faça o mesmo. Assim, o
filho não deve exigir da parte do pai a [mesma] reverência
que ele deve mostrar para com o pai, ao contrário das demais
amizades [baseadas na desigualdade entre os amigos], aonde
por deleitação se exigia deleitação e por utilidade se exigia
utilidade. A amizade entre desiguais é permanente e virtuosa
quando o filho exibe ao pai aquilo que lhe deve como
princípio de sua geração, e o pai exibe ao filho aquilo que
lhe deve como a alguém por ele gerado. E em todas as amizades
que são segundo a superabundância de uma pessoa a outra, será
necessário que o amor de amizade o seja segundo uma proporção
pela qual o melhor seja mais amado do que ame, quando, sendo
então cada um amado segundo sua dignidade, far-se-á uma
igualdade de proporção que parece pertencer à amizade.
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