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O primeiro modo pelo qual algo é dito causa é
aquilo pelo qual algo é feito, existindo dentro desse algo. A
estátua é feita de cobre, como algo dentro dela existindo.
Por isso, o cobre da estátua é causa pelo modo da matéria.
[Esta é a causa material].
De um segundo modo a espécie e o exemplo são ditas
causas. Esta é a causa formal, que pode [relacionar-se] de
duas maneiras para com a coisa. De um primeiro modo, como uma
forma intrínseca à coisa. Esta é dita espécie. De um segundo
modo, como [algo] extrínseco à coisa, a cuja semelhança a
coisa é dita fazer-se. E segundo isto, o exemplar da coisa é
dito forma. E porque alguém [apreende] a natureza do gênero
ou da espécie pela sua forma, e a natureza do gênero ou da
espécie é aquilo que é significado pela definição, a qual
definição diz o que é a coisa, por causa disso a forma é a
ratio da definição pela qual se sabe o que é a coisa. E isto
é verdade, embora na definição sejam colocadas [às vezes]
algumas partes materiais, porque aquilo que é principal na
definição vem da parte da forma. [Esta é a causa formal].
[Pode-se estender o significado da causa formal do
seguinte modo]. Assim como aquilo que é gênero da matéria é
também matéria, assim também os gêneros das formas são formas
das coisas. Assim como a forma da consonância do diapasão é a
proporção de dois para um. E porque o número é o gênero da
dualidade, por isso universalmente falamos que também o
número é a forma do diapasão, dizendo que o diapasão é
segundo uma proporção de número a número.
De um terceiro modo é dito causa o princípio de
permutação e de quietude. Esta é a causa movente ou
eficiente.
De um quarto modo o fim é dito ser causa. Este é
aquilo por cuja causa algo é feito, assim como a saúde é
causa do caminhar. E porque o fim é aquilo que menos parece
ser causa, porque é o último no ser, por isso Aristóteles
especialmente quer provar que o fim é causa. [E isto pode ser
mostrado do seguinte modo:] ao perguntarmos porque alguém
caminha, respondemos convenientemente ao dizer, para que
cobre a saúde. E assim respondendo opinamos ter colocado a
causa. De onde é patente que o fim é causa. [Este quarto modo
o da causalidade final].
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