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[Nosso propósito, na argumentação precedente,
foi o seguinte]. O ente e o não ente que a ele se opõe
podem ser divididos de duas maneiras: pela primeira,
segundo os 10 predicamentos, e pela segunda, pelo ato e
pela potência.
Ora, é aquilo que está em ato que em grau máximo
pode ser propriamente dito verdadeiro ou falso. Assim, toda
a argumentação precedente visa mostrar que o vero mais está
em ato do que em potência.
Isto pode ser mostrado, pelo fato que a verdade,
nos compostos, diz respeito à composição e à divisão, que
designam o ato.
[A verdade também diz respeito ao ato nas
substâncias simples]. Todas as substâncias simples são
entes em ato, e nunca entes em potência. E isto porque, se
às vezes estivessem em ato, e às vezes em potência, se
gerariam e corromperiam. E por isso, porque a verdade
maximamente diz respeito ao ato, em tudo aquilo que está
somente em ato e que, por serem quididades e forma, são
aquilo que é algo verdadeiramente, a respeito delas não
pode haver engano ou existir falsidade. Deles se faz
necessário que, ou sejam entendidos, se pela mente são
atingidos, ou sejam
inteiramente não entendidos, se pela mente não
são atingidos.
Embora nas coisas simples não seja possível
enganar-se per se, pode acontecer que nelas ocorra um
engano por acidente, ao se inquirir delas a sua essência,
isto é, [se são tais ou não]. Por exemplo, se alguém,
buscando saber de alguma substância simples, se é fogo ou
substância corpórea, chegasse à conclusão que lhe deva
atribuir uma substância corpórea, ocorrerá uma falsidade
por acidente por causa de composição.
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