11. O Filósofo reprova a opinião segundo a qual o governante deve ser amável para com os conhecidos e agreste para com os desconhecidos.

Houve muitos que disseram que os que governam devem se mostrar amáveis para os conhecidos, mas silvestres e duros para com os desconhecidos. De fato, os conhecidos e íntimos são mais facilmente considerados como amigos, enquanto que os desconhecidos como não amigos e, por isso, o homem se disporia [naturalmente] aos conhecidos e íntimos como para consigo mesmo, enquanto que aos desconhecidos como a um inimigo.

O Filósofo, porém, afirma que esta opinião não é convenientemente sustentada. Os homens magnânimos, que são os que são dignos de governar, não são severos nem duros para com os demais, senão para com os injustos, porque não convém que eles sejam severos senão para com aqueles que os contrariam enquanto tais. Ora, estes, enquanto tais, são virtuosos, ou devem sê-lo. A magnanimidade, de fato, é o ornamento das virtudes, conforme exposto no Quarto Livro da Ética. A virtude, porém, é contrariada pela malícia, ou injustiça, na medida em que a injustiça se estende a toda a malícia. Não convém, portanto, ao magnânimo ou ao governante que se agreste para com ninguém, a não ser para com o injusto.