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Os que são conjuntos nas coisas podem ser
inteligidos um sem o outro e de uma maneira verdadeira
contanto que um deles não esteja na razão do outro. Por
exemplo, se Sócrates é músico e branco, podemos inteligir a
brancura, nada inteligindo da música. Mas não podemos
inteligir homem, nada inteligindo de animal, porque animal
está na [natureza ratio] de homem. Já, porém, se o intelecto
intelige as coisas que são conjuntas como sendo separadas,
isto é [uma intelecção] falsa. Exemplo: se no exemplo
anterior, dissesse que o músico não é branco. Isto ocorre
porque o intelecto [verdadeiro] não intelige [as coisas
conjuntas em que uma delas não está na razão da outra] como
sendo separadas, mas o que acontece é que o intelecto as
intelige separadamente.
O intelecto, quando intelige um nariz curvo,
enquanto nariz curvo, não intelige separadamente o nariz
curvo da matéria sensível, porque a matéria sensível, isto é,
o nariz, está incluída na definição de nariz curvo. Mas se o
intelecto intelige algo em ato enquanto curvo, intelige o
curvo enquanto curvo sem a carne. Não porque intelige o curvo
ser sem a carne, mas porque intelige o curvo não inteligindo
a carne. E isto porque a carne não é inteligida na definição
de curvo. E assim o intelecto intelige todos os [entes]
matemáticos separadamente. Não intelige, porém, desta maneira
os naturais. Isto porque na definição dos naturais está
colocada a matéria sensível, não porém na definição dos
matemáticos. Todavia, de um modo semelhante, o intelecto
abstrai dos naturais o universal do particular, na medida em
que intelige a natureza das espécies sem os princípios
individuantes, que não caem na definição da espécie.
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