V. A POTÊNCIA SENSITIVA. I. DAQUILO QUE PERTENCE AOS SENTIDOS EM COMUM


1. A opinião dos antigos filósofos sobre a natureza da alma sensitiva.

Os antigos filósofos colocaram que o semelhante é conhecido pelo semelhante e é sentido pelo semelhante. Assim, Empédocles afirmou que a terra conhece a terra e o fogo, o fogo, e assim por diante.

Por causa disso os antigos filósofos afirmaram que a alma sensitiva era composta de um certo modo por todos os [elementos] sensíveis. Desta posição seguiam-se duas conseqüências.

[A primeira conseqüência é que] o sentido são os próprios sensíveis em ato, na medida em que são deles compostos.

[A segunda conseqüência é que] se os sensíveis em ato estão no sentido, seguir-se-ia que o sentido pode sentir sem os [objetos] sensíveis exteriores.

Estas duas conseqüências são ambas [evidentemente] falsas. Entretanto, pela teoria dos antigos não é possível explicar essa contradição. [Em oposição à teoria dos antigos filósofos, Aristóteles irá em seguida demonstrar que a alma sensitiva está em potência, que algumas vezes está em ato e de que modo o sentido se reduz da potência ao ato].