3. Razões para a inexistência do infinito. Primeira Parte. Rejeição dos pontos de vista colocados pelos filósofos Platonistas.

[Os filósofos Platonistas colocaram a existência de um infinito separado, existindo em si mesmo, não no sentido de algo indivisível, mas como algo intransitável, segundo a divisão que já foi explicada. A intenção de Aristóteles a seguir é demonstrar que esse modo de infinito não pode existir].

[A demonstração do Filósofo é a seguinte.]

É impossível existir um infinito separado das coisas sensíveis, de tal maneira que este infinito seja algo existente em si mesmo. Porque se isto assim fosse, [este infinito deveria ser substância, que é o que tem existência por si mesmo]. E neste caso ele deveria

A. ou ter alguma quantidade, tanto contínua como discreta,

B. ou não ter alguma quantidade.

Se, assim, o infinito for substância sem acidente, o infinito será indivisível, porque o divisível é o número ou a magnitude. Se o infinito é indivisível, ele será infinito pelo primeiro modo, no sentido em que se diz que um ponto é indivisível.

Se, por outro lado, o infinito é substância sem acidente, um destes acidentes deverá ser a quantidade, isto é, a magnitude ou o número, porque é a este acidente que compete o infinito. Mas neste caso, o infinito não será algo que é o princípio daquela substância. [De onde se conclui que a colocação dos filósofos Platonistas não procede].