5. Redução dos dois princípios do movimento a um único.

O intelecto que move é o intelecto que move por causa de algo, não apenas para raciocinar. É o intelecto prático que difere do especulativo segundo o seu fim. O intelecto especulativo especula a verdade, não por causa de algum outro, mas por causa apenas de si mesmo. Já o intelecto prático especula a verdade por causa da operação.

Da mesma forma, todo apetite é por causa de algo. Mas aquilo de que é o apetite, isto é, o apetecível, é o princípio do intelecto prático. E isto porque aquilo que é o primeiro apetecível é o fim pelo qual começa a consideração do intelecto prático. De fato, querendo deliberar agir em relação a algo, primeiramente supomos o fim, e então prosseguimos pela ordem a inquirir as coisas que são por causa do fim. E assim prosseguindo do posterior ao anterior, até aquilo que será o primeiro e iminente para se agir. Assim é que se diz que o apetecível, que é o primeiro considerado pelo intelecto prático, move o intelecto.

De onde se segue que é razoável colocar estes dois moventes, o apetite e o intelecto prático.

E isto que foi dito do intelecto deve ser igualmente entendido da fantasia, porque a fantasia move na medida em que representa o apetecível.

Desta maneira, fica patente que um é o movente, a saber, o apetecível. O apetecível move o apetite e é princípio do intelecto prático, que foram colocados como sendo os dois moventes. E o motivo porque é razoável que estes dois moventes se reduzam em um só, que é o apetecível, é o seguinte. Como a razão da ciência prática se acha para com opostos, [porque é, por exemplo, a mesma ciência que trata da saúde e da doença], ela não move a não ser que seja determinado para um [dos opostos] pelo apetite. [O intelecto prático, então, ao mover o homem, o faz sob a espécie de apetite: porque o intelecto move segundo a vontade, que é um certo apetite]. Assim, fica patente que os moventes se reduzem em um, que é o apetecível.