5. A arte de adquirir alimento pertence à natureza.

A arte aquisitiva de alimento é algo natural, o que pode ser demonstrado do seguinte modo. Assim como a natureza provê aos animais imediatamente em sua primeira geração, assim também quando a sua geração se torna perfeita. Provê à sua alimentação em sua primeira geração, o que é evidente em diversos animais. Há, de fato, alguns animais que não geram animais perfeitos, mas põem ovos, como ocorre nas formigas, nas abelhas e em outros tais. Estes animais dão à luz, com os próprios fetos, tanto alimento quanto lhes possa ser suficiente até que o animal gerado chegue à perfeição. Há outros animais que geram animais perfeitos, como os cavalos e outros semelhantes; estes animais, quando dão à luz, têm durante um certo tempo em si mesmos algum alimento por parte de seus pais, alimento este que é chamado de leite. É assim evidente que a natureza, na primeira geração, provê o alimento aos animais.

É manifesto que depois que os animais se tornam perfeitos, a natureza também lhes providencia o alimento. É assim que as plantas são por causa de outros animais, porque se nutrem delas. Os demais animais são por causa dos homens; os domésticos por causa do alimento e por causa de outras utilidades, os selvagens também, embora não todos, porque muitos deles se tornam alimento dos homens ou de algum modo vêm em seu auxílio, na medida em que o homem deles obtém suas vestimentas de suas peles, ou se utiliza de seus chifres, ossos ou dentes como de instrumentos. É manifesto, portanto, que o homem necessita para a sua vida dos demais animais e plantas.

A natureza, porém, não deixa nada imperfeito nem faz algo em vão. É manifesto, portanto, que a natureza faz os animais e as plantas para o sustento dos homens. Quando alguém, portanto, adquire algo que a natureza faz por causa dele, esta é uma aquisição natural. De onde que se conclui que a [arte] possessiva pela qual estas coisas que pertencem à necessidade da vida são adquiridas pertence à natureza.

Pode-se concluir, de tudo quanto foi dito, que há uma espécie [de arte] possessiva que é natural, que é a já mencionada, a qual é uma parte da econômica, na medida em que a subministrativa é dita ser parte. Esta subministra, porém, não apenas à econômica, mas também à política, porque é necessário para o ato político e o ato econômico que sejam adquiridas aquelas coisas que são entesouradas para as necessidades da vida e para a utilidade da comunidade, tanto da casa como da cidade, porque nem a casa nem a cidade pode ser governada sem o que é necessário à vida.

Esta [arte] possessiva não é infinita. De fato, as verdadeiras riquezas são provenientes destas coisas pelas quais são subvencionadas as necessidades da natureza. Estas são verdadeiras riquezas porque podem remover a indigência e produzir a suficiência daquele que as possui, para que o homem seja suficiente a si mesmo para bem viver.

Há outras riquezas, das quais a possessão é infinita, conforme mais adiante se dirá, das quais não se pode preestabelecer nenhum termo aos homens. Estas não são verdadeiras riquezas, porque não preenchem nunca o apetite humano.