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Das coisas que são para se fugir acerca dos
costumes, há três espécies que são a malícia, a incontinência
e a bestialidade.
[O que é a incontinência]. Tendo sido explicado no
livro VI que a boa ação não o é sem a razão prática e o
apetite reto, pervertendo-se alguma destas duas coisas, [a
ação tornar-se-á] algo a se fugir aos costumes. Se há
perversidade por parte do apetite, de tal maneira que a razão
prática permanece reta, haverá a incontinência, que é quando
alguém possui um reto julgamento acerca do que se deve fazer
ou evitar, mas por causa da paixão do apetite é trazido ao
contrário.
[O que é a malícia]. Se, porém, a perversidade do
apetite toma tanta força de tal maneira que domine a razão, a
razão seguirá aquilo a que o apetite corrompido incline,
assim como um certo princípio estimando aquilo como um fim
ótimo. De onde que se operará a perversidade por eleição.
Esta disposição é dita malícia.
[O que é a bestialidade]. A perversidade poderá
acontecer de uma tal maneira que não se saia fora dos limites
da vida humana. Quando isto acontece, ela é dita de modo
simples incontinência ou malícia humana, assim como uma
doença corporal humana, na qual pode-se salvar a natureza
humana. Porém, a contemperância dos afetos humanos pode
corromper-se também de tal maneira que se progride além dos
limites da vida humana até a semelhança dos afetos de algum
animal, como do leão ou do porco. [Quando isto acontece, a
perversidade é então ] chamada de bestialidade.
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