9. Segunda dúvida sobre as qualidades requeridas para a perfeição do governante.

O Filósofo diz que alguém poderia questionar que se alguém ama a república e possui poder, para nada pareceria necessária a virtude. Pois parece que esta já não seria necessária porque, pelos dois outros, isto é, pela potência e pelo amor parece que poderiam fazer-se todas as coisas que fossem necessárias para o principado.

O Filósofo responde a esta dúvida dizendo que juntamente com a potência e o amor ao principado requer-se a virtude se se deve governar bem e perfeitamente, porque os que possuem a potência civil e o amor à república podem ser como incontinentes, isto é, estarem dispostos para com a república assim como [o homem] incontinente está disposto para consigo mesmo. Ora, o incontinente, embora tenha um julgamento reto e a ciência de como se deve agir e o amor a si, segue, no entanto, as concupiscências e os movimentos das paixões. E, deste modo, de nada lhe serve a ciência que tem de como se deve agir.