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Conforme explicado, todos apetecem a deleitação,
assim como todos apetecem viver, que se aperfeiçoa na
operação. Os apetecíveis, porém, possuem uma ordem entre si,
assim como os cognoscíveis. Pode-se, portanto, levantar uma
dúvida de se os homens apetecem a vida por causa da
deleitação ou se inversamente, apetecem a deleitação por
causa da vida.
[Quanto a isto deve-se dizer que] esta dúvida
[poderia] ser deixada de lado para as presentes [intenções],
porque estas duas coisas estão de tal modo unidas entre si,
que de nenhum modo podem ser separadas. De fato, não há
deleitação sem operação, e nem pode haver perfeita operação
sem deleitação, conforme foi dito acima. Porém, a operação é
mais principal do que a deleitação, porque a deleitação é um
repouso do apetite na coisa deleitante, que é alcançada por
alguém pela operação, e ninguém apetece o repouso em algo, a
não ser na medida em que estima este algo como sendo a si
conveniente. E portanto, a própria operação, que deleita como
algo conveniente, é apetecível de modo anterior à deleitação.
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