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O principado do pai em relação aos filhos é o
[principado] real. Neste principado duas coisas devem ser
consideradas: o pai que gera exerce o principado pelo amor,
porque ama naturalmente aos filhos e exerce o principado
segundo a idade, porque possui uma certa prerrogativa de
idade sobre os filhos e há, quanto a estas [características],
uma espécie ou semelhança com o principado real. De fato, é
necessário que o rei, que exerce um principado perpétuo e um
poder plenário sobre todos, difira dos súditos segundo a
natureza em uma certa grandeza de bondade e, todavia, que
seja da mesma espécie que os súditos, pelo menos segundo a
espécie humana, embora seja melhor para ele que seja também
do mesmo povo.
Ora, esta também é a comparação do mais velho para
com o mais jovem, e a do que gera para o que é gerado, isto
é, que tenha uma prerrogativa natural de perfeição. Por isso
é necessário que o rei difira por natureza de todos os
demais; a não ser que o rei seja melhor por uma certa bondade
natural, não seria justo que dominasse sempre e por um poder
plenário sobre outros que lhe fossem iguais, conforme adiante
se dirá.
Assim, portanto, é uma diferença natural que
separa o principado real do principado político, que é o
principado [exercido por iguais sobre] iguais segundo a
natureza. O amor, por outro lado, separa o principado real do
tirânico, que não é pelo amor que há para com os súditos, mas
por causa da própria comodidade.
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