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Poder-se-ia negar que a natureza agisse tendo em
vista a um fim, porque muitas vezes é visto outra coisa
acontecer, como os monstros, que são pecados da natureza.
[Responde-se a esta objeção dizendo que] a arte
age tendo em vista a um fim, e todavia nas coisas que se
fazem pela arte ocorrem erros, como quando o gramático não
escreve corretamente ou um médico receita um remédio errado.
Se a arte, todavia, não operasse tendo em vista a
um fim, qualquer coisa operada pela arte não resultaria num
erro, porque a operação da arte se situaria de maneira
idêntica frente a qualquer coisa.
Portanto, o próprio fato de que na arte ocorrem
erros, é sinal de que a arte opera tendo em vista a um fim.
Assim também ocorre nas coisas naturais.
Os monstros são erros da natureza na medida em que
lhes faltou a correta operação da natureza. E o próprio fato
de que na natureza ocorrem estes erros, é sinal de que a
natureza age tendo em vista a um fim.
E se estes monstros não se conservam na natureza,
não o é porque a natureza não os queira conservar, mas porque
não os pode salvar. Eles não foram gerados segundo a
natureza, mas foram corrompidos por algum princípio natural.
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