|
É inconveniente que segundo o excesso de qualquer
bem seja feita a distribuição do principado, mas, quanto aos
bens que se ordenam à cidade não será irracional que alguém
duvide que a distribuição possa ser feita segundo os mesmos.
As coisas que se ordenam à cidade são as seguintes: a
riqueza, a nobreza e a liberdade. Este é o motivo pelo qual
os ricos são honrados na cidade, assim como os nobres e os
livres.
Que estas coisas se requerem à cidade, é manifesto
porque a cidade não pode ser constituída por pessoas carentes
de bens porque, se o fosse, ninguém poderia contribuir ao bem
comum, o que é algo necessário, pois de outro modo os
inimigos não poderiam ser repelidos.
A cidade também não pode ser constituída por
servos, porque não seria cidade. O servo não pode ser elevado
ao principado, porque não pode prover ao que se há de agir. A
cidade, portanto, deve ser constituída por ricos e livres.
Se estas coisas são necessárias à cidade, muito
mais será necessária a justiça e a virtude bélica, porque sem
estas não será possível bem habitar a cidade. Todas estas
coisas, porém, são diversamente necessárias à cidade: as
primeiras, [a riqueza e a liberdade], são necessárias porque
sem elas não pode haver cidade; as segundas, a justiça e a
virtude bélica [são necessárias porque] sem elas pode haver
cidade, mas não uma boa cidade.
|
|