4. Prova-se, por redução ao impossível, a dessemelhança que há na verdade e na falsidade nas [coisas] presentes e futuras.

Se a verdade e a falsidade estivesse de modo semelhante nas [coisas] presentes e futuras, seguir-se-ia que tudo o que é verdadeiro do presente também seria verdadeiro do futuro, segundo aquele mesmo modo pelo qual é verdadeiro do presente.

Porém é determinadamente que agora é verdadeiro dizer de algum singular que é branco.

Portanto, [se fosse de modo semelhante que a verdade e a falsidade estivessem nas coisas futuras assim como nas presentes, seguir-se-ia que] antes que este singular se tornasse branco teria sido verdadeiro dizer que ele seria branco. E a mesma razão parece existir tanto para um tempo próximo como para outro remoto. De onde que se um dia antes tivesse sido verdadeiro dizer que ele seria branco, seguir- se-ia que sempre teria sido verdadeiro dizer de qualquer uma das coisas que se fizeram que se fariam.

Ora, se for sempre verdade dizer do presente que é, ou do futuro que será, não poderá esta [coisa] não ser ou não vir a ser.

Seguir-se-á, portanto, destas premissas, que todas as coisas que serão assim se tornarão necessariamente. De onde se seguiria, ulteriormente, que nada [estaria inclinado] a duas [possibilidades], nem nada [se daria] pelo acaso, porque aquilo que ocorre pelo acaso não procede da necessidade, mas na menor parte [das vezes]. Esta conseqüência, porém, também é inconveniente, de onde que deverá ser falsa a premissa, isto é, que de tudo o que é verdadeiro seja também verdade dizer determinadamente que haverá de ser.