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Existem três maneiras pelas quais [algo se] diz
indivisível. [Para cada uma delas deverá se ver a maneira
como o intelecto as intelige]. O indivisível se diz de três
maneiras, de acordo com as três maneiras segundo se diz o
uno, de quem o indivisível toma a sua razão:
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A. Por continuidade.
B. Por ter uma espécie una.
C. Por ser completamente
indivisível, como o ponto ou a
unidade.
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A primeira maneira como algo se diz uno é por continuidade.
De onde segue que alquilo que é contínuo é dito indivisível,
na medida em que não é dividido em ato, ainda que o seja em
potência. Portanto, nada impede que o intelecto intelija o
algo contínuo como indivisível, como por exemplo um
comprimento. Por causa disto, [neste caso], o intelecto
inteligirá [esse comprimento] num tempo indivisível, porque o
intelige como indivisível.
[Algo pode também ser dito indivisível pela
unidade da espécie]. [Neste sentido, algo] é dito uno quando
apresenta uma espécie una, ainda que seja composto de partes
não contínuas. A isto corresponde o indivisível segundo a
espécie. Aquilo que é indivisível pela espécie, a alma o
intelige em tempo indivisível. Posto, porém, que aquilo que é
indivisível pela espécie, possua alguma divisão nas partes,
todavia esta divisão é inteligida por acidente. [Isto porque]
se inteligisse as partes como divididas, por exemplo, [num
homem], a carne per se, o osso per se, e assim por diante,
então não o inteligiria num tempo indivisível.
[De uma terceira maneira], algo também pode ser
dito uno quando é completamente indivisível, como o ponto ou
a unidade. [Este tipo de indivisível], como o ponto, e tudo
aquilo que é assim indivisível em potência e em ato, se
manifesta ao intelecto como uma privação, isto é, por
privação do contínuo e do divisível. A razão disto é que o
intelecto recebe proveniente do sentido [o que vai ser
inteligido]. E por isso caem sob a apreensão do intelecto
coisas que anteriormente eram sensíveis. Portanto, tudo
aquilo que transcende estes sensíveis a nós conhecidos, não
são conhecidos por nós exceto por negação.
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