IV. DO FIM DA VIRTUDE TOMADO EM RELAÇÃO AO BEM COMUM


1. Coloca-se o esquema do que se vai tratar.

Depois que o filósofo determinou acerca do fim da virtude, considerada no próprio homem virtuoso, que é a deleitação ou felicidade, pretende agora determinar acerca de outro fim da virtude, que é tomado por relação ao bem comum, mostrando que além da doutrina moral já exposta, é necessária uma outra ciência legislativa que vise ao bem comum. De fato, além do que já foi dito acerca da felicidade, das virtudes, da amizade e da deleitação, resta ainda mais a dizer. Isto porque para que alguém se torne virtuoso não basta conhecer a doutrina moral já exposta, é necessário o costume de uma vida boa. Para adquirir esse costume é necessário que se coloquem leis. Para que se coloquem as leis, porém, é necessário que o homem se torne legislador, [com o que poderá visar ao bem comum]. [Como, porém, não basta que se diga que o homem deve tornar-se legislador, devendo-se] mostrar como alguém pode tornar-se legislador, Aristóteles explicará como faria isto em seguida nos livros da Política, aonde tratará, dentre outras coisas, acerca da ciência legislativa. Esta última parte da Ética, portanto, é na verdade uma introdução à Política.