13. A razão de se começar pela essência das substâncias sensíveis.

Deve-se primeiro determinar a essência das substâncias sensíveis porque isto é preparatório ao trabalho para que, a partir destas substâncias sensíveis, que para nós são manifestas, passemos às substâncias inteligíveis, das quais principalmente temos intenção [de tratar].

É assim que a disciplina opera em todos os homens, que, a partir das coisas que são menos conhecidas segundo a natureza, se proceda àquelas que são mais conhecidas segundo a natureza. Isto acontece porque toda disciplina começa por aquelas coisas que são mais fáceis de serem aprendidas, que são as coisas mais conhecidas por nós, as quais são freqüentemente aquelas que são menos conhecidas segundo a natureza. [Começando por estas, a disciplina nos encaminha] àquelas que são mais conhecidas segundo a natureza, porém, menos conhecidas para nós.

Para nós, cujo conhecimento se inicia pelo sentido, são mais conhecidas as coisas mais próximas ao sentido. Mas, segundo a natureza, são mais conhecidas aquelas coisas que por sua natureza são mais cognoscíveis. E estas são aquelas coisas que são mais entes, e aquelas que são mais remotas aos sentidos. Já as coisas que são mais fracamente conhecidas segundo a natureza são aquelas que pouco ou nada tem de ente. Na medida em que algo é ente, segundo isto é cognoscível.

Aqui fica patente que os acidentes, os movimentos e as privações pouco ou nada têm de entidade. E, todavia, estas são as coisas que são mais conhecidas por nós, mais do que as substâncias das coisas, porque elas são mais próximas aos sentidos, porque per se caem debaixo do sentido como sensíveis próprios ou comuns. As formas substanciais, porém, caem debaixo do sentido por acidente, e não per se.