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Embora nas coisas inanimadas seja claro que o
movimento se inicia em algo [em circunstâncias nas quais]
nenhum movimento pré-existia naquela mesma coisa, é claro que
o movimento pré-existia em algo exterior pelo qual esta coisa
é movida.
Este terceiro argumento, entretanto, trata dos
animais que não são movidos por um ser intrínseco, mas por si
mesmos.
Pois ocorre nos animais que [nestes seres que
estavam] imóveis o movimento se inicia quando antes dele não
havia [movimento] e isto ocorre não por alguma coisa
extrínseca que move, mas pela própria coisa que é movida. E,
se isto pode ocorrer num animal, não parece existir nada que
impeça isto de ocorrer com o universo.
[A solução a esta terceira objeção consiste em
que], em um animal que primeiro está em repouso e depois é
movido por um movimento, se este movimento não for causado
pelo exterior, parece que nenhum movimento precedeu o
movimento do animal, tanto no animal em si mesmo como em
outro [objeto externo].
Mas é falso dizer que o movimento do animal não
proveio de algo exterior, [apesar de não ser causado por algo
exterior].
Em animais há movimentos naturais, que não são
movidos pela vontade, [mas são movidos por causas externas],
como é claramente aparente quando um animal é alterado pela
quentura ou frieza do ar.
Nos animais existem também movimentos naturais
provenientes de um princípio interior, como é claro nas
mudanças da alma vegetativa que são vistas na digestão do
alimento. Estes movimentos são chamados naturais porque não
seguem a apreensão e o apetite.
Mas, quando dizemos que um animal move a si mesmo,
não estamos nos referindo a nenhum destes movimentos, mas ao
movimento de acordo com o qual um animal move a si mesmo
através da apreensão e do apetite.
[Para explicar estes, deve-se dizer que] existem
muitas mudanças num animal que são provenientes do meio
ambiente. Algumas destas movem o intelecto e o apetite, e
como resultado o animal inteiro é movido. [Estes movimentos
provenientes do meio ambiente] não agem diretamente sobre as
almas, mas sobre os corpos. Quando o corpo é movido, ocorre
movimento por acidente nas potências da alma que são atos dos
órgãos corpóreos, mas não necessariamente no intelecto e no
apetite intelectivo, que não utilizam órgãos corpóreos.
Algumas vezes, [mas não necessariamente], porque a
necessidade aqui é excluída da parte intelectiva da alma, o
intelecto e a vontade seguirão as mutações acima, quando
alguém através da razão escolhe ou de seguir ou de rejeitar
ou fazer alguma coisa por causa de alguma paixão que surgiu
no corpo ou na parte sensitiva. Assim, estes movimentos não
são causados pelo meio ambiente movendo o intelecto ou o
apetite, mas fica claro que nunca um deles aparece em nós sem
ser precedido por algum outro movimento.
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