7. As posses dos guerreiros e conselheiros.

O Filósofo declara a seguir [que os guerreiros e conselheiros, assim como os demais que são parte da cidade perfeita] devem possuir bens na mesma, de tal modo que eles sejam senhores de tais bens, porque é necessário que os cidadãos na cidade [disponham dos bens que lhes são necessários].

Os artífices e quaisquer outros que não realizam as operações da virtude, não participam da cidade per se. A validade desta sentença depende da suposição, já colocada, segundo a qual ninguém pode alcançar a felicidade a não ser através da virtude, que é o princípio da felicidade. Ora, dizemos que a cidade ótima [e perfeita] é aquela que alcança a felicidade simplesmente considerada, não quanto a uma parte da cidade e outra não, mas para todos os seus cidadãos. Portanto, [na cidade perfeita] todos os cidadãos deverão ser virtuosos e, os que não forem virtuosos, enquanto tal, não são cidadãos. Se, portanto, os cidadãos devem [dispor dos bens suficientes], e isso não poderá acontecer sem que sejam senhores destes bens, será maximamente necessário que eles sejam senhores destes bens, e isto [também se] supomos que na cidade [perfeita] os agricultores devem ser servos, assim como outros homens bárbaros provenientes de outras regiões.

[O Filósofo sustenta esta posição com tanta insistência porque deseja opor-se a Platão, seu antigo mestre. De fato, segundo Platão, na cidade perfeita somente os agricultores e os comerciantes devem possuir bens, não os homens de guerra, os conselheiros e os demais homens sábios que a governam].