5. A distinção das políticas: monarquia, aristocracia, república, democracia, oligarquia e tirania.

Tendo o filósofo distinguido as políticas retas das injustas, agora passa a distinguir ambas entre si. Diz em primeiro lugar que depois do que foi determinado, deve-se em seguida determinar sobre as políticas, quantas são em número e quais são, e isto pela ordem, de tal maneira que primeiro consideraremos as políticas retas, e em seguida as injustas.

A política nada mais é do que a ordem dos que dominam na cidade. É necessário, portanto, que as políticas se distinguam segundo a diversidade dos que dominam. Ora, na cidade pode dominar um só, poucos, ou muitos. E qualquer um destes três pode ocorrer de duas maneiras. De um primeiro modo quando se governa para a utilidade comum e, neste caso, serão políticas retas. De um segundo modo, quando se governa para a própria utilidade daqueles que dominam, seja um só, sejam poucos ou muitos, e neste caso serão transgressões das políticas.

Quando quem governa é um só, esta política será chamada de poder real pelo seu nome costumeiro, se tal regime busca a utilidade comum. [Chama-se também este regime de monarquia].

A política em que poucos governam por causa do bem comum, desde que sejam mais do que um só, é chamada de estado dos ótimos. [Chama-se também este regime de aristocracia].

Quando, porém, uma multidão governa buscando a utilidade comum, [este regime será chamado] de república, que é [também] um nome comum a todas as políticas.

As transgressões [ou corrupções] das políticas mencionadas são as seguintes. Da corrupção do rei [ou monarca] surge o tirano, [cujo regime é a tirania]. Da corrupção do estado dos ótimos [ou aristocracia] surge a potência dos poucos [ou o poder da minoria. também chamado de oligarquia]. Da corrupção da república surge o estado popular, [também chamado pelo filósofo de democracia]. De onde que se conclui que a tirania é o principado de um só que busca a sua utilidade própria, o estado de poucos [ou oligarquia] é o que busca a utilidade dos ricos e o estado popular [ou democracia] o que busca a utilidade dos pobres. Nenhum destes regimes busca a utilidade comum.