9. Como o movimento não pertence às demais categorias

[O movimento não pertence à categoria do tempo, porque] o tempo é uma medida do movimento. Portanto, não pode existir movimento na [categoria do] tempo pela mesma razão que não existe movimento na ação e paixão.

[Não existe movimento no gênero da substância] porque todo movimento é entre contrários. Mas não existe contrário da substância. Portanto, não existe movimento no gênero da substância.

[Não existe movimento no gênero da relação] porque em qualquer gênero em que existe movimento per se, nada de novo deste gênero é achado em algo a menos que ele mude. Mas algo novo [no gênero da relação] verdadeiramente acontece para aquele que está em relação para com uma outra coisa quando esta outra coisa muda, mesmo se a primeira coisa não mudar. Portanto, na relação não existe movimento per se, mas apenas movimento por acidente, na medida em que uma nova relação resulta de alguma mudança [na quantidade, na qualidade ou no lugar].

[Não existe movimento no gênero da posição] porque posição indica uma certa ordenação das partes. Mas ordenação é uma relação. Portanto, não existe movimento no gênero da posição da mesma maneira que não existe movimento no gênero da relação.

[Não existe movimento no gênero do hábito porque] o hábito se refere a uma certa relação de um corpo a algo que lhe é colocado junto. Portanto, não pode existir movimento nesta categoria da mesma maneira em que não pode existir movimento na categoria da relação.

[Não existe movimento nas categorias da ação e paixão porque] ação e paixão não diferem do movimento pelo sujeito. Na verdade, elas acrescentam ao movimento uma inteligibilidade [ratio]. De onde, dizer que existe movimento na ação e paixão é o mesmo que dizer que existe movimento no movimento. Mas não pode existir movimento do movimento, nem geração da geração, nem mutação da mutação, nem corrupção da corrupção. [Esta afirmação é demonstrada, na Física de Aristóteles, por seis vias diferentes].