5. A segunda espécie de monarquia.

Além da espécie de monarquia que foi descrita, há também uma outra espécie segundo a qual alguns reinam junto com os bárbaros. São chamados bárbaros aqueles que carecem de razão e, como os homens se utilizam da razão, quem quer que careça de razão é dito bárbaro.

Estes reinos segundo os quais governam alguns bárbaros são como tiranias de monarquias, e aqueles que governam nestes reinos governam segundo a lei e segundo os costumes que são transmitidos de pais a filhos. Como os bárbaros são naturalmente mais servis do que os gregos, estes bárbaros suportam este principado dominativo sem tristeza, porque possuem uma inclinação a suportá-lo.

Esta espécie de monarquia é segura. A razão é porque o principado em tal reino governa segundo uma descendência, e segundo costumes que procedem dos ancestrais. E porque, reinando por descendência, governando o pai, de algum modo este acostuma os súditos ao filho, quando depois o filho reina, o povo se submete voluntariamente ao filho, por já terem adquirido o costume. Ademais este governo é segundo o costume e segundo as leis, e as coisas que se baseiam no costume são deleitáveis. O sinal de que este reino é seguro está em que estes bárbaros protegem o seu rei, porque o amam e livremente a ele se submetem. Os que protegem os tiranos, porém, são outros [e não o próprio povo], porque os tiranos governam os súditos contra a vontade destes e por causa disto os tiranos possuem, além do povo, uma outra guarda [pessoal], já que eles mesmos desconfiam de seus próprios súditos.