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Aqueles que são virtuosos, de modo semelhante,
sustentam razoavelmente que os principados devem ser
atribuídos aos virtuosos e não aos demais, já que os
principados devem ser distribuídos segundo a dignidade do que
é mais salvativo da cidade. Ora, esta é a virtude, o que é
evidente, porque é a justiça o que é o mais salvativo da
cidade.
A justiça, de fato, é um hábito pelo qual operamos
o justo e queremos operar o justo. Isto é o que é maximamente
salvativo na cidade, conforme se explica no Quinto Livro da
Ética. Todas as demais virtudes, de fato, se seguem à
justiça, o que pode ser explicado do seguinte modo, [segundo
dois aspectos].
Primeiro, porque todas as virtudes estão
interligadas. Portanto, quem possui uma virtude perfeita
possuirá a todas. Ora, a justiça é uma virtude perfeita.
Logo, quem possui a justiça possui todas as virtudes.
Segundo, porque há duas justiças. A primeira é a
justiça particular, pela qual alguém está bem [disposto] na
operação que se ordena a outro ou nas coisas que se ordenam
ao bem de outro. A segunda é a justiça universal [também
chamada nos Livros da Ética de justiça legal], pela qual
alguém [está bem disposto] na obra que se ordena a outro em
relação ao bem comum. De onde que, pela justiça universal
alguém retamente se utiliza de todas as virtudes e do ato de
qualquer virtude por ordenação ao bem comum, de tal modo que
[a justiça universal] inclua toda a virtude. Ora, aquilo que
inclui toda a virtude é maximamente salvativo da cidade.
Portanto, parece que seria segundo a dignidade da virtude que
o principado deveria ser distribuído.
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