|
A operação de qualquer sentido é de algum operante
em relação ao sensível que é objeto do sentido. Assim,
portanto, na operação do sentido duas coisas são
consideradas: o próprio sentido, que é princípio de operação,
e o sensível, que é objeto da operação. Para que, portanto, a
operação do sentido seja perfeita, requer-se a ótima
disposição por parte de ambas [estas coisas], isto é, do
sentido e do objeto. Por isso, o sentido opera de modo
perfeito quando se trata de uma operação de um sentido bem
disposto a algo belíssimo, isto é, convenientíssimo [entre]
as coisas que cabem debaixo [daquele] sentido. [Pouco
importa, porém, que esta operação se refira ao sentido ou ao
ser em cujo interior o sentido se exerce, já que, conforme
foi dito no primeiro livro do De Anima, não é a alma que
opera, mas o homem pela alma]. De onde que a operação ótima é
a do operante otimamente disposto em relação àquilo que é a
melhor das coisas que caem debaixo da virtude de tal
operante. A perfeição da operação, portanto, depende
principalmente destas duas coisas: do princípio ativo e do
objeto.
A mesma operação que dissemos ser perfeitíssima,
[isto é, a do operante otimamente disposto em relação àquilo
que é a melhor das coisas que caem debaixo da virtude deste
operante], é também deleitabilíssima. De fato, onde quer que
se encontre em algum cognoscente a operação perfeita, ali
também é encontrada a operação deleitável. De fato, a
deleitação não é somente segundo o tato e o gosto, mas também
segundo todo o sentido, e não somente segundo o sentido, mas
também segundo a especulação do intelecto, na medida em que
especula por certeza algo que é verdadeiro. E entre tais
operações do sentido e do intelecto, é deleitabilíssimo
aquele que é perfeitíssimo, que é a operação do sentido ou do
intelecto bem disposto em relação à melhor das coisas que
caem debaixo do sentido ou do intelecto. Se portanto, a
operação perfeita é deleitável, e a perfeitíssima
deleitabilíssima, segue-se que a operação, na medida em que é
perfeita, é deleitável. A deleitação, portanto, é a perfeição
da operação.
|
|