11. Das coisas em que não há conselho.

Não há conselho das coisas eternas, isto é, das que existem sempre e sem movimento. Tais coisas são ou aquelas cujas substâncias não estão sujeitas ao movimento, como as substâncias separadas, ou aquelas que, posto que segundo o seu ser estejam na matéria móvel, todavia segundo a razão são abstraídas de tal matéria, como são [ os seres ] matemáticos.

Do mesmo modo, não há conselho acerca das coisas que, ainda que se movam, o movimento delas é sempre uniforme. Um exemplo disso seria o sol, [em seu] movimento circular.

Também não há conselho das coisas que existem [com o] movimento, mas que em geral [se movem] do mesmo modo, embora às vezes em menor número de circunstâncias [se movam] de modo diferente, [por acidente]. Por exemplo, é o caso das secas que acontecem durante o verão, [via de regra].

Também não há conselho das coisas que acontecem pela sorte, como o achado de um tesouro. Assim como as três primeiras coisas referidas não são provenientes de nossa operação, assim as coisas que são pela sorte não podem ser de nossa premeditação, porque são imprevistas e além da intenção.

Não somente os homens não [fazem conselho] das coisas necessárias, naturais e fortuitas, como nem tampouco de todas as coisas humanas, como por exemplo, aqueles que vivem numa nação não [fazem conselho] de como os que vivem numa outra nação muito distante devem se comportar.

A razão comum de todas as [cinco] coisas preditas, pela qual não [tomamos conselho] das mesmas, é porque nenhuma delas, isto é, as necessárias, as naturais, as fortuitas, ou as feitas por outros homens, são feitas por nós.