3. Que o tempo e o movimento não podem cessar e começar novamente.

[É impossível, diz o Filósofo, que o tempo não seja eterno]. Se o tempo não é eterno, às vezes se iniciando, às vezes terminando, seguir-se-ia que antes do tempo existiria o não ser do tempo, e depois do tempo existiria [também] o não ser do tempo. Ora, isto não é possível, porque é impossível que exista o antes e o depois a não ser que exista o tempo, o tempo nada mais sendo do que o número do anterior e do posterior no movimento. Desta maneira, o tempo seria antes que começasse a ser, e igualmente seria depois que deixasse de ser. Portanto, é necessário que o tempo seja eternamente.

[Do mesmo modo, continua o Filósofo, é impossível que o movimento não seja eterno].

Se o tempo é contínuo e eterno, é necessário que o movimento seja contínuo e eterno, porque o tempo é uma paixão do movimento. De fato, o tempo é o número do movimento. Todavia, [o fato] do movimento ser eterno não dever entendido de todo movimento, porque, na verdade, dos movimentos singulares, somente o movimento local poderia ser eterno, e dos movimentos locais, somente o poderia o movimento circular, conforme foi demonstrado na Física.