18. Que na operação da virtude existe deleitação por si mesmo.

[A deleitação propriamente pertence às operações da alma]. A deleitação é própria dos animais, [o que fica manifesto pelo fato] que, embora atribuamos algum apetite natural às coisas inanimadas, todavia não atribuímos a deleitação senão àqueles que têm cognição. De onde Aristóteles dá a entender que a deleitação propriamente pertence às operações da alma, nas quais Aristóteles tinha colocado estar a felicidade.

[Mas a virtude é deleitável ao homem virtuoso]. A operação da virtude é conveniente ao homem virtuoso segundo [um] hábito próprio. De onde que é manifesto que qualquer homem virtuoso ama a operação da virtude própria como algo a si conveniente. Ora, a qualquer pessoa é deleitável aquilo de que ela diz ser amigo. Por exemplo, o amante que deseja alguma coisa estando ela ausente, nela se deleita se estiver presente. De onde que para o virtuoso as operações segundo a virtude lhe são deleitáveis.

A mesma coisa poderia ser manifestada por indução. Ninguém, de fato, diz ser alguém justo se este não se alegra com as operações justas. A mesma coisa com a liberalidade, e com todas as demais virtudes. De onde que, de maneira geral, ninguém é [dito] virtuoso se não se alegra com as boas obras.

Concluímos, portanto, que a deleitação é de necessidade da virtude, e pertence à razão da mesma. De onde que as operações segundo a virtude são deleitáveis por si mesmas.