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Como o conhecimento é duplo, isto é, existe o
conhecimento do intelecto ou da razão e o conhecimento do
sentido, diferentemente dizemos algo ser anterior segundo a
razão e segundo o sentido.
O primeiro modo é aquele segundo o qual os
universais são anteriores aos singulares, no conhecimento
pela razão, e os singulares são anteriores aos universais no
conhecimento pelo sentido. Isto ocorre porque a razão o é dos
universais, e o sentido o é dos singulares. De onde se segue
que o sentido não conhece os universais a não ser por
acidente, na medida em que conhece os singulares, dos quais
se predicam os universais. Assim, o sentido conhece o homem
na medida em que conhece Sócrates, que é homem.
Aristóteles diz que, [pelo segundo modo de
anterioridade e posterioridade], o acidente é anterior ao
todo, no conhecimento pela razão. Com isto ele quer dizer que
o acidente é anterior ao composto de sujeito e acidente, isto
é, o homem músico não pode ser conhecido pelo intelecto se
antes não for conhecido o [acidente] músico. Da mesma
maneira, segundo a razão, quaisquer outros simples serão
anteriores ao composto, ocorrendo o inverso no conhecimento
pelo sentido. No sentido ocorre o inverso porque ao sentido
são primeiramente oferecidos os compostos.
[O terceiro modo de anterioridade segundo o
conhecimento é aqui omitido].
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