19. A distinção da amizade pelo hábito e pelo ato.

[Cessando a operação da amizade, ela ainda pode permanecer pelo hábito]. Acontece nas outras virtudes que alguns são ditos virtuosos segundo o hábito, mesmo quando não exercem o ato da virtude, enquanto que outros são ditos virtuosos na medida em que em ato exercem a operação da virtude. Assim também ocorre na amizade. Há alguns que são ditos amigos em ato, na medida em que convivem entre si com deleitação e fazem o bem um ao outro, que são [duas coisas] que pertencem ao ato de amizade. Já outros não operam em ato as obras da amizade, estando, todavia, dispostas de tal maneira segundo hábito que são inclinados a operar tais obras, como é patente nos amigos que dormem, ou quando estão separados um do outro pelo lugar, já que a própria amizade de modo simples não é dissolvida pela distância dos lugares, mas somente a operação da amizade. De onde que a amizade [pode] permanecer pelo hábito, mesmo cessando [sua] operação.