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Como os acidentes não se compõem de matéria e
forma, não podemos neles tomar o gênero da matéria, nem a
diferença da forma, como nas substâncias compostas. [O
gênero e a diferença neles são tomados de dois modos
diversos, segundo são os acidentes tomados abstratamente,
como a brancura, ou concretivamente, como o branco].
Nos acidentes definidos abstratamente, o gênero
é tomado do próprio modo de ser do acidente, segundo [o
mesmo modo pelo qual o próprio ente é dividido nos] dez
predicamentos. A diferença é tomada da diversidade dos
princípios causantes [do acidente], isto é, dos princípios
próprios do sujeito que causam o dito acidente. Por isso, o
sujeito é colocado como diferença na definição do acidente,
se ele for tomado abstratamente. Por exemplo, ao definirmos
simidade como curvidade do nariz, [a curvidade é o gênero,
do nariz é a diferença].
Nem sempre, porém, os princípios próprios dos
acidentes nos são conhecidos, e por isso às vezes tomamos
as diferenças dos acidentes dos seus efeitos, como fazemos
ao tomarmos a diferença específica das cores da abundância
ou escassez de luz que elas causam.
Se a definição dos acidentes é tomada segundo
que eles sejam ditos concretivamente, ocorre o inverso, o
sujeito sendo tomado como gênero, ocorrendo a definição à
maneira das substâncias compostas, nas quais a razão do
gênero é tomada da matéria. Assim é que ao definirmos não
mais a simidade, mas o simo, dizemos que é o nariz curvo,
[onde nariz faz as vezes de gênero, e curvo de diferença].
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