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Nem sempre a obra [exterior] é o fim das potências
[ativas]. Em algumas potências ativas o fim último é somente
o uso da potência, e não de algo operado pela ação da
potência, assim como por exemplo o fim último da potência
visiva é a visão, e não alguma obra [externa]. Em outras
potências ativas alguma obra [externa] é feita além da ação,
como por exemplo a arte edificativa que faz a casa, além da
própria ação de edificar.
Nas potência que têm por fim último a obra
externa, a ação da potência não é menos fim do que nas
potências que não obram externamente. Todavia, esta diferença
entre as potências ativas não faz com que em algumas destas
potências a ação [delas] seja menos fim, e em outras seja
mais fim. Isto acontece porque a própria ação está na obra
externa feita, como ocorre com a edificação que está naquilo
que é edificado. E esta edificação simultaneamente se faz e
tem ser com a casa [feita]. Desta maneira, se a casa ou o
edificado é o fim [da arte edificativa], com isso não fica
excluído que a ação [de edificar] seja [também] fim da
potência.
[A ação das potências ativas pode estar no agente
ou na obra]. Quando, além da ação da própria potência, que é
a ação, haja [obra externa] operada, a ação de tal potência
está na [obra] feita, e é ato do feito, como a edificação no
edificado, e universalmente o movimento no movido. O motivo
disto é porque quando pela ação da potência se faz [obra
externa] operada, esta ação aperfeiçoa a obra, e não o
operante. Portanto, a ação deverá estar [necessariamente] no
operado como ação e perfeição dele, e não no operante.
Quando, porém, não há alguma obra externa operada, a ação da
potência existe no agente e como sua perfeição, não
transitando para aperfeiçoar algo externo. Por exemplo,
[assim é que] a visão está no vidente e é sua perfeição, e a
especulação está no especulante, e a vida na alma, se por
vida entendemos a obra da vida.
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