21. Como o homem feliz está para com Deus.

O homem feliz segundo a felicidade especulativa, porque opera segundo o intelecto contemplando a verdade, colocando os seus cuidados nos bens do intelecto, parece estar otimamente disposto, na medida em que possui excelência naquilo que é ótimo ao homem, e é amadíssimo por Deus. De fato, supondo, como é da verdade da coisa, que Deus tenha cuidados e providência acerca das coisas humanas, é razoável que se deleite acerca dos homens daquilo que é ótimo neles, e que é semelhantíssimo a Deus. Trata-se do intelecto, como é patente de tudo o que foi dito. Conseqüentemente, é razoável que Deus maximamente beneficie àqueles que amam o intelecto, e honram o próprio bem do intelecto preferindo-o a todos os outros, como o próprio Deus cuida daqueles que operam retamente o bem. Ora, é evidente que todas estas coisas citadas convêm ao [homem] sábio. De fato, o homem sábio ama e honra o intelecto, que é maximamente amado por Deus entre as coisas humanas. O sábio também opera bem e retamente. Conclui-se, portanto, que o sábio seja amadíssimo por Deus. Ora, será felicíssimo o homem que for maximamente amado por Deus, que é fonte de todos os bens. De onde se conclui também segundo isto, que já que a felicidade do homem é dita ser pelo fato de que é amado por Deus, que o sábio é maximamente feliz.