8. Que a deleitação é perfeição da operação.

A operação de qualquer sentido é de algum operante em relação ao sensível que é objeto do sentido. Assim, portanto, na operação do sentido duas coisas são consideradas: o próprio sentido, que é princípio de operação, e o sensível, que é objeto da operação. Para que, portanto, a operação do sentido seja perfeita, requer-se a ótima disposição por parte de ambas [estas coisas], isto é, do sentido e do objeto. Por isso, o sentido opera de modo perfeito quando se trata de uma operação de um sentido bem disposto a algo belíssimo, isto é, convenientíssimo [entre] as coisas que cabem debaixo [daquele] sentido. [Pouco importa, porém, que esta operação se refira ao sentido ou ao ser em cujo interior o sentido se exerce, já que, conforme foi dito no primeiro livro do De Anima, não é a alma que opera, mas o homem pela alma]. De onde que a operação ótima é a do operante otimamente disposto em relação àquilo que é a melhor das coisas que caem debaixo da virtude de tal operante. A perfeição da operação, portanto, depende principalmente destas duas coisas: do princípio ativo e do objeto.

A mesma operação que dissemos ser perfeitíssima, [isto é, a do operante otimamente disposto em relação àquilo que é a melhor das coisas que caem debaixo da virtude deste operante], é também deleitabilíssima. De fato, onde quer que se encontre em algum cognoscente a operação perfeita, ali também é encontrada a operação deleitável. De fato, a deleitação não é somente segundo o tato e o gosto, mas também segundo todo o sentido, e não somente segundo o sentido, mas também segundo a especulação do intelecto, na medida em que especula por certeza algo que é verdadeiro. E entre tais operações do sentido e do intelecto, é deleitabilíssimo aquele que é perfeitíssimo, que é a operação do sentido ou do intelecto bem disposto em relação à melhor das coisas que caem debaixo do sentido ou do intelecto. Se portanto, a operação perfeita é deleitável, e a perfeitíssima deleitabilíssima, segue-se que a operação, na medida em que é perfeita, é deleitável. A deleitação, portanto, é a perfeição da operação.