12. Que o primeiro inteligível tem que ser idêntico ao primeiro desejável.

Entre os homens, aquilo que move como desejável é diferente daquilo que move como bem inteligível, não obstante ambos moverem como moventes não movidos. Isso é marcadamente patente nas pessoas que são incontinentes. Segundo a razão, são movidas pelo bem inteligível. Segundo a força concupiscível são movidas por algum deleitável segundo o sentido, que parece um bem, não sendo, porém, bem de modo simples, mas bem segundo algo. [O que se tentará explicar em seguida é que] esta diversidade não pode ocorrer no primeiro inteligível e no primeiro desejável. O primeiro dos inteligíveis e o primeiro dos desejáveis tem que ser o mesmo.

[O desejável, isto é, o apetecível, pode sê-lo por um apetite intelectual ou por um apetite concupiscível]. Isto acontece porque a vontade está no intelecto, e não somente no apetite da concupiscência. Ora, o concupiscível que não é bem inteligível, é um bem aparente. Se é assim, o primeiro bem terá que ser apetecível por um apetite intelectual.Isto acontece porque aquilo que é apetecido segundo a concupiscência parece ser um bem pelo fato de que é desejado, porque a concupiscência perverte o juízo da razão, para que lhe pareça um bem o que é deleitável. Mas já aquilo que é apetecido por um apetite intelectual é desejado porque aparece como um bem segundo si. Daqui fica claro que qualquer concupiscível só será bem se for desejado segundo o dictamen da razão. Portanto, o primeiro dentre os bens será aquele que por ser [um] bem, move o desejo, que é apetecível e inteligível simultaneamente.