8. Razões pelas quais o principado deveria ser distribuído entre os virtuosos.

Aqueles que são virtuosos, de modo semelhante, sustentam razoavelmente que os principados devem ser atribuídos aos virtuosos e não aos demais, já que os principados devem ser distribuídos segundo a dignidade do que é mais salvativo da cidade. Ora, esta é a virtude, o que é evidente, porque é a justiça o que é o mais salvativo da cidade.

A justiça, de fato, é um hábito pelo qual operamos o justo e queremos operar o justo. Isto é o que é maximamente salvativo na cidade, conforme se explica no Quinto Livro da Ética. Todas as demais virtudes, de fato, se seguem à justiça, o que pode ser explicado do seguinte modo, [segundo dois aspectos].

Primeiro, porque todas as virtudes estão interligadas. Portanto, quem possui uma virtude perfeita possuirá a todas. Ora, a justiça é uma virtude perfeita. Logo, quem possui a justiça possui todas as virtudes.

Segundo, porque há duas justiças. A primeira é a justiça particular, pela qual alguém está bem [disposto] na operação que se ordena a outro ou nas coisas que se ordenam ao bem de outro. A segunda é a justiça universal [também chamada nos Livros da Ética de justiça legal], pela qual alguém [está bem disposto] na obra que se ordena a outro em relação ao bem comum. De onde que, pela justiça universal alguém retamente se utiliza de todas as virtudes e do ato de qualquer virtude por ordenação ao bem comum, de tal modo que [a justiça universal] inclua toda a virtude. Ora, aquilo que inclui toda a virtude é maximamente salvativo da cidade. Portanto, parece que seria segundo a dignidade da virtude que o principado deveria ser distribuído.