6. Segunda razão para que as leis de Sócrates não produzem a unidade da cidade.

A afirmação de Sócrates não apenas não é útil à cidade, como também lhe traz o maior dano. Vemos, de fato, que daquilo que é comum a muitos, muito pouco se cuida, porque todos maximamente cuidam do que é próprio mas, quanto ao que é comum, os homens cuidam menos do que o que pertence a cada um, de tal maneira que por todos simultaneamente [esta coisa comum] seria menos cuidada do que seria cuidada se fosse de um só. Efetivamente, na medida em que um crê que um outro o fará, todos o negligenciarão, como se observa acontecer nos trabalhos dos servos nos quais, quando há muitos para servir, às vezes serve-se pior, porque cada servo espera que o outro faça o trabalho. De onde se segue que todos os cidadãos semelhantemente negligenciarão o cuidado com as crianças e isto acarretará o máximo dano à cidade.