|
[A questão que se quer examinar é a segundo a
qual] não somente os [seres] naturais apresentam espécies na
matéria, mas também os matemáticos.
Existem dois tipos de matéria, a matéria sensível,
que diz respeito aos seres naturais, e a matéria inteligível,
que diz respeito aos matemáticos. Isso se explica porque a
quantidade inere de maneira imediata à substância. As
qualidades sensíveis, porém, têm seu fundamento sobre a
quantidade. Ora, existem formas que requerem a matéria sob
determinada disposição de qualidades sensíveis. São assim
todas as formas naturais. Existem porém, outras formas que
não exigem que a matéria esteja sob determinadas disposições
de qualidades sensíveis requerendo, todavia, que a matéria
exista sob a quantidade como, por exemplo, os triângulos e os
quadrados. Estas [formas] são ditas matemáticas. [Estas
formas matemáticas, portanto], abstraem-se da matéria
sensível, mas não da inteligível. Assim, portanto, é patente
que tanto nas coisas naturais quanto nas matemáticas difere a
coisa e sua quididade e se encontram diversos indivíduos sob
uma mesma espécie. Como exemplo, temos diversos homens sob
uma única espécie humana, diversos [tipos de] triângulos,
[isósceles, equilátero, escaleno], sob uma única espécie. Mas
nas coisas que são completamente separadas da matéria a coisa
e a quididade da coisa são idênticas.
|
|