8. Esclarece-se a solução através de um exemplo.

[O que foi dito anteriormente é tão verdade que] fica patente pelo fato de que se alguém bem definir qualquer parte de um animal, não o poderá fazê-lo a não ser pela sua operação própria. Por exemplo, quando dizemos que o olho é a parte do animal pela qual ele vê. Esta mesma operação das partes não existe sem o sentido ou movimento ou as demais operações da alma. Assim fica claro que, ao se definir alguma parte do corpo, utilizamos da alma.

E porque é assim, é necessário que as partes da alma sejam anteriores ao todo, isto é, àquilo que é composto de alma e corpo. E de maneira semelhante se dá com qualquer outra coisa, porque sempre importa que as partes formais sejam anteriores a qualquer composto. O corpo e as partes do corpo são posteriores à forma, que é a alma, porque é necessário colocar a alma em sua definição, conforme já foi explicado.

Quanto ao composto, as partes do corpo de uma certa maneira lhe são anteriores e de uma outra certa maneira não. São anteriores na medida em que o simples é anterior ao composto. Não são anteriores na medida em que é dito anterior aquilo que pode ser sem o outro. Ora, as partes do corpo não podem ser separadas do animal. O dedo cortado [do corpo], ou morto, não é dito dedo a não ser equivocamente, assim como o dedo esculpido ou pintado.