VIII. NATUREZA DO PRIMEIRO MOTOR


1. Para um movimento infinito, requer-se uma potência [poder] infinito.

É impossível para quilo que é finito em poder mover através de um tempo infinito.

Suponha que A é o movente. B é o objeto móvel. C é um tempo infinito.

Uma parte de A, chamada D, move uma parte de B, que é E.

Tendo suposto isto, podemos concluir que D move E em um tempo que não é igual a C, mas em um tempo mais curto, porque um objeto móvel todo atravessa uma determinada distância em um tempo maior do que uma parte do mesmo.

[Ao que parece, essa afirmativa significa o seguinte: suponha o corpo abc, e a distância compreendida entre os pontos x e y.

a b c
----------------------x----y-----

A parte c irá atravessar a distância xy em menos tempo do que o todo abc].

Ora, já que o tempo C é infinito, segue-se que o tempo no qual D move E não será infinito, mas finito. Seja esse tempo designado por F. Desde que D é parte de A, se alguém subtrai de A e adiciona a D, A será completamente removido ou exaurido, já que é finito.

Semelhantemente, B será exaurido se algo é continuamente subtraído de B e adicionado a E, porque B também é dado como finito. Mas, do tempo C, não importa quanto se subtraia, mesmo se for subtraída sempre a mesma coisa, C nunca é exaurido, porque foi dado como sendo infinito.

A partir disso, Aristóteles conclui que todo A move o todo de B em um tempo finito que é parte de C. De onde, se o movente é finito, e o objeto móvel finito, o tempo deve ser finito.

Assim, um movente finito não pode mover alguma coisa com movimento infinito em um tempo infinito. Desta maneira, um movente finito não move um tempo infinito.