13. Um segundo argumento para se concluir que existe alguma deleitação que é o ótimo.

O fato de que todos buscam a deleitação é um sinal que de alguma maneira a deleitação seja o ótimo. De fato, aquilo em que todos ou a maioria consentem, não pode ser inteiramente falso. E a razão disto é porque a natureza não falha nem em todos e nem na maioria, mas apenas na minoria, de onde que, aquilo que é encontrado em todos ou na maioria parece dar-se por inclinação da natureza, a qual não inclina nem ao mal nem ao falso. E assim [dá-se a entender] que a deleitação, à qual concorre o apetite de todos, seja algo ótimo.

Alguém poderia objetar que nem todos apetecem a mesma deleitação. [Quanto a isto podemos] dizer que este [fato não desmerece o argumento], porque todos os homens apetecem a mesma deleitação segundo o apetite natural, não todavia segundo o julgamento próprio. De fato, nem todos estimam de coração nem afirmam pela boca ser ótima a mesma deleitação. Todavia, todos são naturalmente inclinados à mesma deleitação assim como [à] ótima, por exemplo, à contemplação da verdade inteligível, segundo a qual todos os homens desejam saber por natureza. E isto acontece porque todos têm em si mesmos algo de divino, [o que significa] a inclinação da natureza, que depende do primeiro princípio, ou também a própria forma, que é princípio desta inclinação.