5. Prossegue-se o comentário relacionado com a Física Moderna.

[Uma outra observação importante relaciona-se com a questão da teoria atômica].

[A doutrina Aristotélica não é contrária à possibilidade de existência de átomos como constituintes das coisas naturais. A Física Aristotélica é contrária à afirmação de que as coisas naturais sejam formadas de partículas indivisíveis e de vazio como sua natureza última. A existência de átomos e de partículas elementares, como as descobertas pelos métodos experimentais da Física Moderna é compatível com a Física Aristotélica, mas não o é uma afirmação que venha a declarar que estas ou quaisquer outras partículas possam ser indivisíveis e que existe vazio entre elas constituindo as coisas naturais. Os constituintes últimos das coisas naturais, quaisquer que possam ser as estruturas microscópicas intermediárias das mesmas, são, segundo a doutrina Aristotélica, a matéria e a forma, conforme explicado no livro primeiro da Física].

[Deve-se observar, entretanto, que os átomos, e muito mais as partículas sub atômicas, não são realidades observadas, mas modelos postulados pela ciência moderna para explicar o comportamento da matéria. Apenas são observáveis como existindo em ato as realidades que a Química conhece como moléculas. Átomos como entidades existindo em ato não existem e nunca foram observados; postula-se a existência dos átomos como realidades contituintes da matéria, apenas existindo isoladamente em potência. Em uma reação química, quando os átomos deveriam separar-se das moléculas no brevíssimo intervalo de tempo entre a existência de um reagente e resultante, os átomos existiriam em um estado de transição tão altamente instável que, do ponto de vista tradicional, eles seriam mais a própria realidade do movimento do que um ente em ato e, mesmo assim, sua realidade é mais um modêlo para a explicação do fenômeno observado do que uma realidade verdadeiramente obervada. Um longo uso destas expressões fêz com que os próprios cientistas acabassem por se esquecer que apenas as moléculas são entes em ato, enquanto que os átomos e as partículas sub atômicas são apenas modêlos para explicar o comportamento das realidades realmente observáveis. Como o objetivo da Ciência Moderna é apenas experimental, e não metafísico, esta distinção não lhe é na prática relevante; do ponto de vista filosófico, entretanto, as duas alternativas representam concepções de realidade completamente diversas. O que Aristóteles denomina de substância termina no que é verdadeiramente ente em ato; os átomos e partículas subatômicas não são entes em ato e nem podem sê-lo, pelo menos em condições normais, sendo mais supostos entes em potência e apenas analogicamente cognoscíveis, apesar da Física e da Química terem-se habituado a tratá-los como se sua realidade fosse certa, observável e atual. Átomos e partículas sub atômicas não podem, de modo algum, ser tratados como pertencendo à categoria de substância; quando supostamente existiriam em ato, são mais a realidade do movimento do que a da substância].