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O Filósofo declara a seguir que a união do homem e
da mulher é disposta no gênero humano pela natureza para a
geração, educação e aprendizado da prole. Nem o homem nem a
mulher sozinhos seriam suficientes para tudo isto por si
mesmos e é por isso que se faz necessário que se unam por
mútuo consenso para este fim, não por algum tempo, mas até a
perfeição da prole segundo o corpo e segundo a alma.
Se a geração se iniciar no tempo determinado pelo
Filósofo, tudo isto se dará até o fim da vida do casal.
A criança, de fato, se for homem, não se tornará
homem perfeito senão aos trinta e sete anos aproximadamente,
e se a estes trinta e sete anos se acrescentarem os trinta e
sete anos do pai que o tiver gerado antes da própria geração,
serão setenta e quatro anos, tempo em que o homem será
naturalmente impotente à geração e já próximo ao fim da vida.
E é por isso que a união do homem e da mulher por toda a vida
para a perfeição da prole provém da natureza inclinante, e
toda união que se faz além desta comunicação é inatural.
O Filósofo diz também que é por este motivo que
seja lei e que se repute como bem não permitir a união do
homem com outra mulher ou da mulher com outro homem. Se, de
fato, se permite que um homem se aproxime de outra mulher que
não a sua pela fornicação, já que depois desta união não
permanecerão unidos por consentimento para a educação da
prole, seguir-se-á o mal e a imperfeição maximamente, pelo
que de nenhum modo deve-se permitir a união do homem e da
mulher com outro onde existe e se conhece o matrimônio.
Seguir-se-ia, outrossim, o mal da prole, a incerteza e a
injustiça. Não se deve permitir isto principalmente no tempo
da procriação dos filhos, pois então maximamente ocorreria o
erro pela incerteza. E se alguém surgir que faça tais coisas,
seja punido por uma punição comensurada ao pecado, para que
segundo a medida do pecado seja o modo da punição.
Deve-se notar que o Filósofo proíbe aqui como mal
per se em primeiro lugar a união com a mulher alheia, embora
ela seja livre; mais ainda a união com a mulher de outro por
causa da injustiça e maximamente com a mulher alheia no tempo
destinado à geração.
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