12. A anterioridade da vida em relação à deleitação como apetecível.

Conforme explicado, todos apetecem a deleitação, assim como todos apetecem viver, que se aperfeiçoa na operação. Os apetecíveis, porém, possuem uma ordem entre si, assim como os cognoscíveis. Pode-se, portanto, levantar uma dúvida de se os homens apetecem a vida por causa da deleitação ou se inversamente, apetecem a deleitação por causa da vida.

[Quanto a isto deve-se dizer que] esta dúvida [poderia] ser deixada de lado para as presentes [intenções], porque estas duas coisas estão de tal modo unidas entre si, que de nenhum modo podem ser separadas. De fato, não há deleitação sem operação, e nem pode haver perfeita operação sem deleitação, conforme foi dito acima. Porém, a operação é mais principal do que a deleitação, porque a deleitação é um repouso do apetite na coisa deleitante, que é alcançada por alguém pela operação, e ninguém apetece o repouso em algo, a não ser na medida em que estima este algo como sendo a si conveniente. E portanto, a própria operação, que deleita como algo conveniente, é apetecível de modo anterior à deleitação.