22. A aptidão e a inaptidão de alguns homens à amizade.

Nos homens severos e velhos tanto menos [se realiza] a amizade quanto mais, presumindo de si mesmos, seguem o seu sentido. Tais pessoas pouco gozam do colóquio com os outros, ora porque [suas atenções estão voltadas] para si mesmos, ora por causa da suspeita que têm dos outros, [justamente quando] são estas [as coisas] que mais parecem ser obra da amizade e causativas da mesma: a concórdia e o colóquio dos amigos. Daqui é que os jovens, que muito se alegram nos colóquios e facilmente concordam com os outros, prontamente se tornam amigos, coisa que não acontece com os velhos, por não poderem tornar-se amigos aqueles que não gostam da convivêncvia e do colóquio.

A mesma coisa deve se dizer dos homens severos, que são litigiosos e mordazes das coisas que são feitas pelos outros. Tais pessoas, isto é, os velhos e os severos, podem ser benévolos, na medida em que querem o bem aos outros com o afeto, e também na medida em que os ajudam de fato e nas necessidades. Todavia, não se tornam amigos verdadeiros, nem se alegram com a companhia dos amigos, coisa que maximamente parece ser obra da amizade.