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O homem virtuoso maximamente deseja conviver
consigo mesmo, voltando-se para o seu coração, e meditando
consigo mesmo. Isto ele o faz deleitavalmente, quanto a três
[coisas]. Primeiro, quanto à memória do que é passado, porque
a memória dos bens que ele operou lhe é deleitável. Segundo,
quanto à esperança dos bens futuros, porque o homem virtuoso
tem esperança de bem operar no futuro, o que lhe é
deleitável. Terceiro, quanto ao conhecimento do que é
presente, [pois o homem virtuoso] é rico em sua mente de
considerações verdadeiras e úteis.
O homem virtuoso maximamente se condói e se
condeleita consigo mesmo, porque a mesma coisa é triste e
deleitável quanto à parte sensitiva e intelectiva, e não
coisas diversas à parte sensitiva e intelectiva. Isto
acontece porque a parte sensitiva nele está tão sujeita à
razão que segue o movimento da razão, ou pelo menos não lhe
resiste veementemente. De fato, o homem virtuoso não é
conduzido pelas paixões da parte sensitiva, de maneira que
posteriormente cessando a paixão se arrependa daquilo que já
faz contra a razão. Ao contrário, o homem virtuoso, por agir
sempre segundo a razão, não se arrepende facilmente, e assim
maximamente concorda consigo mesmo.
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