12. Adapta-se ao sentido aquilo que se falou do intelecto.

Assim como na ciência existe dupla potência e duplo ato, assim também no sentido. Aquilo que nasceu para ter um sentido e ainda não o tem, está em potência [primeira] para com o sentido. E aquilo que já tem sentido e não sente está em potência [segunda] em relação ao [que sente em ato].

[Há uma semelhança entre intelecto e sentido na passagem da potência primeira ao seu ato]. A passagem [da potência primeira do sentido ao seu ato] se faz por um generante, porque, pela [força] que existe no sêmen, a alma sensitiva é reduzida da potência ao ato.

[Há também uma dessemelhança entre intelecto e sentido na passagem da potência segunda ao seu ato]. A diferença ocorre por causa da diferença entre os objetos, que são o sensível e o inteligível, [em ambos os casos]. Os objetos sensíveis são objetos extra animam, [o mesmo não ocorrendo com os inteligíveis]. A causa disto reside em que o sentido em ato o é dos objetos singulares que existem extra animam, mas a ciência o é dos [objetos] universais que de uma certa forma estão dentro da alma. De onde que aqule que já possui a ciência não necessita buscar fora de si seu objeto, mas pode considerar este objeto apenas pelo querer, se por acidente não é impedido. Mas o sentir não se dá pelo [simples] querer, porque o [objeto] sensível não se acha naquele que sente, mas fora dele.