5. A verdadeira finalidade da sociedade.

A finalidade da cidade, para a qual ela é instituída, é o bem viver. Tanto a cidade como as coisas que se ordenam à cidade se ordenam a um determinado fim. A cidade é uma comunicação do bem viver composta de [coisas de] diversos gêneros tendo [como finalidade] a vida perfeita e suficiente per se. Ora, esta é a vida feliz; viver bem ou viver na felicidade, no entanto, é operar segundo a excelência da virtude. É evidente, portanto, que o fim para o qual a cidade bem ordenada é instituída é o viver ou operar segundo a virtude perfeita, e não [apenas] o próprio convívio.

Daqui se segue como conseqüência que, sendo a finalidade da cidade a vida feliz e a vida feliz, sendo o operar segundo a virtude e consistindo a comunicação política nestes atos, é manifesto que aqueles que mais acrescentam a tal comunhão, mais acrescentam à cidade, e mais da cidade pertencerá a estes do que aqueles que são iguais na liberdade ou em riqueza ou mesmo que são maiores em riquezas mas que são, no entanto, menores e desiguais segundo a virtude. De onde que é evidente que, se o justo é a [igualdade da proporção] de algumas coisas a algumas pessoas segundo a dignidade em relação a um fim, naquela política em que for estabelecido o reto fim haverá o justo de modo simples. Nas políticas em que se estabelece um fim não reto não se encontra o justo de modo simples; estas são as democracias e as oligarquias, em cujas políticas não existe o justo de modo simples.