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[Ao levantar-se a dúvida sobre a utilidade da
prudência, argumentou-se através de uma comparação, dizendo
que assim como o homem não é mais operativo das obras da
saúde pelo fato de conhecê-las através da arte da medicina,
assim também] o homem virtuoso não é mais operativo das obras
da virtude por possuir elas conhecimento pela prudência.
Todavia, pode-se a isto responder [que nem por isso a
prudência é inútil] porque ela é necessária para que o homem
se torne virtuoso, [o que pode ser melhor mostrado pela mesma
comparação com a Medicina feita acima]. [Trata-se, de fato,
do mesmo que acontece com a arte da] medicina, a qual, se não
é necessária para que o [homem] são execute as obras [que são
próprias] da saúde, todavia, [nem por isso ela é inútil],
porque ela é necessária para que o homem se torne são. De
onde que se conclui que [a prudência é inútil e necessária],
mas não para [executar] as obras da virtude, e sim para
tornar-se virtuoso.
Segundo a resposta acima, a prudência [somente]
seria necessária àqueles que não possuem ainda a virtude.
Mas, se ela fosse verdadeira, também para estes a prudência
não seria necessária. De fato, em nada difere para que alguém
se torne virtuoso, se os mesmos possuem a prudência ou são
persuadidos por outros que a possuem, já que através disso o
homem teria [recurso] suficiente para tornar-se virtuoso. E
isto é evidente no caso da saúde. De fato, se desejamos nos
tornar sãos, não por causa disso procuraremos aprender
medicina, mas será suficiente para nós utilizar o conselho
dos médicos. Portanto, pela mesma razão, para que nos
tornemos virtuosos, não é necessário que nós mesmos tenhamos
a prudência, mas é suficiente que sejamos instruídos pelos
prudentes.
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