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Um dos motivos pelo qual se torna difícil
determinar o que seja o lugar é que as mudanças em relação ao
lugar ocorrem em algo que está em repouso e que contém. Já
que, então, nada parece conter e ser imóvel, exceto o espaço,
parece que o lugar é um espaço intermediário diferente das
magnitudes que são movidas em relação ao lugar.
Por causa disso, deve-se continuar a explicação
precedente da definição do lugar, colocando de que maneira a
imobilidade do lugar deve ser entendida.
De fato, um vaso, [isto é , as extremidades do
corpo continente, da definição do lugar] e o lugar parecem
ser diferentes no sentido de que o vaso é movido, mas o lugar
não. Assim, quando nós dizemos que um navio se move em um rio
[o qual também se move], talvez fosse melhor afirmar que o
rio inteiro é o lugar do navio, porque o rio como um todo é
imóvel.
O rio inteiro é chamado de lugar comum. [A parte
do rio que é a extremidade continente do navio] é chamada de
lugar próprio.
A solução deste [aparente conflito] se deve ao
fato de que o lugar próprio do navio deve ser assinalado de
forma que ele tenha uma certa ordenação ao lugar comum, que é
o rio inteiro, o qual é imóvel. Portanto, o lugar do navio é
determinado na água que corre, não em relação a esta água que
corre, mas em relação à ordenação que esta água corrente tem
em relação ao rio como um todo.
Da mesma maneira, as extremidades dos corpos
naturais são lugar em relação a todo o corpo esférico dos
céus, que é fixo e imóvel por causa da imobilidade do centro
e dos polos.
Assim, a água do rio, na medida em que ela
apresenta natureza de lugar, ela é [imóvel e] permanente.
Desta maneira, se se objetasse que, sendo o
continente móvel, a extremidade do continente seria móvel e
portanto, um objeto em repouso teria diversos lugares, dever-
se-ia responder que as extremidades do continente não são
lugar na medida em que são estas extremidades deste corpo
móvel, mas na medida em que elas têm uma ordenação com um
todo imóvel.
Portanto, a definição do lugar deve ser completada
dizendo que
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"O lugar é a extremidade imóvel
do continente primário".
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O motivo porque se coloca primário no continente é que é
preciso dizer isto para designar o lugar próprio e excluir o
lugar comum.
Desta maneira, sendo o lugar um término [ou uma
extremidade], o lugar é semelhante a uma superfície ou a um
vaso continente, e não semelhante ao espaço de um vaso
continente.
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