12. Resposta às objeções de Sólon.

Talvez todas estas objeções não contenham a verdade, nem tenham sido bem colocadas, e isto por causa das [mesmas] razões que já haviam sido anteriormente colocadas.

Se, de fato, tivermos uma multidão não vil, isto é, não bestial, mas que possui algo de razão e virtude, que possua entre si alguns sábios pelos quais possa ser retamente persuadida, tal multidão, tomada simultaneamente, convém que tenha poder de escolher e corrigir um principado, e se cada um daqueles que pertencem a esta multidão não tenha suficiente razão e virtude pela qual possa retamente eleger e corrigir, todavia todos simultaneamente o terão, e o que é formado por todos, ao se reunirem, será virtuoso de modo simples.

De onde fica claro que o Filósofo responde à objeção contradizendo a premissa menor que dizia que a multidão é imprudente e ignorante. A objeção, de fato, seria verdadeira se a menor fosse também verdadeira, conforme foi dito.

Mas o Filósofo responde à objeção contradizendo também a premissa maior e diz que a suposição de que somente o que possui ciência em cada arte é que seria capaz de julgar de sua obra não é verdadeira. Por exemplo, quando alguém faz alguma obra e todavia não a utiliza, não é verdade que não será capaz de bel julgá-la. São aqueles que a usam que a julgam corretamente, assim como não apenas o construtor julga a casa mas, ao contrário, será capaz de julgá-la melhor aquele que, construída a casa, a utilizar, como ocorre com o pai de família. Semelhantemente o navegador recebe o governo do navio do carpinteiro, e este saberá julgar o navio melhor do que o carpinteiro, assim como também será o conviva que saberá julgar melhor a respeito do banquete do que o cozinheiro.

Semelhantemente também, em relação ao nosso propósito, quem julgará melhor [o principado] será aquele que faz uso dele e este é a multidão.

De tudo isto fica evidente que o Filósofo pretende sustentar que mais convém que toda a multidão tenha poder de eleger e corrigir do que poucos, e que ele se refere a uma multidão composta de sábios maiores e prudentes e de outros menores do povo. Convém que toda esta multidão domine mais do que conviria que poucos dominassem, Se, outrossim, tratar-se de uma multidão vil ou bestial, esta não convém dominar de modo algum.