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Segundo o processo natural da ciência prática,
neste processo se dão duas [proposições]. A primeira é
universal, por exemplo, que tudo desonesto deve ser evitado.
A segunda é uma [proposição] singular acerca das coisas que
são conhecidas de modo próprio segundo o sentido, como por
exemplo, isto é desonesto. Destas [duas proposições] é
necessário que se siga uma conclusão. No que é especulativo,
a alma somente diz a conclusão, mas no que é factível ela
imediatamente opera a conclusão, a não ser que haja algo que
[a] impeça. É [deste modo que este silogismo acontece no
homem] temperante, já que ele não possui concupiscência que
repugna a razão proponente que todo desonesto deve ser
evitado. Este [silogismo também se dá] de modo semelhante
[no] intemperante, cuja razão não repugna a concupiscência
proponente que inclina a que tudo o que é deleitável seja
tomado.
No incontinente a razão não é totalmente obstruída
pela concupiscência, já que no universal o incontinente
possui ciência verdadeira. Seja, portanto, que por parte da
razão se proponha uma universal proibindo comer o que é doce
desordenadamente, dizendo, por exemplo, que nenhum doce deve
ser comido fora de hora. Por parte da concupiscência, porém,
se coloca que todo doce é deleitável, o que é querido per se
pela concupiscência. Ora, como no que é particular a
concupiscência ata a razão, [a proposição singular não é
tomada segundo a razão], de tal maneira que se diga ["isto é
um doce] fora de hora", mas é tomada segundo a
concupiscência, de tal maneira que se diz "isto é doce". De
onde que assim se seguirá a conclusão da operação.
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