|
Para mostrar a existência de uma justiça que é
virtude particular, [Aristóteles a seguir] procurará mostrar
que existe uma injustiça que é uma malícia particular. [O
motivo disto está em que] muitas vezes podemos conhecer um
hábito pelo seu hábito contrário.
Assim como nada existe no gênero que não esteja em
alguma espécie, assim [também] tudo o que é feito segundo a
injustiça legal [pode ser] reduzido a alguma malícia
particular. Se alguém opera contra a justiça legal
adulterando, isto se reduz ao vício da luxúria. Se algum
soldado na batalha abandona o comandante do exército, [isto
se reduz] à malícia da timidez. Se alguém bate
desordenadamente no próximo, isto se reduz à malícia da ira.
Se, entretanto, alguém enriqueceu-se desordenadamente
roubando o que é alheio, isto não se reduz a nenhuma outra
malícia, mas somente à injustiça. De onde que se conclui que
há alguma injustiça particular, além da outra injustiça
[geral] que é toda a malícia.
De onde se conclui que pela mesma razão há uma
outra justiça particular além da justiça legal que é toda a
virtude.
|
|