2. Determinação das causas.

[A primeira causa é a causa material].

De um primeiro modo se diz causa "aquilo do qual algo se torna e permanece na coisa tornada".

[Trata-se da causa material, na qual] foi acrescentado "permanece na coisa tornada" para diferenciar esta causa da privação, que não permanece na coisa tornada.

[A segunda causa é a causa formal].

De um segundo modo se diz causa a "espécie e o exemplo".

Esta é dita causa na medida em que é razão quiditativa da coisa: através dela sabemos de cada coisa o que ela é.

A este modo de causa se reduzem todas as partes que são postas na definição.

[Deve observar-se que] isto não vai contra o que foi dito, que na definição das coisas naturais está posta a matéria.

Aparentemente, se fosse assim, sendo a causa formal todas as partes que são postas na definição, a causa material também seria formal.

Esta dificuldade se resolve porque o que é posto na definição das coisas naturais é a matéria em comum, e não a matéria individual.

A natureza da espécie, constituída da forma e da matéria em comum, se acha como causa formal em relação ao indivíduo.

[Deve observar-se também que o filósofo diz "espécie e exemplo"] por causa dos diversos termos utilizados por diversos filósofos.

Platão postulou formas abstratas, que chamava de exemplar e de idéia. Por causa disto está escrito "exemplo".

Os filósofos naturais, colocando as formas na matéria, fizeram com que Aristóteles dissesse "espécie".

[A terceira causa é a causa eficiente].

De um terceiro modo, é dita causa "aquilo que é princípio de movimento ou de repouso".

[Esta é a causa eficiente,] assim como o pai é causa do filho.

[Finalmente, a quarta causa é a causa final].

De um quarto modo, algo é dito causa [na medida em que é um] fim.

Isto é patente, porque se perguntarmos

"Por que fulano anda?",

respondendo

"Para que goze de boa saúde",

opinamos ter achado a causa.