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[Pode levantar-se uma objeção segundo a qual] não
pareceria ser verdade que o apetite move, porque os [homens]
continentes não seguem o apetite.
[A realidade no homem, poerém, é mais complexa].
[Não é que os continentes simplesmente não sigam o apetite. É
que] no homem existem apetites contrários, dos quais os
continentes seguem um deles, e repugnam o outro. Quando a
razão da concupiscência é contrariada, é porque se formam
apetites mutuamente contrários. Isto acontece naqueles que
possuem o sentido do tempo, isto é, que não apenas conhecem
aquilo que é presente, mas consideram o passado e o futuro.
Assim é que o intelecto às vezes ordena abster-se do
concupiscível por causa da consideração do futuro. Por
exemplo, os febricitantes, através do juízo do intelecto,
preferem abster-se do vinho para que a febre não aumente. A
concupiscência, entretanto, incita a aceitar algo por causa
disto e já, isto é, pelo que algo no presente é. De fato, no
tempo presente, o deleitável é bom simplesmente pelo fato de
que não se considera o futuro.
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