2. Como os antigos filósofos colocaram o sentido e o intelecto serem o mesmo.

Segundo Empédocles, tanto no homem como nos animais, a vontade é [forçada] a agir de acordo com a disposição da hora presente, a qual disposição depende da disposição dos corpos celestes. Assim, em horas e tempos diversos, de diversas maneiras o homem e os outros animais julgarão das coisas.

[Para que se entenda a significação desta opinião] deve-se considerar que nenhum corpo pode agir diretamente naquilo que de nenhum modo é corpóreo. Ora, as potências sensitivas de algum modo são corporais, porque são virtudes em órgãos corporais, e assim podem ser movidas pela ação dos corpos celestes. Isto todavia acontece por acidente, porque nem a alma e nem as virtudes da alma são movidas exceto por acidente, quando o corpo foi movido. Por causa disso acontece que, [por causa dos] corpos celestes, a fantasia e o apetite sensitivo são movidos. Assim é que os animais irracionais, que agem somente pelo apetite sensitivo em seus movimentos, de maneira geral seguem as impressões dos corpos celestes. Mas colocar que os corpos celestes teriam impressão direta na parte intelectiva [da alma], [isto é], no intelecto e na vontade, significa colocar que a vontade e o intelecto são virtudes corporais.

Ora, quando se remove a diferença pela qual duas coisas diferem mutuamente entre si, ambas permanecem a mesma. Por exemplo, se do homem retiramos o racional, ele se torna do número dos animais irracionais. A diferença, porém, pela qual o conhecimento intelectivo difere do conhecimento sensitivo [está em que] sentir é algo corpóreo. Por isso, ao [Empédocles e] os antigos filósofos [fazerem a colocação acima], estavam [por conseqüência] colocando que o sentido e o intelecto são o mesmo.