2. A semelhança e a diferença desta virtude com a amizade.

Esta virtude maximamente se assemelha à amizade, porque concorda com ela no ato exterior maximamente próprio à [amizade], que é o conviver deleitavelmente com os amigos. De fato, aquele que está disposto segundo o hábito do termo médio desta virtude, se acha de tal maneira no convívio agradável com os demais, assim como dizemos que compete ao amigo cuja amizade é moderada pela razão, o que pertence à amizade do honesto.

Esta virtude difere da verdadeira amizade, porque é sem amor, que é uma paixão do apetite sensitivo, e sem [o amor que] pertence ao apetite intelectivo [dilectio] para com aqueles com os quais convive. De fato, esta virtude não aceita as coisas ditas ou feitas pelos outros como se faz necessário, porque a eles está afeiçoado pelo ódio ou pelo amor, mas porque está assim disposto pelo hábito. Um sinal que isto é assim está em que aquele que tem esta virtude observa estas coisas não somente para com os amigos, mas de modo geral para com todos, desconhecidos e conhecidos. A mesma coisa pode ser dita da liberalidade. O amigo dá ao amigo por amor. O liberal não porque ama, mas porque assim ele é, [de tal modo] que facilmente dá dinheiro.