2. Mostra-se como as diferentes partes da alma se ordenam consecutivamente entre si.

A [potência] sensitiva não pode estar sem a vegetativa, mas a vegetativa é separável da sensitiva, conforme acontece nas plantas. Da mesma maneira, sem o sentido do tato, nenhum dos outros sentidos pode existir, somente o tato sendo achado sem os demais sentidos [e também], da mesma maneira, a motora não pode existir sem a sensitiva, mas a sensitiva pode existir sem a motora.

Mas a potência que é última entre todas as partes da alma e não é divisível em diversas segundo a espécie é o intelecto, porque em qualquer [ser] do número dos [seres] corruptíveis, se existir intelecto, existirão também todas as demais potências. [A cláusula "dos seres corruptíveis"] está dita porque se excluem disto as substâncias separadas já que, não havendo nelas geração e corrupção, não necessitam da potência vegetativa. Desta maneira, os seus intelectos especulam per se as coisas inteligíveis per se, e assim não necessitam do sentido para que a este lhe seja conseqüente o conhecimento intelectivo. Mas nos mortais que possuem o intelecto, é necessário existirem todas as outras potências, que funcionam como certos instrumentos preparatórios ao intelecto, o qual é a intenção última na intenção almejada na operação da natureza.