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[Devemos agora] demonstrar que todas as espécies
de movimento, além do movimento local, não podem ser
contínuas e perpétuas, existindo como uma e a mesma.
Todo movimento e mutação é, de fato, de um oposto
a oposto. Mas o movimento local é, de uma certa maneira,
excluído dessa verdade geral. Porque a geração e a corrupção
têm seus termos como sendo o ser e o não ser. Os termos
opostos da alteração são as paixões contrárias, isto é, as
qualidades passivas como o quente e o frio. Os termos opostos
de aumento e decremento são o grande e o pequeno, ou o
perfeito e o imperfeito na magnitude ou quantidade. Ora, é
claro que os movimentos para os contrários são contrários.
Portanto, o movimento para o branco tem um contrário que é o
movimento para o preto. Contrários, porém, não existem
conjuntamente. Portanto, enquanto uma coisa é movida para o
branco, não está sendo ao mesmo tempo movida para o preto.
Entretanto, tudo o que pode ser movido naturalmente está ou
em repouso ou em movimento. É claro, então, que aquilo que é
movido em direção a um contrário estava em um tempo em
repouso em um repouso oposto a tal movimento. Portanto,
nenhum movimento que é para um contrário pode ser contínuo e
eterno.
[No que diz respeito às mutações, isto é, às
gerações e corrupções, pode-se demonstrar o mesmo. De fato],
na geração e corrupção, isto é, nas mutações, o mesmo é
verdadeiro, porque geração e corrupção são opostos
universalmente em relação à oposição comum do ser e não ser.
Portanto, se é impossível para mutações opostas existirem
conjuntamente, segue-se que nenhuma mutação pode ser contínua
e eterna. É necessário, por conseguinte, um tempo
intermediário, no qual existe corrupção, ser interposto entre
duas gerações da mesma coisa. E, da mesma maneira, entre
corrupções existe um tempo de geração.
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