10. Que o uno e o ente são a mesma coisa. Primeira demonstração.

Quando duas coisas são adicionadas a uma terceira sem que tragam nenhuma diferença, elas são inteiramente idênticas. Ora, o uno e o ente, quando adicionados ao homem ou a qualquer outra coisa, nenhuma diversidade trazem. Logo, são [coisas] inteiramente idênticas.

O argumento precedente mostra que não somente são uma única coisa, mas que também diferem pela razão. Porque, se não diferissem pela razão, seriam inteiramente sinônimos. Ora, deve-se saber que o nome homem é imposto pela qüididade, ou pela natureza de homem. O nome coisa é imposto apenas pela qüididade. O nome ente é imposto pelo ato de ser. O nome uno, pela ordem ou indivisão. Trata-se, de fato, de um ente indiviso. Mas é o mesmo aquele que tem essência e a qüididade pela mesma essência, e o que é em si individido. Portanto, estes três, a coisa, o ente e o uno, significam inteiramente o mesmo, mas segundo diversas razões.