|
Como o universal pode ser considerado enquanto
abstraído dos singulares em que esteja, ou na medida em que
esteja nos próprios singulares, podem ser-lhe feitas
atribuições diversas, conforme [o Filósofo acaba de
discutir].
Para designar estes diversos modos de atribuição
foram elaboradas algumas expressões, que podem ser ditas
determinações ou sinais, pelas quais designa-se que do
universal predica-se algo de um ou outro modo.
[Conforme diz S. Tomás de Aquino comentando o
Filósofo, segundo a quantidade algo pode ser predicado do
universal de três modos; se a estes acrescentamos um quarto
modo pelo qual pode-se atribuir um predicado a um sujeito não
universal, mas singular, teremos uma divisão quadripartida
das enunciações segundo a quantidade].
A. Atribuição do predicado ao universal em razão de
sua natureza universal.
Algumas vezes, conforme foi dito, atribui-se algo ao
universal segundo a sua própria natureza de
universal. Por isto, [segundo este modo], algo é dito
ser predicado do universal universalmente, porque
[esta atribuição] lhe convém segundo toda a multidão
[dos sujeitos] em que se encontra.
Para designar este modo de predicação, nas
predicações afirmativas foi estabelecida a palavra
"Todo", que designa que o predicado é atribuído ao
sujeito universal quanto à totalidade do que está
contido sob este sujeito. [É assim que dizemos:
Para designar este modo de predicação, nas
predicações negativas foi estabelecida a palavra
"Nenhum", pela qual significa-se que o predicado é
removido do sujeito universal segundo a totalidade do
que está contido sob este sujeito. De fato, `nenhum'
em latim se diz `nullus', que significa `non ullus'
ou `não algum'. Em grego, a mesma expressão
significa `nem sequer um'. [É assim que dizemos
|
"Nenhum homem é árvore"].
|
|
B. Atribuição do predicado ao universal em razão do
particular.
Outras vezes atribui-se ou remove-se algo do
universal em razão do particular. Para designar [este
modo de atribuição] foi estabelecida para as
enunciações afirmativas a expressão "Algum", pela
qual significa-se que o predicado é atribuído ao
sujeito universal em razão do próprio particular;
para as enunciações negativas não foi colocada [por
Aristóteles] nenhuma expressão, mas podemos tomar a
expressão "Não todo". [Será assim que diremos
ou
|
"Não todo homem é músico"].
|
|
C. Atribuição do predicado ao universal sem
determinação da universalidade ou
particularidade.
[Neste modo de atribuição] algo é predicado do
universal sem determinação de universalidade ou
particularidade. Esta enunciação costuma ser chamada
de `indefinida'. [Será assim que se diz:
D. Atribuição do predicado ao singular.
Embora possa predicar-se algo do singular por razões
diversas, [conforme já tratado pelo Filósofo],
todavia todos estes diversos modos se referirão à sua
[própria] singularidade porque, [ainda que se lhe
atribua algo segundo a razão de sua natureza comum,
como quando se diz "Sócrates é animal"], mesmo esta
natureza universal [comum, quando considerada] no
próprio singular, é individuada. Por isso não varia a
natureza da singularidade se algo se predica do
singular em razão da natureza universal ou se lhe
atribui algo em razão da singularidade.
[Há, por conseguinte, quanto à quantidade, três modos de
atribuição de um predicado a um sujeito universal e um modo a
um sujeito singular].
[Estes] quatro modos da enunciação que dizem
respeito à quantidade da mesma [são assim denominados]:
|
A. Universal [`Todo homem é mortal'];
B. Singular [`Sócrates é mortal'];
C. Indefinido [`O homem é mortal'];
D. Particular [`Algum homem é mortal'].
|
|
|
|