|
[Aquele que deseja bem opear deve procurar o
conhecimento do universal]. Qualquer disciplina, que é útil
no geral, possui algumas diferenças acerca dos particulares.
Por exemplo, na arte medicinal é universal que seja útil aos
febricitantes a abstinência e o repouso, para que a natureza
não seja agravada pela abundância de comida e o calor não
seja estimulado pelo movimento. Mas talvez a algum homem
febricitante isto não será de serventia, porque a abstinência
e o repouso, para que a natureza não seja agravada pela
abundância de comida e o calor não seja estimulado pelo
movimento. Mas talvez a algum homem febricitante isto não
será de serventia, porque a abstinência imensamente
debilitaria a força, e talvez algum febricitante necessitasse
de movimento para que com isso removesse os humores mais
grossos. Porém o médico, ou qualquer outro artífice operativo
fará algo otimamente se conhecer de modo universal [o seu
ofício]. Isto porque as ciências são acerca do universal,
podendo curar otimamente aquele que pela ciência universal
procede a curar algum particular. Não, todavia, somente deste
modo o médico pode curar, porque, quanto à cura de algum
homem particular, nada impede que alguém o cure, mesmo se
desconhece [o que é] universal, na medida em que por causa da
experiência tivesse considerado diligentemente os acidentes
daquele homem particular. É assim, de fato, que vemos que
alguns são ótimos médicos de si mesmos, por causa de serem
experientes acerca dos próprios acidentes, não sendo,
todavia, capazes de ajudarem a outros. Portanto, embora
alguém sem a ciência universal possa bem operar acerca de
algum particular, todavia, aquele que deseja tornar-se
artífice deve procurar o conhecimento universal.
[Podemos aplicar o que foi dito àquele que deseja
usar de cuidado para tornar os outros bons]. O que foi dito
também se aplica àqueles que tomam a seus cuidados o tornar a
outros bons. De fato, é possível que, sem arte e ciência,
pelas quais conhecemos o universal, alguém possa tornar a
este ou aquele homem bom, por causa da experiência que possui
e si mesmo. Todavia, se alguém quer por seus cuidados tornar
melhor a outros, sejam muitos ou poucos, deve tentar alcançar
a ciência universal das coisas pelas quais alguém se torna
bom, isto é, que se torne legislador, conhecendo a arte pela
qual as leis são bem colocadas, já que é pelas leis que nos
tornamos bons, conforme já foi explicado. De fato, em todas
as coisas importa que alguém não somente conheça o que é
singular, mas também que possua ciência do que é comum,
porque talvez ocorrerão coisas que estejam compreendidas sob
a ciência comum, não todavia sob o conhecimento dos acidentes
singulares.
|
|