4. Aristóteles reprova Faléias por ter omitido a disciplina dos cidadãos.

Porém o Filósofo reprova as ordenações de Faléias pelo fato de ter omitido tudo aquilo que pertence à disciplina dos cidadãos.

[Diz o Filósofo] que [pode] ocorrer a igualdade de riquezas entre os cidadãos. No entanto, as riquezas podem ser tão grandes que os cidadãos, por causa delas, vivem nas delícias e deste modo seus costumes se corrompem, ou podem ser muito poucas, de tal modo que os cidadãos tenham que viver com muita tenacidade, sem que nenhum possa ajudar o outro. Ambas estas situações são nocivas à boa disciplina dos cidadãos, de onde que é manifesto que não será um legislador suficiente aquele que somente se preocupa em promover a igualdade das riquezas entre os cidadãos. Importa que ele determine um termo médio, de tal modo que haja tanta quantidade de posses que os cidadãos nem possam se entregar superficialmente às delícias, nem também sejam obrigados a viver em uma grande penúria.

Mas mesmo que alguém consiga ordenar para todos os cidadãos uma possessão moderada, isto também não será suficiente para a boa vida dos cidadãos. Mais importante ainda será regrar as concupiscências internas da alma, de modo que os homens não sejam dominados por concupiscências imoderadas, do que regrar as riquezas externas de modo que não sejam possuídas imoderadamente.

Ora, as concupiscências dos homens não podem ser regradas senão através de que eles sejam suficientemente instruídos pelas devidas leis, as quais não foram colocadas por Faléias. Faléias, portanto, tratou insuficientemente das coisas que pertencem à disciplina dos cidadãos.