16. Segunda observação.

Alguém poderia acreditar que, pelo fato da parte intelectiva da alma ser incorruptível, após a morte permaneceria nela a ciência das coisas da mesma maneira que ela a possui [antes da morte].

[Esta opinião não é correta]. Já foi explicado que pode se [comprometer] o entendimento por causa da corrupção do órgão corporal. [Portanto, com muito mais razão] corrompido o corpo [de maneira completa por causa da morte], o intelecto não se recorda nem ama. Por isso é que depois da morte não nos lembramos daquilo que em vida soubemos, porque o intelecto não é sujeito das paixões da alma, como são o amor e o ódio, a reminiscência e outras que ocorrem [provenientes] de alguma paixão corporal. Sem, portanto, esta parte corporal, o intelecto nada intelige. Não intelige nada sem os fantasmas, como adiante se dirá. E, por isso, destruído o corpo, não permanece na alma separada a ciência das coisas segundo o modo pelo qual intelige. Mas como então [a alma separada] intelige, não compete [a este tratado] discutir.