13. Que acerca do que é deleitável não segundo a natureza não há incontinência de modo simples, mas segundo algo.

Ninguém dirá razoavelmente que as pessoas nas quais a natureza bestial é causa de deleitações inaturais sejam incontinentes de modo simples. Isto porque foi dito acima que os animais não são ditos continentes nem incontinentes, porque não possuem opinião universal, mas apenas fantasia e memória do singular. Ora, tais homens, que por causa da natureza perniciosa são semelhantes aos animais, possuem alguma apreensão universal, mas muito pequena, por causa de que a razão está neles oprimida por causa da malícia da complexão, assim como o está manifestamente oprimida nos enfermos por causa da disposição corporal. Ora, aquilo que é [tão] pequeno parece ser como [se] nada [fosse]. E por isso tais homens não são ditos incontinentes de modo simples, nem continentes, como por exemplo, se alguém possui junto a si uma criança e tenha concupiscência de comê-la, e todavia não o faz. Tais homens são ditos incontinentes ou continentes somente segundo algo, na medida em que permanece neles algo do julgamento da razão.

Aristóteles coloca aqui o exemplo das mulheres, nas quais, em geral, a razão é pouca por causa da imperfeição da natureza corporal. É por isto que, em geral, não conduzem os seus afetos segundo a razão, sendo mais [elas próprias] conduzidas pelos seus afetos, por causa do que raramente são encontradas mulheres sábias e fortes. E por causa disso as mulheres não podem ser ditas de modo simples continentes ou incontinentes.