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[Alguns apetecem o mal]. Aqueles que apetecem o
mal não o fazem exceto debaixo da razão de bem, na medida em
que estimam aquele mal como sendo um bem. Desta maneira, a
intenção deles se encaminha per se ao bem, mas por acidente
ao mal.
Que todos apetecem o bem deve ser entendido não
apenas dos que têm conhecimento, que apreendem o bem, mas
igualmente das coisas carentes de conhecimento, os quais
tendem por apetite natural ao bem, não como que conhecendo o
bem, mas porque por algum cognoscente são movidos ao bem,
isto é, pela ordenação do intelecto divino. Ora, este tender
ao bem é apetecer o bem. Portanto, todas as coisas são ditas
apetecerem o bem, na medida em que tendem ao bem. Isto não
significa, todavia, que existe um único bem ao qual todos
tendem. É por isto que, através destas considerações, não se
descreve algum bem, mas o bem tomado em geral. Mas porque,
todavia, nada é bom, a não ser na medida em que nele existe
alguma semelhança e participação com o sumo bem, este mesmo
sumo bem de uma certa forma é apetecido em qualquer bem. E
assim pode ser dito que o bem verdadeiro é aquele que é
apetecido por todos.
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