2. Algumas críticas à legislação de Hipódamos.

Hipódamos quis que tanto os artífices quanto os agricultores e os homens armados comunicassem na ordem da cidade, mas de modo que os agricultores não tivessem armas, mas tivessem terras e os artífices nem tivessem terras nem armas. Ordenações deste tipo fazem com que os artífices o mais das vezes se tornem servos daqueles que possuem armas, por não possuírem nenhuma possessão própria, o que parece pertencer à sua vileza. Ora, não é possível que estes homens amem uma tal ordenação, de onde que se torna matéria de sedição. Hipódamos, portanto, não ordenou convenientemente acerca dos artífices.

Quanto aos guerreiros, é necessário que eles sejam melhores, isto é, mais poderosos que as outras duas partes da cidade, isto é, os agricultores e os artífices. Isto porque é necessário que os guerreiros possam defender a cidade não apenas contra os inimigos, mas também contra as sedições dos cidadãos, o que não poderiam fazê-lo a não ser que fossem mais poderosos. Ora, se os guerreiros excedem os demais pela multidão, pela virtude e pela dignidade, não haveria necessidade de que os artífices e os agricultores tivessem parte no regime da cidade, e que a eles pertencesse a instituição dos príncipes, porque isto sempre seria feito segundo o arbítrio dos guerreiros. De onde que inconvenientemente Hipódamos dividiu os guerreiros dos demais cidadãos.