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Toda virtude faz o sujeito de que ela é bem se
haver, e faz a obra [de seu sujeito] bem se haver. Por
exemplo, a virtude do olho é aquela pela qual o olho é bom, e
pela qual bem enxergamos, que é a obra própria do olho.
A razão para isto é porque a virtude de alguma
coisa é tomada segundo o último que é possível. Por exemplo,
naquele que pode carregar cem libras, a sua virtude é
determinada não pelo fato que possa carregar 50, mas pelo
fato que pode carregar 100. Ora, o último a que a potência de
alguma coisa se extende é a boa obra. Por isso, pertence à
virtude de qualquer coisa, que [conduza] à boa obra [quod
reddat bonum opus].
E porque a operação perfeita não procede senão de
um perfeito agente, conseqüentemente temos que segundo a
virtude própria cada coisa seja boa e bem opere.
Daí se conclui que a virtude do homem será um
certo hábito, pelo qual o homem se torna bom, formalmente
falando, assim como pela brancura alguém se torna branco, e
pela qual alguém opera.
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