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[O exame do sentido da vista revela o desejo do
homem pelo conhecimento]. O sentido nos serve para duas
coisas, para o conhecimento das coisas e para as utilidades
da vida. E nós apreciamos os sentidos por causa de si mesmos,
na medida em que são cognoscitivos, e também porque conferem
utilidade à vida. E que assim seja é manifesto pelo fato de
que o sentido que nós mais apreciamos é aquele que é mais
cognoscitivo, que é o sentido da visão, do qual gostamos não
apenas para agir, mas também se em nada devemos agir. A causa
disso reside em que este sentido da vista, entre todos os
sentidos é o que mais nos faz conhecer, e o que maior número
de diferenças nas coisas nos demonstra. Nisto se manifestam
duas proeminências da vista em relação aos outros sentidos no
que diz respeito ao conhecer:
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A. Primeiro, que conhece mais
perfeitamente.
B. Segundo, que a vista demonstra
maior número de diferenças nas
coisas.
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De fato, os corpos sensíveis parecem ser conhecidos
principalmente pela vista e pelo tato, e ainda mais pela
vista. A razão disto é que os demais três sentidos são
cognoscitivos de coisas que emanam de uma certa maneira dos
corpos sensíveis, e não consistem nestes. Já a vista e o tato
percebem aqueles acidentes que são imanentes nas próprias
coisas, assim como a cor, o quente e o frio. De onde que o
juízo do tato e da vista se estende às próprias coisas,
enquanto que o juízo do ouvido e do olfato àquelas que
procedem das coisas, e não às próprias coisas.
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