5. Objeção contra o ato preceder a potência nas potências racionais.

[Segundo o que foi explicado no ítem precedente], aquele que aprende a arte operaria o ato da arte [com a finalidade de assim aprendê-la]. Mas aquele que está aprendendo uma arte ainda não possui esta arte. Portanto, [daqui parece seguir-se o paradoxo de que] aquele que não possui a ciência nem a arte faria aquilo que é próprio da ciência ou da arte.

[A esta objeção pode responder-se que] no livro VI da Física foi demonstrado que o estar em movimento precede todo mover-se. Isto acontece por causa da divisão do movimento. E por isso, qualquer que seja o que é movido, já quanto a algo terá sido movido. E pela mesma razão, qualquer que seja o que se faça, já quanto a algo terá sido feito. E porque aquilo que se faz quanto a algo já está feito, poderá ter alguma operação [daquilo que teria ao se ter terminado a ação sobre ele]. Por exemplo, aquilo que está se esquentando pode de algum modo esquentar, posto que não perfeitamente como aquilo que já está quente. E assim, como aprender significa fazer-se sciente, é necessário que o discente já tenha algo da ciência e da arte. Não pode, porém, [usar delas] perfeitamente, como aquele que já possui a arte.