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Aquele que se aconselha mal, é dito pecar no
aconselhar-se, enquanto que aquele que se aconselha bem, é
dito aconselhar-se corretamente. Este último é o eubúleo. De
onde fica manifesto que a eubulia é uma certa retidão do
conselho.
Não toda a retidão de conselho é eubulia. De fato,
não é a retidão do conselho nas coisas más, mas somente nas
boas. O incontinente e o mau às vezes alcançam pelo seu
raciocínio o caminho pelo qual podem cometer o pecado, [mas
isto não é a eubulia].
[Uma segunda condição da eubulia consiste no
seguinte]. Como nos operáveis acontece às vezes que se chega
a um fim bom através de algo mau, acontece que alguém
aconselhando-se alcança aquilo que é necessário fazer, mas
não através de algo [correto], como quando alguém rouba para
com isso dar aos pobres. Esta não é a verdadeira eubulia,
segundo a qual alguém alcança o fim que importa, mas através
de um caminho [correto].
[Uma terceira condição da eubulia consiste em que]
às vezes acontece que alguém gaste muito tempo no aconselhar-
se; de tal maneira que às vezes perde com isso a oportunidade
de executar aquilo de que tomou conselho. Outras vezes
acontece que alguém muito velozmente e com grande
precipitação se aconselha. Tanto uma quanto a outra não são a
verdadeira eubulia.
[Temos ainda uma quarta condição para a eubulia].
Acontece existir [pessoas] que se aconselham bem de modo
simples em relação ao fim de toda a vida. Acontece também
existirem outras pessoas que retamente se aconselham a algum
fim particular. A eubulia de modo simples será aquela que
dirige o conselho ao fim comum da vida humana. A eubulia que
dirige o conselho a algum fim particular não é eubulia de
modo simples, mas uma certa eubulia.
De tudo o que foi dito pode se [definir] a eubulia
[dizendo que]
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A eubulia é a retidão do conselho
ao fim bom de modo simples
por vias convenientes
por um tempo conveniente.
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