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[Metaforicamente e por semelhança pode dar-se
injustiça do indivíduo para consigo mesmo]. Segundo uma certa
metáfora e semelhança ocorre não que haja o justo e o injusto
de todo o homem para [com] si mesmo, mas que haja uma certa
espécie de [direito] entre algumas partes do homem entre si.
Não há, todavia, entre elas, [um direito] completo, mas
somente um direito dominativo ou dispensativo, isto é,
econômico. Isto porque a parte racional da alma parece estar
para a parte irracional da mesma, que se divide em irascível
e concupiscível, segundo uma razão de domínio ou dispensação,
pela razão dominar e governar a parte irascível e
concupiscível. Assim, pode acontecer uma certa injustiça do
homem para consigo mesmo quando alguém padece por causa de
seus próprios apetites, como quando alguém pela ira ou
concupiscência faz alguma coisa contra a razão. Ocorre nestes
casos o justo e o injusto assim como ocorre entre o imperante
e aquele que é imperado. Porém, não é o verdadeiro direito,
porque não o é entre dois, mas trata-se de uma semelhança de
direito, na medida em que a diversidade da alma se assemelha
à diversidade das pessoas.
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