2. Que existe matéria nas substâncias sensíveis.

A substância sensível é mutável, conforme foi explicado. Ora, toda mutação é entre opostos, ou entre intermediários entre os opostos, conforme foi dito.

Porém não existe mutação entre quaisquer opostos. O branco se faz a partir do não branco, mas não a partir de qualquer não branco. Por exemplo, a voz é não branca, mas o corpo não se torna branco a partir da voz, mas a partir do não branco que é o preto ou algum intermediário.

Assim, portanto, porque toda mutação é de contrário a contrário, é necessário haver algum sujeito subjacente, que possa ser mudado de contrário em contrário. Isto pode ser provado de duas maneiras.

De uma primeira maneira, porque não é um dos contrários que se transmuta no outro. Não é a própria negritude que se torna brancura. Desta maneira, se deve ocorrer uma transmutação do preto no branco, é necessário haver algo além da negritude, [e é este algo] [que] se torna branco.

De uma segunda maneira, [podemos mostrar o mesmo] pelo fato de que em qualquer transmutação encontramos algo que permanece. Por exemplo, na transmutação que vai do preto ao branco, o corpo permanece. O primeiro dos contrários, que no presente caso é o preto, não permanece. Por onde se manifesta que a matéria é alguma terceira [coisa distinta] dos contrários.