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Os antigos filósofos naturais negavam a
possibilidade das gerações, [pelos seguintes motivos]. [Se
as gerações fossem possíveis, teriam que se dar a partir do
não ente ou a partir do ente]. Ora, é impossível que uma
geração ocorra a partir do não ente, porque do nada, nada
pode ser feito. Igualmente, é impossível que uma geração
ocorra a partir do ente, porque assim [o objeto da geração]
seria antes que se fizesse.
[A questão precedente é resolvida por
Aristóteles, que mostra que a geração pode se fazer tanto a
partir do não ente, como a partir do ente, explicando como
ambas estas coisas se dão]. [Que as gerações podem se dar a
partir do ente fica assim manifesto]: o ente pode ser dito
de duas maneiras, que são o ente em ato e o ente em
potência. Tudo o que é transmutado é transmutado do ente em
potência ao ente em ato. As gerações substanciais,
portanto, se fazem per se a partir do ente, não porém do
ente em ato, mas do ente em potência, isto é, a partir da
matéria, que é o ente em potência, como foi acima
explicado. Que as gerações substanciais podem se dar também
a partir do não ente, fica igualmente manifesto, porque as
gerações substanciais se dão por acidente a partir do não
ente, na medida em que elas se dão a partir da matéria
sujeito de privação, segundo a qual é dita não ente.
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