LIVRO III

PRIMEIRA PARTE

I. INTRODUÇÃO AOS LIVROS III E IV. TEORIA DO MOVIMENTO


1. Introdução aos livros III e IV.

A natureza é princípio de movimento e de mutação. Ignorado o movimento, ignora-se a natureza. Portanto, pretendendo tratar da ciência da natureza, é necessário tratar do movimento.

Como o sujeito e o acidente são considerados na mesma ciência, quem determina algo, importa também que determine aquilo que é consequência deste algo.

Do ponto de vista intrínseco, é consequente ao movimento o infinito.

Que o infinito é intrinsecamente consequente ao movimento, demonstra-se assim:

A. O movimento pertence ao número das coisas contínuas.

B. Mas o infinito pertence à definição do contínuo, porque uma das definições do contínuo é o que é infinitamente divisível.

C. A outra definição é aquilo cujas partes se copulam em um único término.

D. Assim é evidente que o infinito é consequente intrínseco do movimento.

Os consequentes extrínsecos do movimento, como se fossem medidas externas do mesmo, são:

A. Lugar

B. Vácuo

C. Tempo

O tempo é a medida do próprio movimento.

O lugar e o vácuo são a medida do móvel.

O movimento, portanto, não pode se dar sem tempo, lugar e vácuo.

O fato de nem todo movimento ser local, não importa à questão, porque

A. Nada se move, que não exista em algum lugar.

B. O movimento local é o primeiro movimento, porque, como se demonstra no livro VIII, suprimido este, são suprimidos todos os demais.

No livro III trata-se primeiramente do movimento, e depois do infinito.

No livro IV trata-se do lugar, do vácuo e do tempo.

[Iniciamos, a seguir, a teoria do movimento].