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Se alguém considerar de outro modo, verá ser muito
temerário modificar leis antigas inclusive por outras
melhores. De fato, pode ocorrer que a nova ordenação
encontrada seja apenas um pouco melhor [do que a antiga],
enquanto que acostumar-se a dissolver leis é algo imensamente
mau. De onde que é manifesto que devem ser suportados alguns
pequenos defeitos e erros que ocorrem aos príncipes e aos
sábios quando estabelecem leis, porque aquele que as quiser
mudar por causa de algo melhor não aproveitará tanto ao mudá-
las quando causará dano, na medida em que acostumará os
cidadãos a não observar os preceitos estabelecidos pelos
príncipes.
Quanto ao exemplo que foi tomado das artes, nas
quais há muitas vantagens nas mudanças, [deve-se dizer] que
as mudanças na arte e na lei não são semelhantes. [As coisas
que são da arte, de fato], possuem sua eficácia por causa da
razão, mas a lei não possui nenhuma força para persuadir os
súditos a não ser o costume, o qual, de fato, não é gerado
senão depois de muito tempo. De onde que aquele que com
facilidade muda a lei, o quanto é de si, debilita a [própria]
força da lei.
Para as demais razões a solução é evidente. Estas,
de fato, não concluem que as leis devam ser facilmente
mudadas, mas sim que algumas leis, isto é, as leis más, devem
ser mudadas, o que é verdade.
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