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Se a magnitude é composta de partes indivisíveis,
então o movimento que atravessa semelhante magnitude será
composto de movimentos indivisíveis iguais, em número, às
partes indivisíveis de que a magnitude é composta.
[Uma explicação mais detalhada a este respeito
pode ser dada conforme o que se segue].
Suponha uma linha ABC, composta de três partes
indivisíveis A, B, e C.
Suponha que Z é um objeto móvel, que é movido no
espaço da linha ABC.
Seja abc o movimento de Z.
Então, se as partes do espaço ou da linha são
indivisíveis, as partes designadas do movimento também
deverão ser indivisíveis.
[Como dois pontos preliminares à demonstração
devem ser afirmados os seguintes], como per se evidentes:
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A. Se é dado um movimento, ou
parte de um movimento,
necessariamente existirá algo que
é movido.
B. Se é dado algo que é movido,
necessariamente deve-lhe ser
presente algum movimento.
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Deve-se ainda afirmar como per se evidente que
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A. Tudo o que é movido de um término a
outro não pode estar simultaneamente
"sendo movido" e "tendo sido movido".
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[Colocados estes preliminares, segue-se a demonstração].
Se o objeto móvel Z é movido em relação a A, como
foi admitido que dado um objeto que é movido, necessariamente
deve-lhe ser presente algum movimento, será necessário que
algum movimento "a" esteja presente em Z.
Então segue-se que
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A. Ou Z está simultaneamente
"sendo movido" e "tendo sido
movido".
B. Ou Z não está simultaneamente
"sendo movido" e "tendo sido
movido".
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Se a alternativa B é a correta, segue-se que A é divisível.
Isto porque o objeto já terá atravessado uma parte de A e uma
outra parte ainda permanece para ser atravessada.
Ora, como A é admitido indivisível, segue-se que a
alternativa B não pode ser.
Se a alternativa A é correta, segue-se que ao
mesmo tempo em que Z está chegando, ele já chegou. E isso
viola o segundo ponto preliminar precedentemente
estabelecido.
Portanto, nada pode ser movido em relação a uma
magnitude indivisível. Porque, se o fosse, ou simultaneamente
ele estaria "sendo movido", e "tendo sido movido", ou a
magnitude não seria indivisível.
Admitamos, então, conforme conclusão precedente,
que nada pode ser movido em relação a uma magnitude
indivisível.
Se alguém afirmar que o objeto móvel é movido
através de ABC pelo movimento abc, e nada pode estar "sendo
movido" através de A, mas apenas "tendo sido movido",
segue-se que o movimento não é composto de movimentos, mas de
impulsos minúsculos.
Ora, um impulso minúsculo se relaciona com o
movimento da mesma maneira que um ponto indivisível se
relaciona com uma linha.
Portanto, fica demonstrado que, se a magnitude é
composta de partes indivisíveis, o movimento é composto de
impulsos minúsculos indivisíveis.
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