13. A semelhança entre o apetite concupiscível e as crianças.

As crianças maximamente vivem segundo a concupiscência, porque elas apetecem maximamente a deleitação, a qual pertence à natureza [ratio] da concupiscência. A causa disto será explicada detidamente no livro sétimo. Por isso, se as crianças e a concupiscência não são bem persuadidas pela razão, serão dominadas pelo apetite da deleitação, que é a concupiscência.

A razão disso é que o apetite da deleitação é insaciável, e se o homem satisfaz a concupiscência, a concupiscência mais cresce no homem, e ele será dominado. E isto principalmente se a concupiscência ou as deleitações são grandes da parte do objeto, isto é, de coisas muito deleitáveis, e veemente da parte daquele que [deseja] e se deleita, [de tal maneira] que impeçam o conhecimento ou o raciocínio da parte do homem, já que, quanto mais [o conhecimento e o raciocínio] permanecem, tanto menos a concupiscência pode dominar. Por isso convém que as deleitações sejam em justa medida, isto é, não excedentes em magnitude, ou na veemência do afeto, e poucas segundo o número, e que em nada contrariem à razão quanto à espécie da concupiscência ou da deleitação, tomada da parte do objeto. Aquele que assim se acha nas concupiscências e nas deleitações, dizemos estar bem persuadido e punido, isto é, castigado pela razão. Assim como convém que a criança viva segundo o preceito do pedagogo, assim convém que a força concupiscível concorde com a razão.

De modo que se conclui que o concupiscível se acha de tal maneira no homem temperado, que [deseja] aquilo que convém, como convém e quando convém, na medida em que a razão ordena.