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[A primeira divisão consiste em que] as
substâncias podem ser corpóreas e incorpóreas. Entre as
substâncias as mais manifestas são as corpóreas. As
incorpóreas, por serem remotas para com os sentidos, somente
são investigáveis pela razão.
[A segunda divisão consiste em que] os corpos
podem ser físicos, isto é, naturais, e artificiais.
[Nesta segunda divisão], os corpos naturais
parecem ser mais substância do que os corpos artificiais.
Isto porque os corpos naturais são princípios dos corpos
artificiais. A arte opera pela matéria que a natureza lhe
fornece, [mas] a forma que a arte lhe induz é uma forma
acidental. [Deve lembrar-se que além da forma acidental
existe a forma substancial]. Desta maneira, os corpos
artificiais não se colocam no gênero da substância pela sua
forma, mas apenas pela sua matéria, que é natural. E, da
mesma maneira, os corpos naturais são mais substâncias que os
corpos artificiais, por serem substância não apenas por parte
da matéria, mas também da forma.
[A terceira divisão consiste em que] dos corpos
naturais, alguns apresentam vida, enquanto que outros não têm
vida. São ditos terem vida aqueles que por si mesmo tomam
alimento, aumentam e diminuem.
[Esta divisão é a seguir explicada] mais por modo
de exemplo do que por modo de definição. Não é apenas pelo
fato de algo aumentar ou diminuir que este algo vive, mas
também porque sente, intelige e pode exercer as demais
funções vitais. Assim, nas substâncias separadas, que não
aumentam nem decrementam, pelo fato de terem intelecto e
vontade, existe vida. A natureza da vida consiste em que algo
é apto a mover-se por si mesmo, entendendo movimento de uma
forma ampla, pela qual as operações intelectuais possam ser
chamadas de movimento.Da mesma forma dizemos algo ser sem
vida, aquilo pelo qual pode ser movido apenas através de um
princípio externo.
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