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As coisas artificiais estão no gênero da
substância por parte da matéria, e no gênero dos acidentes
por parte da forma, pois as formas das coisas artificiais são
acidentais. [Isto ocorre porque a forma substancial é aquela
que constitui por primeiro o ser da coisa; as formas que se
acrescentam a algo já constituído na realidade não podem ser
formas substanciais, mas formas acidentais. Assim, a forma
pela qual um ente é madeira é forma substancial, mas a forma
pela qual esta madeira se torna mesa já não é substancial,
mas acidental, porque advém a um ente já existente. As formas
das coisas artificiais, portanto, na medida em que são
artificiais, são formas acidentais; só as formas das coisas
naturais são formas substanciais. porque é por elas que estes
entes entram na realidade por primeiro].
[Ora, os nomes das coisas artificiais podem
significá-las de duas maneiras. Eles podem significar as
formas acidentais como concretas num sujeito, como quando
dizemos "Simum", palavra latina que significa `nariz
curvo'; ou podem significar as formas acidentais como
abstratas, como quando dizemos "Simidade", que significa a
curvidade do nariz].
Quando os nomes significam os acidentes em
abstrato, em suas definições colocamos o acidente
diretamente, como gênero, e o sujeito indiretamente, como
diferença. Assim é que dizemos que a simidade é a curvidade
do nariz.
Quando os nomes significam os acidentes em
concreto, em sua definição a matéria ou o sujeito é colocada
como gênero e o acidente como diferença. Assim é que dizemos
que `simum' é o nariz curvo.
Ora, os nomes, considerados em si mesmo, são
formas acidentais tomadas como concretas em sujeitos
naturais, [como são as vozes]. Em sua definição, portanto, é
mais conveniente que as coisas naturais sejam colocadas como
gênero [e a forma acidental como diferença]. Assim é que
dizemos que o prato é uma madeira modelada, e que o nome é
uma voz significativa.
O contrário sucederia se o termo nome fosse tomado
como significando sua própria forma artificial em abstrato,
[como se estivesse definindo mais a nomidade do que o nome].
[Neste caso deveríamos dizer que a nomidade seria a
significatividade da voz].
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