3. O segundo modo pelo qual alguém pode tornar-se virtuoso.

O segundo modo é tomado da parte do homem, quanto àquilo que é próprio a cada um. Já que diversos homens são naturalmente inclinados a coisas diversas, é necessário que aquele que deseja tornar-se virtuoso preste atenção ao que seja aquilo ao que o seu apetite mais é inclinado a ser movido. Cada um pode conhecer aquilo a que é naturalmente inclinado pela deleitação ou tristeza que acerca daquilo se produz, porque para cada um aquilo que é para si conveniente segundo a natureza lhe é deleitável. De onde que se alguém em alguma ação ou paixão muito se deleita, é sinal de que [este alguém] é naturalmente inclinado a ela. Ora, os homens tendem veementemente às coisas que naturalmente são inclinados. Por isso, acerca delas o homem facilmente transcende o termo médio. Portanto, é necessário que nós nos dirijamos ao contrário o quanto possamos.

[Este segundo modo é semelhante] àqueles que endireitam uma árvore torta, os quais, querendo endireitá-la, a torcem à outra parte e assim a reduzem ao termo médio.

[S. Tomás de Aquino comenta que] deve-se aqui considerar que este caminho de adquirir a virtude é eficacíssimo, isto é, que o homem se esforce ao contrário daquilo a que é inclinado pela natureza ou pelo costume. O caminho que os [filósofos] estóicos colocaram é mais fácil, isto é, aquele pelo qual o homem gradativamente se afasta daquilo a que é inclinado. O caminho que aqui Aristóteles coloca compete àqueles que de modo veemente desejam afastar- se dos vícios e alcançar a virtude, enquanto que o caminho dos estóicos mais compete àqueles que têm uma vontade débil e tépida.