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[Para que o homem seja virtuoso, requer-se a
virtude moral e um outro princípio operativo]. Já foi dito
que a virtude moral faz a eleição reta quanto à intenção do
fim, enquanto que as coisas que são feitas por causa do fim
não pertencem à virtude moral, mas a uma outra potência, isto
é, a um outro princípio operativo que encontra os caminhos
que conduzem ao fim. Desta maneira, tal princípio [operativo]
é necessário para que o homem seja virtuoso.
Há, assim, um princípio operativo, que é chamado
dinótica, que significa engenhosidade ou indústria, que é tal
que por ela o homem pode operar as coisas que se ordenam à
intenção que o homem pressupõe, seja boa ou má, alcançando o
fim através destas coisas que são operadas. Se a intenção é
boa, tal engenhosidade é louvável. Se a intenção é má, é
chamada de astúcia que soa como algo mau, assim como a
prudência soa como algo bom.
A prudência não é de todo a mesma coisa que a
dinótica. Todavia, [a prudência] não pode existir sem a
dinótica, mas na alma, a este princípio cognoscitivo que é a
dinótica, o hábito da prudência não é feito sem a virtude
moral, que se relaciona sempre para com o bem, conforme foi
explicado. E a razão disto é evidente, porque assim como os
silogismos especulativos têm seus princípios, assim também é
princípio dos demais operáveis que tal fim seja bom e ótimo,
qualquer que seja o fim pelo qual alguém opere. Assim, ao que
é temperante é ótimo e é um princípio alcançar o termo médio
na concupiscência do tato. Mas isto somente parecerá ótimo ao
virtuoso que possui o correto julgamento acerca dos fins, já
que a virtude moral faz a reta intenção acerca do fim,
enquanto que a malícia, oposta à virtude, perverte o
julgamento da razão e faz mentir acerca dos fins, que são
princípios acerca [do que é] prático. Ora, ninguém pode
corretamente silogizar se errar acerca dos princípios. Como,
portanto, pertence ao prudente corretamente silogizar dos
operáveis, torna-se manifesto que é impossível ser prudente
aquele que não é virtuoso, assim como não pode ter ciência
aquele que errar acerca dos princípios da demonstração.
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