3. O vício da jactância, que excede o termo médio da verdade para mais.

O vício da jactância [consiste] em pecar por superabundância [quanto à verdade], simulando coisas gloriosas. Isto se pode dar ou porque o jactante simula ter em si algo de glorioso que não tem, ou porque afirma estas coisas serem maiores do que são.

[A jactância pode ser cometida], de uma primeira maneira, quando alguém se jacta de coisas que são, ou maiores do que são, não por causa de algum outro fim, mas por deleitar-se nisto. Este primeiro modo, assim, não é inteiramente mau, porque não pretende nenhuma malícia. De um segundo modo, quando alguém se jacta por causa do apetite da glória ou da honra. Os que assim procedem não são muito vituperáveis, porque a glória e a honra apresentam alguma afinidade com as coisas honestas por causa das quais alguns são louvados e honrados. De um terceiro modo, quando alguém se jacta por causa do dinheiro ou por causa de qualquer outra coisa que pode ser avaliada pelo dinheiro. Este terceiro modo é o mais deforme, porque mente pelo que é menos bom.

Alguém não deve ser julgado jactante pelo fato de ter ou não ter por onde se possa jactar, mas por aquilo porque o faz, ou porque se deleita da própria mentira, ou porque mente por causa do apetite da glória ou do lucro.