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A temperança e a fortaleza têm o sujeito em comum,
sendo ambas das partes irracionais [da alma], [entendendo-se
aqui por] parte irracional da alma a parte da alma que é apta
[nata est] a obedecer à razão. Tal [parte irracional da alma]
é, [assim], o apetite sensitivo, ao qual pertencem as paixões
da alma. De maneira que no apetite sensitivo estão todas as
virtudes que são acerca das paixões. Assim, a fortaleza é
acerca das paixões do temor e da audácia que estão no
irascível, enquanto que a temperança é acerca das deleitações
e tristezas que estão no concupiscível.
As deleitações acerca das quais é a temperança,
que são as deleitações da comida e das [coisas ] venéreas,
são comuns a nós e aos animais. De modo semelhante, os
temores acerca dos quais é a fortaleza são comuns a nós e aos
animais, que são os temores da morte. Por isso pode-se dizer
de um modo especial que estas duas virtudes são das partes
irracionais da alma, porque pertencem às partes irracionais
da alma não somente por causa das próprias paixões, mas
também por causa dos seus objetos, [que são comuns aos homens
e aos animais], [enquanto que] há outras paixões de cujos
objetos os animais não padecem, como as riquezas, honras e
outras tais.
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