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Existe naturalmente em todo homem o desejo de
conhecer. Isso acontece por três razões.
[A primeira razão consiste em que] qualquer coisa
naturalmente [aspira] apetece à sua perfeição. É daqui que se
diz que a matéria apetece a forma, assim como o imperfeito
apetece a sua perfeição. Ora, se o intelecto, considerado em
si mesmo, está em potência para com todas as coisas, e não se
reduz ao ato exceto pelo conhecimento, [deve-se então
concluir] que todo [homem] deseja o conhecimento assim como a
matéria [apetece] a forma.
[A segunda razão consiste em que] qualquer coisa
apresenta inclinação à sua própria operação. Por exemplo, o
quente a esquentar, o pesado ao movimento para baixo. Ora, a
operação própria do homem enquanto homem é inteligir, porque
é por esta que difere de todos os demais [animais]. Logo, o
homem é naturalmente inclinado a inteligir, e por
conseqüência a conhecer.
[A terceira razão consiste em que] é desejável
para qualquer coisa, que se [una] ao seu princípio. Nisto
consiste a perfeição de todas as coisas. Ora, as substâncias
separadas, que são princípios do intelecto humano, e às quais
o intelecto humano se encontra como o imperfeito em relação
ao perfeito, não se unem ao homem a não ser pelo intelecto.
De onde que é [neste] que a felicidade última do homem
[está]. Portanto, o homem naturalmente [aspira] ao
conhecimento.
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