8. Sobre a instituição das cidades.

Em todos os homens há uma certa inclinação natural à comunidade civil, assim como às virtudes. Todavia, assim como as virtudes são adquiridas pelo exercício humano, conforme está dito no Segundo da Ética, assim também as cidades são instituídas pela indústria humana. O homem que instituíu por primeiro a cidade, portanto, foi causa para os homens dos bens máximos.

O homem, de fato, é o ótimo dos animais se nele se aperfeiçoa a virtude, à qual possui uma inclinação natural. Mas se permanece sem lei e justiça, o homem é o pior de todos os animais, porque a injustiça é tanto mais cruel quanto maior for o número das armas, isto é, dos instrumentos para fazer o mal.

Segundo a sua natureza, porém, convém ao homem a prudência e a virtude que de si são ordenadas ao bem. Mas quando o homem é mau, utiliza-se destas coisas como de armas para fazer o mal, daqui provindo que o homem sem a virtude, quanto à corrupção do irascível, é maximamente impiedoso e selvagem, porque cruel e sem afeição. E quanto à corrupção do concupiscível, ele é péssimo quanto ao venéreo e quanto à voracidade na comida.

O homem, porém, é reduzido à justiça pela ordem civil, de onde que é manifesto que aquele que instituíu a cidade impediu os homens de se tornarem péssimos e os reduziu a que se tornassem ótimos segundo a justiça e as virtudes.