3. É pela própria vista que nós sentimos que vemos, e não por outro sentido.

[Nós sentimos que nós vemos em virtude da própria vista, e não através de algum outro sentido].

Pela vista nós sentimos que vemos, [e isto não está em contradição com o fato igualmente verdadeiro, pelo qual] a vista nada sente que não seja a cor. Isto se explica porque sentir pela vista é dito de duas maneiras, de uma primeira maneira, pela qual sentimos pela vista que nós vemos e de uma segunda maneira, pela qual pela vista nós vemos as cores. [Isto é], o ato de ver pode ser considerado como consistindo numa mutação do órgão [da vista] por um sensível externo, e desta maneira nada é sentido senão a cor. Portanto, por este ato a vista não vê a si mesmo vendo. [Mas, além disso], o ato de ver pode ser considerado como sendo que, após a mutação do órgão, julga a respeito da percepção do órgão pelo sensível, mesmo não havendo mais [objeto] sensível. Desta [segunda maneira], a vista não vê apenas a cor, mas sente a visão da cor.