4. Como o terceiro efeito da amizade, que é a concórdia, convém ao homem virtuoso para consigo mesmo.

O homem virtuoso maximamente deseja conviver consigo mesmo, voltando-se para o seu coração, e meditando consigo mesmo. Isto ele o faz deleitavalmente, quanto a três [coisas]. Primeiro, quanto à memória do que é passado, porque a memória dos bens que ele operou lhe é deleitável. Segundo, quanto à esperança dos bens futuros, porque o homem virtuoso tem esperança de bem operar no futuro, o que lhe é deleitável. Terceiro, quanto ao conhecimento do que é presente, [pois o homem virtuoso] é rico em sua mente de considerações verdadeiras e úteis.

O homem virtuoso maximamente se condói e se condeleita consigo mesmo, porque a mesma coisa é triste e deleitável quanto à parte sensitiva e intelectiva, e não coisas diversas à parte sensitiva e intelectiva. Isto acontece porque a parte sensitiva nele está tão sujeita à razão que segue o movimento da razão, ou pelo menos não lhe resiste veementemente. De fato, o homem virtuoso não é conduzido pelas paixões da parte sensitiva, de maneira que posteriormente cessando a paixão se arrependa daquilo que já faz contra a razão. Ao contrário, o homem virtuoso, por agir sempre segundo a razão, não se arrepende facilmente, e assim maximamente concorda consigo mesmo.