4. Objeção à colocação que o bem é aquilo a que todos apetecem.

[Alguns apetecem o mal]. Aqueles que apetecem o mal não o fazem exceto debaixo da razão de bem, na medida em que estimam aquele mal como sendo um bem. Desta maneira, a intenção deles se encaminha per se ao bem, mas por acidente ao mal.

Que todos apetecem o bem deve ser entendido não apenas dos que têm conhecimento, que apreendem o bem, mas igualmente das coisas carentes de conhecimento, os quais tendem por apetite natural ao bem, não como que conhecendo o bem, mas porque por algum cognoscente são movidos ao bem, isto é, pela ordenação do intelecto divino. Ora, este tender ao bem é apetecer o bem. Portanto, todas as coisas são ditas apetecerem o bem, na medida em que tendem ao bem. Isto não significa, todavia, que existe um único bem ao qual todos tendem. É por isto que, através destas considerações, não se descreve algum bem, mas o bem tomado em geral. Mas porque, todavia, nada é bom, a não ser na medida em que nele existe alguma semelhança e participação com o sumo bem, este mesmo sumo bem de uma certa forma é apetecido em qualquer bem. E assim pode ser dito que o bem verdadeiro é aquele que é apetecido por todos.