6. Solução à primeira objeção.

As coisas artificiais estão no gênero da substância por parte da matéria, e no gênero dos acidentes por parte da forma, pois as formas das coisas artificiais são acidentais. [Isto ocorre porque a forma substancial é aquela que constitui por primeiro o ser da coisa; as formas que se acrescentam a algo já constituído na realidade não podem ser formas substanciais, mas formas acidentais. Assim, a forma pela qual um ente é madeira é forma substancial, mas a forma pela qual esta madeira se torna mesa já não é substancial, mas acidental, porque advém a um ente já existente. As formas das coisas artificiais, portanto, na medida em que são artificiais, são formas acidentais; só as formas das coisas naturais são formas substanciais. porque é por elas que estes entes entram na realidade por primeiro].

[Ora, os nomes das coisas artificiais podem significá-las de duas maneiras. Eles podem significar as formas acidentais como concretas num sujeito, como quando dizemos "Simum", palavra latina que significa `nariz curvo'; ou podem significar as formas acidentais como abstratas, como quando dizemos "Simidade", que significa a curvidade do nariz].

Quando os nomes significam os acidentes em abstrato, em suas definições colocamos o acidente diretamente, como gênero, e o sujeito indiretamente, como diferença. Assim é que dizemos que a simidade é a curvidade do nariz.

Quando os nomes significam os acidentes em concreto, em sua definição a matéria ou o sujeito é colocada como gênero e o acidente como diferença. Assim é que dizemos que `simum' é o nariz curvo.

Ora, os nomes, considerados em si mesmo, são formas acidentais tomadas como concretas em sujeitos naturais, [como são as vozes]. Em sua definição, portanto, é mais conveniente que as coisas naturais sejam colocadas como gênero [e a forma acidental como diferença]. Assim é que dizemos que o prato é uma madeira modelada, e que o nome é uma voz significativa.

O contrário sucederia se o termo nome fosse tomado como significando sua própria forma artificial em abstrato, [como se estivesse definindo mais a nomidade do que o nome]. [Neste caso deveríamos dizer que a nomidade seria a significatividade da voz].