3. Três divisões necessárias para se investigar a parte da definição da alma pertencente ao seu sujeito.

[A primeira divisão consiste em que] as substâncias podem ser corpóreas e incorpóreas. Entre as substâncias as mais manifestas são as corpóreas. As incorpóreas, por serem remotas para com os sentidos, somente são investigáveis pela razão.

[A segunda divisão consiste em que] os corpos podem ser físicos, isto é, naturais, e artificiais.

[Nesta segunda divisão], os corpos naturais parecem ser mais substância do que os corpos artificiais. Isto porque os corpos naturais são princípios dos corpos artificiais. A arte opera pela matéria que a natureza lhe fornece, [mas] a forma que a arte lhe induz é uma forma acidental. [Deve lembrar-se que além da forma acidental existe a forma substancial]. Desta maneira, os corpos artificiais não se colocam no gênero da substância pela sua forma, mas apenas pela sua matéria, que é natural. E, da mesma maneira, os corpos naturais são mais substâncias que os corpos artificiais, por serem substância não apenas por parte da matéria, mas também da forma.

[A terceira divisão consiste em que] dos corpos naturais, alguns apresentam vida, enquanto que outros não têm vida. São ditos terem vida aqueles que por si mesmo tomam alimento, aumentam e diminuem.

[Esta divisão é a seguir explicada] mais por modo de exemplo do que por modo de definição. Não é apenas pelo fato de algo aumentar ou diminuir que este algo vive, mas também porque sente, intelige e pode exercer as demais funções vitais. Assim, nas substâncias separadas, que não aumentam nem decrementam, pelo fato de terem intelecto e vontade, existe vida. A natureza da vida consiste em que algo é apto a mover-se por si mesmo, entendendo movimento de uma forma ampla, pela qual as operações intelectuais possam ser chamadas de movimento.Da mesma forma dizemos algo ser sem vida, aquilo pelo qual pode ser movido apenas através de um princípio externo.