4. Uma observação.

No método precedente o Filósofo distinguiu as políticas em retas e transgredidas. As retas são o reino, que é a [política] ótima, o estado dos ótimos e a [política] que é chamada pelo nome comum de política. As [políticas] desviadas são a tirania, que é a corrupção do reino, que por este motivo é péssima, o estado dos poucos, que é a corrupção do estado dos ótimos, e o estado popular, que é a corrupção da política.

Ao mencionar as políticas desviadas. o Filósofo declara qual delas é mais e qual delas é menos corrompida. Do que foi dito é manifesto qual das políticas desviadas é péssima, qual é a menos má depois dela e qual é a minimamente má. A política que procede da corrupção da política ótima e diviníssima que é maximamente reta segundo a razão é necessária que seja a péssima, conforme é manifesto. Ora, o reino é a política ótima, e a que é maximamente segundo a razão. Se o rei não for tal por causa da excelência da virtude e do bem entendido universalmente, de rei ele só terá o nome, e ainda assim de modo equívoco. Está escrito no Oitavo Livro da Ética que não há rei se ele não for suficiente por si mesmo e super excelente em todos os bens. Este é o motivo pelo qual a tirania é a péssima entre todas as políticas; de fato, ela é a que maximamente dista da política ótima.

Segue-se, após a tirania, o governo dos poucos em maldade. Esta política é uma corrupção do governo dos ótimos, que ocupa um grau de excelência após o reino. O governo dos poucos é a pior política após a tirania.

A política menos má, e mais comedida entre as desviadas é o estado popular, porque procede da corrupção da política, que é a menos reta entre as retas. Portanto, o estado popular é a política minimamente má entre as políticas desviadas, pois aquilo que se corrompe a partir do que é menos bom é necessário que seja também um mal menor.