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Alguns atribuíram a principalidade entre todas as
ciências à política, pela qual governa-se uma multidão, ou à
prudência, pela qual alguém governa a si mesmo, fazendo mais
atenção à utilidade, do que à dignidade da ciência. Ora, as
ciências especulativas, conforme explicado no princípio da
Metafísica, não são buscadas como úteis para algo, mas como
algo honorável por si mesmo.
[A estes argumerntos devemos dizer que] é [muito]
inconveniente que alguém julgue a prudência ou a política ser
ciência ótima entre as ciências. Isso não poderia ser, a não
ser que o homem fosse a mais excelente das coisas que estão
no mundo. De fato, entre as ciências, uma é melhor e mais
honorável do que outra, pelo fato de ser [ciência] de coisas
melhores e mais honoráveis. Ora, que o homem seja a mais
excelente entre todas [as coisas] que há no mundo é [coisa]
falsa, porque há outras coisas que segundo a sua natureza são
muito mais divinas por causa de sua excelência, do que o
homem. E, se [quanto a isto], calarmos de Deus e das
substâncias separadas, os quais não caem debaixo dos
sentidos, também entre as coisas que são manifestíssimas aos
sentidos, há os corpos celestes que são melhores do que o
homem, tanto se os compararmos com o corpo, como se
compararmos as substâncias moventes à alma humana. De onde
que se conclui que nem a política, nem a prudência, que são
acerca das coisas humanas, são as mais excelentes entre as
ciências.
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