13. Terceiro argumento para mostrar que a felicidade consiste na operação especulativa. A contemplação da sabedoria é deleitabilíssima.

Conforme está dito no livro primeiro, julgamos comumente que a deleitação é adjunta à felicidade. Porém, entre todas as operações da virtude deleitabilíssima é a contemplação da sabedoria, conforme é manifesto e concedido por todos. De fato, a filosofia possui na contemplação da sabedoria deleitações admiráveis, quanto à pureza e quanto à firmeza. A pureza de tais deleitações provém de serem acerca de coisas imateriais. A firemza delas é tomada segundo que são acerca de coisa imutáveis. Quem, de fato, se deleita acerca das coisas materiais, incorre em uma certa impureza de afeto, pelo fato de ocupar-se acerca do que é inferior. E quem se deleita acerca das coisa mutáveis, não pode possuir firme deleitação, porque mudada a coisa ou corrompido aquilo que trazia deleitação, cessa a deleitação, e às vezes se transforma em tristeza.

A especulação da verdade, porém, pode sê-lo de dois modos. A primeira consiste na inquisição da verdade. A segunda consiste na contemplação da verdade já descoberta e conhecida, a qual é mais perfeita, sendo o término e o fim da inquisição. De onde que é maior a deleitação que há na consideração da verdade já conhecida do que na inquisição dela, sendo por isso que Aristóteles diz que mais deleitavelmente vivem aqueles que já conhecem a verdade. De onde que a perfeita felicidade não consiste em qualquer especulação, mas naquela que é segundo [a contemplação da verdade].