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Há algumas políticas retas, enquanto que outras
são desvios, de tal modo que há uma ou duas políticas bem
ordenadas e as demais são desvios. Alguns destes desvios são
bem ordenados, como é o caso daquele que é chamado pelo nome
comum de república. As demais são desvios [mais manifestos].
Quanto à diferença entre o estado dos poucos e o
estado popular é necessário remover o erro daqueles que
costumaram colocá-las e determiná-las de tal maneira que o
estado popular seja aquele no qual a multidão domina. O
estado popular não deve ser determinado pelo fato de que
poucos dominem pois, se houvessem em alguma cidade mil e
trezentas pessoas e se mil fossem ricas e dominassem sobre
outros trezentas pobres e livres que nela existissem e não
lhes concedessem nada no que diz respeito ao principado, de
modo que estes apenas se submetessem aos outros, ninguém
diria que estes homens são governados por um estado popular
e, no entanto, aí seria a multidão que governaria. O estado
popular, portanto, não é determinado pelo fato de que muitos
governem.
Semelhantemente se aqueles trezentos pobres e
poucos em relação ao demais fossem melhores que os ricos e
por isso governassem de tal modo que os ricos não governassem
mas se submetessem a eles, ninguém diria que esta política
seria o estado dos poucos. Pelo que é manifesto que o estado
dos poucos não deve ser determinado pelo fato de que poucos
dominem.
A república dos poucos e a república popular deve
ser determinada pela liberdade e pelas riquezas, e apenas por
acidente pela multidão ou pelo pequeno número. Deve-se mais
dizer que o estado popular existe quando os que são livres
governam, enquanto que o estado dos poucos quando são os
ricos que governam. Somente por acidente estas são
determinadas pelo pouco número ou pela multidão.
O Filósofo conclui afirmando que há muitas
políticas, dizendo que é manifesto que as políticas são
muitas e por qual causa são muitas.
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