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O segundo modo é tomado da parte do homem, quanto
àquilo que é próprio a cada um. Já que diversos homens são
naturalmente inclinados a coisas diversas, é necessário que
aquele que deseja tornar-se virtuoso preste atenção ao que
seja aquilo ao que o seu apetite mais é inclinado a ser
movido. Cada um pode conhecer aquilo a que é naturalmente
inclinado pela deleitação ou tristeza que acerca daquilo se
produz, porque para cada um aquilo que é para si conveniente
segundo a natureza lhe é deleitável. De onde que se alguém em
alguma ação ou paixão muito se deleita, é sinal de que [este
alguém] é naturalmente inclinado a ela. Ora, os homens tendem
veementemente às coisas que naturalmente são inclinados. Por
isso, acerca delas o homem facilmente transcende o termo
médio. Portanto, é necessário que nós nos dirijamos ao
contrário o quanto possamos.
[Este segundo modo é semelhante] àqueles que
endireitam uma árvore torta, os quais, querendo endireitá-la,
a torcem à outra parte e assim a reduzem ao termo médio.
[S. Tomás de Aquino comenta que] deve-se aqui
considerar que este caminho de adquirir a virtude é
eficacíssimo, isto é, que o homem se esforce ao contrário
daquilo a que é inclinado pela natureza ou pelo costume. O
caminho que os [filósofos] estóicos colocaram é mais fácil,
isto é, aquele pelo qual o homem gradativamente se afasta
daquilo a que é inclinado. O caminho que aqui Aristóteles
coloca compete àqueles que de modo veemente desejam afastar-
se dos vícios e alcançar a virtude, enquanto que o caminho
dos estóicos mais compete àqueles que têm uma vontade débil e
tépida.
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