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[A primeira causa é a causa material].
De um primeiro modo se diz causa "aquilo do qual
algo se torna e permanece na coisa tornada".
[Trata-se da causa material, na qual] foi
acrescentado "permanece na coisa tornada" para diferenciar
esta causa da privação, que não permanece na coisa tornada.
[A segunda causa é a causa formal].
De um segundo modo se diz causa a "espécie e o
exemplo".
Esta é dita causa na medida em que é razão
quiditativa da coisa: através dela sabemos de cada coisa o
que ela é.
A este modo de causa se reduzem todas as partes
que são postas na definição.
[Deve observar-se que] isto não vai contra o que
foi dito, que na definição das coisas naturais está posta a
matéria.
Aparentemente, se fosse assim, sendo a causa
formal todas as partes que são postas na definição, a causa
material também seria formal.
Esta dificuldade se resolve porque o que é posto
na definição das coisas naturais é a matéria em comum, e não
a matéria individual.
A natureza da espécie, constituída da forma e da
matéria em comum, se acha como causa formal em relação ao
indivíduo.
[Deve observar-se também que o filósofo diz
"espécie e exemplo"] por causa dos diversos termos
utilizados por diversos filósofos.
Platão postulou formas abstratas, que chamava de
exemplar e de idéia. Por causa disto está escrito "exemplo".
Os filósofos naturais, colocando as formas na
matéria, fizeram com que Aristóteles dissesse "espécie".
[A terceira causa é a causa eficiente].
De um terceiro modo, é dita causa "aquilo que é
princípio de movimento ou de repouso".
[Esta é a causa eficiente,] assim como o pai é
causa do filho.
[Finalmente, a quarta causa é a causa final].
De um quarto modo, algo é dito causa [na medida em
que é um] fim.
Isto é patente, porque se perguntarmos
respondendo
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"Para que goze de boa saúde",
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opinamos ter achado a causa.
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