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[O que foi dito anteriormente é tão verdade que]
fica patente pelo fato de que se alguém bem definir qualquer
parte de um animal, não o poderá fazê-lo a não ser pela sua
operação própria. Por exemplo, quando dizemos que o olho é a
parte do animal pela qual ele vê. Esta mesma operação das
partes não existe sem o sentido ou movimento ou as demais
operações da alma. Assim fica claro que, ao se definir alguma
parte do corpo, utilizamos da alma.
E porque é assim, é necessário que as partes da
alma sejam anteriores ao todo, isto é, àquilo que é composto
de alma e corpo. E de maneira semelhante se dá com qualquer
outra coisa, porque sempre importa que as partes formais
sejam anteriores a qualquer composto. O corpo e as partes do
corpo são posteriores à forma, que é a alma, porque é
necessário colocar a alma em sua definição, conforme já foi
explicado.
Quanto ao composto, as partes do corpo de uma
certa maneira lhe são anteriores e de uma outra certa maneira
não. São anteriores na medida em que o simples é anterior ao
composto. Não são anteriores na medida em que é dito anterior
aquilo que pode ser sem o outro. Ora, as partes do corpo não
podem ser separadas do animal. O dedo cortado [do corpo], ou
morto, não é dito dedo a não ser equivocamente, assim como o
dedo esculpido ou pintado.
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