3. [Sobre a causa final da geração nos seres viventes].

Uma coisa viva faz uma outra coisa viva tal qual ela mesmo é. Assim é que o homem gera outro homem, e uma azeitona gera outra azeitona. É natural nos seres viventes o gerarem outros tais quais eles mesmos são, para que sempre participem, segundo o que possam, do divino e do imortal, e a ele se assemelhem segundo possam.

Deve-se considerar que assim como há diversos graus de perfeição em um mesmo e único [ente], na medida em que ele passa da potência ao ato, assim também existem diversos graus de perfeição nos diversos entes. E assim como qualquer coisa que esteja em potência se ordena ao seu [respectivo] ato, e o apetece naturalmente, assim também todas as coisas que estão num grau inferior [entre os diversos entes] desejam assemelhar-se aos superiores, o quanto lhes seja possível. E isto é o que Aristóteles quer dizer e enfatiza ao dizer que todas as coisas apetecem assemelharem-se ao divino e imortal, e em virtude desta causa agem todas as coisas que naturalmente agem. E porque não podem alcançar os seres inferiores e serem sempre eternos e divinos, por modo de continuação, sendo a necessidade da corrupção uma necessidade absoluta, na medida em que é proveniente da própria matéria, segue-se que todas as coisas comunicam a perpetuidade na medida do que podem, alguns mais, outros menos, e estes permanecem sempre pelo [processo da] geração, não de modo simples [simpliciter], mas segundo a espécie.