16. Terceira objeção contra a eternidade do movimento, conforme o texto Aristotélico.

Embora nas coisas inanimadas seja claro que o movimento se inicia em algo [em circunstâncias nas quais] nenhum movimento pré-existia naquela mesma coisa, é claro que o movimento pré-existia em algo exterior pelo qual esta coisa é movida.

Este terceiro argumento, entretanto, trata dos animais que não são movidos por um ser intrínseco, mas por si mesmos. Pois ocorre nos animais que [nestes seres que estavam] imóveis o movimento se inicia quando antes dele não havia [movimento] e isto ocorre não por alguma coisa extrínseca que move, mas pela própria coisa que é movida. E, se isto pode ocorrer num animal, não parece existir nada que impeça isto de ocorrer com o universo.

[A solução a esta terceira objeção consiste em que], em um animal que primeiro está em repouso e depois é movido por um movimento, se este movimento não for causado pelo exterior, parece que nenhum movimento precedeu o movimento do animal, tanto no animal em si mesmo como em outro [objeto externo]. Mas é falso dizer que o movimento do animal não proveio de algo exterior, [apesar de não ser causado por algo exterior].

Em animais há movimentos naturais, que não são movidos pela vontade, [mas são movidos por causas externas], como é claramente aparente quando um animal é alterado pela quentura ou frieza do ar.

Nos animais existem também movimentos naturais provenientes de um princípio interior, como é claro nas mudanças da alma vegetativa que são vistas na digestão do alimento. Estes movimentos são chamados naturais porque não seguem a apreensão e o apetite.

Mas, quando dizemos que um animal move a si mesmo, não estamos nos referindo a nenhum destes movimentos, mas ao movimento de acordo com o qual um animal move a si mesmo através da apreensão e do apetite.

[Para explicar estes, deve-se dizer que] existem muitas mudanças num animal que são provenientes do meio ambiente. Algumas destas movem o intelecto e o apetite, e como resultado o animal inteiro é movido. [Estes movimentos provenientes do meio ambiente] não agem diretamente sobre as almas, mas sobre os corpos. Quando o corpo é movido, ocorre movimento por acidente nas potências da alma que são atos dos órgãos corpóreos, mas não necessariamente no intelecto e no apetite intelectivo, que não utilizam órgãos corpóreos. Algumas vezes, [mas não necessariamente], porque a necessidade aqui é excluída da parte intelectiva da alma, o intelecto e a vontade seguirão as mutações acima, quando alguém através da razão escolhe ou de seguir ou de rejeitar ou fazer alguma coisa por causa de alguma paixão que surgiu no corpo ou na parte sensitiva. Assim, estes movimentos não são causados pelo meio ambiente movendo o intelecto ou o apetite, mas fica claro que nunca um deles aparece em nós sem ser precedido por algum outro movimento.