8. Como as crianças devem ser educadas nas artes figurativas.

Convém simultaneamente ensinar as crianças nas artes figurativas, que abarcam não apenas a escrita e a pintura, mas também a escultura, não somente para que não sejam enganadas quando venderem o que lhes pertence, mas também para que sejam universalmente inseduzíveis na compra e na venda das obras de arte, cujo valor, além do que está contido na matéria, somente pode ser conhecido por meio destas artes.

Mais ainda, porém, devem ser ensinadas nestas artes para que por meio delas mais possam considerar a beleza dos corpos, que consiste na devida proporção das partes entre si e para com o todo, e também na cor, o que é algo bom e deleitável em si mesmo. Com isto poderão ser ensinadas mais livres e magnânimas.

De fato, buscar em todas as coisas a utilidade dos bens exteriores e aquilo que pode advir a mais [destes bens exteriores], não convém aos homens livres e magnânimos enquanto tal. Os homens livres possuem o seu vigor mais pela inteligência do que pelo corpo. pelo que mais buscam o bem da inteligência do que o bem do corpo e do que os bens exteriores. Os magnânimos, pela inclinação de suas almas e pelo hábito da virtude se inclinam às coisas máximas e honorabilíssimas, que são os bens segundo o intelecto e por isso, diante dos mesmos, desprezam os bens exteriores e também os bens do corpo. Deles o Filósofo afirma, no quarto livro da Ética, que nem se fazem alegres com os bens da fortuna, nem se tornam tristes com a perda das riquezas. Por tudo isto deve-se dizer que pertence aos homens livres e magnânimos mais buscar a preeminência nos bens que são segundo o intelecto do que nos bens exteriores e amar a si próprios mais segundo a inteligência, conforme o afirma também o Filósofo no Nono Livro da Ética.