|
Nas definições em que há muitas diferenças, é
necessário não somente dividir o gênero pela diferença, como
também dividir a diferença primeira pela diferença segunda.
Por exemplo, uma diferença de animal é a pedalidade, segundo
a qual o animal é dito ter pés. Mas, como esta diferença é
encontrada de múltiplas maneiras, será necessário saber a
diferença do animal que tem pés. Esta diferença deverá ser
tomada [para o animal que tem pés] enquanto tem pés, isto é,
deverá ser tomada per se e não por acidente.
Como para o animal que tem pés é um acidente ter
asas, não deve ser dito, se o homem corretamente deseja
dividir a diferença, que os animais que têm pés se dividem em
alados e não alados. Às vezes, todavia, ao dividir as
diferenças, fazemos isto, a saber, as dividimos pelo que é
por acidente, porque as diferenças próprias e per se não
podem, [por algum motivo], ser encontradas. Às vezes, de
fato, a necessidade impele a que usemos, em lugar das
diferenças per se, as diferenças por acidente, na medida em
que são sinais de algumas diferenças essenciais para nós
desconhecidas.
O modo correto de dividir a diferença "que tem
pés" é, por exemplo, o seguinte: que alguns animais têm pés
fendidos e outros, pés não fendidos. [De fato], o "tendo pés
fendidos" divide per se a diferença que é "que tem pés".
[Isto porque] a fissura do pé é algo contido debaixo disto
que é o ter pés, e ambos se encontram mutuamente entre si
assim como o determinado para com o indeterminado.
Concluímos, portanto, que sempre assim é que se
deverá proceder na divisão das diferenças, [isto é, dividindo
sempre a diferença primeira pelo que é diferença segunda
tomada per se], até que assim dividindo se chegue àquilo que
é a última diferença, que não possa ser dividida
posteriormente em outras diferenças. E, desta maneira, tantas
serão as espécies de pés quantas forem as diferenças.
|
|