3. Que a malícia também está em nós, isto é, em nosso poder [potestate].

A malícia, isto é, o vício oposto à virtude, também está em nosso poder. A razão disso é idêntica à anterior, ou seja, porque as suas operações são voluntárias. [Portanto, para demonstrar que a malícia também está em nosso poder, deveremos apenas mostrar que suas operações são voluntárias].

Se o operar está em nosso poder, é necessário que o não operar também esteja em nosso poder. Porque se o não operar não estivesse em nosso poder, impossível seria que nós não operássemos. Portanto, seria necessário que nós operássemos. Logo, o operar não proviria de nós, mas da necessidade. Vice versa, pode-se demonstrar do mesmo modo que se o não operar está em nosso poder, será necessário que o operar também esteja. Assim, portanto, deveremos dizer que em qualquer coisa que a afirmação esteja em nós, a negação também e vice versa. Ora, as operações das virtudes e dos vícios diferem segundo a afirmação e a negação. De onde se tira a conseqüência que se a operação das virtudes está em nós, como foi demonstrado, também a operação dos vícios estará em nós. E assim se conclui que o próprio vício estará em nós, isto é, em nosso poder.