2. Que os universais não são substâncias.

Para bem compreender o que irá se seguir, deve-se saber que o [termo] universal pode ser tomado de duas maneiras.

De uma primeira maneira, como sendo a própria natureza, à qual o intelecto atribui a intenção de universalidade. Estes universais, como o gênero e a espécie, significam as substâncias das coisas. Por exemplo, o animal significa a substância daquilo de que se predica, e o homem também.

De uma segunda maneira, o universal pode ser tomado enquanto universal e de maneira que a natureza [que ele significa se subordine] à intenção de universalidade. Este é o modo segundo o qual o animal ou o homem são considerados um em muitos [isto é, uma única substância existente em muitas simultaneamente]. É assim que os Platônicos colocaram ser o homem e o animal substâncias em sua universalidade.

Esta segunda maneira de se tomar o [termo] universal que Aristóteles pretende refutar em primeiro lugar. O animal em comum, ou o homem em comum não é uma substância [existente] nas coisas naturais. Esta "comunidade" tem a forma de animal ou de homem [apenas] na medida em que está no intelecto, que toma uma forma como [sendo] de muitos em comum, na medida que a abstrai de todos os individuantes.