4. Levanta-se uma questão dos antigos filósofos.

Os antigos filósofos naturais negavam a possibilidade das gerações, [pelos seguintes motivos]. [Se as gerações fossem possíveis, teriam que se dar a partir do não ente ou a partir do ente]. Ora, é impossível que uma geração ocorra a partir do não ente, porque do nada, nada pode ser feito. Igualmente, é impossível que uma geração ocorra a partir do ente, porque assim [o objeto da geração] seria antes que se fizesse.

[A questão precedente é resolvida por Aristóteles, que mostra que a geração pode se fazer tanto a partir do não ente, como a partir do ente, explicando como ambas estas coisas se dão]. [Que as gerações podem se dar a partir do ente fica assim manifesto]: o ente pode ser dito de duas maneiras, que são o ente em ato e o ente em potência. Tudo o que é transmutado é transmutado do ente em potência ao ente em ato. As gerações substanciais, portanto, se fazem per se a partir do ente, não porém do ente em ato, mas do ente em potência, isto é, a partir da matéria, que é o ente em potência, como foi acima explicado. Que as gerações substanciais podem se dar também a partir do não ente, fica igualmente manifesto, porque as gerações substanciais se dão por acidente a partir do não ente, na medida em que elas se dão a partir da matéria sujeito de privação, segundo a qual é dita não ente.