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A intenção de Aristóteles é demonstrar que existe
um motor imóvel que não é movido nem per se nem por acidente,
[e é eterno e incorruptível]. Mas existe uma maneira
incorreta de se demonstrar isso, e Aristóteles primeiramente
quer rejeitar essa argumentação falsa.
[A argumentação a que ele se refere é a que se
segue].
Tudo o que não pode existir em um tempo e não
existir em outro tempo, é eterno. Mas já que o primeiro
movente é imóvel, ele não pode agora existir e em outro tempo
não existir, porque aquilo que algumas vezes existe e algumas
vezes não existe é gerado e corrompido, e aquilo que é gerado
e corrompido é movido. Portanto, o primeiro movente é eterno.
Este argumento não é válido, porque certas coisas
algumas vezes existem e outras vezes não existem, e não são
geradas ou corrompidas per se. Conseqüentemente, elas não são
movidas per se.
Por exemplo, conforme explicado no livro VI, tudo
o que é movido é divisível. Portanto, se uma coisa não tem
partes, por não ser composta de matéria e forma, tais coisas
indivisíveis não são geradas ou movidas per se, mas por
acidente, quando outras coisas são geradas ou movidas.
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