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[Para evitar mal entendidos, deve-se explicar que por ente
aqui não se designam apenas as substâncias, mas tudo o que,
de uma certa maneira, existe, como a quantidade, a
qualidade, o movimento, e até mesmo as negações e as
privações]. O sentido primário mais verdadeiro e estrito da
palavra substância, [conforme Aristóteles diz no livro das
Categorias], é aquilo que nunca se predica de outra coisa,
nem pode achar-se em um sujeito. Por exemplo, um homem
concreto, ou um cavalo concreto. [Primariamente, são as
substâncias que merecem propriamente o nome de entes. Mas,
como tudo o restante acima mencionado pode ser chamado de
uma certa forma de ente, deve-se então dizer que o ente,
isto é, aquilo que é, ou o ser, pode ser dito de muitas
maneiras].
[Para expor agora o que é a predicação analógica do ser],
deve-se primeiro dizer que o ente, ou aquilo que é, é dito
de muitas maneiras. Ora, algo pode ser predicado de
diversas coisas de múltiplas maneiras:
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A. Segundo uma razão completamente
idêntica. Esta é a predicação
unívoca, como quando animal é
predicado de cavalo ou de boi.
B. Segundo razões completamente
diversas. Esta é a predicação
equívoca, como quando animal se
predica de um homem e de um
retrato. A predicação é equívoca,
porque apenas apresentam em comum
o nome, mas a definição da
essência de cada caso é diferente.
C. Segundo uma razão parcialmente
diversa e parcialmente não
diversa. Isto é, diversas na
medida em que implicam diversos
hábitos, e não diversas na medida
em que estes diversos hábitos se
referem a uma única e mesma coisa.
Esta é dita a predicação
analógica, ou proporcional, porque
cada coisa, segundo o seu hábito,
se refere àquela única e mesma
coisa. Deve-se colocar também que
esta única coisa à qual os
diversos hábitos se referem não é
apenas una pela razão, mas é una
assim como uma única natureza.
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