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Se a verdade e a falsidade estivesse de modo
semelhante nas [coisas] presentes e futuras, seguir-se-ia que
tudo o que é verdadeiro do presente também seria verdadeiro
do futuro, segundo aquele mesmo modo pelo qual é verdadeiro
do presente.
Porém é determinadamente que agora é verdadeiro
dizer de algum singular que é branco.
Portanto, [se fosse de modo semelhante que a
verdade e a falsidade estivessem nas coisas futuras assim
como nas presentes, seguir-se-ia que] antes que este singular
se tornasse branco teria sido verdadeiro dizer que ele seria
branco. E a mesma razão parece existir tanto para um tempo
próximo como para outro remoto. De onde que se um dia antes
tivesse sido verdadeiro dizer que ele seria branco, seguir-
se-ia que sempre teria sido verdadeiro dizer de qualquer uma
das coisas que se fizeram que se fariam.
Ora, se for sempre verdade dizer do presente que
é, ou do futuro que será, não poderá esta [coisa] não ser ou
não vir a ser.
Seguir-se-á, portanto, destas premissas, que todas
as coisas que serão assim se tornarão necessariamente. De
onde se seguiria, ulteriormente, que nada [estaria inclinado]
a duas [possibilidades], nem nada [se daria] pelo acaso,
porque aquilo que ocorre pelo acaso não procede da
necessidade, mas na menor parte [das vezes]. Esta
conseqüência, porém, também é inconveniente, de onde que
deverá ser falsa a premissa, isto é, que de tudo o que é
verdadeiro seja também verdade dizer determinadamente que
haverá de ser.
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