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O Filósofo retorna à questão antes levantada sobre
se é melhor que governe o homem bom ou a lei. Diz ele que nas
ações políticas há algumas coisas que importa reservar ao
julgamento do governante, como o são aquelas coisas sobre as
quais a lei não pode determinar. Quanto ao que a lei pode
determinar é manifesto que nestas coisas é melhor que a lei
governe do que o príncipe, já que a lei é isenta de paixão,
pelas quais o apetite é pervertido e, por conseqüência,
também o julgamento da razão. Mas, como a lei é dada em
universal, algumas coisas podem ser abarcadas pela lei,
enquanto que outras são impossíveis que o sejam. O príncipe
julgará sobre as coisas que não podem ser ordenadas pela lei;
quanto ao que a lei determinou, o príncipe não julgará.
É manifesto, portanto, que a argumentação que o
Filósofo agora desenvolve não contradiz o fato de que a lei
deve governar no universal e o príncipe no particular. Não se
pode dizer corretamente que não convém que um homem bom
julgue sobre o que não é determinado pela lei, mas pode
dizer-se que não convém que seja um só, mas muitos. Assim
muitos julgarão otimamente, principalmente se são instruídos
segundo a lei.
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