4. Demonstra-se de quatro maneiras que as coisas leves e pesadas não movem a si mesmas.

[O primeiro argumento é o seguinte]. Mover a si mesmo pertence à natureza da vida e é próprio de coisas vivas. Mas é pelo movimento e pela sensação que nós distinguimos o animado do inanimado, conforme explicado no De Anima. Ora, é claro que estas coisas, [objetos leves e pesados], não são [seres] vivos ou animados. Portanto, eles não movem a si mesmos.

[O segundo argumento consiste em que] as coisas que movem a si mesmo também podem ser causa de seu repouso. Portanto, se as coisas leves e pesadas movem a si mesmo por movimento natural, elas deveriam ser capazes de parar a si mesmas. Mas nós vemos que isto é falso, porque tais coisas não estão em repouso fora de seus próprios lugares a menos que alguma coisa extrínseca impeça o seu movimento. Portanto, elas não movem a si mesmas.

[Como quarto argumento pode-se dizer que] nenhuma coisa contínua move a si mesmo, porque o movente está relacionado com o movido como o agente ao paciente. Quando, entretanto, o agente é contrário ao paciente, uma distinção é necessária entre o que naturalmente age e o que naturalmente é agido. Portanto, na medida em que algumas coisas não estão em contato com uma outra, mas são conjuntamente uma e contínua tanto na quantidade como na forma, um não pode atuar sobre o outro e vice versa. Assim, nenhuma coisa contínua move a si mesmo. Isto fica claro nos animais que movem a si mesmo, aonde existe um conjunto de partes ao invés de uma continuidade perfeita. Ora, acontece que os corpos leves e pesados são contínuos. Portanto, nenhum deles move a si mesmo.