15. Que nem toda deleitação corporal é boa.

Acerca das deleitações corporais, deve-se dizer que algumas são grandemente elegíveis, isto é, as que são naturalmente boas, enquanto que há outras que não são boas, que são as deleitações corporais acerca das quais alguém se torna intemperante. Isto acontece porque as deleitações corporais são boas, não absolutamente, mas até um certo ponto. [Esta distinção tem origem no seguinte:] como toda deleitação se segue a algum hábito e movimento ou operação, se deste hábito, movimento ou operação não pode haver superabundância do melhor, isto é, super excesso por bem, será necessário que nem da deleitação conseqüente pode haver excesso. Assim é que não podendo haver super excesso do melhor na operação da contemplação da verdade, porque quanto mais alguém contempla a verdade, tanto melhor será, daqui se segue que a deleitação que lhe segue é absolutamente boa, e não somente até uma certa medida. Se, porém, do hábito e movimento ou operação houver super excesso de melhor, assim também se dará com a deleitação conseqüente. Ora, é manifesto que acerca dos bens corporais pode haver superabundância do melhor, sendo sinal disto que alguém é dito mau por buscar a superabundância destes bens, ainda que com isto não cause dano a mais ninguém. De onde fica claro que a deleitação corporal é boa até uma certa medida, sua superabundância sendo má.