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Embora Faléias tivesse estabelecido alguma regra
para as possessões dos cidadãos entre si, que consistia em
que as posses de todos fossem iguais, não determinou porém
quanto deveria ser a posse de toda a cidade. A medida da
posse de toda a cidade deve ser tomada não apenas por
comparação à suficiência dos usos civis no que diz respeito
ao que pertence à moradia e às vestimentas dos cidadãos e
outras coisas semelhantes, mas também por comparação ao
perigo que pode advir do exterior [para toda a cidade]. [Sob
este aspecto] duas coisas devem ser consideradas sobre a
quantidade das posses da cidade. A primeira é que não seja
tão grande que os vizinhos mais poderosos sejam atiçados a
cobiçá-la, de tal modo que os cidadãos não possam sustentar o
mal que lhes será feito; a segunda é que não seja tão pequena
que não seja suficiente para ocupar-se para o esforço bélico
pelo qual os cidadãos possam resistir ais que lhes são iguais
e semelhantes.
O filósofo exemplifica estas considerações do
seguinte modo. Houve um certo príncipe chamado Antofradates,
que quis sitiar a cidade de Acarnéia. Um sábio chamado
Éubolo, bom conselheiro, conduziu o príncipe a que
considerasse quanto tempo seria necessário para sitiar a
cidade até que a pudesse capturar e simultaneamente com o
tempo calculasse também as despesas do sítio. Ao fim do
cômputo ambos concluíram que o lucro da tomada seria muito
menor do que o custo do sítio, o que fêz com que o príncipe
abandonasse a inciativa. Embora o príncipe tivesse consentido
com o sábio abandonando o cerco, não o teria feito com
certeza se a cidade possuísse maiores riquezas do que de fato
possuía. De onde que o termo médio das posses de uma cidade
é-lhe de muita utilidade. Faléias, omitindo-se em considerar
este assunto, parece ter ordenado insuficientemente a posse
de uma cidade.
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