5. Para completar a justificativa anterior, prova-se que o fim da matéria é a forma.

Para que algo seja o fim de um movimento contínuo, duas coisas são necessárias.

A. Que seja o término do último movimento.

B. Que seja aquilo por cuja causa se faz.

Que a forma é o último na geração é manifesto por si mesmo.

Que a forma é causa final da matéria, prova-se por semelhança com a arte.

Devemos considerar o seguinte:

A. Existe um tipo de arte que faz a matéria de maneira simples, como a do oleiro que faz os tijolos, que são a matéria da casa.

B. Existe outro tipo de arte que dispõe a matéria pré existente para a recepção da forma, por exemplo, a arte de construção do navio que prepara a madeira para receber a forma de navio.

C. Que nós somos a finalidade da arte, na medida em que nós usamos aquilo que a arte faz. E este uso também é uma arte, como por exemplo, a arte da navegação, que se utiliza do navio.

Portanto, existem duas artes que apresentam soberania sobre a matéria, que ditam regras à arte que faz a matéria simplesmente, e as quais julgam sobre a matéria.

A. Uma, que se utiliza das coisas artificiais;

B. outra, que faz as coisas artificiais, induzindo-lhes uma forma.

A arte usual julga e decide sobre a forma. A arte factiva julga e decide sobre a matéria.

Como exemplo, o navegador, que possui a arte da navegação, conhece, julga e decide qual deverá ser a forma do leme. O construtor do navio, conhece, julga e decide, por sua vez, qual deverá ser a matéria do leme.

Assim,

A. A arte que induz a forma governa a arte que dispõe a matéria.

B. A arte que utiliza a coisa artificial governa a arte que induz a forma.

De onde que se conclui que a matéria está para a forma, assim como a forma está para o uso.

Mas o uso é a causa final da coisa artificial. Portanto, a forma é a causa final da matéria.

E assim também, na natureza, a matéria se ordena à forma.