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O segundo modo pelo qual a potência [é
analogicamente] dita é o modo da potência passiva. A
potência passiva é o princípio pelo qual algo é movido por
outro, enquanto outro. Esta potência é reduzida à primeira
potência ativa, porque a paixão é causada pelo agente.
De um terceiro modo, a potência é dita de um
certo hábito de impassibilidade daquilo que é para pior, ou
seja, uma certa disposição pela qual algo não possa sofrer
transmutação para pior. Isto significa que algo não possa
padecer corrupção por outro enquanto outro, a saber, por um
princípio de transmutação que é princípio ativo.
Destes dois modos de potência, um é dito
potência por causa de um princípio pelo qual algo pode não
padecer. O outro é dito potência por causa de um princípio
pelo qual algo pode padecer. De onde se segue que como a
paixão depende da ação, é necessário que na definição de
ambos estes modos de potência seja colocada a definição de
potência primeira, que é a ativa. E assim estes dois modos
de potência são reduzidos ao primeiro, a saber, à potência
ativa, como a um anterior.
De um quarto modo a potência é dita não somente
por uma ordenação ao fazer e padecer, mas por uma ordenação
ao que é bem em ambos. Assim como quando dizemos que algo
[tem] potência para caminhar, não porque possa caminhar de
qualquer modo, mas porque pode caminhar bem. Da mesma
maneira, dizemos que uma madeira é combustível quando pode
ser facilmente queimada. A madeira, porém, que não pode
ser facilmente queimada, é dita incombustível. De onde fica
manifesto que nas definições destas potências, que são
ditas em relação ao bem agir e padecer, se incluem as
razões das potências primeiras, que são ditas simplesmente
[em relação] ao agir ou padecer: assim como no bem agir se
inclui o agir, e no bem padecer, o padecer.
Daqui se conclui que todos estes modos de
potência se reduzem a um primeiro, que é a potência ativa.
E assim fica patente que esta multiplicidade não é segundo
equivocação, mas segundo analogia.
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