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Também aqui não se pode afirmar que o passar da
primeira potência [à segunda, que no caso é o] ato da
ciência, [para o caso em questão do intelecto], seja padecer
e alterar-se.
[Pode-se admitir isso de um certo modo, porém, se]
se afirmar que existem dois modos de alteração:
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A. Segundo uma mutação em
disposições contrárias, [que é o
verdadeiro padecer e alterar-se],
ou
B. Segundo o serem recebidos
certos hábitos e formas, que são
perfeições da natureza.
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Ora, aquilo que aprende a ciência não se altera nem padece
pelo primeiro modo, mas sim pelo segundo].
[O filósofo passa a explicar como aquele que
aprende a ciência se altera pelo segundo modo]. [À primeira
vista isso pareceria falso, porque muitos passam à ciência
não da simples ignorância, mas de um conhecimento de algo
errôneo e contrário à verdade]. [A resposta a esta objeção
consiste em que], quando alguém passa do erro à ciência da
verdade, [está ocorrendo uma] certa semelhança com a
alteração que vai de contrário a contrário. Todavia, [trata-
se apenas de uma semelhança], pois [tal mudança] não é
verdadeira alteração. Isso porque as alterações que são de
contrário a contrário, o fazem assim de modo essencial, assim
como o embranquecimento não se faz senão exceto em direção ao
branco e a partir do negro ou de um termo médio que, em
relação ao branco, é de alguma forma negro. Mas, na aquisição
da ciência, aquilo que adquire a ciência da verdade pode às
vezes fazê-lo sem que esteja previamente em erro, de onde
fica patente que não é uma verdadeira alteração de contrário
em contrário.
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