4. É necessário colocar uma substância eterna para sustentar a eternidade do movimento.

Para sustentar a eternidade do movimento, é necessário colocar-se uma substância eterna sempre movente e agente.

Porém, para que o movimento seja eterno, não é suficiente existir uma [tal] substância motiva e efetiva eterna. Será necessário, [além disso], que [esta substância] seja sempre movente e agente em ato. Isto porque, se tivesse potência de mover e causar o movimento, não sendo assim agente em ato, não lhe seria necessário, se tivesse a potência de mover, que movesse em ato. De fato, sucede àquilo que tem potência de agir, que não aja. Ora, se assim fosse, o movimento não seria eterno. Para que, portanto, o movimento seja eterno, será necessário colocar alguma substância eterna movente e agente em ato.

[Além disso], não será também suficiente à eternidade do movimento, que a substância eterna aja, se estiver em potência segundo a sua substância, porque então o movimento não poderia ser eterno. Se, de fato, houvesse tal movente, em cuja substância entrasse potência, lhe aconteceria de não ser, porque àquilo que está em potência sucede que não seja. E por conseqüência, aconteceria que o movimento não seria, e assim o movimento não seria por necessidade e eterno. Desta maneira, portanto, concluímos que é necessário existir algum primeiro princípio do movimento tal que sua substância não esteja em potência, mas seja somente ato.

[Finalmente, vamos concluir] que tal substância terá que ser por necessidade imaterial. De tudo o que foi dito, segue-se que tais substâncias, que são princípios de movimentos eternos, tem que ser sem matéria necessariamente, porque a matéria é em potência.