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[Não há ou dissolve-se a amizade por defeito de
seu ato naqueles que estão separados há longo tempo, nos que
são velhos e severos e nos que não convivem mutuamente].
Se a ausência dos amigos entre si é prolongada,
fez-se o esquecimento da amizade precedente, como acontece
nos demais hábitos, que são debilitados e finalmente
[desaparecem] pela falta de costume no operar, já que o
hábito, que é adquirido pelo costume das obras, é [do mesmo
modo] conservado. Por isso que há um provérbio que diz que
muitas amizades são dissolvidas porque um dos amigos não
chama, não conversa e não convive com o outro.
Nem os velhos e nem os severos, isto é, os homens
austeros na palavra e na convivência, parecem ser aptos à
amizade, por causa de não serem aptos ao ato da amizade, que
é a convivência. De fato, pouco é encontrado neles de
deleitação, pelo que não podem facilmente conviver, porque
ninguém pode por longo tempo conviver com um homem que
contrista, ou com aquele que não deleita, já que maximamente
parece pertencer à natureza humana e dos outros animais que
fujam da tristeza e apeteçam a deleitação, que nada mais
parece ser do que a quietude do apetite no bem desejado.
Aqueles que mutuamente aceitam os costumes um do
outro, e em que um aceita a conversação com o outro, mas que,
todavia, por alguma causa, nunca convivem mutuamente, mais se
assemelham aos benévolos do que aos amigos, porque a amizade
requer o convívio durante algum tempo.
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