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Ninguém dirá razoavelmente que as pessoas nas
quais a natureza bestial é causa de deleitações inaturais
sejam incontinentes de modo simples. Isto porque foi dito
acima que os animais não são ditos continentes nem
incontinentes, porque não possuem opinião universal, mas
apenas fantasia e memória do singular. Ora, tais homens, que
por causa da natureza perniciosa são semelhantes aos animais,
possuem alguma apreensão universal, mas muito pequena, por
causa de que a razão está neles oprimida por causa da malícia
da complexão, assim como o está manifestamente oprimida nos
enfermos por causa da disposição corporal. Ora, aquilo que é
[tão] pequeno parece ser como [se] nada [fosse]. E por isso
tais homens não são ditos incontinentes de modo simples, nem
continentes, como por exemplo, se alguém possui junto a si
uma criança e tenha concupiscência de comê-la, e todavia não
o faz. Tais homens são ditos incontinentes ou continentes
somente segundo algo, na medida em que permanece neles algo
do julgamento da razão.
Aristóteles coloca aqui o exemplo das mulheres,
nas quais, em geral, a razão é pouca por causa da imperfeição
da natureza corporal. É por isto que, em geral, não conduzem
os seus afetos segundo a razão, sendo mais [elas próprias]
conduzidas pelos seus afetos, por causa do que raramente são
encontradas mulheres sábias e fortes. E por causa disso as
mulheres não podem ser ditas de modo simples continentes ou
incontinentes.
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