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Hipódamos quis que tanto os artífices quanto os
agricultores e os homens armados comunicassem na ordem da
cidade, mas de modo que os agricultores não tivessem armas,
mas tivessem terras e os artífices nem tivessem terras nem
armas. Ordenações deste tipo fazem com que os artífices o
mais das vezes se tornem servos daqueles que possuem armas,
por não possuírem nenhuma possessão própria, o que parece
pertencer à sua vileza. Ora, não é possível que estes homens
amem uma tal ordenação, de onde que se torna matéria de
sedição. Hipódamos, portanto, não ordenou convenientemente
acerca dos artífices.
Quanto aos guerreiros, é necessário que eles sejam
melhores, isto é, mais poderosos que as outras duas partes da
cidade, isto é, os agricultores e os artífices. Isto porque é
necessário que os guerreiros possam defender a cidade não
apenas contra os inimigos, mas também contra as sedições dos
cidadãos, o que não poderiam fazê-lo a não ser que fossem
mais poderosos. Ora, se os guerreiros excedem os demais pela
multidão, pela virtude e pela dignidade, não haveria
necessidade de que os artífices e os agricultores tivessem
parte no regime da cidade, e que a eles pertencesse a
instituição dos príncipes, porque isto sempre seria feito
segundo o arbítrio dos guerreiros. De onde que
inconvenientemente Hipódamos dividiu os guerreiros dos demais
cidadãos.
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