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Per se e de modo simples, fazer o injusto não é
outra coisa senão que alguém querendo faça dano, entendendo-
se neste querendo que saiba que esteja causando dano, como
esteja causando o dano, e outras circunstâncias assim.
É manifesto que o incontinente querendo causa dano
a si mesmo, na medida em que ele, querendo, opera aquilo que
ele sabe ser a si nocivo. Se, portanto, o padecer a injustiça
se segue ao fazer a injustiça, seguir-se-á que o incontinente
padecerá voluntariamente a injustiça [feita por] si mesmo.
De onde parece concluir-se que nem todo o padecer
injustiça é involuntário.
Sucede também que algumas pessoas, por
incontinência, sabendo e querendo são lesadas por outras,
como quando alguém, apaixonado por uma meretriz, permite ser
espoliado pela mesma. Portanto, parece acontecer que alguém
querendo, padeça a injustiça. Assim, nem todo o padecer
injustiça seria involuntário.
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