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Quem quer investigar de modo certo e conveniente
sobre a república ótima simplesmente considerada, e não
supostas [algumas circunstâncias], necessita considerar
primeiro qual é a vida elegibilíssima simplesmente
considerada, isto é, qual é a ação ótima simplesmente
considerada.
Chama-se vida, de um primeiro modo, aquilo que é
princípio de movimento per se. Segundo [este sentido] diz-se
que a alma e a vida são o mesmo.
De um segundo modo, chama-se vida a operação
procedente deste princípio intrínseco, assim como quando
dizemos que sentir e inteligir são uma certa vida. Segundo
[este sentido] a vida eligibilíssima do homem é a sua ação
ótima segundo a mais excelente potência da alma.
A razão [pela qual para investigar qual é a
república ótima é necessário considerar primeiro qual seja a
vida elegibilíssima] é a seguir apontada pelo Filósofo. Se
não for manifesto qual é a operação ótima do homem de modo
simples, não será manifesto qual é a ótima república de modo
simples, porque os que vivem otimamente na república
necessariamente devem alcançar a vida ótima ou a ação ótima
[do homem], seja esta considerada de modo simples, enquanto
considerada segundo a exigência das disposições dos que vivem
[na cidade], segundo a diversidade das quais é necessário que
a ação ou fim se diversifica, assim como a ação ótima do
artífice é necessário que se diversifique por causa da
diversidade da matéria sobre a qual opera.
Portanto, querendo-se considerar sobre a república
ótima, é necessário pré considerar, conforme é manifesto,
qual é a vida ótima ou também a ação elegibilíssima para
todos os homens. A força do argumento do Filósofo consiste em
que, para conhecer cada coisa, é necessário pré conhecer
aquelas outras a partir das quais a razão daquela é tomada
per se. De fato, é por esta última, [isto é, a razão de
algo], que se conhece cada coisa. Ora, a razão da república
ótima é tomada do fim ótimo do homem, assim como
universalmente a razão dos operáveis é tomada da razão do
fim. Porém o fim da república ótima é o fim ótimo do homem,
porque a república não é outra coisa do que a ordem da
cidade, conforme explicado no terceiro desta Política. A
razão da ordem, entretanto, é tomada do fim, de onde se segue
que, para o conhecimento da república ótima, é necessário
preconhecer qual seja o fim ou a ação ótima do homem.
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