7. Que a iliberalidade é mais grave do que a prodigalidade.

O primeiro motivo pelo qual a iliberalidade é mais grave do que a prodigalidade está em que a prodigalidade não pode aumentar muito e é facilmente curável pelo fato que as riquezas abandonam com rapidez as pessoas que dão indiscretamente. A própria pobreza que se segue à doação supérflua do pródigo impede o pródigo de dar, tanto pela própria impossibilidade de dar como pela experiência do [ erro]. Além disso, a prodigalidade é facilmente curável pela idade, porque quanto mais alguém se aproxima da velhice, mais se inclina a reter do que dar. Assim, já que o vício que não [pode] aumentar muito, mas é facilmente curado, é menos grave, daqui se segue que o pródigo é não pouco melhor do que o iliberal.

O segundo motivo [pelo qual devemos julgar a prodigalidade menos grave do que a iliberalidade] está na semelhança da prodigalidade com a liberalidade. O pródigo pode ser facilmente reduzido ao termo médio da virtude por causa da [semelhança] que tem com o liberal. O pródigo possui aquilo que o liberal possui, isto é, o dar com liberdade, e o não facilmente receber. Difere, porém, do liberal, porque o pródigo não faz [o mesmo] na medida conveniente e segundo a reta razão. Não há defeito no pródigo segundo o que propriamente pertence à virtude moral, que está relacionada diretamente com a potência apetitiva. De fato, que alguém seja superabundante no dar e no não receber, não pertence a uma corrupção do apetite, nem a um defeito de virilidade da alma. Pertence, outrossim, a uma certa loucura, de tal maneira que a prodigalidade não tanto pertence à malícia moral, que diz respeito a uma inclinação do apetite ao mal, do que a um defeito da razão.