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As operações diferem entre si segundo a virtude e
a malícia, de modo que algumas operações são elegíveis como
operações virtuosas, outras são para se fugir como operações
viciosas, e outras ainda segundo sua espécie de nenhum destes
dois modos são, já que podem a ambos ser trazidos. Assim
também acontece acerca das deleitações. Como para cada
operação há alguma deleitação própria, como foi explicado
acima, a deleitação que é própria da operação virtuosa é boa,
enquanto que a que é própria da operação viciosa é má.
[O mesmo pode ser demonstrado a partir das
concupiscências]. As concupiscências pelas quais [cobiçamos]
certos bens, isto é, os bens honestos, são louváveis, como
por exemplo se alguém tem concupiscência de agir de modo
justo ou com fortaleza. Já as concupiscências de coisas
torpes são vituperáveis, como por exemplo, se alguém tem
concupiscência de roubar ou adulterar. É manifesto, porém,
que as deleitações pelas quais nos deleitamos nas operações
próprias são mais próprias e próximas a estas operações do
que as concupiscências pelas quais [cobiçamos] a estas
operações. De fato, há duas coisas segundo as quais a
concupiscência difere das operações, segundo as quais,
[entretanto], a deleitação não difere das operações.
Primeiro, segundo o tempo, porque nós temos concupiscência de
operar algo antes que operemos este algo. Segundo, segundo a
natureza, porque a operação é ato do perfeito, e a
concupiscência é do imperfeito e do que ainda não se tem. Mas
as deleitações são [mais] próximas às operações, porque ambas
são de algo perfeito, e não diferem segundo o tempo, porque
se alguém ainda não opera, em tal operação não se deleitará,
porque a deleitação o é da coisa presente, enquanto que a
concupiscência o é da coisa futura. E a deleitação é tão
próxima da operação que [até] parece ser dubitável que a
operação não seja o mesmo que a deleitação, [o que será
discutido logo a seguir]. [Assim, portanto, se as
concupiscências diferem entre si em bondade e malícia segundo
diferem as operações, com muito mais razão diferirão entre si
em bondade e malícia as deleitações, por serem muito próximas
e próprias à operação do que as concupiscências]. De onde se
conclui que assim como as operações diferem segundo a virtude
e malícia, assim também as deleitações.
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