10. Resposta a uma primeira objeção.

Poder-se-ia negar que a natureza agisse tendo em vista a um fim, porque muitas vezes é visto outra coisa acontecer, como os monstros, que são pecados da natureza.

[Responde-se a esta objeção dizendo que] a arte age tendo em vista a um fim, e todavia nas coisas que se fazem pela arte ocorrem erros, como quando o gramático não escreve corretamente ou um médico receita um remédio errado.

Se a arte, todavia, não operasse tendo em vista a um fim, qualquer coisa operada pela arte não resultaria num erro, porque a operação da arte se situaria de maneira idêntica frente a qualquer coisa.

Portanto, o próprio fato de que na arte ocorrem erros, é sinal de que a arte opera tendo em vista a um fim.

Assim também ocorre nas coisas naturais.

Os monstros são erros da natureza na medida em que lhes faltou a correta operação da natureza. E o próprio fato de que na natureza ocorrem estes erros, é sinal de que a natureza age tendo em vista a um fim.

E se estes monstros não se conservam na natureza, não o é porque a natureza não os queira conservar, mas porque não os pode salvar. Eles não foram gerados segundo a natureza, mas foram corrompidos por algum princípio natural.