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As amizades que são entre pessoas desiguais
diferem entre si pela espécie [de duas maneiras]. [De uma]
primeira [maneira], segundo as diversas relações de
superabundância, [por onde] que é diversa pela espécie a
amizade do pai para com o filho e do imperante aos súditos
sobre os quais impera. [De uma] segunda [maneira], segundo as
diversas relações entre o excedente e o excedido, [por onde]
que não é a mesma pela espécie a amizade do pai para com o
filho e do filho para com o pai, e nem do marido para com a
esposa e da esposa para com o marido, [o que pode demonstrar-
se do seguinte modo]. Sendo a amizade dita segundo o hábito e
segundo o ato, é necessário que em qualquer amigo exista
alguma virtude habitual para a execução do que pertence à
amizade, e também da própria obra da amizade. Ora, é evidente
em cada um dos exemplos citados que não é idêntica a obra do
pai para com o filho, do marido para com a amulher, o também
do filho para com o pai. De onde que se segue não tratar-se
da mesma virtude. Portanto, também serão diversas amizades.
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