8. Resumo e observação final sobre a possibilidade do intelecto humano atingir as substâncias simples.

A verdade e a falsidade são ditas de um primeiro modo nas coisas compostas, a saber, verdade se o intelecto compõe aquilo que na coisa se compõe, e falsidade se o intelecto compõe aquilo que na coisa não se compõe. De um segundo modo, nas coisas simples, a verdade [consiste] em que aquilo que é verdadeiramente ente, isto é, que é a própria essência, é assim conforme inteligido. [Em caso contrário, porém], não ocorrerá falsidade nem engano, mas apenas ignorância. Porque se o intelecto não atinge a essência [das coisas simples], ignorará por completo a esta coisa. Nas coisas compostas, entretanto, alguém poderá conhecer algo delas, e [ao mesmo tempo] enganar-se acerca de outras das suas propriedades.

Aristóteles acrescenta de que tipo de ignorância está tratando, ao dizer que esta ignorância não é uma privação como a cegueira, que é a privação da potência visiva. Esta ignorância seria semelhante à cegueira, se alguém não tivesse força intelectiva para atingir as substâncias simples. De onde fica patente que, segundo a sentença de Aristóteles, o intelecto humano pode chegar a inteligir as substâncias simples. Esta questão tinha ficado em aberto no terceiro livro do De Anima.