4. Comentário do compilador referente a uma possível objeção proveniente da Física moderna. Procura-se responder como possivelmente Aristóteles teria respondido.

[Um possível contra exemplo à não existência de um movente de si mesmo no qual as partes se moveriam reciprocamente uma à outra que facilmente se apresentaria à mente de um estudante de Física Moderna seria o sistema em que dois corpos celestes se movem orbitando um em torno do outro].

[Dados dois corpos A e B que orbitam um em torno do outro, segundo a Mecânica Newtoniana o corpo A atrai o corpo B pela força da gravidade e por causa dessa força B gira em torno de A. Por outro lado, o corpo A gira também orbita em torno do corpo B por causa da força de mesmo gênero que o corpo B exerce sobre o corpo A. Assim, os dois corpos se movem reciprocamente].

[Independentemente do fato de que a lei da gravitação é apenas um modelo matemático e não uma realidade efetivamente constatável, pois o que verdadeiramente pode ser observado é a existência de uma tendência de um corpo cair sobre o outro e não a de uma força gravitacional, a qual é uma mera hipótese matemática útil para cálculos de previsão de comportamento, pode entender-se facilmente que, mesmo colocadas a questão nestes termos, o corpo A moveria o corpo B e o corpo B moveria o corpo A, mas não segundo o mesmo movimento. Ora, o que o Filósofo quer excluir não é que o corpo A possa mover o corpo B segundo um movimento e o corpo B possa mover o corpo A , segundo um movimento distinto, mas que o corpo A, movendo o corpo B, não possa receber de B o própria atualização para que possa mover B. Neste sentido, nos termos da Física Newtoniana, se A atrai B, não pode receber de B, enquanto movido por A, a própria capacidade de movê-lo. Algo externo deve atualizar A a atrair B. Isto vem de encontro à observação de Aristóteles de que quando o corpo B cai por gravidade sobre um corpo A o motor de B é aquilo que conferiu a qualidade que B tem que possuir para que ele tenha o impulso para cair. Segundo a Mecânica Newtoniana, o motor que confere a B a propriedade de cair é um campo gravitacional criado pelo corpo A; segundo a Mecânica Relativística, uma distorção do espaço causada pelo corpo A. Ambas estas teorias afirmam que o corpo A é causa deste campo ou distorção; o que o Filósofo quereria dizer, nestes casos, é que B não poderia ser a causa de que A cause o campo ou a distorção que move o próprio B. Se B, portanto, por um efeito de mesmo gênero, também move B, não está movendo a causa que move A, mas o corpo em que se situaria esta causa].