4. Não pode haver nem movimento nem repouso no "agora". Primeira parte.

[Nada pode ser movido no "agora"]. Se pudesse existir movimento no "agora", então naquele "agora" dois objetos móveis, um mais rápido e outro mais lento, poderiam ser movidos. Assim, suponha o "agora" ser M, e o corpo mais rápido ser movido através da magnitude AB em M. Mas em um tempo igual o corpo mais lento seria movido através de uma magnitude menor AC. Mas o corpo mais rápido atravessará essa magnitude AC menor num tempo menor. Portanto, seguir-se-ia que o "agora" é dividido. Mas o "agora" é indivisível. Portanto, nada pode ser movido no "agora".

[Nada também pode estar em repouso no "agora"] Uma coisa está em repouso quando pode ser movida por natureza mas não é movida quando, como e em relação ao que é natural para ela ser movida. [Porque se fosse de outra forma, não se trataria de repouso, mas de imobilidade]. Mas já foi demonstrado que nada é movido naturalmente no "agora". Assim, é claro que nada está em repouso no "agora".

[Pode-se mostrar também que nada pode estar em repouso no "agora" porque] Uma coisa está em repouso quando, em relação tanto ao seu todo e suas partes, é o mesmo tanto agora quanto o era previamente. Uma coisa está em movimento quando, em relação tanto ao seu todo como a suas partes, é diferente agora do que era previamente. Mas no "agora" não existe previamente. Portanto, nada está em repouso no "agora".

[Conclui-se, portanto, que] tudo o que é movido e tudo o que está em repouso é movido ou está em repouso no tempo, [e não no "agora"].