|
O Filósofo afirma que as enunciações podem ser
unas absolutamente, [isto é, de modo simples], ou unas
segundo algo, isto é, por conjunção.
Para entender isto deve-se considerar que, segundo
Boécio, a unidade e a pluralidade de uma oração se refere ao
significado; a simplicidade ou a composição de uma oração,
porém, se refere às suas vozes.
[Neste sentido, a oração será una ou múltipla
segundo a unidade ou pluralidade de seu significado; sendo
una, será una de modo simples ou por composição segundo a
pluralidade de suas vozes].
Assim, a enunciação será una e simples, [ou una de
modo simples], quando se compões apenas de nome e verbo em um
único significado, como quando se diz "o homem é branco".
A enunciação será una mas composta, [ou una por
conjunção], quando significa uma única coisa, mas composta ou
por muitos termos, como quando se diz "o animal racional
mortal corre", ou por muitas enunciações, como ocorre nas
condicionais, que significam uma só coisa e não muitas.
[As enunciações não serão unas, porém], havendo
nelas tanto pluralidade como composição, quando se colocam
muitas coisas no sujeito ou no predicado com as quais não se
faça uma unidade, como ao dizer: "O homem branco músico
discute". O mesmo ocorre quando se juntam diversas
enunciações, unidas entre si com ou sem conjunções, como ao
dizer: "Sócrates corre, Platão discute".
As enunciações, finalmente, poderão também não
possuir unidade, apesar de sua simplicidade, quando em uma
oração é colocado algum nome que [simultaneamente] signifique
muitas coisas, [de modo que a enunciação, apesar da ausência
de composição das vozes, possui efetivamente uma pluralidade
de significados e não possa, por isso, ser dita una].
|
|