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Os homens maus não podem conviver consigo mesmo
voltando-se para o seu coração, mas buscam outros com os
quais possam demorar-se, falando e cooperando com eles
segundo palavras e fatos exteriores. E isto porque
imediatamente ao cogitar consigo de si mesmos recordam muitos
e graves males que cometeram no passado e presumem que farão
[outros] semelhantes no futuro, que lhes é doloroso. Mas
quando estão com outros homens, derramam-se às coisas
exteriores, esquecendo-se de seus males.
Tais homens nem se coalegram nem se condóem
consigo mesmo. De fato, a alma deles está numa certa luta
contra si mesma, na medida em que a parte sensitiva repugna à
razão. Assim, de uma parte este homem se dói se se afasta dos
deleitáveis por causa da malícia nele dominante, que causa
tal tristeza na parte sensitiva. De outra parte se deleita
segundo a razão que julga que o que é mal deve ser evitado.
Deste modo, uma parte da alma traz o homem mau a uma parte,
enquanto outra parte o traz à parte contrária, como se a sua
alma estivesse esquartejada em diversas partes e se opusesse
contra si mesma.
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