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De uma primeira maneira, natureza é dita ser a
geração dos seres viventes. A geração dos seres não viventes
não pode ser dita natureza segundo o uso comum deste
vocábulo, mas apenas a geração dos viventes.
Pelo fato de que por um primeiro modo a natividade
é dita natureza, segue-se o segundo modo, pelo qual o
princípio da geração segundo o qual algo é gerado como um
princípio intrínseco é dito natureza.
Segundo a semelhança da natividade aos demais
movimentos, diz-se natureza de um terceiro modo o princípio
de movimento em qualquer ente segundo a natureza, que esteja
[neste ente] enquanto tal, e não por acidente.
Segundo o terceiro modo, o princípio de movimento
das coisas naturais é dito natureza. Ora, pareceu a alguns
que o princípio de movimento das coisas naturais fosse a
matéria, de onde se seguia que diziam que a matéria seria a
natureza. Porque seria o princípio da coisa quanto ao ser e
quanto ao tornar-se. E como estes filósofos pensavam que a
matéria e a forma existiam nas coisas naturais de uma maneira
semelhante à maneira como elas existem nas coisas
artificiais, nas quais a forma é acidente e somente a matéria
é substância, visto que as disposições da forma não
permanecem na geração, introduzindo-se uma forma quando sai a
outra. Por causa disso a forma parecia ser um acidente, e
somente a matéria era dita substância e natureza.
[Mas] porque o movimento das coisas naturais mais
é causado pela forma do que pela matéria, por isso, de um
quinto modo, a forma é dita natureza. Por esta quinta forma,
a natureza é dita da própria substância, isto é, a forma das
coisas existentes segundo a natureza. Os filósofos que
colocaram a forma ser natureza eram induzidos pela seguinte
razão, porque as coisas que são e se fazem naturalmente são
ditas ter natureza, existindo a matéria pela qual são [aptas]
a tornar se ou a ser, a não ser que tenham espécie própria e
a forma, pela qual se segue a espécie.
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