5. O homem é naturalmente um animal civil.

Da conclusão a que chegamos, isto é, que a cidade pertence às coisas que são segundo a natureza, [pode-se deduzir esta outra, isto é, que o homem é por natureza um animal civil]. Pois se a cidade não é senão uma reunião de homens, segue-se que o homem é um animal naturalmente civil.

Disto alguém poderia duvidar porque as coisas que são segundo a natureza estão presentes em todos. Porém não são todos os homens que são encontrados habitando em cidades. Para excluir esta dúvida, o Filósofo diz em seguida que alguns não são civis por causa da sorte, por terem sido expulsos da cidade, ou por terem sido obrigados, pela pobreza, a cultivar os campos ou apascentar animais. É evidente que isto não é contrário à afirmação de que o homem é um animal naturalmente civil, porque outras coisas naturais às vezes falham por causa da sorte. É isto o que sucede quando alguém tem a mão amputada ou é privado de um olho. Se, porém, ocorrer que algum homem não seja civil por causa de sua natureza, isto ou será algo nefasto, por ocorrer por causa de uma corrupção da natureza humana, ou este homem será alguém superior aos demais homens, na medida em que possui uma natureza mais perfeita que os demais homens em geral, de tal modo que possa bastar a si próprio sem a sociedade humana, assim como ocorreu com João Batista ou com Santo Antão o eremita.