2. A virtude da verdade.

[Aristóteles pretende agora explicar o que é o homem verídico]. Entendemos [aqui por homem verídico] não aquele que diz a verdade nas confissões judiciais, como por exemplo, quando alguém interrogado por algum juiz confessa a verdade, nem também aquele que diz a verdade em qualquer coisa pertencente à justiça. Isto, de fato, pertence a outra virtude, a da justiça. Por homem verídico queremos dizer aquele que em vida e em suas palavras diz a verdade por disposição de hábito, em coisas que não apresentam diferença quanto à justiça e à injustiça, que mostra a verdade não para observar a justiça, mas por causa da aptidão que tem para dizer a verdade. Ele ama a verdade e o verdadeiro também nas coisas nas quais não existe muita relação com o prejudicar ou [o promover os outros], e muito mais nas coisas em que dizer o verdadeiro ou o falso faz alguma diferença no prejudicar ou ajudar os outros. Isto porque a virtude da verdade abomina a mentira segundo se como algo torpe, e não somente na medida em que prejudica os outros. E se às vezes é difícil dizer a verdade no ponto, mais se inclinará para o menos do que para o mais.