21. Como devem ser tomadas as diferenças nas definições de gênero e diversas diferenças.

Nas definições em que há muitas diferenças, é necessário não somente dividir o gênero pela diferença, como também dividir a diferença primeira pela diferença segunda. Por exemplo, uma diferença de animal é a pedalidade, segundo a qual o animal é dito ter pés. Mas, como esta diferença é encontrada de múltiplas maneiras, será necessário saber a diferença do animal que tem pés. Esta diferença deverá ser tomada [para o animal que tem pés] enquanto tem pés, isto é, deverá ser tomada per se e não por acidente.

Como para o animal que tem pés é um acidente ter asas, não deve ser dito, se o homem corretamente deseja dividir a diferença, que os animais que têm pés se dividem em alados e não alados. Às vezes, todavia, ao dividir as diferenças, fazemos isto, a saber, as dividimos pelo que é por acidente, porque as diferenças próprias e per se não podem, [por algum motivo], ser encontradas. Às vezes, de fato, a necessidade impele a que usemos, em lugar das diferenças per se, as diferenças por acidente, na medida em que são sinais de algumas diferenças essenciais para nós desconhecidas.

O modo correto de dividir a diferença "que tem pés" é, por exemplo, o seguinte: que alguns animais têm pés fendidos e outros, pés não fendidos. [De fato], o "tendo pés fendidos" divide per se a diferença que é "que tem pés". [Isto porque] a fissura do pé é algo contido debaixo disto que é o ter pés, e ambos se encontram mutuamente entre si assim como o determinado para com o indeterminado.

Concluímos, portanto, que sempre assim é que se deverá proceder na divisão das diferenças, [isto é, dividindo sempre a diferença primeira pelo que é diferença segunda tomada per se], até que assim dividindo se chegue àquilo que é a última diferença, que não possa ser dividida posteriormente em outras diferenças. E, desta maneira, tantas serão as espécies de pés quantas forem as diferenças.