12. Resposta aos argumentos anteriormente apresentados.

[Ao argumento do incontinente que causa dano a si mesmo deve-se responder que] ninguém quer por completa vontade padecer o injusto, nem também o incontinente. O incontinente opera o que é nocivo para si para além de sua vontade. De fato, ele tem per se a vontade do bem, mas pela concupiscência é trazido ao mal. E isto se demonstra pelo fato que, como a vontade o é do bem aparente, ninguém quer aquilo que não julga ser bom. O incontinente, quando não está dominado pela paixão, não julga ser bom o que faz, de onde que, de modo absoluto, não quer aquilo, operando, todavia, aquilo que ele julga não dever operar, por causa da concupiscência que está no apetite sensitivo.

[Ao argumento do apaixonado pela meretriz que se deixa espoliolar deve-se dizer que] falando per se, não padece o injusto aquele que querendo dá do que é seu. Tal pessoa não padece o injusto pelo fato que está em poder do homem que ele dê do que é seu, enquanto que padecer o injusto não está em poder daquele que padece o injusto, sendo necessário existir alguém que faça o injusto. Por isso, portanto, padecer o injusto é involuntário, fazer o injusto é voluntário, porque o princípio da ação está no agente, o que pertence à natureza do voluntário, enquanto que o princípio da paixão não está no paciente, mas em outro, e isto pertence à natureza do involuntário.