9. Se o julgamento pertence à virtude da justiça ou às forças cognoscitivas do homem [IIa/IIae q.60 a.1].

[O julgamento é ato da virtude da justiça]. O julgamento propriamente designa o ato do juiz enquanto juiz. Ora, a palavra juiz, em latim, "iudex", vem de "ius dicens", isto é, "o que diz o direito". O direito, porém, é objeto da justiça, como explicado no início deste livro. Por isso, o julgamento implica, segundo a acepção primária deste nome, a definição ou a determinação do justo ou do direito. Ora, que alguém defina algo corretamente nas obras virtuosas procede do hábito da virtude, assim como o casto [é quem] corretamente determina o que pertence à castidade. Por isso, o julgamento, que importa na correta determinação do que é justo, propriamente pertence à justiça. É daqui que Aristóteles diz que "os homens se refugiam ao juiz assim como a uma justiça [personificada]".