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De toda esta [argumentação] fica manifesto que
Aristóteles firmemente opinou e acreditou que o movimento
necessariamente fosse eterno e de modo semelhante [também]
o tempo. Todavia, deve-se saber que as razões por ele
induzidas no oitavo livro da Física, a partir das quais ele
aqui prossegue, não são demonstrativas de modo simples, mas
razões prováveis. É manifesto que a razão que ele aqui
colocou para demonstrar a eternidade do tempo não é
demonstrativa. De fato, se colocássemos que o tempo
começasse, [somente se poderia falar de algo que lhe fosse
anterior como algo imaginado]. [Non enim, si ponimus tempus
quandoque incepisse, oportet ponere prius nisi quid
imaginatum]. Assim como além do céu não [há] que se colocar
um lugar, assim não é necessário que o tempo [exista] antes
que comece ou depois que cesse, posto que antes e depois
signifiquem tempo.
[Entretanto, o que é dito sobre a eternidade e
imaterialidade da primeira substância se segue por
necessidade].
Apesar das razões que provam a eternidade do
movimento e do tempo não serem demonstrativas e
concludentes por necessidade, todavia as [coisas] que são
provadas acerca da eternidade e imaterialidade da primeira
substância se seguem por necessidade. Porque se o mundo não
fosse eterno, seria necessário que tivesse sido produzido
no ser por algo pré-existente. E se este [pré-existente]
não fosse eterno, teria [por sua vez] que ter sido
produzido por algum [outro]. Ora, como não se pode nisto
proceder até o infinito, como foi provado no segundo livro
da Metafísica, torna-se necessário colocar alguma
substância eterna, em cuja substância não houvesse
potência, e por conseqüência, fosse imaterial.
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