LIVRO II

I. A CIDADE PERFEITA SEGUNDO SÓCRATES E PLATÃO


1. Introdução e propósito do Livro Segundo.

Depois que o Filósofo determinou no primeiro livro sobre as coisas que pertencem à casa, as quais são certos elementos da cidade, agora passa a determinar sobre a própria cidade.

Em primeiro lugar, trata das coisas que foram ditas pelos outros sobre a comunicação política, [o que será feito neste Livro Segundo da Política]. Em seguida, no Livro Terceiro, passa a determinar acerca destas mesmas coisas segundo a sua própria sentença.

O Filósofo explica a sua intenção dizendo que seu principal objetivo é a consideração da comunicação política, para que saibamos qual é o modo da conversação política que é ótimo. Para conseguir isto, é necessário considerar as políticas, isto é, as ordenações das cidades que nos foram transmitidas pelos outros, sejam elas as ordenações pelas quais algumas cidades são louvadas por serem bem regidas pelas leis, sejam aquelas que nos são transmitidas por outros filósofos ou sábios que parecem ser corretas. Tudo isto é necessário que consideremos para que fique manifesto o que é reto e útil na conversação e no regime de uma cidade. Pela comparação de muitas, mais pode ficar claro o que é melhor e mais útil. Primeiro consideraremos as ordenações das cidades que nos foram transmitidas por alguns sábios; depois consideraremos também as coisas que podem ser observadas em algumas cidades que vivem ordenadamente.

No que diz respeito às considerações dos sábios e dos filósofos, consideraremos primeiro o que a este respeito nos transmitiram Sócrates e Platão, seu discípulo. Depois aquilo que sobre a ordenação da cidade nos transmitiu Faléias e, finalmente, as ordenações de Hipódamus.