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Após ter mostrado que o justo é um termo médio,
Aristóteles mostra em seguida que a [virtude] da justiça é
também um termo médio, [mas não como as demais virtudes
morais, que são termo médio entre duas malícias].
[Que a virtude da justiça é um termo médio pode
ser mostrado do seguinte modo]. De tudo o que já foi dito, é
manifesto que a operação justa, que é a operação da [virtude
da] justiça, é um termo médio entre fazer o injusto e padecer
o injusto, dos quais fazer o injusto é ter mais do que é a si
devido, e padecer o injusto é ter menos do que a si é devido
por ser disto privado por alguém. O ato da justiça, porém, é
fazer o igual, que é o termo médio entre o mais e o menos. De
onde fica manifesto que a operação justa é um termo médio
entre fazer o injusto e padecer o injusto.
[Mas a virtude da justiça não é termo médio entre
duas malícias]. A [virtude da] justiça não é um termo médio
do mesmo modo que as demais virtudes morais, que são termo
médio entre duas malícias, como por exemplo, a liberalidade,
que é termo médio entre a iliberalidade e a prodigalidade. A
[virtude da] justiça não é termo médio entre duas malícias. O
seu ato é um termo médio entre fazer o injusto e padecer o
injusto, dos quais fazer o injusto pertence à malícia, que é
a injustiça, mas padecer o injusto não pertence a nenhuma
malícia, sendo mais uma pena.
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