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[O ato da liberalidade é o uso do dinheiro]. Que o
ato da liberalidade é o bom uso do dinheiro pode ser mostrado
da seguinte maneira. Em tudo o que é útil para alguma coisa,
acontece poder ser bem ou mal usado. Ora, as riquezas são
procuradas na medida em que são úteis para alguma coisa.
Portanto, acontecerá que elas sejam usadas bem ou mal. Mas se
a algumas coisas acontece serem usadas, o bom uso destas
coisas pertencerá à virtude que é acerca destas coisas.
Portanto, concluímos que o bom uso do dinheiro pertence à
liberalidade que, conforme anteriormente dito, é acerca do
dinheiro.
O uso do dinheiro consiste na despesa ou no dar
este dinheiro. Receber ou guardar dinheiro não é usar
dinheiro, mas é possuí-lo. De onde se conclui que mais
pertence ao liberal dar dinheiro a quem convém, que é bem
usá-lo, do que recebê-lo quando convém e não recebê-lo quando
não convém.
[A seguir o filósofo coloca uma razão pela qual
mostra que mais pertence à liberalidade bem dar do que bem
receber]. [De modo geral] mais pertence à virtude fazer
benefício do que bem padecer, porque fazer benefício é melhor
e mais difícil. Assim também mais pertence à virtude bem
operar do que abster-se da operação torpe. Ora, [passando ao
caso particular da virtude da liberalidade], é evidente que
pelo fato de alguém dar, faz benefício e bem opera. Já ao
receber pertence ou o bem padecer, se alguém recebe onde
convém, ou o [abster-se da operação] torpe, se alguém não
recebe onde não convém. Portanto, daqui se conclui que mais
pertence à virtude da liberalidade o bem dar do que o bem
receber ou o abster-se do mau recebimento.
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