15. Manifesta-se através de um outro sinal mais evidente que as deleitações diferem entre si segundo as operações.

Aquilo que foi dito acerca da diferença das deleitações segundo as operações fica ainda mais evidente pelo fato que as operações são impedidas pelas deleitações provenientes de outras operações. Por este fato fica ainda mais manifesto que as deleitações diferem entre si segundo as operações, porque o fato mencionado precedentemente, isto é, que as deleitações aumentam as operações, poderia ser atribuído à [natureza] comum da deleitação, e não à [natureza] própria [da deleitação], segundo a qual diferem as deleitações entre si. Entretanto, torna-se manifesto que as deleitações diferem pela espécie, na medida em que encontramos que a deleitação própria aumenta a operação e a [deleitação] estranha a impede.

De fato, vemos que aqueles que são amantes do som das flautas não podem prestar atenção aos discursos que lhes são ditos quando ouvem alguém tocando flauta, pelo fato de mais deleitarem-se na operação da arte da flauta do que na operação presente, isto é, na audição dos discursos a si ditos. E assim é evidente que a deleitação que se faz segundo a operação da arte da flauta corrompe as operações segundo os discursos. De fato, é manifesto que a operação mais deleitável exclui a outra na medida em que, se houver uma grande diferença no excesso da deleitação, o homem totalmente omitirá operar segundo a operação que lhe é menos deleitável. Daqui é que quando veementemente nos deleitamos em alguma coisa, nada mais podemos operar. Mas quando algo nos apraz pouco ou frouxamente, podemos também alguma outra coisa fazer, como é evidente naqueles que se deleitam nos teatros, isto é, nos espetáculos dos jogos, que podem se [entreter] comendo legumes, o que não é muito deleitável.

Porque, portanto, [por um lado], a deleitação própria confirma as operações das quais se segue, de modo a que o homem mais veementemente a elas se aplique, e as torna de mais longa duração, de modo que o homem persevera mais nelas, e as torna melhores, isto é, mais perfeitamente alcançantes de [seu] fim; [enquanto que por outro lado], as deleitações estranhas, isto é, as que se seguem a outras operações, lhe causa dano, segue-se manifestamente que as manifestações muito diferem entre si, porque aquilo que uma deleitação ajuda, a outra impede.