9. Objeção contra a argumentação Aristotélica de que o tempo é eterno.

O argumento de Aristóteles parece ser falso, porque o "agora" se relaciona com o tempo assim como o ponto se relaciona com a linha. Mas a natureza de um ponto não é tal que ele seja um intermediário. Ao contrário, existem pontos que são somente o início de uma linha e outros pontos que são somente o fim de uma linha. Somente acontecerá que todo ponto será início e fim na medida em que sejam parte de uma linha infinita.

Se uma linha fosse infinita, poder-se-ia daí demonstrar que todo ponto é um início e um fim. Portanto, se parece que todo "agora" é um início e um fim, isso não é verdadeiro, a menos que se conceda que o tempo é eterno.

Parece, então, que assumindo isto, Aristóteles pressupõe a eternidade do tempo que ele quer provar.

[Como resposta a esta objeção], devemos reinterpretar o argumento de Aristóteles que afirma que todo "agora" é um início e um fim.

[Que todo "agora" é um início e um fim não deriva do tempo ser infinito, mas] do fato de que não existe antes e depois, a menos que exista o tempo.

[Isso pode ser explicado da maneira seguinte].

Conceda-se que algum "agora" seja o início de algum tempo.

É claro que o início do tempo é aquilo antes do qual não existe tempo.

Então, existe algo "antes" do que esse "agora".

Mas não pode existir nenhum antes se não existir tempo.

Portanto, o "agora" que foi dado como início do tempo é também um fim de tempo.

E, da mesma maneira, se um "agora" é fim do tempo, ele é também um início.