7. Considerações sobre a política dos Lacedemônios quanto à escolha dos anciãos.

O Filósofo reprova também o principado do senado lacedemônio quanto à eleição dos seus anciãos.

A eleição dos anciãos [que deveriam compor o senado] entre os Lacedemônios era imensamente pueril. Entre os Lacedemônios estava ordenado que aqueles que parecessem dignos de pertencer ao senado eles próprios pedissem sua admissão, o que não é correto, porque deste modo ninguém seria conduzido a este principado senão aqueles que o quisessem. Ora, é necessário que quem é digno do principado o assuma, quer o queira, quer não o queira, porque a utilidade de todos deve ser preferida à própria vontade de cada um.

Ademais, por causa desta ordenação sobre a eleição dos senadores, o legislador parecia tornar os cidadãos amantes da honra, como se isto fosse parte da política, isto é, tanto da eleição dos éforos, quanto de qualquer outra, o que tornava os cidadãos amantes da honra. E que isto ocorria na eleição dos senadores é algo evidente, pois ninguém pediria senão aquele que quisesse ser príncipe, o que é amar a honra. Se, portanto, ninguém pode obter o principado senão querendo-o, seguir-se-á que só governarão os amantes da honra e assim todos serão estimulados ao amor da honra, o que é muitíssimo perigoso para a cidade, porque a maior parte das injustiças que ocorrem na cidade por parte dos homens, como a violência, as rapinas e outras semelhantes, são feitas por causa do amor da honra e do dinheiro. De onde que é evidente que semelhante ordenação é perigosa para a cidade.