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[As dificuldades que acabam de ser levantadas]
parecem manifestar que o fato dos governantes serem muitos é
algo acidental em relação ao regime da multidão [ou a
democracia], e o fato dos governantes serem poucos também é
acidental em relação ao regime da minoria [ou oligarquia],
porque [no mais das vezes], em todos os lugares se encontram
mais pobres do que ricos e por este motivo estes nomes foram
dados [a estes regimes] conforme [ocorre na maioria dos
casos]. Mas aquilo que é por acidente não é diferença
específica e por isso a potência dos poucos [ou oligarquia]
não se distingue da potência da multidão [ou democracia]
falando per se segundo o maior ou o menor número, mas aquilo
pelo qual diferem é a pobreza e a riqueza. De fato, a
natureza do regime que se ordena à riqueza e a do que se
ordena à liberdade, que é a finalidade da democracia, são
bastante diversas. E por isso é necessário que, onde quer que
alguns dominem por causa da riqueza, sejam estes muitos ou
poucos, ali haja um estado de poucos [ou oligarquia] e, onde
quer que dominem os pobres, ali haja um estado de muitos [ou
democracia]. [Este é o verdadeiro motivo que os diferencia: a
oligarquia se destina quanto ao fim à riqueza, e a
democracia se destina quanto ao fim à liberdade]. Quanto a
estes serem muitos e aqueles poucos, isto ocorre por
acidente.
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