5. Consideração sobre a política dos Lacedemônios quanto aos éforos.

Depois do Filósofo ter comentado sobre a política dos Lacedemônios quanto aos servos, às mulheres e às propriedades, passa a tratar da mesma política no que diz respeito ao próprios cidadãos, considerando primeiro sobre os governantes.

Havia três principados junto aos Lacedemônios, a saber, os éforos ou provisores, os anciãos e um rei. O Filósofo passa a tratar, em primeiro lugar, sobre os éforos, reprovando o principado dos éforos em relação a cinco [aspectos, dos quais os quatro primeiros são os seguintes].

O Filósofo reprova em primeiro lugar a condição das pessoas que eram constituídas neste principado. De fato, este principado tinha domínio e poder sobre coisas que eram da máxima importância na cidade, como a declaração de guerra e da paz, e sobre a escolha dos militares e outros assuntos semelhantes. Todavia, todos neste principado eram eleitos pelo povo, de tal modo que às vezes homens muito pobres eram elevados a este principado os quais, por causa de sua pobreza se vendiam com facilidade e podiam ser facilmente corrompidos pelo dinheiro.

O Filósofo reprova em segundo lugar o principado dos éforos quanto ao grande poder que ele possuía. O [poder do] principado dos éforos era tão grande que [praticamente] equivalia ao de uma tirania e de tal maneira diminuía o poder real que permitia que o povo se regesse a si próprio, pouco obedecendo à lei. Deste modo se corrompia toda a sua política, porque da política ótima degenerava ao estado popular. Tal principado, no entanto, quanto a algo era útil, porque era capaz de manter a cidade em paz; o povo, de fato, se abstinha das sedições porque tinha parte em um grande principado. É necessário, para que a política se mantenha, que todas as partes da cidade queiram ser elas próprias e que para qualquer parte da cidade seja suficiente que permaneça no seu estado e, entre os Lacedemônios, era isto o que ocorria. Os reis aceitavam [sê-lo] por causa da honra que ali possuíam; os melhores, isto é, os homens de virtude, aceitavam por este motivo pertencer ao senado, sendo este principado um prêmio à virtude, de tal modo que ninguém era para lá conduzido senão os virtuosos. O povo, finalmente, aceitava [a política vigente] por causa do principado dos éforos, que era comum a todos.

O Filósofo reprova, em terceiro, o principado dos éforos quanto à eleição. Era, de fato, algo recomendável que todos pudessem assumir este principado por eleição, mas o modo de eleger era imensamente pueril, porque talvez fossem escolhidos pela sorte ou por outros modos inconvenientes de eleição, de tal modo que a este chegavam às vezes até os incapazes.

Em quarto o Filósofo reprova o principado dos éforos quanto ao arbítrio que ele possuía. Era reprovável nos éforos que, quem quer que fosse éforo, pudesse ter em seu poder o arbítrio de julgar sobre matérias de tanta importância. Teria sido melhor que não julgassem segundo o próprio arbítrio, mas segundo certas escrituras e leis.