7. Uma objeção em relação ao que foi dito quanto à aplicação da terceira distinção ao caso da incontinência.

Alguém poderia objetar contra o que foi dito que os incontinentes algumas vezes fazem declarações científicas e em coisas singulares. De onde que parece não ser verdade que possuem os hábitos atados.

[Quanto a isto devemos responder dizendo que] pelo fato que estes digam os sermões da ciência não é sinal que possuem o hábito desatado. O que pode ser provado através de dois exemplos. Dos quais o primeiro é que também aqueles que estão nas paixões preditas, como por exemplo, os ébrios e os maníacos, proferem com a voz demonstrações, por exemplo, demonstrações geométricas, e recitam as palavras de Empédocles, um dos antigos filósofos mais difíceis de se entender. O segundo exemplo é o das crianças quando aprendem pela primeira vez, as quais juntam os sermões que pela palavra proferem, mas ainda não o sabem, de tal maneira que suas mentes os entendam. Para isto, de fato, se requer que aquilo que o homem ouve se torne para ele como que conatural, por uma perfeita impressão dos mesmos no intelecto, para o que o homem necessita de tempo, no qual o intelecto, através de múltiplas meditações, se firme naquilo que [recebe]. Assim também acontece no incontinente. Ainda que ele diga não é bom para mim agora perseguir tal deleitação, todavia não sente assim no coração. De onde que se deve estimar que os incontinentes dizem tais palavras como que simulando-as, porque de uma maneira sentem no coração, e de outra proferem com a boca.