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Quanto ao que foi levantado, devemos responder que
na verdade a sabedoria e a prudência fazem alguma coisa para
a felicidade. [Isto não ficou evidente, em parte porque] o
exemplo induzido [da medicina] não era conveniente. De fato,
a sabedoria e a prudência não se relacionam para com a
felicidade assim como a arte da medicina para com a saúde,
mas sim mais como a saúde para com a obra sã. De fato, a arte
da Medicina está para com a saúde assim como uma certa obra
externamente operada, mas a saúde faz a obra sã assim como um
certo uso do hábito da saúde. Ora, a felicidade não é obra
externamente operada, mas é operação procedente do hábito da
virtude. De onde que, como a sabedoria é uma espécie de
virtude comum, [ou traduzindo melhor, uma espécie de virtude
geral], segue-se que pelo próprio fato que alguém tenha
sabedoria e opere segundo a mesma, seja feliz. E a mesma
razão pode ser dada da prudência. Mas aqui Aristóteles fala
[mais expressamente] da sabedoria, porque em sua operação
consiste uma felicidade mais poderosa, [potior felicitas],
assim como será explicado no livro décimo.
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