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Se o ato é anterior à potência de modo simples,
segue-se ser falsa a opinião dos antigos filósofos naturais
que, supondo a potência ser anterior ao ato de modo
simples, colocaram que todas as coisas em um tempo infinito
estavam antes em potência, numa certa confusão que chamavam
caos. [Da mesma maneira], será falsa também a opinião dos
poetas teológicos, que por causa da mesma suposição,
colocaram que em um tempo infinito existia a simples
privação das coisas antes que as coisas começassem a ser em
ato. Se o ato é anterior à potência, ambas estas suposições
são falsas.
[As opiniões dos antigos filósofos estavam
erradas porque], como vemos que as coisas que são geradas
passam da potência ao ato, será necessário dizer que as
mesmas coisas que em ato principiam a ser depois da
potência, sempre tenham existido de algum modo. [Isto pode
se dar de duas maneiras]. [De uma primeira maneira],
segundo a geração circular, na medida em que colocamos que
as coisas que são geradas existiam anteriormente, não
segundo o número, mas segundo a espécie, como quando
dizemos que do homem procede o esperma pelo qual é gerado
outro homem. [De uma segunda maneira], assim como colocou
Anaxágoras, que as coisas pré-existiram em ato naqueles a
partir dos quais se geraram, [isto é, segundo o que parece
se entender daqui, no intelecto do primeiro movente que as
moveu da potência ao ato].
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