3. É impossível para uma coisa ser movida por outra até ao infinito.

[Esta proposição pode ser demonstrada da seguinte maneira.]

Tudo o que é movido é movido por algo. Mas aquilo pelo qual é movido ou é movido ou não é movido. E, se for movido, será movido ou por um outro ou não. Se existe algo que não é movido por um outro, não é necessário haver mais nenhuma outra coisa que seja movida por uma outra. Mas se existe algo que é movido por um outro, será preciso chegar a alguma coisa que não seja movida por uma outra.

Isto é evidente por si mesmo, mas é provado em seguida.

Aristóteles demonstra que se algo é movido por um outro, deve-se encontrar alguma coisa que não seja movida por uma outra. [Se esse primeiro movente é imóvel ou movido por si mesmo, a questão é ainda deixada em aberto]. Se uma coisa é movida por uma outra, e esta novamente por uma outra, e nós nunca chegamos em algo que não é movido por um outro, segue- se que nós procedemos até o infinito em relação ao movente e às coisas movidas. Ora, isto é impossível, porque entre as coisas infinitas assim existentes, não existiria um primeiro. Mas foi dito [na segunda colocação preliminar] que se o primeiro movente não move, o segundo também não move. Portanto, não haveria nenhum movente, o que é manifestamente falso. Logo, não pode uma coisa ser movida por outra até o infinito. O primeiro movente, [pelo que foi até aqui demonstrado] poderá ser movido por si mesmo ou poderá ser imóvel.

[Pode-se concluir, portanto], que é preciso parar em algum primeiro [motor]. Esse primeiro [motor] deve ser ou imóvel ou movente de si mesmo. Portanto, deveremos considerar em seguida que, se algo move a si mesmo, como isto é possível.