15. A educação das crianças do terceiro ao quinto ano de idade.

Na idade seguinte, que se estende deste o terceiro ano até o fim do quinto ano, na qual as crianças não são capazes do aprendizado e da disciplina por causa da compleição tenra e da imperfeição das virtudes, nem são também capazes de grandes trabalhos, pois pela violência destes poderiam ser impedidas em seu crescimento, será necessário exercitá-las em algum pequeno movimento, de tal maneira que a inércia dos corpos fuja pelo exercício do calor que desfaz a superfluidade do úmido. Este exercício no movimento deve ser feito através do jogo e outras ações. Os jogos não devem ser inclinantes à servilidade, mas devem ser mais liberais, nem muito trabalhosos ou violentos, para não pesar sobre as forças pelo excesso, nem tampouco muito moles ou remissos, para que não favoreçam a preguiça.

Nesta idade convém exercitar as crianças nas coisas que dizem respeito ao ouvido, ouvindo alguns pequenos discursos e fábulas antigas, para que se exercitem no falar e nas razões dos nomes. De tudo isto devem ter o maior cuidado os príncipes que tiverem sido publicamente encarregados para tanto. Devem porém, cuidar nesta idade que tudo aquilo no qual se acostumem estas crianças, movimentos, operações e jogos, discursos e fábulas que ouvem, assim como também naquilo que vêem, sejam imagens das coisas com as quais posteriormente deverão conviver com seriedade e como que um caminho para as coisas que conseqüentemente deverão estudar ou dedicar-se. De fato, as coisas nas quais nos acostumamos por primeiro mais inclinam posteriormente, porque o que é costumeiro torna-se mais deleitável.