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O inteligir se dá corretamente e não corretamente.
O inteligir se dá corretamente segundo a ciência, que é dos
especuláveis e necessários, ou segundo a prudência, que é a
reta razão [ratio] das coisas contingentes que se referem à
ação, ou segundo a opinião verdadeira, que se refere a ambos
estes. O inteligir se dá não corretamente segundo a falsa
ciência, segundo a imprudência e segundo a falsa opinião. Mas
o sentir não se dá senão retamente, porque o sentido acerca
dos sensíveis próprios sempre é verdadeiro. Portanto, sentir
e inteligir não podem ser o mesmo.
E para que alguém não pudesse dizer que [então] o
sentir é o correto inteligir, por isso Aristóteles acrescenta
ao argumento precedente o argumento de que o sentir existe em
todos os animais, mas o inteligir não, porque este existe
apenas naqueles nos quais existe a razão, isto é, nos homens,
os quais pela inquisição da razão alcançam a apreensão da
verdade inteligível. Portanto, o reto inteligir e o sentir
não são o mesmo.
[Cabe uma observação]. Nas substâncias separadas,
que são intelectos mais elevados, a verdade é inteligida de
maneira imediata e sem inquisição da mesma.
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