|
O vício da jactância [consiste] em pecar por
superabundância [quanto à verdade], simulando coisas
gloriosas. Isto se pode dar ou porque o jactante simula ter
em si algo de glorioso que não tem, ou porque afirma estas
coisas serem maiores do que são.
[A jactância pode ser cometida], de uma primeira
maneira, quando alguém se jacta de coisas que são, ou maiores
do que são, não por causa de algum outro fim, mas por
deleitar-se nisto. Este primeiro modo, assim, não é
inteiramente mau, porque não pretende nenhuma malícia. De um
segundo modo, quando alguém se jacta por causa do apetite da
glória ou da honra. Os que assim procedem não são muito
vituperáveis, porque a glória e a honra apresentam alguma
afinidade com as coisas honestas por causa das quais alguns
são louvados e honrados. De um terceiro modo, quando alguém
se jacta por causa do dinheiro ou por causa de qualquer outra
coisa que pode ser avaliada pelo dinheiro. Este terceiro modo
é o mais deforme, porque mente pelo que é menos bom.
Alguém não deve ser julgado jactante pelo fato de
ter ou não ter por onde se possa jactar, mas por aquilo
porque o faz, ou porque se deleita da própria mentira, ou
porque mente por causa do apetite da glória ou do lucro.
|
|