13. Duração e exclusividade do matrimônio.

O Filósofo declara a seguir que a união do homem e da mulher é disposta no gênero humano pela natureza para a geração, educação e aprendizado da prole. Nem o homem nem a mulher sozinhos seriam suficientes para tudo isto por si mesmos e é por isso que se faz necessário que se unam por mútuo consenso para este fim, não por algum tempo, mas até a perfeição da prole segundo o corpo e segundo a alma.

Se a geração se iniciar no tempo determinado pelo Filósofo, tudo isto se dará até o fim da vida do casal.

A criança, de fato, se for homem, não se tornará homem perfeito senão aos trinta e sete anos aproximadamente, e se a estes trinta e sete anos se acrescentarem os trinta e sete anos do pai que o tiver gerado antes da própria geração, serão setenta e quatro anos, tempo em que o homem será naturalmente impotente à geração e já próximo ao fim da vida. E é por isso que a união do homem e da mulher por toda a vida para a perfeição da prole provém da natureza inclinante, e toda união que se faz além desta comunicação é inatural.

O Filósofo diz também que é por este motivo que seja lei e que se repute como bem não permitir a união do homem com outra mulher ou da mulher com outro homem. Se, de fato, se permite que um homem se aproxime de outra mulher que não a sua pela fornicação, já que depois desta união não permanecerão unidos por consentimento para a educação da prole, seguir-se-á o mal e a imperfeição maximamente, pelo que de nenhum modo deve-se permitir a união do homem e da mulher com outro onde existe e se conhece o matrimônio. Seguir-se-ia, outrossim, o mal da prole, a incerteza e a injustiça. Não se deve permitir isto principalmente no tempo da procriação dos filhos, pois então maximamente ocorreria o erro pela incerteza. E se alguém surgir que faça tais coisas, seja punido por uma punição comensurada ao pecado, para que segundo a medida do pecado seja o modo da punição.

Deve-se notar que o Filósofo proíbe aqui como mal per se em primeiro lugar a união com a mulher alheia, embora ela seja livre; mais ainda a união com a mulher de outro por causa da injustiça e maximamente com a mulher alheia no tempo destinado à geração.