11. A arte numulária e a usura.

Há duas artes pecuniativas. A primeira é a cambista, que adquire o dinheiro a partir do dinheiro e por causa do próprio dinheiro. A outra é a econômica, que adquire o dinheiro a partir das coisas naturais, por exemplo, das frutas e dos animais, conforme foi dito. A segunda, por ser necessária à vida do homem, é louvada. A primeira, passando daquilo que é necessário à vida para aquilo que a concupiscência exige, é justamente vituperada. Ela não é segundo a natureza, não procede de coisas naturais nem se ordena a suprir coisas necessárias à natureza, mas procede inteiramente da permuta mútua de dinheiro, na medida em que o homem lucra dinheiro pelo dinheiro.

Justamente com esta pecuniativa, que é a numulária, existe ainda uma outra arte aquisitiva do dinheiro que é ainda mais racionalmente vituperável e merecedora de ódio. É o que se chama de usura, uma arte pela qual o dinheiro engorda a si mesmo. As coisas que parem segundo a natureza, geram outras semelhantes a si mesmas. A usura produz um parto de dinheiro a partir do dinheiro, fazendo com que ele cresça por si mesmo. Esta forma de aquisição de dinheiro é a mais estranha à natureza que possa existir, pois pertence à natureza que o dinheiro seja adquirido pelas coisas naturais, não pelo próprio dinheiro. Disso tudo conclui-se que há uma arte pecuniativa louvável e duas vituperáveis.