3. Que aqueles que procuram sobresair-se nas obras da virtude amam a si mesmo mais do que os que buscam para si os bens temporais.

Aqueles que procuram sobresair-se nas obras da virtude são mais amantes de si mesmo do que aqueles que tributam a si mesmo a superabundância dos bens sensíveis. Isto pode-se mostrar através de duas razões.

[Em primeiro], porque tanto mais alguém ama a si mesmo quanto maiores bens a si atribui. Mas aquele que procura sobresair-se nas obras da virtude, tributa a si os bens máximos, que são os bens honestos. Portanto, tal homem maximamente ama a si mesmo.

[Em segundo, porque o homem que procura sobresair- se nas obras da virtude] confere bens à parte [da alma] que é nele principalíssima, isto é, ao intelecto, [fazendo] com que todas as partes da alma obedeçam ao intelecto. Ora, tanto mais alguém ama a outro alguém, quanto mais ama àquilo que é mais principal neste alguém. Assim, é evidente que aquele que quer sobresair-se nas obras da virtude maximamente ama a si mesmo.