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[O primeiro argumento é o seguinte]. Mover a si
mesmo pertence à natureza da vida e é próprio de coisas
vivas. Mas é pelo movimento e pela sensação que nós
distinguimos o animado do inanimado, conforme explicado no De
Anima. Ora, é claro que estas coisas, [objetos leves e
pesados], não são [seres] vivos ou animados. Portanto, eles
não movem a si mesmos.
[O segundo argumento consiste em que] as coisas
que movem a si mesmo também podem ser causa de seu repouso.
Portanto, se as coisas leves e pesadas movem a si mesmo por
movimento natural, elas deveriam ser capazes de parar a si
mesmas. Mas nós vemos que isto é falso, porque tais coisas
não estão em repouso fora de seus próprios lugares a menos
que alguma coisa extrínseca impeça o seu movimento. Portanto,
elas não movem a si mesmas.
[Como quarto argumento pode-se dizer que] nenhuma
coisa contínua move a si mesmo, porque o movente está
relacionado com o movido como o agente ao paciente. Quando,
entretanto, o agente é contrário ao paciente, uma distinção é
necessária entre o que naturalmente age e o que naturalmente
é agido. Portanto, na medida em que algumas coisas não estão
em contato com uma outra, mas são conjuntamente uma e
contínua tanto na quantidade como na forma, um não pode atuar
sobre o outro e vice versa. Assim, nenhuma coisa contínua
move a si mesmo. Isto fica claro nos animais que movem a si
mesmo, aonde existe um conjunto de partes ao invés de uma
continuidade perfeita. Ora, acontece que os corpos leves e
pesados são contínuos. Portanto, nenhum deles move a si
mesmo.
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