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Já que aquilo que está em potência é movido por
aquilo que está em ato, deve-se entender que uma coisa é dita
ser potencialmente leve ou pesada de muitas maneiras.
De uma maneira, enquanto uma coisa é ainda água,
ela está em potência para se tornar leve.
De uma outra maneira, quando o ar já foi feito da
água, ele ainda está em potência para o ato do leve, que é
estar em cima. Porque acontece que aquilo que é leve pode
estar impedido de estar em cima. Mas se aquele impedimento é
removido, ele subirá imediatamente e estará em cima.
Portanto é claro que aquilo que remove aquilo que
impede [a coisa leve ou pesada de subir ou descer] em um
certo sentido move e em outro sentido não move. Por exemplo,
se uma coluna suporta algo pesado, quem destrói a coluna num
certo sentido é dito mover o pesado suportado. Mas é dito
mover por acidente e não per se.
[A coisa leve ou pesada] é movida per se pelo
arremessador inicial. Quem destrói uma coluna não dá ao peso
suportado um ímpeto ou uma inclinação para baixo. Mas [o peso
tem seu ímpeto ou inclinação para baixo] proveniente de seu
primeiro gerador que lhe deu a forma à qual segue a referida
inclinação. Portanto, o gerador é o movente per se das coisas
leves e pesadas.
Não obstante, o movimento destas coisas é natural
porque elas têm um princípio de movimento dentro de si
mesmas, não um princípio ativo ou motor, mas um princípio
passivo, que é a potência para um tal ato.
Disto fica claro que é contrário à intenção de
Aristóteles dizer que existe um princípio ativo na matéria. O
princípio passivo, que é a potência natural para o ato, é
suficiente.
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