9. A potência e a frota naval.

O Filósofo passa a investigar sobre a potência e a frota naval. Ele manifesta, em primeiro lugar, que a potência naval, até um certo ponto, é conveniente para a cidade.

É manifesto, afirma Aristóteles, que é ótimo que uma cidade bem ordenada possua uma potência naval, até um determinado [limite de magnitude], que se ordena à guerra marítima, já que convém à cidade não apenas viver consigo mesma, mas também com os demais vizinhos, coibindo seus ataques se quiserem promover uma guerra injusta. Para isto é necessário que sejam [vistos como] terríveis por eles e que possam ser ajudados de muitos modos contra eles [se for necessário]. Isto ocorrerá se tiverem uma potência tanto pedestre por terra como naval pelo mar. Convém, portanto, que a cidade possua uma potência naval.

Até que limite de multidão e de magnitude convém à cidade possuir uma potência naval é algo que pode ser considerado examinando o fim ao qual a cidade tende per se. Se o fim de alguma cidade é a vida [militar] e civil, isto é, o fim ao qual se ordena a condução do exército é subjugar e reger civilmente, então a potência naval deve ser-lhe comensurada, de tal modo que seja tanto quanto a necessária para que, por meio dela e das forças de terra possam debelar e repelir os que se insurgirem contra a cidade, e não mais nem menos, segundo o que seja possível.

A turba naval, porém, não deve fazer parte da cidade. A multidão dos homens que gravita em torno da turba naval não convém que esteja na cidade como uma de suas partes, nem mesmo os próprios náuticos. De fato, os que são super excessivos nas injúrias e querem ser inteiramente livres de toda e qualquer submissão, assim como [os que são primários na virtude] por carecerem dela não devem fazer parte da cidade. Mas a turba náutica que controla a navegação é deste modo, injuriosa, sem querer submeter-se e carente de virtude, em sua maioria e na maior parte das vezes. Não convém, portanto, que faça parte da cidade, [embora ela seja] necessária à cidade, como a multidão dos servos, dos curtidores e dos agricultores.