28. Das relações que se seguem à ação e à paixão.

As relações que se seguem à ação e à paixão podem sê-lo de dois modos: de um primeiro modo, segundo a potência ativa e passiva e, de um segundo modo, segundo os atos destas potências, que são o agir e o padecer.

Assim, o calefativo é dito relativamente ao calefactível segundo a potência ativa e passiva, pois o calefactivo é aquilo que pode aquecer, enquanto que o calefactível é aquilo que pode ser aquecido. Já o calefaciente é dito relativamente ao calefacto, e o cortante ao cortado segundo os atos destas potências.

Este modo de relação difere dos anteriores pois [nas] que são segundo o número não há ações, como já se tinha explicado na Física, onde o Filósofo mostra que as [coisas] matemáticas são abstraídas do movimento, e por isso não pode haver nelas tais ações, que são segundo o movimento. Somente por uma [certa] semelhança [pode-se dizer] haver ações nos números, como o multiplicar, o dividir e outras tais.

Deve-se saber também que dos relativos que são ditos segundo a potência ativa e passiva, há diversidade segundo tempos diversos. Alguns destes são ditos relativos segundo o tempo passado, assim como o pai ao filho, porque aquele gerou e este foi gerado, os quais diferem segundo o ter feito e o ter sido feito. Já outros são ditos relativos segundo o tempo futuro, assim como o que fará se refere ao a ser feito.

Também a este gênero de relação se reduzem aquelas relações que são ditas segundo a privação e a potência, como o impossível e o invisível, pois algo é dito impossível [para este ou para aquele]; e semelhantemente com o invisível.