3. O que a eleição não é.

Alguns disseram que a eleição seria a concupiscência, porque tanto a eleição como a concupiscência importam num movimento do apetite [ao] bem. Outros puseram que a eleição fosse a ira, talvez porque tanto na ira como na eleição existe [um] uso da razão. De fato, o que se ira se utiliza da razão, na medida em que julga a injúria que lhe foi feita digna de vingança. Outros ainda, considerando que a eleição se dá sem paixões, atribuíram a eleição à parte racional, ou quanto ao apetite, dizendo que a eleição é a vontade, ou quanto à apreensão, dizendo ser a eleição uma certa opinião.

Nestes quatro ítens, [comenta S. Tomás], de uma maneira simples estão incluídos todos os princípios dos atos humanos, que são a razão, à qual pertence a opinião, o apetite racional, que é a vontade, e o apetite sensitivo, que se divide em irascível, ao qual pertence a ira, e concupiscível, ao qual pertence a concupiscência.

Segundo Aristóteles, não tiveram razão os que colocaram a eleição como sendo alguma dessas quatro coisas.