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[O sentido não é alterado pelo sensível por
alteração ou paixão proprimente dita]. O sensível torna em
ato a parte sensitiva que era em potência. Não age, porém, o
sensível no sentido [alterando-o] de contrário em contrário.
Apenas o reduz da potência ao ato. Por isto o sentido não
padece nem é alterado pelo sensível por uma paixão ou
alteração propriamente dita, que é a que [vai] de contrário a
contrário.
Portanto, como o movimento que existe nas coisas
corporais vai de contrário a contrário, é manifesto que o
sentir, se o quisermos chamar de movimento, é uma outra
espécie de movimento. O movimento [propriamente dito] é o ato
do existente em potência, porque, saindo de um contrário,
enquanto se move não atingiu o outro contrário que é o
término do movimento, mas está em potência. E porque tudo o
que está em potência, enquanto tal, é imperfeito, por isso
este movimento é ato do imperfeito. Mas o movimento [do
sentir] é um ato do perfeito, porque é uma operação do
sentido já feito em ato. Por isto este movimento é diferente
do movimento físico. Este movimento é denominado propriamente
de operação, como sentir, inteligir e querer.
[No livro primeiro deste tratado econtra-se a
seguinte explicação sobre a diferença entre movimento e
operação]. Tudo o que é movido se afasta ou sai de onde e
segundo o qual é movido. A operação, porém, não faz afastar,
[apenas] aperfeiçoa o operante.
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