16. Que a amizade por causa do bem é rara e não surge rapidamente.

A amizade [por causa do bem] é rara, o que é sinal de perfeição, porque a perfeição em qualquer gênero raramente é encontrada. Isto pode ser mostrado por duas razões.

Primeiro porque esta amizade o é entre pessoas virtuosas. Ora, poucos são tais por causa da dificuldade em se atingir o termo médio, conforme explicado no livro II. De onde que é [razoável] que tais amizades sejam raras.

[Uma segunda razão para a raridade destas amizades está em que] ela necessita de um longo tempo e acostumamento mútuo, para que os amigos e virtuosos possam se conhecer entre si, já que, diz o provérbio, [duas] pessoas não se conhecerão entre si antes que tenham comido juntos a medida [do] sal. Assim, não será conveniente que um aceite o outro como seu amigo antes que ele lhe pareça digno de ser amado e o mostrar ser, o que raramente ocorre. De onde que, por causa disso, tais amizades são raras.

Aqueles que, portanto, com presteza exibem mutuamente obras de amizade, manifestam um ao outro que querem ser amigos, não o sendo, todavia, até que saibam que são mutuamente amáveis. Assim, fica claro que a vontade da amizade pode se produzir prontamente no homem, mas o mesmo não pode ser dito da amizade.