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A virtude é um certo termo médio entre duas
malícias, e entre dois hábitos viciosos, a saber, entre
aquele que é segundo a superabundância e aquele que é segundo
o defeito. A virtude é dita encontrar o termo médio pela
razão e escolhê-la pela vontade, de maneira que fica claro
que a própria virtude é [um] termo médio, e operante do termo
médio. Assim, devemos dizer que a virtude, segundo sua
substância e segundo a razão definitiva é um termo médio. Mas
na medida em que apresenta razão de ótimo em dado gênero e é
bem operante ou bem disponente, é [uma] extremidade.
Para que isto fique evidente deve-se considerar
que toda a bondade da virtude moral depende da retitude da
razão. O bem convém à virtude moral, na medida em que esta
segue a reta razão. Da mesma maneira, o mal convém ao vício,
na medida em que este se afasta da reta razão. Por isso,
segundo a razão da bondade e da malícia, ambos os vícios
estão em um extremo, que é o mau [extremo], que é tomado
segundo o afastamento da razão. [Segundo a razão da bondade e
da malícia], porém, a virtude está no outro extremo, isto é,
no bem [extremo], que é tomado segundo o seguimento da razão.
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