18. Sobre a primeira operação do intelecto, a intelecção dos indivisíveis.

Existem três maneiras pelas quais [algo se] diz indivisível. [Para cada uma delas deverá se ver a maneira como o intelecto as intelige]. O indivisível se diz de três maneiras, de acordo com as três maneiras segundo se diz o uno, de quem o indivisível toma a sua razão:

A. Por continuidade.

B. Por ter uma espécie una.

C. Por ser completamente indivisível, como o ponto ou a unidade.

A primeira maneira como algo se diz uno é por continuidade. De onde segue que alquilo que é contínuo é dito indivisível, na medida em que não é dividido em ato, ainda que o seja em potência. Portanto, nada impede que o intelecto intelija o algo contínuo como indivisível, como por exemplo um comprimento. Por causa disto, [neste caso], o intelecto inteligirá [esse comprimento] num tempo indivisível, porque o intelige como indivisível.

[Algo pode também ser dito indivisível pela unidade da espécie]. [Neste sentido, algo] é dito uno quando apresenta uma espécie una, ainda que seja composto de partes não contínuas. A isto corresponde o indivisível segundo a espécie. Aquilo que é indivisível pela espécie, a alma o intelige em tempo indivisível. Posto, porém, que aquilo que é indivisível pela espécie, possua alguma divisão nas partes, todavia esta divisão é inteligida por acidente. [Isto porque] se inteligisse as partes como divididas, por exemplo, [num homem], a carne per se, o osso per se, e assim por diante, então não o inteligiria num tempo indivisível.

[De uma terceira maneira], algo também pode ser dito uno quando é completamente indivisível, como o ponto ou a unidade. [Este tipo de indivisível], como o ponto, e tudo aquilo que é assim indivisível em potência e em ato, se manifesta ao intelecto como uma privação, isto é, por privação do contínuo e do divisível. A razão disto é que o intelecto recebe proveniente do sentido [o que vai ser inteligido]. E por isso caem sob a apreensão do intelecto coisas que anteriormente eram sensíveis. Portanto, tudo aquilo que transcende estes sensíveis a nós conhecidos, não são conhecidos por nós exceto por negação.