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[Compete à ciência moral especular sobre o modo
pelo qual as virtudes são causadas pelas operações]. Nas
ciências especulativas, nas quais somente pretendemos o
conhecimento da verdade, é suficiente que se conheça a causa
de cada efeito. Mas nas ciências operativas, cujo fim é a
operação, é necessário conhecer por quais movimentos, ou
operações, tal efeito se segue a uma tal coisa. Porque na
ciência moral não pesquisamos o que é virtude somente para
que saibamos a verdade sobre isto, mas para que, adquirindo a
virtude, façamos o bem. Portanto, é necessário investigar
acerca das nossas operações, quais devem ser feitas, porque,
conforme foi dito, as operações têm [poder] e domínio sobre
isto, que em nós sejam gerados o hábito do bem ou do mal.
[Quanto ao modo de se proceder a esta
invetsigação], deve-se conceder que todo discurso acerca do
que é operável, como é o presente, deve ser feito
exemplarmente, ou à maneira de semelhança, e não segundo a
certeza. Isto acontece porque os discursos devem ser
investigados segundo a condição de [sua] matéria. Ora, nós
vemos que as coisas que estão nas operações morais, e as
demais que a isto lhe são úteis, como os bens exteriores, não
têm em si mesmo algo de permanente por modo de necessidade,
mas, [ao contrário], são todos contingentes e variáveis. E se
os discursos morais já são incertos e variáveis no [que é]
universal, muito mais incerto estaria alguém que quisesse
ulteriormente investigar a doutrina acerca dos singulares em
especial. De fato, [a investigação acerca dos singulares em
moral] não se inclui nem sob a arte, porque as causas dos
operáveis singulares variam de infinitos modos, de tal
maneira que o julgamento acerca dos singulares é deixado à
prudência de cada um. Isto significa que os próprios
operantes pela sua prudência devem considerar o que convém
agir segundo o tempo presente, consideradas todas as
circunstâncias particulares, assim como é necessário que o
médico faça ao medicar, e o que controla o curso do navio.
Todavia, devemos tentar [algo acerca dos singulares na
ciência moral], para que seja dado sobre isto algum auxílio
ao homem, pelo qual ele possa dirigir-se em suas obras.
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