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[Supostas as considerações feitas anteriormente],
o Filósofo declara como deve ser a cidade ótima.
Se a cidade ótima deve alcançar a felicidade, e a
felicidade é a operação ou o uso perfeito segundo a virtude,
e o uso perfeito segundo a virtude é o uso das boas obras por
parte do homem estudioso, será necessário que a própria
cidade que buscamos como sendo a ótima possua a abundância de
bens exteriores cujo uso é necessário e que ela própria seja
estudiosa. Para isto será necessário que preexista a riqueza
da qual ela será senhora e será necessário também que o
legislador busque, pela disciplina e pelo costume, que ela
própria se faça estudiosa. [O legislador deverá buscar a
estudiosidade da cidade pela disciplina e pelo costume, e não
esperar que a riqueza a produza], porque a estudiosidade da
cidade não é obra da riqueza, já que a estudiosidade é
segundo a razão e a riqueza não é causa segundo a razão. A
estudiosidade é uma operação da ciência que dirige e da
eleição que inclina.
A cidade não será estudiosa senão porque os
cidadãos que participam da república são estudiosos. A
cidade, de fato, não é outra coisa senão uma certa comunidade
de cidadãos segundo alguma razão. Se, portanto, a cidade
ótima convém ser estudiosa, conforme foi mostrado, importa
que todos os seus cidadãos sejam estudiosos. Supomos que na
cidade ótima todos os cidadãos participem da república de
modo que, portanto, devemos considerar como o cidadão se
torne estudioso. Embora seja bom e elegível que cada um
separadamente seja estudioso, será melhor, todavia, e mais
elegível, se acontecer que todos coletivamente sejam
estudiosos, porque aquilo que é posterior segundo a via da
geração, será mais perfeito, melhor e mais elegível entre os
bens, porque o ato bom é melhor do que a potência ao mesmo.
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