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[Conforme o Filósofo acaba de afirmar, os verbos
podem ser ditos nomes em um sentido genérico, na medida em
que por nomes entendemos qualquer expressão utilizada para
significar algo. É no sentido do verbo significar algo] que o
verbo pode ser dito nome.
[Aristóteles tenta demonstrar a afirmação de que o
verbo significa algo] partindo do pressuposto de que o verbo
constitui o intelecto na alma do ouvinte.
Ora, conforme já havia sido explicado, chamam-se
vozes significativas as que significam o intelecto, de onde
que se infere ser próprio das vozes significativas produzirem
algo inteligido na alma do ouvinte,
[Este, porém, é o próprio pressuposto de que
partimos, quando assumimos que o verbo constitui algo
inteligido na alma do ouvinte].
Deve-se, então, concluir que os verbos são vozes
significativas e que, portanto, significam algo.
Não significam algo, todavia, por modo de
composição e divisão, ou do verdadeiro ou falso, o que pode
ser demonstrado por aqueles verbos que maximamente parecem
significar a verdade ou a falsidade, isto é, o próprio verbo
ser, e o verbo infinito que é o não ser. Nenhum destes, de
fato, por si ditos é significativo da verdade ou da falsidade
na coisa, de onde que muito menos os restantes. E embora todo
verbo finito implique ser, porque correr é ser corrente, e
todo verbo infinito implique não ser, porque não correr é não
ser corrente, todavia nenhum verbo é significativo do ser ou
do não ser da coisa, isto é, nenhum verbo significa esta
totalidade, a saber, uma dada coisa ser ou não ser.
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