5. A verdade sobre aqueles que colocaram a felicidade nas coisas que pertencem à vida voluptuosa.

[O povo, e também alguns sábios, colocaram a felicidade consistir na vida voluptuosa]. Dentre os bens desta vida, alguns escolhem o prazer e colocam nele a felicidade. E não são apenas os homens do povo, que ordinariamente declinam todos ao prazer [que assim se colocaram], mas também outros que são [seríssimos], por causa de sua autoridade na ciência e na doutrina, e na sua honestidade de vida. Tais foram, por exemplo, os epicúreos, que cultivavam diligentemente as virtudes, e estimavam o prazer ser o sumo bem. Que a felicidade não pode consistir na vida voluptuosa.

A vida voluptuosa, que coloca o seu fim na deleitação do sentido, necessariamente terá que por seu fim nas deleitações máximas, as quais se seguem às operações naturais pelas quais a natureza se conserva segundo o indivíduo pela comida e bebida, e segundo a espécie pelo sexo. Ora, estes prazeres são comuns aos homens e aos animais. De onde que, a multidão dos homens que colocam seu fim em tais prazeres, são inteiramente bestiais. Se, portanto, a felicidade é bem próprio do homem, impossível será que a felicidade nisto consista.