VI. QUESTÕES DIVERSAS ACERCA DA JUSTIÇA


1. Como a [virtude da] justiça é um termo médio.

Após ter mostrado que o justo é um termo médio, Aristóteles mostra em seguida que a [virtude] da justiça é também um termo médio, [mas não como as demais virtudes morais, que são termo médio entre duas malícias].

[Que a virtude da justiça é um termo médio pode ser mostrado do seguinte modo]. De tudo o que já foi dito, é manifesto que a operação justa, que é a operação da [virtude da] justiça, é um termo médio entre fazer o injusto e padecer o injusto, dos quais fazer o injusto é ter mais do que é a si devido, e padecer o injusto é ter menos do que a si é devido por ser disto privado por alguém. O ato da justiça, porém, é fazer o igual, que é o termo médio entre o mais e o menos. De onde fica manifesto que a operação justa é um termo médio entre fazer o injusto e padecer o injusto.

[Mas a virtude da justiça não é termo médio entre duas malícias]. A [virtude da] justiça não é um termo médio do mesmo modo que as demais virtudes morais, que são termo médio entre duas malícias, como por exemplo, a liberalidade, que é termo médio entre a iliberalidade e a prodigalidade. A [virtude da] justiça não é termo médio entre duas malícias. O seu ato é um termo médio entre fazer o injusto e padecer o injusto, dos quais fazer o injusto pertence à malícia, que é a injustiça, mas padecer o injusto não pertence a nenhuma malícia, sendo mais uma pena.