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O Filósofo levanta algumas dúvidas sobre o
procedimento exposto. A primeira dúvida consiste em saber se
são também cidadãos aqueles que são introduzidos na
comunicação política quando ocorre alguma mudança na política
da cidade. Alguns sábios, [nestas ocasiões], introduziram na
sociedade civil muitos estranhos e inclusive servos para que,
multiplicado o povo, os ricos não pudessem oprimí-la
tiranicamente.
[É evidente, responde o Filósofo], que não há
dúvida sobre se estes homens são cidadãos. Pelo fato de terem
sido feitos cidadãos, são cidadãos. Poderá haver dúvida se o
serão de modo justo ou injusto.
Alguns poderão duvidar, dizendo que quem não é
cidadão de modo justo não é cidadão, pois é claro que o falso
cidadão não é cidadão. O Filósofo, porém, declara que, assim
como alguns que governam injustamente são considerados
príncipes, assim pela mesma razão aqueles que são cidadãos
injustamente devem também ser ditos cidadãos, porque um
cidadão é dito por participar de algum modo no principado,
conforme antes mencionado.
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