XII. A QUESTÃO DA VERDADE NAS ENUNCIAÇÕES SINGULARES FUTURAS EM MATÉRIA CONTINGENTE.


1. Às três divisões das enunciações, acrescenta-se uma quarta e uma quinta.

Nas suas considerações precedentes o Filósofo colocou três divisões das enunciações.

A primeira foi segundo a unidade das enunciações, na medida em que a enunciação é una de modo simples ou una por conjunção.

A segunda foi segundo a qualidade, na medida em que a enunciação é afirmativa ou negativa.

A terceira foi segundo a quantidade, na medida em que das enunciações algumas são universais, outras particulares, outras indefinidas ou ainda singulares.

Há uma quarta divisão das enunciações segundo o tempo. Algumas, de fato, se referem ao presente, outras ao passado, e outras ainda ao futuro.

Pode-se também tomar uma quinta divisão das enunciações segundo a matéria, divisão esta tomada segundo a relação do predicado para com o sujeito. Segundo esta divisão, se o predicado inere ao sujeito per se, dizemos a enunciação ser em matéria necessária ou natural; é assim que dizemos que

"o homem é animal"

ou

"o homem é risível".

Se, porém, o predicado repugna per se ao sujeito como excludente da razão do mesmo, dizemos a enunciação ser em matéria impossível ou remota; é assim que dizemos que

"o homem é asno".

Se, entretanto, o predicado está para com o sujeito de um modo intermediário, de modo que nem repugna per se ao sujeito, nem inere per se [ao sujeito], dizemos que a enunciação é em matéria possível ou contingente.

[Deste modo, segundo a relação do predicado ao sujeito as enunciações se dividem em

- Enunciações em matéria necessária ou natural;

- Enunciações em matéria impossível ou remota;

- Enunciações em matéria possível ou contingente].