|
Requer-se também à felicidade a continuidade e a
perpetuidade o quanto possível. O motivo disto é que o
apetite do ser intelectual deseja [a continuidade e a
perpetuidade do bem] por natureza, porque ele apreende o ser
não somente segundo o agora, como o faz pelo sentido, mas
também de modo simples, através do intelecto. Assim como o
animal, apreendendo o ser pelo sentido segundo o agora,
apetece o ser [segundo o] agora, assim também o homem,
apreendendo o ser pelo intelecto de modo simples, apetece o
ser de modo simples, e sempre, e não somente segundo o agora.
Por isso a continuidade e a perpetuidade pertencem à razão da
perfeita felicidade, a qual, todavia, não se encontra na
presente vida. Entretanto, por causa disso, a felicidade,
tanto quanto é possível na presente vida, deve se dar numa
vida perfeita, isto é, por toda a vida do homem. Assim como
uma andorinha não faz verão, assim também uma só operação
feita não torna o homem feliz, mas isso se dá quando o homem
por toda a [sua] vida continua a operação boa.
|
|