6. A quem cabe a consideração das demais espécies de oração.

O Filósofo mostra que neste presente tratado somente deverá ser considerada a oração enunciativa, e que as demais espécies de oração devem ser deixadas de lado quanto à intenção do De Interpretatione, porque sua consideração é mais conveniente para a Ciência Retórica ou Poética.

A razão é porque a consideração deste livro se ordena diretamente à ciência demonstrativa, em que a alma do homem é induzida pela razão a consentir ao verdadeiro pelo que é próprio da coisa [ou da realidade]. O demonstrador, por isso, não se utiliza para o seu fim senão de orações enunciativas, que significam as coisas na medida em que a verdade delas está presente na alma.

O retor e o poeta, porém, induzem ao consentimento do que pretendem não apenas por meio do que é próprio da coisa, mas também pelas disposições do ouvinte. De onde que os retores e os poetas esforçam-se a provocar algumas paixões nos ouvintes, conforme diz o Filósofo na Retórica.

Por isso a consideração das demais espécies de oração, que pertencem à ordenação do ouvinte para algo, são propriamente do domínio da Retórica ou da Poética, pela própria razão de seu significado, ou da Gramática, na medida em que esta considera a correta construção das vozes.