3. A cidade ótima deve ser composta de cidadãos ótimos.

[Supostas as considerações feitas anteriormente], o Filósofo declara como deve ser a cidade ótima.

Se a cidade ótima deve alcançar a felicidade, e a felicidade é a operação ou o uso perfeito segundo a virtude, e o uso perfeito segundo a virtude é o uso das boas obras por parte do homem estudioso, será necessário que a própria cidade que buscamos como sendo a ótima possua a abundância de bens exteriores cujo uso é necessário e que ela própria seja estudiosa. Para isto será necessário que preexista a riqueza da qual ela será senhora e será necessário também que o legislador busque, pela disciplina e pelo costume, que ela própria se faça estudiosa. [O legislador deverá buscar a estudiosidade da cidade pela disciplina e pelo costume, e não esperar que a riqueza a produza], porque a estudiosidade da cidade não é obra da riqueza, já que a estudiosidade é segundo a razão e a riqueza não é causa segundo a razão. A estudiosidade é uma operação da ciência que dirige e da eleição que inclina.

A cidade não será estudiosa senão porque os cidadãos que participam da república são estudiosos. A cidade, de fato, não é outra coisa senão uma certa comunidade de cidadãos segundo alguma razão. Se, portanto, a cidade ótima convém ser estudiosa, conforme foi mostrado, importa que todos os seus cidadãos sejam estudiosos. Supomos que na cidade ótima todos os cidadãos participem da república de modo que, portanto, devemos considerar como o cidadão se torne estudioso. Embora seja bom e elegível que cada um separadamente seja estudioso, será melhor, todavia, e mais elegível, se acontecer que todos coletivamente sejam estudiosos, porque aquilo que é posterior segundo a via da geração, será mais perfeito, melhor e mais elegível entre os bens, porque o ato bom é melhor do que a potência ao mesmo.