4. A quais cidades convém a república.

O legislador, se deseja bem ordenar a república, deve assumir à república os [cidadãos situados no termo] médio. E deve fazer isto, qualquer que seja a lei que estabelecer, sejam as leis convenientes à potência de poucos, sejam [as convenientes] ao estado popular. Sempre importa coassumir os médios e é assim que deverá fazer as leis e ordenar a república para que pelas leis possa salvar a república.

Alguém poderia objetar que o legislador não deveria assumir os [cidadãos que estão num termo] médio, porque os pobres e os ricos não o consentiriam, e deste modo far-se-ia a turbação da cidade. Mas o Filósofo exclui esta objeção, dizendo que não se deve temer que os ricos e os pobres não estejam de acordo [nesta questão]. A razão que o Filósofo aponta para tanto consiste em que nem os ricos, nem os pobres querem ser servos dos senhores, e por isso o que mais buscam é uma república comum. Ora. esta é a república, e não outra, porque os pobres não querem que os ricos dominem e sejam oprimidos pelos mesmos, nem os ricos querem que os pobres temam ser dominados por eles, e por isso [ambos] buscam um governante mais confiável. De onde que fica manifesto que a república, quanto mais mista for, aproximando-se da igualdade e da indiferença, tanto mais será capaz de ser duradoura.