4. Explica-se como a prudência é acerca dos bens e males do homem.

É evidente que o fim de uma factio é sempre diverso da própria [operação de fazer], assim como, [por exemplo], o fim da operação de edificar é o edifício construído. De onde fica claro que o bem da própria factio não está no faciente, mas na coisa feita. Assim, portanto, a arte, que é acerca das factio, não é acerca dos bens e dos males do homem, mas acerca de bens e males das coisas artificiais.

Já o fim da ação nem sempre é algo diverso da própria ação. Às vezes a [própria] boa operação é fim da mesma. Todavia, isto não acontece sempre, porque outras vezes uma ação pode ordenar-se a outra como a um fim. Por exemplo, a ação de considerar os efeitos pode ordenar-se à ação de considerar as causas. [Assim, daqui concluímos que o fim da ação ou é a própria ação ou outra ação, que são operações que permanecem no agente, conforme já anteriormente explicado. De onde que o fim de uma ação sempre está no próprio agente].

[Conclui-se, portanto, que a prudência é acerca dos bens do homem]. [Para cada coisa o seu] fim é o bem [desta coisa]. Desta maneira fica evidente que o bem da ação está no próprio agente. De onde que a prudência, que é acerca das ações, é dita ser acerca dos bens do homem.