2. Dois argumentos [dialéticos] que sugerem a existência do lugar.

[O primeiro argumento diz que] parece claro que o lugar seja algo por causa da transmutação dos corpos que são movidos em relação ao lugar. Porque, assim como a transmutação em relação às formas levou o homem ao conhecimento da matéria, assim também a transmutação em relação ao lugar conduziu os homens ao conhecimento do lugar. É isto que Aristóteles quer dizer quando se afirma que quando a água escorre para fora de um vaso, então dentro do vaso entra o ar. Já que o mesmo lugar é às vezes ocupado por outro corpo, parece claro que o lugar é algo além daquilo que existe no lugar.

Seguir-se-ia, então que o lugar é alguma coisa, e que é um certo receptáculo diferente das coisas que nele estão localizadas, e que é o término a partir do qual e para o qual se dirige o movimento local.

[O segundo argumento diz que] enquanto o movimento de cada corpo mostra que o lugar existe, o movimento local dos corpos simples naturais tais como o fogo e a terra e outras coisas leves e pesadas deste tipo, mostra não somente que o lugar é algo, mas também que o lugar apresenta uma certa potência e poder. Isto porque cada uma destas coisas é carregada para o seu próprio lugar se não for impedido. Por causa disso o que é localizado num lugar tende para o seu próprio lugar por um desejo da própria conservação.

De onde que se segue que o lugar existe e apresenta determinadas potências.

[Santo Tomás explica a respeito destes argumentos que do segundo] não se deve concluir que o lugar apresenta poder atrativo, exceto na medida em que um fim é dito atrair.