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Acerca das deleitações corporais, deve-se dizer
que algumas são grandemente elegíveis, isto é, as que são
naturalmente boas, enquanto que há outras que não são boas,
que são as deleitações corporais acerca das quais alguém se
torna intemperante. Isto acontece porque as deleitações
corporais são boas, não absolutamente, mas até um certo
ponto. [Esta distinção tem origem no seguinte:] como toda
deleitação se segue a algum hábito e movimento ou operação,
se deste hábito, movimento ou operação não pode haver
superabundância do melhor, isto é, super excesso por bem,
será necessário que nem da deleitação conseqüente pode haver
excesso. Assim é que não podendo haver super excesso do
melhor na operação da contemplação da verdade, porque quanto
mais alguém contempla a verdade, tanto melhor será, daqui se
segue que a deleitação que lhe segue é absolutamente boa, e
não somente até uma certa medida. Se, porém, do hábito e
movimento ou operação houver super excesso de melhor, assim
também se dará com a deleitação conseqüente. Ora, é manifesto
que acerca dos bens corporais pode haver superabundância do
melhor, sendo sinal disto que alguém é dito mau por buscar a
superabundância destes bens, ainda que com isto não cause
dano a mais ninguém. De onde fica claro que a deleitação
corporal é boa até uma certa medida, sua superabundância
sendo má.
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