20. Que Deus é a própria vida.

O ato do intelecto, isto é, o inteligir, é uma certa vida, [e é vida perfeitíssima]. Porque o ato, segundo o que foi mostrado, é mais perfeito do que a potência. De onde que o intelecto em ato mais perfeitamente vive do que o intelecto em potência, assim como o vigilante [mais perfeitamente vive] do que o que dorme. Mas o primeiro [inteligível], isto é, Deus, é o próprio ato. O seu intelecto é o seu próprio inteligir, de outra sorte se compararia a si mesmo como a potência ao ato. Ora, foi mostrado acima que a substância [do primeiro inteligível] é ato. De onde se conclui que a própria substância de Deus é vida, e o seu ato é a sua vida ótima e eterna, que é subsistente per se. Assim fica manifesto que existe em Deus vida contínua e eterna, porque Deus é a sua própria vida eterna, e não de maneira que uma coisa seja Deus, e outra a sua vida.