10. Duas objeções.

[Em primeiro lugar, o seguinte argumento parece mostrar que a virtude do bom governante exige a virtude do homem bom]. [De fato], talvez poder-se-ia dizer que para um certo [tipo de] cidadão, [isto é, os governantes], se requeira a mesma virtude que é a do homem bom. Não se pode, [com efeito], dizer que alguém seja um bom governante se não for bom pelas virtudes morais e pela prudência. Conforme foi dito no Sexto Livro da Ética, a política é uma certa parte da prudência, de onde que é necessário que o político, isto é, o reitor da política, seja prudente e, por conseqüência, um homem bom.

[Em segundo lugar, o seguinte argumento parece mostrar que ser um bom cidadão abrange todas as virtudes do homem bom e muitas mais]. O bom cidadão, com efeito, é louvado por poder bem governar e bem submeter-se. Se, portanto, a virtude do homem bom é a virtude daquele que governa, [conforme mostrado no primeiro argumento], e a virtude do bom cidadão é aquela que se ordena a ambas estas coisas, [governar e submeter-se], segue-se que o louvor devido ao bom cidadão e ao bom homem não é o mesmo; antes, ao contrário, ser bom cidadão será muito mais louvável do que ser homem bom.