7. A causa pela qual há muitos estados populares e estados de poucos.

O Filósofo assinala, a seguir, por meio de duas razões, a causa pela qual há muitos estados populares e muitos estados de poucos.

A primeira razão é que as sedições e as lutas que se fazem nas cidades entre os ricos e os pobres entre si são a causa pela qual há tantos estados populares e de poucos. De fato, aqueles que conquistam uma vitória contra seus adversários instituem a república para a sua utilidade e para honra e prêmio de sua vitória, instituindo-a de tal modo que excedam os adversários, de tal maneira que se ela for obtida pelos pobres, se fará um estado popular; se ela for obtida pelos ricos, se fará uma potência de poucos.

O Filósofo coloca a segunda razão dizendo que alguns homens proeminentes na Grécia, poderosos pelo número de amigos, pela riqueza, pela nobreza e outras coisas, educados em alguma república, querendo instituir alguma república não instituíram qualquer uma mas, considerando a república na qual foram educados, foi esta a que instituíram. E porque foram educados no estado popular ou no estado de poucos, instituíram esta ou aquela, não considerando o bem comum, mas o bem próprio e, como estas lhes eram mais úteis, por isto as instituíram. E este é o motivo por que nunca ou raramente e somente junto a poucos encontra-se uma república média. Houve apenas um só homem ótimo o qual, quando estava no principado, persuadiu os cidadãos a [aceitarem] a república média, mas estes não a quiseram. Semelhantemente, nem aqueles que agora estão nas cidades querem recebê-la, porque não têm o costume pelo qual se inclinam a querer a igualdade mas querem ou governar eles próprios ou sustentar uma república que não é bem ordenada, como é a potência de poucos pela qual dominam ou alguma outra.