|
Supostas estas coisas, diz Aristóteles que se a
felicidade é a operação ótima do homem segundo a virtude
perfeita, é necessário que a vida ótima de toda a cidade e
segundo cada homem seja ativa e consista na operação.
[O Filósofo acrescenta, porém], que não devem ser
consideradas como ativas somente as meditações da
inteligência que dizem respeito às coisas operáveis ou que
são feitas por causa das coisas operáveis contingentes; [ao
contrário], muito mais deverão [ser consideradas ativas]
aquelas considerações e meditações que segundo si são
perfeitas e são buscadas por si mesmo e não por causa de
alguma outra coisa.
[O Filósofo, na verdade, deseja mostrar que] o
homem é dito agir maximamente [quando o faz] segundo o
intelecto especulativo. [De fato, são ditos agirem]
maximamente aqueles que possuem o domínio das ações
extrínsecas de todos, os quais são como que [homens]
arquitetônicos, [e estes são, mais precisamente, os
especulativos].
A razão [para tudo isto] é que o fim ótimo do
homem e da cidade é a boa ação. Ora, os especulativos são os
que possuem o máximo domínio das operações extrínsecas, como
quem lhes impõe as razões, e como [que sendo seus]
arquitetos. [Isto sucede porque] o intelecto prático que
dirige as operações exteriores supõe, como um princípio, o
reto apetite do fim, e o reto apetite do fim, [por outro
lado], não se dá sem a retidão da vontade. A retidão da
vontade, porém, [supõe por sua vez] a retidão do intelecto
que mostra o bem ou o fim.
[Ora], se a vontade nada quer que não tenha sido
antes inteligido, este intelecto não poderá ser o intelecto
prático, mas o especulativo, já que o prático depende da
vontade, enquanto que, [ao contrário], a vontade depende
deste. [Daqui se conclui que] a primeira regra do agir é, de
modo universal, a inteligência especulativa, razão pela qual
a ação ótima do homem é a especulação e, por conseguinte, o
seu fim último.
Não é, portanto, a meditação dos agíveis que é a
operação ótima do homem, mas a consideração ou especulação
especulativa e, principalmente, aquela [especulação] que é
das primeiras coisas ou simplesmente do [que é] primeiro.
|
|