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Há duas artes pecuniativas. A primeira é a
cambista, que adquire o dinheiro a partir do dinheiro e por
causa do próprio dinheiro. A outra é a econômica, que adquire
o dinheiro a partir das coisas naturais, por exemplo, das
frutas e dos animais, conforme foi dito. A segunda, por ser
necessária à vida do homem, é louvada. A primeira, passando
daquilo que é necessário à vida para aquilo que a
concupiscência exige, é justamente vituperada. Ela não é
segundo a natureza, não procede de coisas naturais nem se
ordena a suprir coisas necessárias à natureza, mas procede
inteiramente da permuta mútua de dinheiro, na medida em que o
homem lucra dinheiro pelo dinheiro.
Justamente com esta pecuniativa, que é a
numulária, existe ainda uma outra arte aquisitiva do dinheiro
que é ainda mais racionalmente vituperável e merecedora de
ódio. É o que se chama de usura, uma arte pela qual o
dinheiro engorda a si mesmo. As coisas que parem segundo a
natureza, geram outras semelhantes a si mesmas. A usura
produz um parto de dinheiro a partir do dinheiro, fazendo com
que ele cresça por si mesmo. Esta forma de aquisição de
dinheiro é a mais estranha à natureza que possa existir, pois
pertence à natureza que o dinheiro seja adquirido pelas
coisas naturais, não pelo próprio dinheiro. Disso tudo
conclui-se que há uma arte pecuniativa louvável e duas
vituperáveis.
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