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Assim como na ciência existe dupla potência e
duplo ato, assim também no sentido. Aquilo que nasceu para
ter um sentido e ainda não o tem, está em potência [primeira]
para com o sentido. E aquilo que já tem sentido e não sente
está em potência [segunda] em relação ao [que sente em ato].
[Há uma semelhança entre intelecto e sentido na
passagem da potência primeira ao seu ato]. A passagem [da
potência primeira do sentido ao seu ato] se faz por um
generante, porque, pela [força] que existe no sêmen, a alma
sensitiva é reduzida da potência ao ato.
[Há também uma dessemelhança entre intelecto e
sentido na passagem da potência segunda ao seu ato]. A
diferença ocorre por causa da diferença entre os objetos, que
são o sensível e o inteligível, [em ambos os casos]. Os
objetos sensíveis são objetos extra animam, [o mesmo não
ocorrendo com os inteligíveis]. A causa disto reside em que o
sentido em ato o é dos objetos singulares que existem extra
animam, mas a ciência o é dos [objetos] universais que de uma
certa forma estão dentro da alma. De onde que aqule que já
possui a ciência não necessita buscar fora de si seu objeto,
mas pode considerar este objeto apenas pelo querer, se por
acidente não é impedido. Mas o sentir não se dá pelo
[simples] querer, porque o [objeto] sensível não se acha
naquele que sente, mas fora dele.
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