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Diz Aristóteles no primeiro da Ética que "cada um
julga corretamente aquilo que conhece", de tal maneira que
isto parece querer dizer que o julgamento pertencerá às
forças cognoscitivas do homem. Ora, a força cognoscitiva se
aperfeiçoa pela prudência, [da qual se tratará no sexto livro
da Ética]. Portanto, o julgamento mais parece dever pertencer
à prudência do que à justiça, que, conforme já se explicou,
está na vontade.
Quanto a isto devemos dizer que o nome de
julgamento, que segundo sua acepção primária significa a
correta determinação do justo, ampliou-se para significar a
correta determinação em qualquer coisa, tanto no que é
especulativo como no que é prático. Todavia, para qualquer
julgamento duas coisas se requerem. Das quais a primeira é a
própria virtude que profere o julgamento. Desta maneira, o
julgamento será ato da razão, porque o dizer ou o definir
algo o é da razão. A segunda é a disposição de quem irá
julgar, pela qual este alguém possuirá idoneidade para
corretamente julgar. Desta maneira, nas coisas que pertencem
à justiça o julgamento procede da [virtude da] justiça, assim
como nas coisas que pertencem à fortaleza o julgamento
procede da [virtude da] fortaleza. Assim, portanto, o
julgamento é um ato [da virtude] da justiça [na medida em]
que [esta virtude] inclina a corretamente julgar, e é um ato
da prudência [na medida em que] profere o julgamento.
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