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O intelecto que move é o intelecto que move por
causa de algo, não apenas para raciocinar. É o intelecto
prático que difere do especulativo segundo o seu fim. O
intelecto especulativo especula a verdade, não por causa de
algum outro, mas por causa apenas de si mesmo. Já o intelecto
prático especula a verdade por causa da operação.
Da mesma forma, todo apetite é por causa de algo.
Mas aquilo de que é o apetite, isto é, o apetecível, é o
princípio do intelecto prático. E isto porque aquilo que é o
primeiro apetecível é o fim pelo qual começa a consideração
do intelecto prático. De fato, querendo deliberar agir em
relação a algo, primeiramente supomos o fim, e então
prosseguimos pela ordem a inquirir as coisas que são por
causa do fim. E assim prosseguindo do posterior ao anterior,
até aquilo que será o primeiro e iminente para se agir. Assim
é que se diz que o apetecível, que é o primeiro considerado
pelo intelecto prático, move o intelecto.
De onde se segue que é razoável colocar estes dois
moventes, o apetite e o intelecto prático.
E isto que foi dito do intelecto deve ser
igualmente entendido da fantasia, porque a fantasia move na
medida em que representa o apetecível.
Desta maneira, fica patente que um é o movente, a
saber, o apetecível. O apetecível move o apetite e é
princípio do intelecto prático, que foram colocados como
sendo os dois moventes. E o motivo porque é razoável que
estes dois moventes se reduzam em um só, que é o apetecível,
é o seguinte. Como a razão da ciência prática se acha para
com opostos, [porque é, por exemplo, a mesma ciência que
trata da saúde e da doença], ela não move a não ser que seja
determinado para um [dos opostos] pelo apetite. [O intelecto
prático, então, ao mover o homem, o faz sob a espécie de
apetite: porque o intelecto move segundo a vontade, que é um
certo apetite]. Assim, fica patente que os moventes se
reduzem em um, que é o apetecível.
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