5. Comentário de São Tomás de Aquino ao argumento de Aristóteles.

De toda esta [argumentação] fica manifesto que Aristóteles firmemente opinou e acreditou que o movimento necessariamente fosse eterno e de modo semelhante [também] o tempo. Todavia, deve-se saber que as razões por ele induzidas no oitavo livro da Física, a partir das quais ele aqui prossegue, não são demonstrativas de modo simples, mas razões prováveis. É manifesto que a razão que ele aqui colocou para demonstrar a eternidade do tempo não é demonstrativa. De fato, se colocássemos que o tempo começasse, [somente se poderia falar de algo que lhe fosse anterior como algo imaginado]. [Non enim, si ponimus tempus quandoque incepisse, oportet ponere prius nisi quid imaginatum]. Assim como além do céu não [há] que se colocar um lugar, assim não é necessário que o tempo [exista] antes que comece ou depois que cesse, posto que antes e depois signifiquem tempo.

[Entretanto, o que é dito sobre a eternidade e imaterialidade da primeira substância se segue por necessidade].

Apesar das razões que provam a eternidade do movimento e do tempo não serem demonstrativas e concludentes por necessidade, todavia as [coisas] que são provadas acerca da eternidade e imaterialidade da primeira substância se seguem por necessidade. Porque se o mundo não fosse eterno, seria necessário que tivesse sido produzido no ser por algo pré-existente. E se este [pré-existente] não fosse eterno, teria [por sua vez] que ter sido produzido por algum [outro]. Ora, como não se pode nisto proceder até o infinito, como foi provado no segundo livro da Metafísica, torna-se necessário colocar alguma substância eterna, em cuja substância não houvesse potência, e por conseqüência, fosse imaterial.