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O irracional, no homem, pode ser encontrado de
dois modos. De um primeiro modo, como a [força] nutritiva,
que de nenhum modo se comunica com a razão. De fato, de
nenhum modo ela obedece às ordens da razão. De um segundo
modo, o irracional é encontrado no homem como na força
concupiscível, e em toda força apetitiva, como no irascível e
na vontade, as quais participam de algum modo da razão.
[Que existe uma parte da alma que é irracional,
embora participe de um certo modo da razão, pode ser visto
pelo fato de que costumamos] louvar a parte da alma que
corretamente delibera e induz ao ótimo, a qual escolhe
abster-se dos prazeres ilícitos. Mas vemos que nela existe de
modo natural algo além da razão, que contraria a razão e a
impede na execução de sua escolha. Este algo, no continente,
é vencido pela razão, e no incontinente, [ao contrário], a
razão é vencida [por ele]. E que esta parte participa de
alguma forma da razão é manifesto pelo caso do homem
continente, cujo apetite sensitivo obedece à razão.
A razão [de que esta parte racional da alma
participa é aquela que] está para esta parte da alma como em
lugar de um pai imperante ou de um amigo aconselhante. A
razão [que] se acha para esta parte da alma por modo de
especulação [pura], como a razão dos matemáticos, desta razão
esta [segunda] parte da alma em nada participa.
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