8. O objeto do intelecto. I. Considerações preliminares sobre o modo do conhecimento da alma acerca dos seres naturais.

Para conhecer [objetos] diversos, requerem-se diversas potências cognoscitivas. [Por causa disso, deve-se supor uma das duas hipóteses abaixo]:

A. Ou a alma conhece a coisa por uma potência, e a quididade da coisa por outra, ou

B. Por uma mesma potência conhece a coisa e sua quididade, mas havendo-se de modos diferentes.

[Quanto ao conhecimento dos singulares nos seres naturais], quando a alma [se aplica a conhecer um objeto natural singular], pela potência intelectiva conhece a quididade do ser, e pela sensitiva conhece o próprio ser. [Temos disto um exemplo na] forma da carne é uma forma determinada em determinada matéria sensível. Esta natureza é conhecida pelo sentido. Já é pelo intelecto que a alma conhece o que é a carne.

Quando a alma compara o universal ao singular, ocorre que é a mesma potência intelectiva que, de um modo diferente, conhece a quididade e o ser. Isto [tem que suceder deste modo] porque assim como explicado que não podemos sentir a diferença entre o branco e o amargo, a não ser que houvesse uma potência sensitiva comum que conheça a ambos, assim também não podemos conhecer a comparação do universal ao singular se não houver uma potência que conheça a ambos. Mas, no caso presente, o intelecto conhece a ambos de formas diferentes. A quididade é conhecida pelo intelecto diretamente. O singular porém é conhecido através de uma reflexão, na medida em que se volta sobre os fantasmas, de onde são extraídas as espécies inteligíveis.