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Entre os homens, aquilo que move como desejável
é diferente daquilo que move como bem inteligível, não
obstante ambos moverem como moventes não movidos. Isso é
marcadamente patente nas pessoas que são incontinentes.
Segundo a razão, são movidas pelo bem inteligível. Segundo
a força concupiscível são movidas por algum deleitável
segundo o sentido, que parece um bem, não sendo, porém, bem
de modo simples, mas bem segundo algo. [O que se tentará
explicar em seguida é que] esta diversidade não pode
ocorrer no primeiro inteligível e no primeiro desejável. O
primeiro dos inteligíveis e o primeiro dos desejáveis tem
que ser o mesmo.
[O desejável, isto é, o apetecível, pode sê-lo
por um apetite intelectual ou por um apetite
concupiscível]. Isto acontece porque a vontade está no
intelecto, e não somente no apetite da concupiscência. Ora,
o concupiscível que não é bem inteligível, é um bem
aparente. Se é assim, o primeiro bem terá que ser
apetecível por um apetite intelectual.Isto acontece porque
aquilo que é apetecido segundo a concupiscência parece ser
um bem pelo fato de que é desejado, porque a concupiscência
perverte o juízo da razão, para que lhe pareça um bem o que
é deleitável. Mas já aquilo que é apetecido por um apetite
intelectual é desejado porque aparece como um bem segundo
si. Daqui fica claro que qualquer concupiscível só será bem
se for desejado segundo o dictamen da razão. Portanto, o
primeiro dentre os bens será aquele que por ser [um] bem,
move o desejo, que é apetecível e inteligível
simultaneamente.
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