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[A potência sensitiva também não pode ser
princípio do movimento porque] o sentido está em todos os
animais. Se, portanto, o sentido fosse princípio do movimento
[processivo local], seguir-se-ia que todo animal se moveria
[segundo este movimento]. Ora, isto é falso, porque muitos
animais têm sentido e permanecem sempre no mesmo lugar
enquanto vivem.
[Poderia objetar-se que] o fato de que muitos
animais que têm sentido permanecem sempre no mesmo local,
nunca se movendo, não significa que lhes falte um princípio
motivo, mas sim que lhes falte instrumentos aptos ao
movimento.
[No entanto, deve-se dizer que] a natureza nada
faz em vão, nem falha no necessário, a não ser nos animais
defeituosos e imperfeitos, como os animais monstruosos. De
fato, os animais monstruosos [nascem] fora das intenções da
natureza, pela corrupção de algum princípio no sêmen. Ora, os
animais imóveis são perfeitos na sua espécie. Portanto,
nestes animais a natureza nada faz em vão, nem é falha no
necessário.
[Pode concluir-se, portanto] que onde quer que
exista algum princípio de vida, existem os órgãos
convenientes para aquele princípio. [Por isso], as partes do
corpo existem por causa das partes da alma.
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