8. Consideração sobre a política dos Lacedemônios quanto ao principado real.

Sobre a questão de se é bom para a cidade ter ou não um rei, o Filósofo diz que tratará do assunto no livro terceiro. Mas, supondo que fosse melhor ter um rei, isto não seria melhor conforme o era entre os Lacedemônios, já que entre eles o rei não reinava por toda a vida. É claro que é melhor para todos que a instituição real seja vitalícia, porque o rei é útil à cidade para que, pelo seu poder, possa conservar eficazmente o estado da cidade. O contrário deve-se dizer dos senadores ou anciãos, os quais são escolhidos para o aconselhamento ou para determinados julgamentos.

A causa pela qual o legislador instituíu entre os Lacedemônios que os reis não fossem perpétuos está na consideração de que ele não poderia tornar nenhum cidadão perfeitamente bom. De onde que desconfiou de todos os cidadãos como de pessoas [entre as quais não poderia achar ninguém] perfeitamente bom. Este é o motivo também pelo qual quando os Lacedemônios enviavam delegados ou embaixadores, escolhiam [pares de] pessoas inimigas ou discordantes, para que um pudesse impedir o outro se quisesse fazer algo contra o bem da cidade. De um modo semelhante consideravam que fosse salutar para a cidade se os reis discordassem entre si, de tal modo que um sucedesse ao outro e um pudesse corrigir o que o outro tivesse mal feito.