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O padecer [pati] é dito de uma primeira maneira
segundo uma certa corrupção, pela qual uma coisa se faz a
partir de seu contrário. A passio propriamente dita parece
significar um certo decremento do paciente. Esse decremento é
uma corrupção, ou segundo a forma substancial, ou segundo a
forma acidental. [Nesse caso], a forma de partida é
transformada por um agente contrário. Este primeiro modo é o
modo que é propriamente dito de paixão, segundo a qual uma
certa corrupção é feita [a partir de] um contrário, [por um
agente a ela contrário].
[De um segundo modo], menos propriamente, entende-
se por padecer uma certa recepção. Neste caso, o que recebe
se compara ao recebido como a potência ao ato. Como o ato é
dito perfeição da potência, neste segundo modo a passio é
dita segundo não que se faz uma certa corrupção do paciente,
mas segundo que se faz uma certa perfeição do [paciente] que
está em potência. Ora, o que está em potência não se
aperfeiçoa exceto através do que está em ato, mas o que está
em ato, [neste caso, à diferença do anterior], não é
contrário ao que está em potência enquanto tal, mas é mais
[propriamente] semelhante, porque a potência nada mais é do
que uma certa ordenação ao ato.
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