3. O movimento também pode ser dito segundo as três maneiras precedentes em relação ao término.

[Para explicar isso, fazem-se necessárias, entretanto, algumas considerações prévias].

[Em primeiro lugar], cinco coisas se requerem para o movimento:

A. Um primeiro movente, a partir do qual o movimento comece.

B. Um objeto móvel, o qual será movido.

C. O tempo, em que o movimento acontece.

D. Um término, a partir do qual o movimento se inicia.

E. Outro término, para o qual o movimento se encaminha.

[Deve-se considerar, em segundo], que o que é movido primariamente e per se é diferente do término para o qual o movimento tende, e do término a partir do qual o movimento começou. Isso deve ser dito porque não existe nada que impeça aquilo que é movido por acidente ser um dos términos do movimento. O objeto, isto é, a madeira, se torna quente per se. Mas a privação e o contrário, isto é, o frio, se torna quente por acidente.

[Em terceiro, deve-se considerar também que as afirmações precedentes pode ser demonstrada do seguinte modo].

O objeto móvel é diferente dos términos do movimento, [pois] o movimento está no objeto, isto é, na madeira. Nos términos do movimento, não existe movimento, como não existe movimento nem na espécie branca, nem na espécie negra. Isto é claro a partir do fato de que aquilo em que existe movimento é movido. Ora, o término do movimento nem move, nem é movido. Na verdade, é o movente que move o objeto, o qual é movido em direção ao término [denominado] "para o qual". Assim, o objeto móvel é diferente do que o término do movimento.

[Como quarta consideração] temos que a mutação é denominada pelo término "para o qual", ao invés de término "a partir do qual". Assim, a corrupção é o nome da mutação para o não ser. Inversamente, a geração é o nome da mutação para o ser. A razão deste fato é que na mutação o término "a partir do qual" é removido, e o término "para o qual" é adquirido. De onde que o movimento parece ser repugnante ao término "a partir do qual", e estar de acordo com o término "para o qual".

[Finalmente, devemos considerar que] pelo fato de que os términos do movimento são diferentes do objeto móvel e do movente, ao lado da divisão do movimento tomado em relação ao movente e ao objeto móvel, o movimento pode ser dividido também em relação ao término. Como o término "para o qual" é o que dá nome ao movimento, e não o término "a partir do qual", esta terceira divisão do movimento é estabelecida somente em relação ao término "para o qual".

[Segundo o término "para o qual" o movimento pode ser dividido em movimento por acidente, movimento em relação a uma parte e movimento [em relação a um término] primário e per se].

[O movimento é "por acidente"] se aquilo que se torna branco é dito tornar-se alguma outra coisa conforme é entendido por quem o afirma. Porque o ser entendido é acidental à coisa branca.

[O movimento é em relação a uma parte se] aquilo que se torna branco é dito ser mudado de coloração. Porque a brancura é uma parte da cor.

[O movimento é [em relação a um término] primário e per se] quando aquilo que se torna branco é dito mudar para uma coloração branca.