11. Comentário de São Tomás sobre a eternidade do movimento conforme demonstrada por Aristóteles.

Uma parte da posição de Aristóteles, a de que sempre houve movimento, conflita com a fé cristã, porque de acordo com a fé cristã nada sempre existiu, com a exceção de Deus.

Mas a outra parte da sua posição não é contrária à fé. Porque de acordo com a fé cristã a substância do mundo começou em algum tempo, mas nunca deixará de existir. Alguns movimentos sempre existirão, especialmente nos homens, que permanecerão eternamente, vivendo uma vida incorruptível, ou na bem aventurança, ou na condenação.

Entretanto, se os argumentos de Aristóteles são corretamente considerados, a verdade da fé não pode ser efetivamente oposta a tais argumentos, porque os argumentos apresentados são verdadeiros em demonstrar que o movimento não começou por meios naturais. Não pode ser demonstrado, porém, com esses argumentos, que o movimento não começou no sentido de que as coisas foram produzidas pelo primeiro princípio das coisas, conforme nossa fé propõe.

De fato, conforme foi dito, a existência das coisas não foi adquirida através de uma mutação ou movimento, mas através de uma emanação a partir do primeiro princípio das coisas. Desta maneira, não se segue que houve uma mutação antes da primeira mutação.