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O Filósofo quer declarar como deverá ser a cidade
ótima. [Antes disso, porém, ele deseja explicar que] o homem
estudioso [ou dedicado] que possui a virtude perfeita e o
apetite ordenado usa bem as coisas que segundo se não têm
razão de bem mas são ordenáveis ao fim, como a pobreza e a
doença, a ausência de amigos e outras semelhantes. O mesmo
homem fará operações melhores pela suposição destas coisas,
[isto é, se possuir estas coisas que são bens per se] porque
o homem bom e estudioso [ou dedicado] é aquele a quem são bem
de modo simples os bens que o são por causa da própria
virtude. Aquele [homem] para o qual as coisas simplesmente
ótimas não são ótimas, não é bom nem estudioso, assim como
também nem parecerá ser sadio aquele para o qual as coisas
simplesmente sadias não são sadias. A saúde, entretanto,
assim como as riquezas, possuem razão de bem, de onde que
saberá bem usá-las aquele que é estudioso por causa da
virtude. De fato, o estudioso usa segundo a reta razão de
tudo o que lhe é dado, porque ele próprio opera segundo a
razão.
Se, portanto, a pobreza e a doença, assim como os
seus contrários, são ordenáveis para a felicidade, o
estudioso saberá usar tanto da pobreza como da riqueza do
melhor modo que [estas o permitirem]. Supostas, porém, a
doença ou a pobreza, fará operações menos perfeitas, porque
segundo se estes não são bens; supostas, entretanto, as
riquezas e a saúde, fará operações mais perfeitas, porque
estas últimas segundo se possuem razão de bem, tal como o bom
curtidor do couro que lhe é dado faz os melhores sapatos que
são possíveis, embora alguns sejam melhores com o melhor
couro e piores com o pior couro.
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