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[Devemos, primeiramente, fazer uma distinção entre
as causas moventes]. Dentre as coisas que movem, algumas
movem fora da natureza, como os moventes pela violência.
Outras movem de acordo com a natureza, como aquilo que é
atualmente quente, move o que é de acordo com a natureza
potencialmente quente. E assim como aquilo que está em ato
naturalmente move, assim aquilo que está em potência é
naturalmente movido.
[Pode objetar-se que], conforme explicado no Livro
II, são movidas naturalmente as coisas cujo princípio de
movimento está nelas per se e não por acidente. Por causa
disso, pode parecer que quando aquilo que é somente
potencialmente quente se torna quente, não é movido
naturalmente, já que é movido por um princípio externo a ele.
[A esta objeção pode responder-se que] para o
movimento ser natural, basta que o princípio correspondente,
isto é, a potência, esteja naquilo que é movido per se e não
por acidente.
[Colocadas estes argumentos, devemos dizer que as
coisas leves e pesadas não podem ser movidas por si mesmas].
Nada, de fato, pode estar em potência e em ato em relação à
mesma coisa. Ora, aquilo que está em potência é movido
naturalmente por aquilo que está em ato. Portanto, nem o
fogo, nem a terra, nem nada mais pode ser movido por si
mesmo, mas por um outro. O fogo e a terra são movidos pela
violência quando seu movimento está fora de sua potência
natural. Mas eles são movidos naturalmente quando eles são
movidos aos seus próprios atos, para os quais eles estão em
potência de acordo com suas naturezas. [E neste movimento são
movidos por um outro, por causa do que foi acima exposto].
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