18. Refuta-se a afirmação segundo a qual o homem não deve descansar na especulação do intelecto.

Houve alguns poetas que exortaram a que o homem devesse pretender saber o que é humano, e os mortais saber o que é mortal.

Aristóteles declara falsa esta colocação, porque o homem deve pretender a imortalidade o quanto possa, e fazer tudo o que puder para que viva segundo o intelecto, que é o ótimo entre as coisas que há no homem, o qual é imortal e divino. Já foi dito no livro IX que [para] cada coisa [sua] melhor parte é aquela que é mais principal nela, porque todas as outras são como que [seus] instrumentos. Assim, na medida em que o homem vive segundo a operação do intelecto, vive segundo a vida maximamente a si própria. Seria, entretanto, inconveniente, se alguém escolhesse viver não segundo a vida que lhe é própria, mas segundo a vida de algum outro. De onde que inconvenientemente afirmaram aqueles que exortaram a que o homem não devesse descansar na especulação do intelecto. E isto não é contra aquilo que foi dito antes, que [ a vida segundo a qual descansamos na especulação do intelecto] não é segundo o homem, mas acima do homem: não é, de fato, segundo o homem quanto à natureza composta, mas é, todavia, propriíssima segundo o homem quanto àquilo que é principalíssimo no homem. Esta vida, na verdade, é encontrada perfeitissimamente nas substâncias superiores, nos homens todavia imperfeitamente e como que participativamente. E todavia este pouco é maior do que todas as outras coisas que há no homem. Assim, portanto, é patente, que aqueles que descansam na especulação da verdade são maximamente felizes, tanto quanto o homem nesta vida pode ser feliz.