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O Filósofo passa a declarar no que as repúblicas
se transmutam.
As repúblicas se transmutam para o estado de
poucos ou para o estado popular pelo fato de que algum
colégio [de pessoas] ou alguma parte da cidade alcançou uma
fama ou um aumento maior do que o seu modo [corrente]. Por
este motivo ocorre que se governava quem [este grupo]
pretendia [que governasse], maior e mais forte se torna o seu
estado e, deste modo, a república muda do mais débil para o
mais forte. Se, porém, não governava [quem este grupo
pretendia que governasse], ocorre que [este] passará a
governar por causa de uma justa fama e poder e, deste modo,
faz-se a transmutação de uma república a outra.
Daqui o Filósofo conclui uma regra universal,
dizendo que isso deve ser universalmente manifesto e não deve
ser escondido, que quem quer que por causa do poder tiver
feito algo ilustre, sejam estes idiotas, sejam príncipes,
sejam algumas tribos, tanto elas em sua inteireza como em
parte, seja qualquer multidão, moverá a sedição. Ou aqueles
que invejam aos que são honrados na cidade se moverão e farão
a sedição, ou aqueles que se sobressaem e fizeram algo
grande, por causa do poder, não quererão permanecer com os
iguais e se conformar a eles. Por terem feito coisas grandes,
inclinam-se às coisas grandes, às quais se consideram dignos.
Não querem, por isso, permanecer com os iguais. De onde que,
se tiverem o poder, farão a sedição.
As repúblicas são maximamente transmutadas quando
duas partes que parecem ser contrárias, como os ricos e o
povo, se igualam no poder ou quase, e não há intermediário,
ou pelo menos os há muito pequenos. Nestes casos qualquer
parte de considera mais forte do que a outra e se esforça por
repelir a outra. E se acontecer que uma parte supere a outra,
[esta] instituirá a república que [melhor] lhe parecer. Se,
porém, uma parte, qualquer que seja ela, exceder a outra em
muito, manifestamente aquela parte que é excedida, não
querendo perecer, submeter-se-á à parte que é mais forte e
não moverá sedições contra ela. E por causa disto é manifesto
que aqueles que excedem os outros em virtude não movem
sedições, porque são poucos em relação à multidão.
O Filósofo conclui dizendo que universalmente os
princípios e as causas das sedições das repúblicas se fazem
deste modo.
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