7. Se a magnitude é composta de partes indivisíveis, assim também o movimento. Mas isso é impossível. I.

Se a magnitude é composta de partes indivisíveis, então o movimento que atravessa semelhante magnitude será composto de movimentos indivisíveis iguais, em número, às partes indivisíveis de que a magnitude é composta.

[Uma explicação mais detalhada a este respeito pode ser dada conforme o que se segue].

Suponha uma linha ABC, composta de três partes indivisíveis A, B, e C.

Suponha que Z é um objeto móvel, que é movido no espaço da linha ABC.

Seja abc o movimento de Z.

Então, se as partes do espaço ou da linha são indivisíveis, as partes designadas do movimento também deverão ser indivisíveis.

[Como dois pontos preliminares à demonstração devem ser afirmados os seguintes], como per se evidentes:

A. Se é dado um movimento, ou parte de um movimento, necessariamente existirá algo que é movido.

B. Se é dado algo que é movido, necessariamente deve-lhe ser presente algum movimento.

Deve-se ainda afirmar como per se evidente que

A. Tudo o que é movido de um término a outro não pode estar simultaneamente "sendo movido" e "tendo sido movido".

[Colocados estes preliminares, segue-se a demonstração].

Se o objeto móvel Z é movido em relação a A, como foi admitido que dado um objeto que é movido, necessariamente deve-lhe ser presente algum movimento, será necessário que algum movimento "a" esteja presente em Z.

Então segue-se que

A. Ou Z está simultaneamente "sendo movido" e "tendo sido movido".

B. Ou Z não está simultaneamente "sendo movido" e "tendo sido movido".

Se a alternativa B é a correta, segue-se que A é divisível. Isto porque o objeto já terá atravessado uma parte de A e uma outra parte ainda permanece para ser atravessada.

Ora, como A é admitido indivisível, segue-se que a alternativa B não pode ser.

Se a alternativa A é correta, segue-se que ao mesmo tempo em que Z está chegando, ele já chegou. E isso viola o segundo ponto preliminar precedentemente estabelecido.

Portanto, nada pode ser movido em relação a uma magnitude indivisível. Porque, se o fosse, ou simultaneamente ele estaria "sendo movido", e "tendo sido movido", ou a magnitude não seria indivisível.

Admitamos, então, conforme conclusão precedente, que nada pode ser movido em relação a uma magnitude indivisível.

Se alguém afirmar que o objeto móvel é movido através de ABC pelo movimento abc, e nada pode estar "sendo movido" através de A, mas apenas "tendo sido movido", segue-se que o movimento não é composto de movimentos, mas de impulsos minúsculos.

Ora, um impulso minúsculo se relaciona com o movimento da mesma maneira que um ponto indivisível se relaciona com uma linha.

Portanto, fica demonstrado que, se a magnitude é composta de partes indivisíveis, o movimento é composto de impulsos minúsculos indivisíveis.