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O Filósofo passa a investigar sobre a potência e a
frota naval. Ele manifesta, em primeiro lugar, que a potência
naval, até um certo ponto, é conveniente para a cidade.
É manifesto, afirma Aristóteles, que é ótimo que
uma cidade bem ordenada possua uma potência naval, até um
determinado [limite de magnitude], que se ordena à guerra
marítima, já que convém à cidade não apenas viver consigo
mesma, mas também com os demais vizinhos, coibindo seus
ataques se quiserem promover uma guerra injusta. Para isto é
necessário que sejam [vistos como] terríveis por eles e que
possam ser ajudados de muitos modos contra eles [se for
necessário]. Isto ocorrerá se tiverem uma potência tanto
pedestre por terra como naval pelo mar. Convém, portanto, que
a cidade possua uma potência naval.
Até que limite de multidão e de magnitude convém à
cidade possuir uma potência naval é algo que pode ser
considerado examinando o fim ao qual a cidade tende per se.
Se o fim de alguma cidade é a vida [militar] e civil, isto é,
o fim ao qual se ordena a condução do exército é subjugar e
reger civilmente, então a potência naval deve ser-lhe
comensurada, de tal modo que seja tanto quanto a necessária
para que, por meio dela e das forças de terra possam debelar
e repelir os que se insurgirem contra a cidade, e não mais
nem menos, segundo o que seja possível.
A turba naval, porém, não deve fazer parte da
cidade. A multidão dos homens que gravita em torno da turba
naval não convém que esteja na cidade como uma de suas
partes, nem mesmo os próprios náuticos. De fato, os que são
super excessivos nas injúrias e querem ser inteiramente
livres de toda e qualquer submissão, assim como [os que são
primários na virtude] por carecerem dela não devem fazer
parte da cidade. Mas a turba náutica que controla a navegação
é deste modo, injuriosa, sem querer submeter-se e carente de
virtude, em sua maioria e na maior parte das vezes. Não
convém, portanto, que faça parte da cidade, [embora ela seja]
necessária à cidade, como a multidão dos servos, dos
curtidores e dos agricultores.
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