21. Acerca das deleitações do homem virtuoso.

Em todas as coisas que pertencem às paixões e operações humanas, parece ser verdade aquilo que assim parecerá ao homem aplicado que possui reto julgamento acerca de tais [coisas], assim como o que possui saúde acerca do que é doce. [De onde que se conclui que] se a virtude é a medida segundo a qual julgamos acerca de todas as coisas humanas, segue-se que serão verdadeiras deleitações aquelas que assim parecerão ao homem virtuoso, e serão verdadeiros deleitáveis aqueles pelos quais o virtuoso se deleita.

Se, porém, algumas das coisas pelas quais o virtuoso se entristece parece deleitável a outros homens, não é isto de se admirar. Isto acontece por causa das muitas corrupções e dos múltiplos danos feitos aos homens, pelos quais se pervertem a razão e o apetite. Assim, as coisas que repudiam ao homem virtuoso não são deleitáveis de modo simples, mas somente ao [homem] mal disposto.

[Entre as deleitações do homem virtuoso alguma há que é a deleitação principal do homem]. Deve [haver] entre as deleitações virtuosas [algumas ou alguma] que seja a principal deleitação do homem. Isto é manifesto pelas operações às quais se seguem as deleitações, porque haja uma ou várias operações que sejam próprias do homem feliz e perfeito, é evidente que as deleitações conseqüentes a estas operações serão as principais deleitações do homem. As restantes, porém, estarão sob as principais de modo secundário, assim como [também] acontece nas operações.