3. Que a potência sensitiva não pode ser também princípio do movimento.

[A potência sensitiva também não pode ser princípio do movimento porque] o sentido está em todos os animais. Se, portanto, o sentido fosse princípio do movimento [processivo local], seguir-se-ia que todo animal se moveria [segundo este movimento]. Ora, isto é falso, porque muitos animais têm sentido e permanecem sempre no mesmo lugar enquanto vivem.

[Poderia objetar-se que] o fato de que muitos animais que têm sentido permanecem sempre no mesmo local, nunca se movendo, não significa que lhes falte um princípio motivo, mas sim que lhes falte instrumentos aptos ao movimento.

[No entanto, deve-se dizer que] a natureza nada faz em vão, nem falha no necessário, a não ser nos animais defeituosos e imperfeitos, como os animais monstruosos. De fato, os animais monstruosos [nascem] fora das intenções da natureza, pela corrupção de algum princípio no sêmen. Ora, os animais imóveis são perfeitos na sua espécie. Portanto, nestes animais a natureza nada faz em vão, nem é falha no necessário.

[Pode concluir-se, portanto] que onde quer que exista algum princípio de vida, existem os órgãos convenientes para aquele princípio. [Por isso], as partes do corpo existem por causa das partes da alma.