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A ciência natural não é nem ativa, nem factiva.
Como toda ciência operativa ou é ativa ou factiva, segue-se
que a ciência natural não é operativa.
Agir é dito propriamente segundo uma operação
que permanece no agente e não transita para a matéria
exterior, como inteligir, sentir e outras tais. Fazer é
dito segundo uma operação que transita para a matéria
exterior, que por ela é modificada, como esquentar, cortar
e outras.
Portanto, a ciência ativa é aquela pela qual nos
instruímos para corretamente exercer as operações que são
ditas ações. Tal é a ciência moral. Ciências factivas são
aquelas pelas quais corretamente fazemos algo, como a arte
fabril e outras assim.
A ciência natural difere destes dois tipos de
ciência. Não pode ser factiva, porque estas ciências não
apresentam princípio de movimento no feito, mas no
faciente. Não pode ser ciência ativa, porque estas ciências
não apresentam princípio de movimento naquilo em que agem,
mas mais no agente. Mas as coisas que pertencem à
consideração da ciência natural apresentam princípio de
movimento em si mesmo, por ser a natureza princípio de
movimento naquilo em que [a natureza] está.
De onde se conclui que, sendo qualquer ciência
ou ativa, ou factiva ou especulativa, e a ciência natural
não podendo ser nem ativa, nem factiva, será necessário que
a ciência natural seja ciência especulativa.
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