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Dizer que o ente ou o não ente faz algo, ou que do
ente ou do não ente algo é feito, pode ser entendido de duas
maneiras: per se e por acidente.
[Coloquemos um exemplo]: por um lado, dizemos
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A. O médico edifica, não enquanto
médico, mas enquanto edificador.
B. O médico se torna branco, não
enquanto médico, mas enquanto
preto.
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Por outro lado, dizemos
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A. O médico medica, enquanto
médico.
B. O médico se torna não médico,
enquanto médico.
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Assim, as expressões acima podem ser entendidas de duas
maneiras, per se e por acidente.
A incapacidade de perceber essa diferença gerou a
impossibilidade de resolver a argumentação precedente dos
antigos filósofos.
Do não ente nada se torna per se, mas apenas por
acidente, porque o ente não é proveniente per se da privação,
e isto porque a privação não entra na essência da coisa
feita.
Da mesma maneira, a partir do ente algo vem a ser
por acidente e não per se.
Se o ente se torna por acidente tanto a partir do
ente como do não ente, importa apontar algo a partir do qual
o ente se faz per se.
O ente se faz per se a partir do ente em potência,
e por acidente a partir do ente em ato ou do não ente.
O ente em potência é a matéria, e é dela que o
ente em ato provém per se.
Da privação ou da forma precedente o ente em ato
se faz apenas por acidente, na medida em que a matéria, da
qual o ente em ato provém per se, está debaixo de tal forma
ou privação.
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