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O Filósofo diz que alguém poderia questionar que
se alguém ama a república e possui poder, para nada pareceria
necessária a virtude. Pois parece que esta já não seria
necessária porque, pelos dois outros, isto é, pela potência e
pelo amor parece que poderiam fazer-se todas as coisas que
fossem necessárias para o principado.
O Filósofo responde a esta dúvida dizendo que
juntamente com a potência e o amor ao principado requer-se a
virtude se se deve governar bem e perfeitamente, porque os
que possuem a potência civil e o amor à república podem ser
como incontinentes, isto é, estarem dispostos para com a
república assim como [o homem] incontinente está disposto
para consigo mesmo. Ora, o incontinente, embora tenha um
julgamento reto e a ciência de como se deve agir e o amor a
si, segue, no entanto, as concupiscências e os movimentos das
paixões. E, deste modo, de nada lhe serve a ciência que tem
de como se deve agir.
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