3. Demonstra-se que os universais não são substâncias.

É impossível que qualquer das coisas que são predicadas universalmente sejam substâncias, enquanto tomadas em sua universalidade. A substância de qualquer coisa é própria desta coisa e não [existente] em outros [et non inest alii]. Mas o universal é comum a muitos, pelo próprio fato de ser dito universal. [De fato, a razão do universal é] ser algo apto a estar em muitos, e de muitos ser predicado. Ora, se o universal é substância, necessariamente será substância de algo. [Neste caso, poderão ocorrer duas alternativas: o universal poderá ser] substância de todos aqueles de que se predica e em que está, ou substância de apenas um único dentre todos aqueles de que se predica e em que está. Se admitirmos que seja substância de todos eles, isto não será possível, porque um não pode ser substância de muitos, [pelo motivo já colocado que a substância de qualquer coisa é própria desta coisa e não [existente] em outros]. [De onde se segue que o universal que se pretendia fosse substância não pode ser substância]. Se admitirmos que o universal seja substância de apenas uma [das coisas] das quais se predica e nas quais está, seguir-se-á que pela mesma razão deverá ser substância das demais coisas. E isto porque nestas outras coisas de modo semelhante também está. Ora, as coisas das quais a substância é una e das quais a essência é una só podem ser uma única coisa. [De onde se segue que agora o universal que se pretendia fosse substância não pode ser universal]. Assim, portanto, pelo fato de que o universal não pode ser substância nem dos vários dos quais é predicado, e nem de uma única delas, o universal não pode de maneira nenhuma ser substância.