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O Filósofo mostra que neste presente tratado
somente deverá ser considerada a oração enunciativa, e que as
demais espécies de oração devem ser deixadas de lado quanto à
intenção do De Interpretatione, porque sua consideração é
mais conveniente para a Ciência Retórica ou Poética.
A razão é porque a consideração deste livro se
ordena diretamente à ciência demonstrativa, em que a alma do
homem é induzida pela razão a consentir ao verdadeiro pelo
que é próprio da coisa [ou da realidade]. O demonstrador, por
isso, não se utiliza para o seu fim senão de orações
enunciativas, que significam as coisas na medida em que a
verdade delas está presente na alma.
O retor e o poeta, porém, induzem ao consentimento
do que pretendem não apenas por meio do que é próprio da
coisa, mas também pelas disposições do ouvinte. De onde que
os retores e os poetas esforçam-se a provocar algumas paixões
nos ouvintes, conforme diz o Filósofo na Retórica.
Por isso a consideração das demais espécies de
oração, que pertencem à ordenação do ouvinte para algo, são
propriamente do domínio da Retórica ou da Poética, pela
própria razão de seu significado, ou da Gramática, na medida
em que esta considera a correta construção das vozes.
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