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[Uma outra observação importante relaciona-se com
a questão da teoria atômica].
[A doutrina Aristotélica não é contrária à
possibilidade de existência de átomos como constituintes das
coisas naturais. A Física Aristotélica é contrária à
afirmação de que as coisas naturais sejam formadas de
partículas indivisíveis e de vazio como sua natureza última.
A existência de átomos e de partículas elementares, como as
descobertas pelos métodos experimentais da Física Moderna é
compatível com a Física Aristotélica, mas não o é uma
afirmação que venha a declarar que estas ou quaisquer outras
partículas possam ser indivisíveis e que existe vazio entre
elas constituindo as coisas naturais. Os constituintes
últimos das coisas naturais, quaisquer que possam ser as
estruturas microscópicas intermediárias das mesmas, são,
segundo a doutrina Aristotélica, a matéria e a forma,
conforme explicado no livro primeiro da Física].
[Deve-se observar, entretanto, que os átomos, e
muito mais as partículas sub atômicas, não são realidades
observadas, mas modelos postulados pela ciência moderna para
explicar o comportamento da matéria. Apenas são observáveis
como existindo em ato as realidades que a Química conhece
como moléculas. Átomos como entidades existindo em ato não
existem e nunca foram observados; postula-se a existência dos
átomos como realidades contituintes da matéria, apenas
existindo isoladamente em potência. Em uma reação química,
quando os átomos deveriam separar-se das moléculas no
brevíssimo intervalo de tempo entre a existência de um
reagente e resultante, os átomos existiriam em um estado de
transição tão altamente instável que, do ponto de vista
tradicional, eles seriam mais a própria realidade do
movimento do que um ente em ato e, mesmo assim, sua realidade
é mais um modêlo para a explicação do fenômeno observado do
que uma realidade verdadeiramente obervada. Um longo uso
destas expressões fêz com que os próprios cientistas
acabassem por se esquecer que apenas as moléculas são entes
em ato, enquanto que os átomos e as partículas sub atômicas
são apenas modêlos para explicar o comportamento das
realidades realmente observáveis. Como o objetivo da Ciência
Moderna é apenas experimental, e não metafísico, esta
distinção não lhe é na prática relevante; do ponto de vista
filosófico, entretanto, as duas alternativas representam
concepções de realidade completamente diversas. O que
Aristóteles denomina de substância termina no que é
verdadeiramente ente em ato; os átomos e partículas
subatômicas não são entes em ato e nem podem sê-lo, pelo
menos em condições normais, sendo mais supostos entes em
potência e apenas analogicamente cognoscíveis, apesar da
Física e da Química terem-se habituado a tratá-los como se
sua realidade fosse certa, observável e atual. Átomos e
partículas sub atômicas não podem, de modo algum, ser
tratados como pertencendo à categoria de substância; quando
supostamente existiriam em ato, são mais a realidade do
movimento do que a da substância].
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