|
Suponhamos que exista uma ciência que trata do
ente. Ora, toda a ciência não apenas deve especular sobre o
seu sujeito, mas também os acidentes per se desse sujeito.
Portanto, a ciência que especula do ente enquanto ente como
seu sujeito, também deverá especular dos acidentes per se do
ente.
[Esta ciência] diz-se do "ente enquanto ente",
porque todas as ciências consideram o ente, sendo qualquer
sujeito de qualquer ciência entes. Não consideram, todavia, o
ente enquanto ente, mas enquanto tal tipo de ente, como o
número, a linha, o fogo, ou algo assim.
[Esta ciência] diz-se [também] dos acidentes per
se do ente, e não simplesmente dos acidentes, para significar
que à ciência do ente enquanto tal não compete considerar dos
acidentes do ente, mas apenas dos seus acidentes per se. O
geômetra, por exemplo, não considera se o triângulo é de
cobre ou de madeira, mas apenas considera o triângulo de modo
absoluto, na medida em que apresenta três ângulos idênticos,
e assim por diante. Assim também à ciência do ente enquanto
tal não compete a consideração de tudo o que por acidente há
no ente, porque todos os acidentes existem em algum ente, não
todavia enquanto ente.
|
|