15. Os três modos da essência existir nas substâncias.

Existe algo, que é Deus, cuja essência é o seu próprio ser. Este ser que é Deus, é de tal condição que nenhuma adição lhe se possa fazer, de onde que pela sua própria pureza é ser distinto de todo ser, por causa do que se diz que a individuação da primeira causa se dá pela sua bondade [bonitatem].

A essência é encontrada de um segundo modo nas substâncias criadas intelectuais, nas quais o seu ser de diferente de sua essência, embora sua essência seja sem matéria. Daqui se segue que o ser das substâncias separadas não é absoluto, mas recebido, e portanto, limitado e finito pela capacidade da natureza recipiente. Já, porém, a natureza, ou a quididade delas é absoluta, e não recebida em nenhuma matéria. Por isso é que se diz que a inteligências são finitas superiormente e infinitas inferiormente: são, de fato, finitas, quanto ao seu ser recebido de um superior. Todavia, não são finitas inferiormente, porque as suas formas não são limitadas à capacidade de alguma matéria que as receba.

A essência é encontrada de um terceiro modo nas substâncias compostas de matéria e forma, nas quais o ser é recebido e finito, pelo fato de terem o seu ser de outro, e nas quais também a sua natureza ou quididade é recebida na matéria assinalada.

Por isso as substâncias compostas são ditas finitas tanto superiormente como inferiormente.