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O alimento parece ser contrário àquilo que se
alimenta porque o alimento se converte naquilo que se
alimenta. Ora, as gerações se fazem entre contrários.
[Por outro lado] o alimento parece ser semelhante
àquilo que se alimenta porque o alimento é causa do aumento
naquilo que se alimenta. Ora, o semelhante aumenta pelo
semelhante. Se algo diverso se acrescenta a algo já
existente, isso não é um aumento, mas uma aposição de uma
natureza estranha.
[Uma outra razão do porque o alimento parece ser
contrário àquilo que se alimenta consiste em que] o agente é
contrário ao paciente, porque o semelhante não padece pelo
semelhante. Ora, o alimento padece por aquele que se
alimenta, é alterado por ele e digerido. Aquele, porém, que
se alimenta, não padece pelo alimento, assim como o artífice
não padece pela matéria, mas sim inversamente. É patente,
portanto, que o alimento seja contrário àquilo que se
alimenta.
[A solução desta questão está em que] ambas as
proposições acima de uma certa forma estão corretas e de uma
certa forma não estão corretas. Se chamarmos alimento àquilo
que resulta depois da digestão, então estará correto que o
alimento é contrário àquilo que se alimenta.
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