30. Onde se situa o movimento.

O movimento está no móvel. [Isto se manifesta do seguinte modo]: todo ato está naquilo de quem é ato. Mas o movimento é ato do móvel causado pelo movente, o que é patente pelo que já foi dito. De onde se segue que se situa no móvel.

[Quanto a como o movimento se situa para com o movente], vamos colocar duas coisas. A primeira, que o movimento [também] é ato do motivo. A segunda, que o movimento que é ato do motivo não é outro que não o movimento que é ato do móvel. Na verdade, o movimento é ato de ambos.

[Estas duas proposições explicam-se do seguinte modo]. Isto acontece porque um único movimento segundo a substância é ato de ambos, diferindo [apenas] pela razão. O movimento é ato do movente como dele proveniente [ut a quo] e é ato do móvel como nele existente [ut in quo]. E não vice-versa. Por isso o ato do movente é dito ação, e o ato do móvel é dito paixão.

Uma objeção pode ser levantada que consiste em que, se a ação e a paixão são a mesma coisa segundo a substância, isto parece significar que não podem ser predicamentos diversos. [Deve-se responder a isso que a dificuldade apontada tem sua origem de um entendimento errôneo do que sejam os 10 predicamentos]. Os predicamentos se diversificam segundo os diversos modos de se predicar [o ser]. De onde se segue que a mesma [coisa], na medida em que possa ser predicada de modos diversos, pertencerá a diversos predicamentos. Desta maneira, o movimento, na medida em que se predica do sujeito no qual está, constituirá o predicamento da paixão. E na medida em que se predica daquilo que quem é proveniente [de eo a que est], constituirá o predicamento da ação.