11. A meditação especulativa é a maior das ações.

Supostas estas coisas, diz Aristóteles que se a felicidade é a operação ótima do homem segundo a virtude perfeita, é necessário que a vida ótima de toda a cidade e segundo cada homem seja ativa e consista na operação.

[O Filósofo acrescenta, porém], que não devem ser consideradas como ativas somente as meditações da inteligência que dizem respeito às coisas operáveis ou que são feitas por causa das coisas operáveis contingentes; [ao contrário], muito mais deverão [ser consideradas ativas] aquelas considerações e meditações que segundo si são perfeitas e são buscadas por si mesmo e não por causa de alguma outra coisa.

[O Filósofo, na verdade, deseja mostrar que] o homem é dito agir maximamente [quando o faz] segundo o intelecto especulativo. [De fato, são ditos agirem] maximamente aqueles que possuem o domínio das ações extrínsecas de todos, os quais são como que [homens] arquitetônicos, [e estes são, mais precisamente, os especulativos].

A razão [para tudo isto] é que o fim ótimo do homem e da cidade é a boa ação. Ora, os especulativos são os que possuem o máximo domínio das operações extrínsecas, como quem lhes impõe as razões, e como [que sendo seus] arquitetos. [Isto sucede porque] o intelecto prático que dirige as operações exteriores supõe, como um princípio, o reto apetite do fim, e o reto apetite do fim, [por outro lado], não se dá sem a retidão da vontade. A retidão da vontade, porém, [supõe por sua vez] a retidão do intelecto que mostra o bem ou o fim.

[Ora], se a vontade nada quer que não tenha sido antes inteligido, este intelecto não poderá ser o intelecto prático, mas o especulativo, já que o prático depende da vontade, enquanto que, [ao contrário], a vontade depende deste. [Daqui se conclui que] a primeira regra do agir é, de modo universal, a inteligência especulativa, razão pela qual a ação ótima do homem é a especulação e, por conseguinte, o seu fim último.

Não é, portanto, a meditação dos agíveis que é a operação ótima do homem, mas a consideração ou especulação especulativa e, principalmente, aquela [especulação] que é das primeiras coisas ou simplesmente do [que é] primeiro.