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[Um possível contra exemplo à não existência de um
movente de si mesmo no qual as partes se moveriam
reciprocamente uma à outra que facilmente se apresentaria à
mente de um estudante de Física Moderna seria o sistema em
que dois corpos celestes se movem orbitando um em torno do
outro].
[Dados dois corpos A e B que orbitam um em torno
do outro, segundo a Mecânica Newtoniana o corpo A atrai o
corpo B pela força da gravidade e por causa dessa força B
gira em torno de A. Por outro lado, o corpo A gira também
orbita em torno do corpo B por causa da força de mesmo gênero
que o corpo B exerce sobre o corpo A. Assim, os dois corpos
se movem reciprocamente].
[Independentemente do fato de que a lei da
gravitação é apenas um modelo matemático e não uma realidade
efetivamente constatável, pois o que verdadeiramente pode ser
observado é a existência de uma tendência de um corpo cair
sobre o outro e não a de uma força gravitacional, a qual é
uma mera hipótese matemática útil para cálculos de previsão
de comportamento, pode entender-se facilmente que, mesmo
colocadas a questão nestes termos, o corpo A moveria o corpo
B e o corpo B moveria o corpo A, mas não segundo o mesmo
movimento. Ora, o que o Filósofo quer excluir não é que o
corpo A possa mover o corpo B segundo um movimento e o corpo
B possa mover o corpo A , segundo um movimento distinto, mas
que o corpo A, movendo o corpo B, não possa receber de B o
própria atualização para que possa mover B. Neste sentido,
nos termos da Física Newtoniana, se A atrai B, não pode
receber de B, enquanto movido por A, a própria capacidade de
movê-lo. Algo externo deve atualizar A a atrair B. Isto vem
de encontro à observação de Aristóteles de que quando o corpo
B cai por gravidade sobre um corpo A o motor de B é aquilo
que conferiu a qualidade que B tem que possuir para que ele
tenha o impulso para cair. Segundo a Mecânica Newtoniana, o
motor que confere a B a propriedade de cair é um campo
gravitacional criado pelo corpo A; segundo a Mecânica
Relativística, uma distorção do espaço causada pelo corpo A.
Ambas estas teorias afirmam que o corpo A é causa deste campo
ou distorção; o que o Filósofo quereria dizer, nestes casos,
é que B não poderia ser a causa de que A cause o campo ou a
distorção que move o próprio B. Se B, portanto, por um efeito
de mesmo gênero, também move B, não está movendo a causa que
move A, mas o corpo em que se situaria esta causa].
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