II. A FANTASIA


1. Introdução.

[Como, por um lado, o assunto do que vem a seguir é a natureza da fantasia, e por outro lado, as considerações iniciais desta parte não parecem dizer respeito a mesma, cumpre explicar o que se pretende com elas]. [O principal objetivo das seguintes considerações introdutórias será o de mostrar marcadamente que a fantasia, muito ao contrário do que costuma parecer a um primeiro exame, não é algo pertencente ao intelecto, mas ao sentido]. [E para fazer ressaltar mais este ponto, será necessário assinalar também a diferença que existe entre a opinião e a fantasia. Aristóteles mostra então que a opinião pertence ao intelecto, a fantasia pertence ao sentido, e a opinião segue-se ao intelecto assim como a fantasia segue-se ao sentido].

[O propósito por trás de um primeiro posicionamento da fantasia assim como explicado é o de, em seguida, poder investigar melhor a sua natureza]. [Mas, para chegar a esta posição, assim como anteriormente] foi demonstrado que as operações de discernir os atos dos sentidos próprios e de discernir entre os sensíveis dos diversos sentidos próprios não excedem as faculdades dos princípios sensitivos, [se deverá agora demonstrar que] o saber e o inteligir, que são as duas operações que se atribuem ao intelecto, excedem [a capacidade] do princípio sensitivo. [Isto é], saber e inteligir não pertencem ao sentido. [Ou, dito de outro modo], o sentido e o intelecto não são o mesmo pelo sujeito. [Após marcar esta diferença, poderemos então colocar a fantasia em seu lugar, isto é, no sentido e seguindo-o, assim como a opinião, que segue o intelecto].