2. Rejeição de um argumento.

A intenção de Aristóteles é demonstrar que existe um motor imóvel que não é movido nem per se nem por acidente, [e é eterno e incorruptível]. Mas existe uma maneira incorreta de se demonstrar isso, e Aristóteles primeiramente quer rejeitar essa argumentação falsa.

[A argumentação a que ele se refere é a que se segue].

Tudo o que não pode existir em um tempo e não existir em outro tempo, é eterno. Mas já que o primeiro movente é imóvel, ele não pode agora existir e em outro tempo não existir, porque aquilo que algumas vezes existe e algumas vezes não existe é gerado e corrompido, e aquilo que é gerado e corrompido é movido. Portanto, o primeiro movente é eterno.

Este argumento não é válido, porque certas coisas algumas vezes existem e outras vezes não existem, e não são geradas ou corrompidas per se. Conseqüentemente, elas não são movidas per se.

Por exemplo, conforme explicado no livro VI, tudo o que é movido é divisível. Portanto, se uma coisa não tem partes, por não ser composta de matéria e forma, tais coisas indivisíveis não são geradas ou movidas per se, mas por acidente, quando outras coisas são geradas ou movidas.