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Tendo o filósofo distinguido as políticas retas
das injustas, agora passa a distinguir ambas entre si. Diz em
primeiro lugar que depois do que foi determinado, deve-se em
seguida determinar sobre as políticas, quantas são em número
e quais são, e isto pela ordem, de tal maneira que primeiro
consideraremos as políticas retas, e em seguida as injustas.
A política nada mais é do que a ordem dos que
dominam na cidade. É necessário, portanto, que as políticas
se distinguam segundo a diversidade dos que dominam. Ora, na
cidade pode dominar um só, poucos, ou muitos. E qualquer um
destes três pode ocorrer de duas maneiras. De um primeiro
modo quando se governa para a utilidade comum e, neste caso,
serão políticas retas. De um segundo modo, quando se governa
para a própria utilidade daqueles que dominam, seja um só,
sejam poucos ou muitos, e neste caso serão transgressões das
políticas.
Quando quem governa é um só, esta política será
chamada de poder real pelo seu nome costumeiro, se tal regime
busca a utilidade comum. [Chama-se também este regime de
monarquia].
A política em que poucos governam por causa do bem
comum, desde que sejam mais do que um só, é chamada de estado
dos ótimos. [Chama-se também este regime de aristocracia].
Quando, porém, uma multidão governa buscando a
utilidade comum, [este regime será chamado] de república, que
é [também] um nome comum a todas as políticas.
As transgressões [ou corrupções] das políticas
mencionadas são as seguintes. Da corrupção do rei [ou
monarca] surge o tirano, [cujo regime é a tirania]. Da
corrupção do estado dos ótimos [ou aristocracia] surge a
potência dos poucos [ou o poder da minoria. também chamado de
oligarquia]. Da corrupção da república surge o estado
popular, [também chamado pelo filósofo de democracia]. De
onde que se conclui que a tirania é o principado de um só que
busca a sua utilidade própria, o estado de poucos [ou
oligarquia] é o que busca a utilidade dos ricos e o estado
popular [ou democracia] o que busca a utilidade dos pobres.
Nenhum destes regimes busca a utilidade comum.
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