12. Como a medida pode ser transferida à ciência e ao sentido por semelhança.

Tendo sido dito que a medida é aquilo pelo qual a quantidade da coisa é conhecida, dizemos também que a ciência é a medida das coisas cognoscíveis e o sentido a medida das coisas sensíveis, porque pelo sentido conhecemos [as coisas] sensíveis e pela ciência conhecemos [as coisas] cognoscíveis.

[Deve-se colocar], todavia que a ciência e o sentido não são medida do mesmo modo que [o uno] o é. Pela medida [do uno] algo é conhecido como por [um] princípio de conhecimento. Pelo sentido e pela ciência, [porém], as coisas são conhecidas assim como por [uma] potência cognoscitiva.

Essa diferença faz com que a ciência e o sentido, segundo a verdade da coisa, mais sejam medidas do que meçam. De fato, não é porque nós sentimos ou sabemos de algo que por isso assim o seja na natureza das coisas, mas sim porque é assim na natureza das coisas, que verdadeiramente sabemos algo ou sentimos algo. Desta maneira, nos acontece que em sentindo e conhecendo somos medidos pela coisa que está fora de nós. E assim como [uma régua] colocada externamente junto a nós é medida de nossa quantidade corporal, assim a coisa sabida ou apreendida pelo sentido são medidas pelas quais podemos saber se verdadeiramente conhecemos algo pelo sentido ou pelo intelecto.

Se a ciência, porém, fosse a causa da coisa sabida, então necessariamente [esta ciência] seria a medida [da coisa]. Este é o caso da ciência do artífice, a qual é medida das coisas artificiais, porque qualquer [coisa] artificial é perfeita na medida em que alcança a semelhança da arte. E é desta maneira que se encontra a ciência de Deus em relação a tudo.