12. Demonstra-se que a unidade do nome e do verbo é diversa da unidade da enunciação.

Não se pode dizer que alguém enuncie algo se significar alguma coisa pela voz do modo como o nome ou o verbo significam.

Há, de fato, dois modos de nos utilizarmos da enunciação.

Às vezes utilizamo-nos da enunciação como que respondendo a uma interrogação. Assim é que, sendo-nos perguntado `Quem está na escola?', respondemos `o mestre'.

Outras vezes utilizamo-nos da enunciação por iniciativa própria, ninguém nos perguntando nada, como quando dizemos "Pedro corre".

O Filósofo diz que aquele que significa algo uno pelo nome ou pelo verbo não enuncia nem como aquele que responde a alguém que o interroga, nem como aquele que profere uma enunciação por iniciativa própria, sem ser questionado.

O Filósofo faz uma consideração para mostrar que o simples nome ou verbo, quando usado para responder a uma interrogação, parece significar o verdadeiro ou o falso, o que é algo próprio da enunciação. Isto, porém, não compete ao nome e ao verbo, a não ser na medida em que é entendido em conjunção com alguma outra parte proposta na interrogação, como se ao que pergunta `Quem ensina na escola?', respondendo nós `o mestre', subentende-se `ensina na escola'.

Se, portanto, aquele que enuncia algo pelo nome ou pelo verbo [na verdade] não enuncia, é manifesto que a enunciação não significa o uno segundo o modo pelo qual o nome ou o verbo significam o uno.