|
Existe algo, que é Deus, cuja essência é o seu
próprio ser. Este ser que é Deus, é de tal condição que
nenhuma adição lhe se possa fazer, de onde que pela sua
própria pureza é ser distinto de todo ser, por causa do que
se diz que a individuação da primeira causa se dá pela sua
bondade [bonitatem].
A essência é encontrada de um segundo modo nas
substâncias criadas intelectuais, nas quais o seu ser de
diferente de sua essência, embora sua essência seja sem
matéria. Daqui se segue que o ser das substâncias separadas
não é absoluto, mas recebido, e portanto, limitado e finito
pela capacidade da natureza recipiente. Já, porém, a
natureza, ou a quididade delas é absoluta, e não recebida
em nenhuma matéria. Por isso é que se diz que a
inteligências são finitas superiormente e infinitas
inferiormente: são, de fato, finitas, quanto ao seu ser
recebido de um superior. Todavia, não são finitas
inferiormente, porque as suas formas não são limitadas à
capacidade de alguma matéria que as receba.
A essência é encontrada de um terceiro modo nas
substâncias compostas de matéria e forma, nas quais o ser é
recebido e finito, pelo fato de terem o seu ser de outro, e
nas quais também a sua natureza ou quididade é recebida na
matéria assinalada.
Por isso as substâncias compostas são ditas
finitas tanto superiormente como inferiormente.
|
|