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Foi mostrado no livro primeiro que a suficiência
per se é requerida pela felicidade. Tal suficiência per se,
porém, é maximamente encontrada acerca da operação
especulativa, para qual o homem não necessita senão das
coisas que são a todos necessárias para a vida comum. Se,
entretanto, a alguém dermos o que for suficientemente
necessário à vida, ainda de mais necessitará o homem virtuoso
segundo a virtude moral. De fato, para a sua operação o homem
justo necessitará de outras coisas. Primeiro, necessitará
daqueles aos quais deverá agir com justiça. Segundo,
necessitará das coisas com as quais opere a justiça. E a
mesma razão vale para o temperante e para o forte, e para os
outros virtuosos morais. Mas não é assim acerca do sábio
especulativo, o qual pode especular a verdade mesmo que
existe somente segundo si mesmo, porque a contemplação da
verdade é operação inteiramente intrínseca não se dirigindo
ao exterior, e tanto alguém mais poderá, existindo sozinho,
especular acerca da verdade, quanto mais for perfeito na
sabedoria. Isto, [entretanto], não se diz porque a sociedade
não ajude à contemplação, já que no livro oitavo foi dito que
duas pessoas vivendo juntas podem intelegir e agir mais.
Assim, embora o sábio seja ajudado pelos outros, todavia
entre todos é o que mais a si é suficiente para sua operação
própria. De modo que é evidente que a felicidade é
maximamente encontrada na operação da sabedoria.
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