|
A verdade e a falsidade são ditas de um primeiro
modo nas coisas compostas, a saber, verdade se o intelecto
compõe aquilo que na coisa se compõe, e falsidade se o
intelecto compõe aquilo que na coisa não se compõe. De um
segundo modo, nas coisas simples, a verdade [consiste] em
que aquilo que é verdadeiramente ente, isto é, que é a
própria essência, é assim conforme inteligido. [Em caso
contrário, porém], não ocorrerá falsidade nem engano, mas
apenas ignorância. Porque se o intelecto não atinge a
essência [das coisas simples], ignorará por completo a esta
coisa. Nas coisas compostas, entretanto, alguém poderá
conhecer algo delas, e [ao mesmo tempo] enganar-se acerca
de outras das suas propriedades.
Aristóteles acrescenta de que tipo de ignorância
está tratando, ao dizer que esta ignorância não é uma
privação como a cegueira, que é a privação da potência
visiva. Esta ignorância seria semelhante à cegueira, se
alguém não tivesse força intelectiva para atingir as
substâncias simples. De onde fica patente que, segundo a
sentença de Aristóteles, o intelecto humano pode chegar a
inteligir as substâncias simples. Esta questão tinha ficado
em aberto no terceiro livro do De Anima.
|
|