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O Filósofo assinala, a seguir, por meio de duas
razões, a causa pela qual há muitos estados populares e
muitos estados de poucos.
A primeira razão é que as sedições e as lutas que
se fazem nas cidades entre os ricos e os pobres entre si são
a causa pela qual há tantos estados populares e de poucos. De
fato, aqueles que conquistam uma vitória contra seus
adversários instituem a república para a sua utilidade e para
honra e prêmio de sua vitória, instituindo-a de tal modo que
excedam os adversários, de tal maneira que se ela for obtida
pelos pobres, se fará um estado popular; se ela for obtida
pelos ricos, se fará uma potência de poucos.
O Filósofo coloca a segunda razão dizendo que
alguns homens proeminentes na Grécia, poderosos pelo número
de amigos, pela riqueza, pela nobreza e outras coisas,
educados em alguma república, querendo instituir alguma
república não instituíram qualquer uma mas, considerando a
república na qual foram educados, foi esta a que instituíram.
E porque foram educados no estado popular ou no estado de
poucos, instituíram esta ou aquela, não considerando o bem
comum, mas o bem próprio e, como estas lhes eram mais úteis,
por isto as instituíram. E este é o motivo por que nunca ou
raramente e somente junto a poucos encontra-se uma república
média. Houve apenas um só homem ótimo o qual, quando estava
no principado, persuadiu os cidadãos a [aceitarem] a
república média, mas estes não a quiseram. Semelhantemente,
nem aqueles que agora estão nas cidades querem recebê-la,
porque não têm o costume pelo qual se inclinam a querer a
igualdade mas querem ou governar eles próprios ou sustentar
uma república que não é bem ordenada, como é a potência de
poucos pela qual dominam ou alguma outra.
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