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[O bem de cada coisa consiste em sua operação
própria]. Para qualquer coisa que tenha uma operação própria,
esta operação própria é o seu bem, e o que é bem, para ela
consiste em sua operação. Por exemplo, o bem do tocador de
flauta consiste em sua operação, e de maneira semelhante o
bem daquele que faz estátuas, e de qualquer artífice.
O motivo pelo qual isto pode ser dito está em que
o bem final de qualquer coisa é sua perfeição última. Ora,
[esta perfeição última ] é a forma, que é a perfeição
primeira, [e não a operação, que é na verdade somente] uma
perfeição segunda. Porém, o bem final de qualquer coisa exige
sua operação, porque se, [por exemplo], o bem final do homem
for alguma coisa exterior, esta coisa somente será alcançada
mediante uma operação. [Neste sentido, portanto, pode-se
dizer que o bem final de algo consiste em sua operação
própria].
Se, portanto, existir uma operação própria do
homem, será necessário que nesta operação própria consista o
seu bem final, que é a felicidade. E assim [fica claro como]
a felicidade é a operação própria do homem.
Se, porém, for dito que a felicidade consiste em
alguma outra coisa, esta [outra coisa] será algo pelo qual o
homem é tornado idôneo a tal operação, ou será algo a que o
homem atinge pela sua operação, assim como Deus é dito ser a
felicidade do homem.
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