5. Responde-se às dúvidas acerca da utilidade da sabedoria e da prudência.

Quanto ao que foi levantado, devemos responder que na verdade a sabedoria e a prudência fazem alguma coisa para a felicidade. [Isto não ficou evidente, em parte porque] o exemplo induzido [da medicina] não era conveniente. De fato, a sabedoria e a prudência não se relacionam para com a felicidade assim como a arte da medicina para com a saúde, mas sim mais como a saúde para com a obra sã. De fato, a arte da Medicina está para com a saúde assim como uma certa obra externamente operada, mas a saúde faz a obra sã assim como um certo uso do hábito da saúde. Ora, a felicidade não é obra externamente operada, mas é operação procedente do hábito da virtude. De onde que, como a sabedoria é uma espécie de virtude comum, [ou traduzindo melhor, uma espécie de virtude geral], segue-se que pelo próprio fato que alguém tenha sabedoria e opere segundo a mesma, seja feliz. E a mesma razão pode ser dada da prudência. Mas aqui Aristóteles fala [mais expressamente] da sabedoria, porque em sua operação consiste uma felicidade mais poderosa, [potior felicitas], assim como será explicado no livro décimo.