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[Consideremos, primeiramente, o objeto da
amizade]. Não se ama com amor de amizade a qualquer coisa
indiferentemente. Não se ama, por exemplo, o mal enquanto
tal. Com amor [de amizade] amamos o amável, que é o bem per
se, isto é, o bem honesto, ou o deleitável ou o útil.
O bem útil é aquele pelo qual se chega ao bem
honesto e deleitável, que são amáveis por si mesmos, como
fins. O [bem] útil, porém, é amável por causa de um outro,
assim como [algo que se ordena] a um fim.
O bem e o deleitável, tomados [num sentido] comum,
não se distinguem entre si pelo sujeito, mas pela razão. Algo
é dito bem na medida em que é em si perfeito e apetecível.
[Este mesmo algo] é dito deleitável na medida em que nele o
apetite repousa.
Aqui, porém, o verdadeiro bem do homem é dito na
medida em que lhe convém segundo a razão. O deleitável é dito
na medida em que lhe é conveniente segundo o sentido.
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