3. Comentário de Tomás de Aquino à definição de Aristóteles.

[A respeito desta definição] deve-se considerar primeiro que a oração, embora não seja instrumento de alguma virtude naturalmente operante, é, todavia, instrumento da razão, conforme já foi explicado.

É conveniente, entretanto, que todo instrumento seja definido pelo seu fim, que é o uso do instrumento. O uso da oração, porém, assim como o uso de toda voz significativa, é significar a concepção do intelecto, conforme foi dito acima.

Ora, as operações da inteligência são duas. Em uma delas não se encontra a verdade e a falsidade, na outra encontra-se o verdadeiro e o falso. É por isso que Aristóteles define a oração enunciativa pela significação do verdadeiro e do falso, dizendo que

"não toda oração é enunciativa, mas aquela na qual se encontra o verdadeiro ou o falso".

De onde que deve-se considerar que Aristóteles, utilizando-se de uma admirável brevidade, coloca a divisão da oração quando diz:

"não toda oração é enunciativa";

e a definição da enunciação, quando diz:

"mas aquela na qual se encontra o verdadeiro ou o falso",

de tal maneira que se entende que esta é a definição da enunciação:

"A enunciação é a oração na qual se encontra o verdadeiro ou o falso".