6. Se a ocupação bélica e de aconselhar devem ser atribuídas ao mesmo ou a diversos.

[A sentença ao que o Filósofo acaba de chegar, isto é, que o guerreiro e o conselheiro são parte da cidade, levanta uma outra questão. Já que o guerreiro e o conselheiro] são partes da mesma cidade por causa das razões expostas, deve-se perguntar se os mesmos [cidadãos] devem ser ordenados à guerra e ao conselho, ou se alguns à guerra e outros e diversos ao conselho. O Filósofo responde a esta questão dizendo que estas duas coisas devem ser atribuídas de algum modo ao mesmo e de algum modo a diversos.

É manifesto pelo que irá ser dito que o guerreiro e o conselheiro devem ser atribuídos ao mesmo cidadão de um certo modo, enquanto que devem ser atribuídos a diversos de outro modo. O Filósofo que dizer que [a ocupação de] guerreiro e de conselheiro devem ser atribuídas ao mesmo segundo o suposto, mas a diversos segundo o anterior e o posterior, segundo o mais e o menos forte, e segundo o mais e o menos experimentado.

Na medida em que convém atribuir o guerreiro à juventude e o conselheiro à idade mais avançada, pois o conselheiro necessita da prudência que mais vigora na idade avançada, enquanto que o guerreiro necessita da força corporal, que mais vigora na juventude, convém atribuir estas coisas a [homens] diversos, isto é, o guerreiro aos jovens, e o conselheiro aos experimentados. Na medida em que é impossível que aqueles que podem inferir a violência e derrubar os governantes sejam sempre submissos, importa atribuir ambos, isto é, o guerreiro e o conselheiro, ao mesmo. Os homens de guerra, que são senhores das armas tem o poder de sustentar e não sustentar a permanência da república por causa da violência das armas e, por este motivo, tanto o [ofício do] guerreiro como [o de] conselheiro devem ser dados ao mesmo na república reta, mas não segundo o mesmo tempo. Cada coisa deve ser dada a cada um naquele tempo em que [aquele a quem é atribuída] é mais apto ao mesmo. Nos jovens a força corporal vigora mais do que a prudência ou a virtude, que é maximamente necessária na guerra e, por isso, o [ofício da] guerra dever ser atribuído ao mesmo no tempo de sua juventude. A prudência e a virtude vigoram mais nos experimentados, [as quais] são mais necessárias ao conselho e ao julgamento. Por isso [o ofício] de conselheiro e de juiz devem ser atribuídos a estes quando forem de um idade mais experimentada.

Assim, portanto, ambos devem ser atribuídos ao mesmo, mas em idades diversas, e isto é o que parece ser justo. É justo, de fato, cada um ter segundo a dignidade. Ora, dividir deste modo parece ser segundo a dignidade. Digno é que cada um se ordene ao que mais é inclinado, e quanto mais inclinado, mais apto será. É assim, de fato, que faz a natureza. Justo é, portanto, que as coisas sejam distribuídas segundo o modo mencionado.