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O movimento está no móvel. [Isto se manifesta do
seguinte modo]: todo ato está naquilo de quem é ato. Mas o
movimento é ato do móvel causado pelo movente, o que é
patente pelo que já foi dito. De onde se segue que se situa
no móvel.
[Quanto a como o movimento se situa para com o
movente], vamos colocar duas coisas. A primeira, que o
movimento [também] é ato do motivo. A segunda, que o
movimento que é ato do motivo não é outro que não o
movimento que é ato do móvel. Na verdade, o movimento é ato
de ambos.
[Estas duas proposições explicam-se do seguinte
modo]. Isto acontece porque um único movimento segundo a
substância é ato de ambos, diferindo [apenas] pela razão. O
movimento é ato do movente como dele proveniente [ut a quo]
e é ato do móvel como nele existente [ut in quo]. E não
vice-versa. Por isso o ato do movente é dito ação, e o ato
do móvel é dito paixão.
Uma objeção pode ser levantada que consiste em
que, se a ação e a paixão são a mesma coisa segundo a
substância, isto parece significar que não podem ser
predicamentos diversos. [Deve-se responder a isso que a
dificuldade apontada tem sua origem de um entendimento
errôneo do que sejam os 10 predicamentos]. Os predicamentos
se diversificam segundo os diversos modos de se predicar [o
ser]. De onde se segue que a mesma [coisa], na medida em
que possa ser predicada de modos diversos, pertencerá a
diversos predicamentos. Desta maneira, o movimento, na
medida em que se predica do sujeito no qual está,
constituirá o predicamento da paixão. E na medida em que se
predica daquilo que quem é proveniente [de eo a que est],
constituirá o predicamento da ação.
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