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O legislador, se deseja bem ordenar a república,
deve assumir à república os [cidadãos situados no termo]
médio. E deve fazer isto, qualquer que seja a lei que
estabelecer, sejam as leis convenientes à potência de poucos,
sejam [as convenientes] ao estado popular. Sempre importa
coassumir os médios e é assim que deverá fazer as leis e
ordenar a república para que pelas leis possa salvar a
república.
Alguém poderia objetar que o legislador não
deveria assumir os [cidadãos que estão num termo] médio,
porque os pobres e os ricos não o consentiriam, e deste modo
far-se-ia a turbação da cidade. Mas o Filósofo exclui esta
objeção, dizendo que não se deve temer que os ricos e os
pobres não estejam de acordo [nesta questão]. A razão que o
Filósofo aponta para tanto consiste em que nem os ricos, nem
os pobres querem ser servos dos senhores, e por isso o que
mais buscam é uma república comum. Ora. esta é a república, e
não outra, porque os pobres não querem que os ricos dominem e
sejam oprimidos pelos mesmos, nem os ricos querem que os
pobres temam ser dominados por eles, e por isso [ambos]
buscam um governante mais confiável. De onde que fica
manifesto que a república, quanto mais mista for,
aproximando-se da igualdade e da indiferença, tanto mais será
capaz de ser duradoura.
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