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O bem do intelecto prático não é a verdade
absoluta, mas a verdade concorde com o apetite reto, conforme
mostrado que assim [nas] virtudes morais [os atos do apetite
e do intelecto entre si] concordam.
Quanto a isto, deve-se dizer que o apetite pode
ser do fim ou das coisas que se relacionam para com o fim.
Ora, o fim é determinado no homem pela natureza. Já as coisas
que se relacionam para com o fim, não são em nós determinadas
pela natureza, mas devem ser investigadas pela razão. A
medida da verdade na razão prática é a retidão do apetite em
relação ao fim. Segundo isto é que se determina a verdade da
razão prática, isto é, segundo a sua concordância com o
apetite reto. Porém, a própria verdade da razão prática é a
regra da retitude do apetite, acerca das coisas que se
relacionam para com o fim. Segundo esta o apetite é dito
reto, isto é, se persegue aquilo que diz a razão verdadeira.
Segundo a distinção precedente, devemos dizer que
a eleição, que é um apetite aconselhado, é princípio dos atos
humanos por modo de causa eficiente, e não por modo de causa
final. De fato, a eleição é apetite das coisas que se
relacionam para com o fim, [e não do fim]. São princípios da
eleição, o apetite e a razão que se ordenam a algum fim, de
onde que a razão que propõe o fim, e o apetite que tende a um
fim, se comparam à eleição por modo de causa. De onde que se
conclui que a eleição depende do intelecto e do hábito moral,
que aperfeiçoa a força apetitiva, de tal maneira que não se
pode dar sem estes ambos.
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