11. Soluções das objeções a respeito de como distribuir o principado.

O Filósofo passa a como que reunir a sua solução aos argumentos e objeções apresentadas pelas razões levantadas de ambas as partes. De fato, todas as razões acima concluem algo de verdadeiro e, deste modo, uma solução pode ser recolhida a partir de todas as razões expostas.

Todos os argumentos que foram levantados tornam manifesto que nenhuma destas coisas por si mesma e determinadamente seja aquilo segundo cuja dignidade dever ser distribuído o principado, isto é, nem a riqueza, nem a liberdade, nem a virtude, e assim sucessivamente. Contra aqueles que querem governar por causa das riquezas e virtudes pode-se argumentar através da multidão que deseja governar, o que é justo e razoável, porque importa que governa na cidade o melhor e o mair rico, e a multidão é melhor e mais rica do que poucos. Não porque qualquer um da multidão seja melhor e mais rico isoladamente, mas porque todos simultaneamente são melhores e mais ricos.

É possível, de fato, que na multidão haja alguns homens sábios e prudentes, e alguns imensamente ricos, e que eles mesmos e os demais homens do povo sejam bem persuasíveis pela razão e capazes de obedecê-los. Quando há uma multidão como esta é melhor que ela governe do que poucos, porque para governar duas coisas se requerem: governar retamente e o poder de fazê-lo. Ora, numa multidão como esta encontram-se ambas estas coisas, porque ela possui homens sábios e prudentes e possui o poder para coagir e repelir os inimigos. Parece, portanto, razoável que uma multidão que reúna estes elementos deva governar, onde for possível encontrar uma tal multidão. [Não se pode dizer o mesmo, entretanto], onde há uma multidão vil e não persuadível.