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Existe uma outra maneira de se demonstrar a
diversidade da matéria de todas as formas, por vida de
predicação. [Neste sentido, deve-se dizer que] é necessário
existir algo de quem se prediquem todas as [formas
anteriormente mencionadas]. E isto de tal maneira que seja
diverso o ser deste sujeito, do qual todas [formas
anteriormente mencionadas] se predicam, e cada uma [destas
formas anteriormente mencionadas] que deste sujeito se
predicam. Esta diversidade deve ser entendida segundo a
qüididade e a essência.
[Para se entender o que acabou de ser colocado,
deve-se colocar que existem dois modos diferentes de
predicação]. [Existem dois tipos de predicação: a predicação
unívoca e a predicação denominativa]. A predicação unívoca é
aquela segundo a qual o gênero é predicado da espécie, na
definição das quais espécies o gênero é colocado. [Nesta
forma de predicação], não diferem pela essência o animal e o
homem, [isto é, o gênero e a espécie]. A predicação
denominativa é aquela segundo a qual o branco é predicado do
homem. [Neste tipo de predicação], a qüididade [ou essência]
do branco é diferente da qüididade do homem. A predicação que
se tratou na demonstração acima, então, não pode ser
entendida no sentido da predicação unívoca, mas sim no
sentido da predicação denominativa. Assim como os demais
predicamentos se predicam denominativamente da substância,
assim também a substância se predica denominativamente da
matéria. Assim como a substância difere em essência dos
demais acidentes, assim a matéria, por essência, difere das
formas substanciais.
[Conclui-se que de tudo isto se segue que] aquilo
que é o último sujeito per se não é substância, nem
quantidade, nem alguma outra coisa que esteja em algum gênero
do ente.
[Deve-se observar, finalmente, que] as negações
também não podem ser predicadas univocamente da matéria.
Assim como as formas estão por essência além da matéria,
assim também as negações das formas, que são as próprias
privações, [estão por essência além da matéria]. Se as
negações existissem per se na matéria, jamais a forma poderia
ser recebida na matéria [sem que esta fosse destruída].
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