21. Três modos de não haver ou de se dissolver a amizade por defeito de seu ato.

[Não há ou dissolve-se a amizade por defeito de seu ato naqueles que estão separados há longo tempo, nos que são velhos e severos e nos que não convivem mutuamente].

Se a ausência dos amigos entre si é prolongada, fez-se o esquecimento da amizade precedente, como acontece nos demais hábitos, que são debilitados e finalmente [desaparecem] pela falta de costume no operar, já que o hábito, que é adquirido pelo costume das obras, é [do mesmo modo] conservado. Por isso que há um provérbio que diz que muitas amizades são dissolvidas porque um dos amigos não chama, não conversa e não convive com o outro.

Nem os velhos e nem os severos, isto é, os homens austeros na palavra e na convivência, parecem ser aptos à amizade, por causa de não serem aptos ao ato da amizade, que é a convivência. De fato, pouco é encontrado neles de deleitação, pelo que não podem facilmente conviver, porque ninguém pode por longo tempo conviver com um homem que contrista, ou com aquele que não deleita, já que maximamente parece pertencer à natureza humana e dos outros animais que fujam da tristeza e apeteçam a deleitação, que nada mais parece ser do que a quietude do apetite no bem desejado.

Aqueles que mutuamente aceitam os costumes um do outro, e em que um aceita a conversação com o outro, mas que, todavia, por alguma causa, nunca convivem mutuamente, mais se assemelham aos benévolos do que aos amigos, porque a amizade requer o convívio durante algum tempo.