|
Na idade seguinte, que se estende deste o terceiro
ano até o fim do quinto ano, na qual as crianças não são
capazes do aprendizado e da disciplina por causa da
compleição tenra e da imperfeição das virtudes, nem são
também capazes de grandes trabalhos, pois pela violência
destes poderiam ser impedidas em seu crescimento, será
necessário exercitá-las em algum pequeno movimento, de tal
maneira que a inércia dos corpos fuja pelo exercício do calor
que desfaz a superfluidade do úmido. Este exercício no
movimento deve ser feito através do jogo e outras ações. Os
jogos não devem ser inclinantes à servilidade, mas devem ser
mais liberais, nem muito trabalhosos ou violentos, para não
pesar sobre as forças pelo excesso, nem tampouco muito moles
ou remissos, para que não favoreçam a preguiça.
Nesta idade convém exercitar as crianças nas
coisas que dizem respeito ao ouvido, ouvindo alguns pequenos
discursos e fábulas antigas, para que se exercitem no falar e
nas razões dos nomes. De tudo isto devem ter o maior cuidado
os príncipes que tiverem sido publicamente encarregados para
tanto. Devem porém, cuidar nesta idade que tudo aquilo no
qual se acostumem estas crianças, movimentos, operações e
jogos, discursos e fábulas que ouvem, assim como também
naquilo que vêem, sejam imagens das coisas com as quais
posteriormente deverão conviver com seriedade e como que um
caminho para as coisas que conseqüentemente deverão estudar
ou dedicar-se. De fato, as coisas nas quais nos acostumamos
por primeiro mais inclinam posteriormente, porque o que é
costumeiro torna-se mais deleitável.
|
|