7. Razões pelas quais o principado deveria ser distribuído segundo a liberdade.

Segundo outros, o principado deve ser distribuído segundo a dignidade da liberdade. Haveria dois motivos para tanto.

O primeiro é que o principado é mais devido a quem mais atinge a cidade. Ora, estes são os homens livres, porque são os que parecem ser mais virtuosos.

O segundo é que o principado é mais devido aos que são melhores. Ora, os homens livres são melhores, porque é verossímil que aqueles que foram gerados pelos melhores são melhores.

[Em relação a esta segunda razão], deve-se entender que os melhores são gerados pelos melhores, mas de modo a subentender-se que o bom pode ser dito de dois modos. De um primeiro modo, entende-se que o bom segundo o ato perfeito e, assim, o bom não gera o bom, porque este bom é segundo o intelecto e segundo a eleição e o exercício. Ninguém, de fato, se torna bom neste sentido segundo um ato perfeito proveniente dos pais. De um segundo modo o bom é dito segundo uma certa inclinação à virtude perfeita, de tal modo que, [neste sentido], o bom deseja gerar o bom, porque a virtude que há no sêmen tenciona gerar, o quanto é de si, algo semelhante àquele de quem proveio o próprio sêmen segundo todas as disposições às quais pode alcançar a virtude generativa. Pode-se, deste modo, alcançar todas as disposições materiais que inclinam à disposição da vontade e da inteligência. Existe, neste caso, uma intenção de gerar algo semelhante a si segundo todas as disposições inclinantes seja ao bem seja ao mal, por causa do que a inclinação à virtude de algum modo procede dos pais. O bom, considerado deste modo, gera, na maioria dos casos, o bom. No entanto, ocorre às vezes o oposto, mas por acidente.