12. A ordem da introdução das políticas.

[O Filósofo explica que] por ser melhor que a cidade seja governada e os julgamentos sejam dados por muitos em vez de um só, as cidades foram no início regidas por um só rei, porque no principado foi mais fácil encontrar um só sábio do que muitos e por isso em primeiro lugar o principado real foi concedido a um só. Ademais no início as cidades eram pequenas e por isso era suficiente um só para reinar. Ademais, colocaram para si alguém como rei por causa do benefício que por meio dele lhes tinha sido feito, ou porque lutou contra os inimigos por causa deles, ou porque encontrou alguma arte que lhes era necessária, e tudo isto é obra do homem bom e, por isto, fizeram deste homem bom e virtuoso um rei para eles.

Posteriormente foi introduzido o estado dos ótimos [ou aristocracia]. Ocorreu depois que muitos se exercitavam na obra das virtudes, porque muitos se fizeram virtuosos. Semelhantemente os homens buscaram o governo de muitos semelhantes na virtude e não sustentaram mais o governo real, instituindo o governo dos iguais em virtude. Ora, este é o estado dos ótimos [ou aristocracia], de modo que, depois do reino, veio a [aristocracia].

Depois [da aristocracia] veio o estado dos poucos [ou oligarquia]. Diz [o Filósofo] que ocorreu em seguida que estes governantes se tornaram ricos com os bens comuns e se inclinaram ao prazer, tornando-se deficientes da razão, e isto principalmente por causa das riquezas e, deste modo, o estado dos ótimos [ou aristocracia] acabou convertendo-se em estado dos poucos [ou aristocracia]. Fizeram com que as riquezas se tornassem coisas dignas de honra e que o governo devesse ser exercido por causa das mesmas.

Em seguida [o Filósofo afirma] que depois disto ocorreu que um destes [oligarcas] se tornou muito mais rico do que os outros e mais poderoso em amizades e assim subjugou todos os demais. Desta maneira conseguiu converter o estado dos poucos [ou oligarquia] em uma tirania, governando em benefício de sua própria comodidade.

Finalmente [o Filósofo declara] como surgiu a democracia da tirania. Diz que, depois da tirania, estabeleceu-se o estado de muitos [ou democracia]. Como o tirano oprimiu os ricos por causa de um lucro torpe, os cidadãos que conduziam a política para as extorsões [que favoreciam as] minorias, fugindo do torpe lucro do tirano, induziram uma multidão mais forte e fizeram com que ela se insurgisse contra o tirano. Assim ocorreu que o povo, insurgindo-se e expulsando o tirano, ficou com o poder junto a si e então instaurou-se a política popular. Este é o motivo por que em muitas cidades domina o povo, porque o povo é numeroso e, por isso, possui poder. Todavia, onde o povo domina, algo é recebido das demais políticas. De fato, fazem a alguns de capitães e colocam um só acima dos demais.

[O Filósofo conclui], finalmente que, porque ocorre fazerem-se [agora] cidades maiores, talvez não acontecerá mais tão facilmente que se instaurem outras políticas além da popular.