5. Quais são os bens que se ordenam à cidade.

É inconveniente que segundo o excesso de qualquer bem seja feita a distribuição do principado, mas, quanto aos bens que se ordenam à cidade não será irracional que alguém duvide que a distribuição possa ser feita segundo os mesmos. As coisas que se ordenam à cidade são as seguintes: a riqueza, a nobreza e a liberdade. Este é o motivo pelo qual os ricos são honrados na cidade, assim como os nobres e os livres.

Que estas coisas se requerem à cidade, é manifesto porque a cidade não pode ser constituída por pessoas carentes de bens porque, se o fosse, ninguém poderia contribuir ao bem comum, o que é algo necessário, pois de outro modo os inimigos não poderiam ser repelidos.

A cidade também não pode ser constituída por servos, porque não seria cidade. O servo não pode ser elevado ao principado, porque não pode prover ao que se há de agir. A cidade, portanto, deve ser constituída por ricos e livres.

Se estas coisas são necessárias à cidade, muito mais será necessária a justiça e a virtude bélica, porque sem estas não será possível bem habitar a cidade. Todas estas coisas, porém, são diversamente necessárias à cidade: as primeiras, [a riqueza e a liberdade], são necessárias porque sem elas não pode haver cidade; as segundas, a justiça e a virtude bélica [são necessárias porque] sem elas pode haver cidade, mas não uma boa cidade.