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A substância sensível é mutável, conforme foi
explicado. Ora, toda mutação é entre opostos, ou entre
intermediários entre os opostos, conforme foi dito.
Porém não existe mutação entre quaisquer
opostos. O branco se faz a partir do não branco, mas não a
partir de qualquer não branco. Por exemplo, a voz é não
branca, mas o corpo não se torna branco a partir da voz,
mas a partir do não branco que é o preto ou algum
intermediário.
Assim, portanto, porque toda mutação é de
contrário a contrário, é necessário haver algum sujeito
subjacente, que possa ser mudado de contrário em contrário.
Isto pode ser provado de duas maneiras.
De uma primeira maneira, porque não é um dos
contrários que se transmuta no outro. Não é a própria
negritude que se torna brancura. Desta maneira, se deve
ocorrer uma transmutação do preto no branco, é necessário
haver algo além da negritude, [e é este algo] [que] se
torna branco.
De uma segunda maneira, [podemos mostrar o
mesmo] pelo fato de que em qualquer transmutação
encontramos algo que permanece. Por exemplo, na
transmutação que vai do preto ao branco, o corpo permanece.
O primeiro dos contrários, que no presente caso é o preto,
não permanece. Por onde se manifesta que a matéria é alguma
terceira [coisa distinta] dos contrários.
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