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De um primeiro modo, são ditas unas as coisas que
assim o são pela continuidade de suas partes. Por exemplo, as
peças de madeira são ditas unas pela cola que as une. A
linha, ainda que seja curva, se chama una, desde que seja
contínua. Assim também as partes do corpo, como os braços, as
pernas, e etc.
De um segundo modo, são ditos unos os objetos
especificamente homogêneos. Chama-se homogêneo àquele objeto
no qual não se pode assinalar uma divisão de partes
específicas, por meio de um exame dos sentidos. Assim, pois,
se chama uno ao vinho e una à água.
De um terceiro modo são ditos unos aqueles seres
cujo gênero, sendo uno, se diferenciam por diferenciações
opostas. Por exemplo, o homem, o cavalo e o cachorro são uma
unidade, porque todos se comunicam no gênero animal,
diferindo, todavia, nas diferenças.
De um quarto modo são ditos unos aqueles seres
cujas definições, isto é, a razão significante do que é o
ser, não diferem [entre si].
De um quinto modo, apresentam unidade por
excelência aquelas coisas cuja noção, que tem por objeto a
qüididade da coisa, é inteiramente indivisível, e não pode
ser dividida nem sob a razão de tempo, de lugar ou de razão.
São as coisas que não são compostas de princípios materiais e
formais. O intelecto, alcançando-lhes a qüididade, não as
compreende como compondo as definições delas a partir de
diversos princípios. Mas compreende a qüididade das mesmas
mais pelo modo da negação, assim como o ponto é aquilo que
não tem parte, ou pelo modo de um hábito aos compostos, assim
como quando dizemos que a unidade é princípio do número.
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