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O homem feliz necessita dos bens exteriores. De
fato, a natureza humana não é suficiente para especular, por
causa da condição do corpo, que para o seu sustento necessita
das coisas exteriores. Já a substância intelectual incorpórea
é suficiente per se para a especulação. Para que, portanto, o
homem especule, o primeiro trabalho é possuir um corpo são,
porque pela enfermidade se debilitam as forças sensitivas,
das quais o homem se utiliza na especulação, distraindo
também a intenção da mente da atenção da especulação.
Necessita também o homem da comida e da nutrição do corpo [e]
de todas as demais coisas, que são a si necessárias à vida
humana.
Todavia, ainda que não aconteça que alguém seja
feliz segundo a felicidade desta vida sem os bens exteriores
necessários à vida humana, todavia não se deve estimar que
para que alguém se torne feliz, necessite de muitas e grandes
riquezas. De fato, a natureza necessita de poucas [coisas].
Será suficiente para a felicidade, que o homem tenha de bens
exteriores o tanto para que possa operar o que é virtuoso.
Isto porque, se alguém operar segundo a virtude, será a sua
vida feliz, já que a felicidade consiste na operação da
virtude, assim como já foi explicado.
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