12. Resposta a uma terceira objeção.

Poderia afirmar-se que a natureza não age tendo algo em vista, porque não delibera.

[Responde-se a esta terceira objeção dizendo que] é manifesto que a arte age por causa de algo, e no entanto a arte não delibera. O artífice não delibera enquanto possui a arte, mas apenas enquanto ainda não possui a certeza da arte. O tocador de harpa, se deliberasse enquanto toca, seria muito imperito.

Desse exemplo fica patente que ocorre a certos agentes não deliberarem não porque não agem por causa de um fim, mas porque têm algum meio pelo qual agem. Assim, porque a natureza possui certo meio pelo qual pode agir, por causa disto não delibera.

Na verdade, em nada a arte e a natureza diferem, a não ser pelo fato de que a natureza é um princípio intrínseco e a arte é um princípio extrínseco. Ainda mais, se a arte de fazer um navio estivesse intrínseca à madeira, o navio seria feito pela natureza exatamente do mesmo modo pelo qual é feito através da arte.

[Podemos concluir o que foi dito dizendo que] fica patente que a natureza nada mais é do que a ratio de uma certa arte, a saber, a divina, situada nas coisas, pela qual as mesmas coisas são movidas a um fim determinado, assim como se o artífice fazedor de navios pudesse conceder à madeira que por si mesmo se movesse a induzir a forma do navio.