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[Depois de apresentar este tratado, a primeira
coisa que faz Aristóteles é] levantar uma questão a respeito
das paixões da alma e das suas operações, se elas são somente
próprias da alma sem comunicação com o corpo, conforme a
opinião de Platão, ou se nenhuma é própria da alma, mas todas
são comuns com o corpo.
Aceitar se as paixões e operações da alma são
comuns ou próprias é algo difícil, a causa da dificuldade
residindo em que aparentemente parece que muitas paixões são
comuns, e não padecem sem o corpo, como irar-se, sentir e
outras, das quais a alma em nada padece sem o corpo. Mas, se
alguma operação fosse própria da alma, esta seria a operação
do intelecto. De fato, inteligir, que é a operação do
intelecto, [entre todas é a que mais] parece ser própria da
alma.
Porém, considerado isto mais atentamente, não
parece ser próprio da alma o inteligir. E isto porque o
inteligir ou é a [própria] fantasia, como os platônicos
colocavam, ou então pelo menos não se dá sem a fantasia. Ora,
como a fantasia necessita do corpo, isto indicaria que
inteligir não é próprio da alma, mas comum à alma e ao corpo.
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