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Tão grande era o interesse dos pais de Rita por assegurar o bem material de sua filha (e não
ver-se privados de sua companhia), que apressaram quanto possível os desposórios de Rita
com o jovem Fernando. E como, de ordinário, a um erro segue outro, o jovem escolhido
pelos pais de Rita para seu esposo era de um gênio impetuoso, irascível e muito
desconfiado; o mais a propósito para pôr em prova a paciência e a virtude de Rita.
Nunca havia tratado com o jovem que seus pais iam dar-lhe como esposo, sendo o mais
provável que nem sequer o conhecesse, dada a vida retirada que fazia, aceitando-o
cegamente porque os pais assim o queriam, e por estar convencida ser esta a vontade d.e
Deus.
Disposta, pois, a sair de seu retiro, unindo sua sorte a de Fernando pelo laço indissolúvel do
matrimonio, a amável e encantadora Rita, aquela virtuosa jovem que todos julgavam
moldada para o convento, preparava-se para a solenidade do ato, que em breve ia
realizar-se. Achava-se a jovem donzela na flor da idade quando, encoberta pelo véu de sua
modéstia, apresentou-se ante o altar, para receber o grande Sacramento, como o chama o
Apostolo, que representa a união de Cristo com sua Igreja.
É de crer, diz um dos seus biógrafos, que Rita ter-se-ia preparado para este ato orando muito
e dirigindo fervorosas súplicas ao Senhor, rogando-lhe com lagrimas que a guia-se por
aquele sombrio caminho do futuro que ia empreender, e a socorresse com uma graça especial
para cumprir com fidelidade os grandes deveres do novo estado, que Rita aceitou dando sua
mão ao jovem Fernando e constituindo-o, desde então, dono de seu coração. Paes, parentes,
amigos, todos, alegres e satisfeitos, felicitavam-se pelo enlace de Rita; esta mostrava-se
alegre e expansiva, se bem que interiormente velava sobre seu coração para se não afastar
de Deus, evitando de entregar-se com excesso aquelas alegrias que, muitas vezes, são
preludio de amarguras.
Já vemos Rita transpondo o limiar do novo gênero de vida, no qual jamais havia pensado, e
onde esperavam-na dias amargos, mas também heróicos triunfos. Ela, tendo santificado sua
infância com o exercício de muitas virtudes, e a mocidade Mostrando-se sempre dócil,
piedosa com os pais, caritativa com os pobres, observando uma vida modesta e Recolhida,
meditando freqüentemente sobre as vida e mistérios do Redentor, deixou-nos assim o
modelo mais perfeito do que pode c deve ser a donzela cristã. Ela santificara lambem com
muitas e heróicas virtudes o novo estado que abraçou com enorme sacrifício, para fazer a
vontade aos velhos pais, obedecendo os secretos desígnios da divina Providencia.
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