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Benévolo leitor, antes de começar a leitura dos capítulos que se seguem, nos quais se relata
a história de Santa Rita de Cássia, parece-me oportuno indicar-te a causa que motivou a
presente tradução da Vida de Santa Rita. Entre as diversas que se tem escrito, se não a
melhor, é, a meu juízo, a mais completa, a escrita em espanhol pelo Revmo. P. José
Rodriguez Cabezas. Ele, morando em Roma durante vários anos, teve ocasião de visitar a
cidade de Cássia, Rocca Porena, lugar onde nasceu Santa Rita e, sobretudo, teve a sorte de
estudar nas fontes os diversos Processos de beatificação e canonizarão da Santa, colhendo aí
dados que não se encontram nas vidas anteriores; por isso, a por ele escrita, apresenta varias
notícias que, até então, se julgavam duvidosas ou eram totalmente ignoradas. É ela, portanto,
no meu entender, a mais completa e, sem dúvida, a mais documentada, de todas quantas até
hoje se têm escrito.
As Oficinas de Caridade de Santa Rita, fundadas em São Paulo, serviram de ocasião para
empreender este trabalho da tradução. Corra o fim de que as Associadas de Santa Rita
chegassem a conhecer a Lida da Santa, fui aos poucos fazendo esta tradução; e, por ocasião
das reuniões mensais das Oficinas de Caridade, lia um capitulo da Vida para que, como. já
indiquei, as Associadas conhecessem melhor Santa Rita e, conhecendo-a, fosse mais solida e
mais fervorosa a devoção que a ela consagravam.
Trazendo, pois, entre mãos este trabalho, um fato inesperado, a minha transferencia à
Espanha., veio interromper a tradução, logo nos primeiros capítulos. Mais tarde, tendo
noticias do incremento que iam tomando em São Paulo as Oficinas de Santa Rita, e
atendendo ao pedido que algumas Senhoras sócias me fizeram, resolvi continuar a tradução
nas horas vagas que outras obrigações me deixavam, até conseguir leva-la ao fim.
Na tradução tenho procurado quase sempre acompanhar o texto do autor, resumindo, às
vezes, os capítulos, especialmente aqueles por demais extensos. Tenho feito algumas
substituições por achar melhor estudada a matéria na Vida de Santa Rita, escrita pelo
Revmo. P. Lourenço Maria Tardi, também agostiniano.
Começado este trabalho, como já indiquei para instruir as Associadas das Oficinas de
Caridade de Santa Rita, a elas particularmente é dedicado, mas a sua leitura julgo será
proveitosa a todos, porque Santa Rita se nos oferece como modelo nos diversos estados da
vida cristã pelos que pode passar a mulher. Leiam, todas, a Vida de Santa Rita; pensem,
meditem nela, e encontrarão belos exemplos a imitar. As filhas, as ,jovens aprenderão o
carinho, a docilidade, a obediência devida aos seus Paes. A mulher casada verá, no
proceder de janta Rita, os deveres que tem a cumprir em relação ao marido e à educação dos
filhos. Aquela, particularmente, cujo esposo fôr de caracter áspero, violenta, e talvez pouco
escrupuloso na guarda da fidelidade conjugal, encontrará em Santa Rita exemplos
particulares para imitar que lhe proporcionarão muitas consolações nas horas de amargura,
curtidas no seio da família. As viúvas encontrarão em Santa Rita a piedosa resignação que o
seu estado exige, depois de ter gozado delícias e satisfações na vida conjugal, misturadas,
em muitos casos, de agruras e espinhos. Aprenderão, finalmente, com Santa Rita a serem
verdadeiras viúvas, fazendo uma vida casta, sóbria e cheia de caridade para com os pobres,
como, segundo diz Santo Agostinho, foi sua mãe Santa Mônica e, à imitação delta, o foram
Santa Rita e tantas outras piedosas viúvas.
Se a presente tradução contribuir a que encontrem alguma consolarão as almas atribuladas
mediante os exemplos de Santa Rita, e, por outro lado, fôr motivo para que a devoção à
Advogada dos impossíveis mais e mais se propague e consolide entre o povo brasileiro, nos
daremos por muito recompensados pelo nosso trabalho.
O Tradutor
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