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“Certo dia havia Bento saído com os irmãos para os trabalhos do
campo, quando um camponês, trazendo nos braços o corpo de um filho
morto, veio ao mosteiro, todo aflito pela perda e perguntou pelo Pai
Bento. Quando lhe disseram que o Pai estava no campo com os
irmãos, sem delongas depôs o corpo em frente à porta do mosteiro e,
transtornado pela dor, lançou-se a correr em busca do venerável
Pai.
Naquela hora o homem de Deus já voltava do campo com os irmãos.
Apenas o camponês o viu, começou a gritar: “Devolve meu filho,
devolve meu filho!” O homem de Deus parou ao ouvir estes clamores,
e disse: “Acaso te tirei o filho?” - “Ele morreu, vem,
ressuscita-o” , respondeu o camponês. Ouvindo isto, o servo de
Deus ficou muito triste e disse: “Retirai-vos, irmãos,
retirai-vos; tal poder não compete a nós, mas aos santos
Apóstolos. Porque queres impor-nos um peso que não podemos
suportar?” O infeliz, porém, impelido por uma dor profunda,
persistia no pedido, jurando que não se retiraria sem que Bento lhe
ressuscitasse o filho. “Onde está?”, interrogou então o servo de
Deus. Ao que aquele respondeu: “O corpo jaz à porta do
mosteiro”. Quando ali chegou o homem de Deus com os irmãos, dobrou
os joelhos e debruçou-se sobre o corpinho da criança. Erguendo-se
depois, estendeu para o céu as mãos, e disse: “Senhor, não
consideres os meus pecados, mas a fé deste homem que roga lhe seja
ressuscitado o filho; e restitui a este corpinho a alma que tiraste”.
Mal terminara as palavras da oração, quando o corpinho inteiro da
criança estremeceu por aí voltar a alma, e todos os presentes viram
que no maravilhoso abalo o corpinho palpitava a tremer. Bento,
então, agarrou-lhe as mãos, e devolveu-o vivo e incólume ao pai.
É evidente, Pedro, que não estava em seu poder tal milagre, pois
que, para conseguir fazê-lo, teve de prostrar-se e orar.”
Pedro: “É certo que as coisas são como dizes, pois provas com
fatos as sentenças que propões. Peço-te agora que dês a conhecer
se os santos homens podem tudo que querem, e obtêm tudo que
desejam.”
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