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“Na ocasião em que a falta de alimentos afligia tão gravemente a
Campanha, o homem de Deus distribuíra tudo que havia no mosteiro, a
diversos indigentes, a ponto de quase nada mais restar na despensa,
fora um pouco de azeite numa garrafa de vidro. Apareceu, então,
certo subdiácono de nome Agapito, pedindo com muita instância que
lhe dessem um pouco de azeite. O homem de Deus, que tinha resolvido
dar tudo na terra para que tudo lhe fosse guardado no céu, mandou que
entregassem ao subdiácono o pouco de azeite que restava. Todavia, o
monge encarregado da despensa, apesar de ter ouvido a ordem,
retardou-lhe a execução. Um pouco mais tarde, perguntando-lhe
Bento se fora dado o que mandara, respondeu que não, porque, se o
fizesse, nada sobraria para os irmãos. Indignado com isto, Bento
ordenou a outros que atirassem pela janela a garrafa com o resto de
azeite, para que nada ficasse no mosteiro por desobediência. Assim
foi feito. Ora, sob a janela abria-se um grande precipício eriçado
de pontas de rochedo. A garrafa arremessada foi dar naturalmente nas
pedras, mas ficou incólume como se não tivesse sido jogada, de modo
que nem ela se quebrou nem o óleo se derramou. À vista disto, o
homem de Deus mandou que a buscassem e entregassem, íntegra como
estava, ao subdiácono. Reunidos depois os irmãos, repreendeu em
presença de todos o monge desobediente pela sua falta de fé e
soberba.”
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