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“Um dia, quando o venerável Pai tomava, já à tardinha, a
refeição do corpo, um dos seus monges, filho de certo defensor,
estava presente, segurando-lhe o candeeiro diante da mesa. Enquanto
o homem de Deus comia e ele assistia, fazendo o ofício da candeia, o
jovem, tomado pelo espírito de soberba começou a revolver, calado,
em sua mente, e a dizer de si para si, estas palavras: “Quem é
este a quem eu assisto enquanto come, seguro o candeeiro e presto
serviço? Quem sou seu para que lhe deva servir?” Voltando-se no
mesmo instante, o homem de Deus entrou a repreendê-lo com
veemência, dizendo: “Persigna o teu coração, irmão; que
dizes? Persigna o teu coração!” E, tendo chamado sem mais demora
os outros irmãos, ordenou-lhes que lhe tomassem o candeeiro das
mãos, e a ele, que deixasse o serviço e fosse na mesma hora
sentar-se sossegado. Perguntaram-lhe, então, os irmãos o que
tivera no coração, e ele por ordem contou de quão grande espírito
de soberba se enchera, e as palavras que em pensamento dizia, calado,
contra o homem de Deus.
Tornou-se assim bem manifesto a todos que nada podia ficar oculto ao
venerável Bento, em cujos ouvidos haviam ressoado até as palavras de
um pensamento mudo.”
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